terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

LUIZ GONZAGA-HISTÓRICO DO NORDESTE EM QUATRO ETAPAS.




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HISTÓRICO DO NORDESTE EM QUATRO ETAPAS.

A Asa Branca, Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zé Dantas e João Silva .

Os seus maiores parceiros, todos ligados à asa branca

Viva a cidade do Exu em Pernambuco, viva a Serra do Araripe

Estas lendas fizeram o povo virar gente

“Vai  meu amiguinho para a Serra do Araripe plantar feijão de pau”

Pe.Cícero

Juazeiro do Norte /Serra do Araripe

Quando se vem dos bagos de um autêntico Alagoano , de uma matriz também Alagoana , ambos primos legítimos e convidados pelo Padre Cícero Romão Batista ainda crianças   para habitar o Juazeiro do Norte,  um fenômeno no Sul do Ceará;  e a abençoada Chapada do Araripe, o maior celeiro fóssil do Nordeste , hoje o Geopark do Araripe,  não se  pode ficar em silencio diante de tanta beleza e nordestinidade.
Refém do Exu, Bodocó, Caririaçú, Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte ,  seguidor do Padre Ibiapina, Padre Cícero e de  Bárbara de Alencar , conhecedor das manobras do Frei Damião de Bozano, do Capitão Virgulino  Lampião e  de Antonio Conselheiro, admirador dos grandes repentistas , dos  cantadores da região, dos mestres do Rádio e dos esquecidos Cego Aderaldo, Cego Oliveira, Meu Mano, Bigode e outros ícones da cultura  do Cariri , não poderia deixar em albis esta história do Rei do Baião,  Luiz Lua Gonzagaque cantou, encantou, valorizou , deu personalidade e cidadania ao povo sofrido de todo o  Norte,  Sul, Leste , Oeste, FAROESTE e principalmente do Nordeste Brasileiro.

                                            PARTE I- 1947

                                            A SECA, O EXODO

                                         ASA BRANCA
O Nordeste Brasileiro sempre foi uma região  esquecida pelos poderes públicos  e sapecada pelo sol escaldante das grandes secas.

 Por volta do ano de 1945 em pleno período de fome, o Pernambucano  Luiz Gonzaga se encontrava no Rio de Janeiro com o grande advogado e político  Cearense , o Humberto Teixeira, após uma prosa regada a muitas  talagadas de pinga, falaram da seca e do sofrimento dos conterrâneos,  ambos queriam encontrar o que mais representava este povo, os dois não agüentavam tanto sofrimento e queriam retratar o RX da época numa música que tocasse  na alma do Nordestino e  que se transformasse no seu  hino, teria que arrancar lágrimas do mais duro dos homens.

Primeiro pensaram  qual seria a figura  nordestina  que  poderia ser o seu  símbolo e quais os acordes a serem  entoados. Matutaram e chegaram à seguinte conclusão: o animal que foge da seca e sabe quando ela terá o seu fim ,  é o pássaro ASA BRANCA, ela foge do sertão nas épocas ruins e volta nas grandes aguadas,  foge da fome e da tristeza , só  retorna na alegria e na fartura, é o maior orientador deste povo.
Não foi difícil, de um estalo simultâneo, o descamisado  Luiz falou para o experiente e sofrido cearense Humberto, ao mesmo tempo  o Humberto para o Luiz, existe uma música  folclórica de domínio  popular cantada  há mais de 300 anos e a sua melodia  continua na memória do povo, não deu outra,    ambos de cátedra pensaram a mesma coisa, na Asa Branca  e nos seus feitos.   Ressuscitaram a ASA BRANCA e tendo como arcabouço a música folclórica centenária  , deram nova letra, novos acordes, novos sentimentos e nascia ali o maior hino do Nordeste em pleno sofrimento em 1947, Luiz e Humberto bateram o martelo e ali sacramentaram a alma de um povo,  anunciando o êxodo do Nordestino  para o Sul.






                                                   PARTE II -1950

                                          AS CHUVAS E A FARTURA

                                   A VOLTA DA ASA BRANCA
O tempo passou , o mundo deu uma melhora , as chuvas chegaram, o capim nasceu, os pássaros cantaram, os sapos e as rãs coaxaram,  e a   Asa branca retornou ao seu lar numa salva de alegrias , de bucho cheio e muita água , com este cenário o Pernambucano e Médico Zé Dantas  escrevinhou : A VOLTA DA ASA BRANCA , tudo verde, tudo belo , muita fartura na Serra do Araripe e no Cariri. Isto foi em 1950 , para 02 anos depois a Asa  Branca anunciar mais um período de seca, mais um período  para  esturricar o sertão, sabe o sertanejo que um ano de seca acaba com dez anos de fartura, está aí a segunda fase do Rei Luiz a cantar o seu povo e a sua terra.


  PARTE III- 1986

   A CHEGADA DO PROGRESSO AO EXU E AO CARIRI CEARENSE

    RODOVIA ASA BRANCA

João Silva o maior parceiro do velho Lula e que vivia ao seu lado, resolveu junto ao Rei documentar a chegada do progresso na terra de seu  Luiz, nesta época em 1984 a 1986 os Governos do Ceará e de Pernambuco resolveram pagar uma dívida ao maior símbolo  musical do Nordeste , para este intento decidiram asfaltar o trecho que vai  da Cidade do Crato no Ceará  ao Exu em Pernambuco, mais de 80 quilômetros, a esta estrada deram o nome- RODOVIA ASA BRANCA  . O João Silva compôs a música que foi imortalizada na voz mais nordestina dos nordestinos, na voz do filho de seu Januário e de dona Santana.

         PARTE IV-
A IRRIGAÇÃO, ÁGUA PARA O NORDESTE

              PROJETO ASA BRANCA

              MARCOS MACIEL.

Em 1978 assumia o Governo Biônico de Pernambuco o Marcos Maciel , este junto ao Luiz Gonzaga prometeu levar água ao povo sofrido e criou o Projeto Asa Branca, para homenagear e documentar o fato,  o Luiz junto ao Marcolino em 1983 lançaram a música  PROJETO ASA BRANCA.
Como estão vendo  é a arte uma das melhores maneiras de documentar os primórdio do mundo, lembro que foram os cordelistas , os repentistas e os pequenos escritores que documentaram mais de mil anos de história.
Vide o cangaço, o Padre Cícero, as grandes batalhas e os diversos fatos que hoje são resgatados com precisão.

Luiz Gonzaga foi o maior documentador dos fatos brasileiros, o Brasil está retratado nas suas obras, cada episodio, cada cidade, cada amigo e cada povo , todos estão salpicados e reverberados na mais ouvida e suave voz do Brasil.  LUIZ LUA GONZAGA é gente grande, é IMORTAL. É gente nossa.


Três homens imortais,  um gênio imortal , um pássaro, uma chapada, a seca, a chuva, uma estrada e depois a irrigação, estes fatos só poderiam acontecer no Nordeste Brasileiro e não poderiam ficar engasgados na goela deste simples mortal.

Eu sou fruto da Chapada do Araripe, sou pequeno , sou quase nada, mas nasci naquelas plagas, está bom demais, se tivesse de nascer outra vez , levaria a cegonha para o mesmo pasto.

Sou nordestino , sou retirante com muita honra, no meu tempo onde  nasci,  de cada quatro morriam dois, só ficavam os fortes, os que comiam pedra, pau, cisco, calango, preá , cabo de faca e parafuso, só escapavam os resistentes.

Três dias sem água, trinta dias sem carne e três anos sem pão.

Iderval Reginaldo Tenório
ESCUTEM AS QUATRO FASES

Luiz Gonzaga - Asa Branca (Rei do Baião) - YouTube

www.youtube.com/watch?v=cWiJL0_yj9c
26 de out de 2009 - Vídeo enviado por Breno Alves
Asa-Branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria da dupla ...



Luiz Gonzaga - A volta da asa branca - YouTube


www.youtube.com/watch?v=whKGCQiD7iY
17 de mai de 2009 - Vídeo enviado por didiloureiro
essa musica como as demais de Luiz Gonzaga são obras- primas dignas de figurarem em todos os ...

Rodovia Asa Branca - YouTube

www.youtube.com/watch?v=4l6FdSyAzBY
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Rodovia Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca no aniversário de 75 anos de Luiz ...

Projeto Asa Branca - YouTube


www.youtube.com/watch?v=NHkL54Gugjc
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Projeto Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca 60 Anos - Luiz Gonzaga e Humberto ...



A triste partida* - Patativa do Assaré** 

Setembro passou, com oitubro e novembro 
Já tamo em dezembro. 
Meu Deus, que é de nós? 
Assim fala o pobre do seco Nordeste, 
Com medo da peste, 
Da fome feroz. 

A treze do mês ele fez a experiença, 
Perdeu sua crença 
Nas pedra de sá. 
Mas nôta experiença com gosto se agarra, 
Pensando na barra 
Do alegre Natá. 

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio, 
O só, bem vermeio, 
Nasceu munto além. 
Na copa da mata, buzina a cigarra, 
Ninguém vê a barra, 
Pois barra não tem. 

Sem chuva na terra descamba janêro, 
Depois, feverêro, 
E o mêrmo verão 
Entonce o rocêro, pensando consigo, 
Diz: isso é castigo! 
Não chove mais não! 

Apela pra maço, que é o mês preferido 
Do Santo querido, 
Senhô São José. 
Mas nada de chuva! tá tudo sem jeito, 
Lhe foge do peito 
O resto da fé. 

Agora pensando segui ôtra tria, 
Chamando a famia 
Começa a dizê: 
Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo, 
Nós vamo a São Palo 
Vivê ou morrê. 

Nós vamo a São Palo, que a coisa tá feia; 
Por terras aleia 
Nós vamo vagá. 
Se o nosso destino não fô tão mesquinho, 
Pro mêrmo cantinho 
Nós torna a vortá. 

E vende o seu burro, o jumento e o cavalo, 
Inté mêrmo o galo 
Vendêro também, 
Pois logo aparece feliz fazendêro, 
Por pôco dinhêro 
Lhe compra o que tem. 

Em riba do carro se junta a famia; 
Chegou o triste dia, 
Já vai viajá. 
A seca terrive, que tudo devora, 
Lhe bota pra fora 
Da terra natá. 

O carro já corre no topo da serra. 
Oiando pra terra, 
Seu berço, seu lá, 
Aquele nortista, partido de pena, 
De longe inda acena: 
Adeus, Ceará! 

No dia seguinte, já tudo enfadado, 
E o carro embalado, 
Veloz a corrê, 
Tão triste, o coitado, falando saudoso, 
Um fio choroso 
Escrama, a dizê: 

- De pena e sodade, papai, sei que morro! 
Meu pobre cachorro, 
Quem dá de comê? 
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato? 
Com fome, sem trato, 
Mimi vai morrê! 

E a linda pequena, tremendo de medo: 
- Mamãe, meus brinquedo! 
Meu pé de fulô! 
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca! 
E a minha boneca 
Também lá ficou. 

E assim vão dexando, com choro e gemido, 
Do berço querido 
O céu lindo e azu. 
Os pai, pesaroso, nos fio pensando, 
E o carro rodando 
Na estrada do Su. 

Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado. 
O pobre, acanhado, 
Percura um patrão. 
Só vê cara estranha, da mais feia gente, 
Tudo é diferente 
Do caro torrão. 

Trabaia dois ano, três ano e mais ano, 
E sempre no prano 
De um dia inda vim. 
Mas nunca ele pode, só veve devendo, 
E assim vai sofrendo 
Tormento sem fim. 

Se arguma notícia das banda do Norte 
Tem ele por sorte 
O gosto de uvi, 
Lhe bate no peito sodade de móio, 
E as água dos óio 
Começa a caí. 

Do mundo afastado, sofrendo desprezo, 
Ali veve preso, 
Devendo ao patrão. 
O tempo rolando, vai dia vem dia, 
E aquela famia 
Não vorta mais não! 

Distante da terra tão seca mas boa, 
Exposto à garoa, 
À lama e ao paú, 
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo, 
Vivê como escravo 
Nas terra do su



Um comentário:

marcos sales disse...

LUIA GONZAGA (SEU LUA) EDSON ARANTES DO NASCIMENTO(PELÉ)os dois nomes mais conhecidos por todo povo brasileiro do mais pobre ao mais rico, a isto sim pode-se dar o nome de imortalidade pois quanto mais o tempo passa mais conhecidos eles ficam.