A CIDADANIA
TODOS SENTEM O
DIREITO DE IR E VIR.
SOFREM MAIS OS QUE
ESTÃO PERIGRINANDO NAS AVENIDAS DEBAIXO DO SOL, SEM ESCOLA, SEM FAMILIA OU OCUPAÇÃO OFICIAL. O BRASIL PRECISA
OUVIR A VOZ DA RUA.
Dobra-se à direita ou à esquerda
e cai na avenida, a lentidão faz parte do cotidiano, uma grota aqui, um buraco
ali, uma pedra mal colocada acolá expondo o seu grande bico pontiagudo, o da
frente para, o de detrás acelera sempre a lhe ameaçar, uma brecha;
sorrateiramente entra com o bico na veia principal, de soslaio e desconfiado
passa a ser a partir de agora , o da frente ou de detrás, mais buracos, mais
bicos de pedras, mais grotas, bocas de bueiros sem tampas e poças d’águas, a
passos de cágados ou na dança da preguiça o progresso é muito pouco.
Os enlatados em fileira, uns
cheios e outros desprovidos de consciência, incomunicáveis, isolados do mundo, imaginam
que são os maiorais, os bocas cheias, os intocáveis. Quase que não existe espaço entre um e outro, lateralmente espelho com espelho, corredor de bicíclicos
com tração animal ou motorizada, na maioria das vezes encapuzados,
desobedientes, soltos, libertos e sem controles, de vez em quando surge um cadeirante entre os bólidos, muito
pano, diversos sacos, boné com uma grande logomarca , uma marmita e um
vasilhame com a gloriosa potável , boa direção, boa desculpa e penosa solução.
Vidros limpos, para brisas impecáveis ainda
molhados, são lambuzados mais uma vez por
uma mistura desconhecida vinda de um vasilhame de plástico casado com um mini rodo artesanal, estes instrumentos são conduzidos
por potenciais trabalhadores sadios, jovens sem perspectiva de vida; ambulantes e falsos ambulantes
comercializam de tudo, da água sem paradeiro ao mais novo show que ainda não
foi editado oficialmente. Mais à frente
um semáforo cansado, sem sincronia, inadequadamente instalado, menores de ambos
os sexos a oferecerem os seus
préstimos, os mais variáveis
possíveis, dos lados e frontalmente perfilados
engatilhados para o disparo alguns
sensores eletrônicos , na espreita e na camufla um
boina cáqui, um olheiro que desprovido
da propriedade da orientação porta uma minúscula prancheta com talonário carbonado, é
o alimentador da máquina, é a chuva, é o
adubo, é a fazenda, é o enche bucho dos cofres públicos, não tão públicos. O destino, outros carbonados de espreita, uns
oficiosos e outros oficiais, haja
derrame de fundos. É a vida.
Iderval Reginaldo
Tenório
- Clipe com a música A Vida de Viajante, de Luiz Gonzaga.
- Composed by Luiz Gonzaga and Hervê Cordovil.
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