domingo, 22 de fevereiro de 2015

OS HOMENS E OS SEUS ÍDOLOS


Os humanos, os seus heróis e os seus ídolos

Os humanos, os seus heróis e os seus  ídolos


O ser humano na sustentabilidade a vida, possui um ou mais heróis no decorrer da sua existência.  Quando ainda na matriz uterina e embebido no liquido amniótico, tem na mãe a sua maior heroína e no ser masculino mais presente, o pai, o seu maior herói.  Nesta fase da vida, o embrião consegue vivenciar mágicos momentos, são os mistérios hormonais, neste período embrionário o binômio mãe embrião, embrião mãe, fruto do DNA e das trocas de elementos pertinentes a maternidade, se impregnam mutuamente para o resto da vida, selando a mais concreta ligação entre dois seres humanos.
Ao nascer, diz a neurociência, que o rebento naturalmente reconhece a sua genitora devido os vários fatores que margeiam e penetram na fase de sua formação embrionária, como os seus odores, o contato corpo a corpo, o ritmo respiratório, os batimentos cardíacos, os complexos componentes formadores da voz e com seu avançado e aguçado paladar consegue identificar até mesmo os principais pratos servidos à genitora durante a gravidez .
Do pai, guarda uma curta interação, que é proporcional a sua presença no decorrer da fase embrionária, no momento do parto, no pós parto imediato e tardio até o sexto ou oitavo mês , uma vez que dos órgãos dos sentidos, apenas a visão ainda não foi aprimorada, a visão só alcança até os 50 cm e não distingue as cores, ficando por conta da boa audição, do excelente olfato e do avançado paladar a ligação com este importante personagem da sua vida, com estas condutas, os seus odores, a sua voz, os grandes olhos, o formato do rosto, o ritmo respiratório, o bulido dos batimentos cardíacos e os seus hormônios serão de imediato gravados para sempre na massa cinzenta do neófito cérebro, estas propriedades podem justificar,  o porquê dos pais serem natural e instintivamente até os sete anos os seus verdadeiros heróis e ídolos, este modus operandi se aplica a todos os componentes da família, dos tios aos vós.
Quando se mergulha na fase de escolaridade e por ser o humano um animal sociável, vitalista e essencialista, a criança começa a interagir com outros humanos, cada um com os seus odores e costumes, nesta fase é submetida a esboços de novos heróis e ídolos, são geralmente passageiros, que a depender da sua importância, da sua penetração podem participar e permanecer na galeria dos principais por muitos anos ou para sempre, neste rol figuram colegas, amigos e professores, sendo os últimos os mais prováveis.
No período mágico da adolescência, muitos são os conhecimentos adquiridos em todas as áreas, nesta fase,  a criança é encharcada pelos hormônios sexuais. Além dos heróis como os colegas, os amigos e os professores, surgem novos e a distancia, são os atletas e  os artistas que em massa  arquitetonicamente ocupam a mídia, grandes serão os contágios e cega a idolatria. O ser humano neste período tem a propriedade de criar imagens, odores, tatos e paladares devido as informações gravadas na memória, nesta fase, ganham espaços os odores artificiais (as   marcas  de essências  ) de cada ídolo, o formato do corpo, o vestuário, a alimentação e a maneira de vida, levando o jovem a se identificar com cada um dos escolhidos, o bombardeio midiático é assustador, muitos deles modificam em definitivo a maneira de se viver na terra, vide os Beatles, os grandes tatuados e a moda de uma maneira em geral.
Neste período de formação intelectual e pré profissional,  o ser humano fica obnubilado, os pais aos poucos vão cedendo espaços a este novo universo, muitos são substituídos impreterivelmente por estes novos elementos, assumem a galeria de heróis e ídolos os jogadores, os cantores, os atores de televisão, de cinema e os atletas de uma maneira em geral, o mundo imaginário para o jovem passa a ser o seu habitat, as manobras fictícias o seu domínio, o livre arbítrio o seu natural comportamento, a vida torna-se uma bola mágica e tudo é ilusão.
Terminada esta fase, que inclusive pode ser extrapolada e invadir a fase adulta, o jovem entra na realidade da vida, na fase constitucional, na fase regida pelos códigos, relatórios e regimentos, a família perde o poder e entra os ditames da justiça criados pelo homem.  Os hormônios sexuais perdem a grande importância, os descartáveis ídolos e heróis despencam  da galeria e o jovem sedento pela sobrevivência voa em busca de novos sustentáculos e heróis, uma boa formação profissional, uma boa fonte de renda e o respeito da sociedade. Com uma regressão cronológica, o adulto centrado e  consciente ,  conspicuamente volta a repescar os heróis desgarrados e não perdidos, volta a recuperar os verdadeiros heróis, passa a compreender que aquele que lhe gerou, aquele que lhe acompanhou em toda a fase embrionária, aquela que lhe alimentou por quase um ano na vida intra uterina,  junto àqueles que lhe ensinaram da alfabetização até a plena profissão, jamais poderiam sair da sua nobre galeria, estes sim,  devido os diversos fatores impregnados nas suas raízes são os seus verdadeiros heróis e ídolos,  os demais são meros participantes guardados as devidas proporções.
Os atletas por mostrarem garra, força e coragem, os cantores por expressarem algo importante para a vida e para a liberdade social, os atores por mostrarem fatos que influenciaram, influenciam e influenciarão para o bem ou para o mal da sociedade continuarão com alguns traços de heroísmo na sua vida, apenas traços.
O grande equívoco está na extrapolação desta fase numa gama de jovem, no grupo que não recupera e não resgata o trajeto cronológico imposto pelo desenvolvimento da vida e continua atrelado aos seus rompantes , endeusar os hipotéticos ídolos, os fictícios e digitais heróis do futebol, do cinema e da televisão, numa demonstração de imaturidade cerebral, quando deveria abandonar o pragmatismo da idolatria e resgatar como ídolos os seus pais, os familiares, alguns amigos  e os seus professores. Os pais  por serem os mentores da fecundação , os familiares pelos vínculos consangüíneos , os efusivos amigos por permanecerem ao seu lado,   os professores por não serem parentes consangüíneos e dedicarem o mesmo carinho e responsabilidade por um futuro melhor em cada fase da vida.
 Os professores são baluartes que, ao assumirem uma turma, assumem o cidadão, a família, a sociedade e a nação, estes incansáveis baluartes atuam alicerçando a trajetória dos seus pupilos, vibram e choram com o sucesso, como também, choram e lamentam com o insucesso, o resto é questão de tempo, é bananeira que já deu cacho.
Ao sucesso e que os seus ídolos sejam resgatados.
Iderval Reginaldo Tenório

O cio da terra - Chico Buarque e Milton Nascimento - YouTube

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