domingo, 26 de janeiro de 2014

Winnie Mandela: "Sem mim, Mandela não teria existido"

Winnie Mandela: "Sem mim, Mandela não teria existido"


           
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Winnie Madikizela-Mandela, ex-esposa do ex-presidente sul-africano falecido em dezembro, destacou a importância que teve na vida do líder anti-apartheid em entrevista concedida ao jornal francês Le Journal du Dimanche.
 "Se eu não tivesse lutado, Mandela não teria existido, o mundo inteiro o teria esquecido e ele teria morrido na prisão como queriam as pessoas que o prenderam", afirmou Winnie. Sobre sua atuação durante os 27 anos de prisão de Winnie, de 77 anos, explicou que se expôs por vontade própria à violência do regime segregacionista sul-africano.
 "O que fiz deliberadamente foi manter vivo o nome de Mandela e de seus companheiros de prisão. Para alimentar a luta, tinha de me expor à violência e à brutalidade do apartheid", afirmou. "Eles, na prisão, nunca foram torturados como nós fomos", acrescentou.
 "Ele era livre para acreditar na paz e nós, que sofríamos a violência do apartheid, não estávamos tão à vontade com esta noção", explicou ainda, dizendo que para que lutava fora da prisão "não restou outra opção a não ser responder à violência com violência".
 Sobre os anos de Mandela no poder (1994 a 1999), Winnie se mostra ainda mais severa. "Ao longo desses últimos vinte anos, vimos que os valores que Mandela encarnava eram difíceis de se ancorar na realidade". Como exemplo, citou a "juventude deste país sem trabalho, uma verdadeira bomba-relógio".
 "É o resultado desta negociação com o poder há 20 anos que não leva em consideração a indispensável liberação econômica. A riqueza deste país continua nas mãos de uma minoria", lamentou.
 Winnie e Nelson Mandela se divorciaram em 1996, dois anos depois que ele virou o primeiro presidente negro do país. Eles se casaram em 1958, seis anos antes de ele ser condenado à prisão perpétua pelo regime de minoria branca.
 Durante os 27 anos de prisão de Mandela, Winnie continuou com o combate, passou pela prisão, prisões domiciliares, confinamentos em uma localidade afastada de todos. Em 1991, foi condenado por cumplicidade no sequestro de um jovem militante à pena de prisão comutada por uma multa. Também foi condenada por fraude em 2003.

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