quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A MORTE DE NANÃ- PATATIVA DO ASSARÉ. AQUI O MESTRE DOCUMENTA A SECA DE 32.




Querido leitor   deste blog cultural, não consigo ficar calado diante de tão fidedigna narrativa do Patativa do Assaré em 1932, quando mostra a importância de um filho, a insignificância de um ser humano, a fragilidade de um homem, a maldade de um explorador e  o abandono de um povo . 

Mostra  o fechamento dos olhos daqueles  que deviriam cuidar, o  descaso de quem não vive e não conhece aquela desvivida vida , a desigualdade social entre um mesmo povo e a grande pergunta:

Como exigir que cada cidadão,  independente do nível sócio-econômico-cultural conheça a Constituição Federal se os direitos são desiguais, secularmente desiguais.

                Algumas Estrofes de A Morte de Nana de Patativa do Assare.

Veja como descreve na primeira estrofe a sua NANÃ, sinta o valor atribuído a  NANÃ, sofra o que sofre este Pai na hora do enche bucho, quando NANÃ via o Angu., se contamine e transporte esta cena para os dias de hoje, viva  os movimentos da boca, a palidez do rosto, o encatracado movimento das mãos, o balbuciar do sofrimento, o fechamento dos olhos e a libertação da fome com o pior:  A MORTE DA FILHA NANÃ.

Todos os dirigentes atuais conhecem o recado do Patativa e nada de novo acontece.
 Eu sou do Ceará.
                                                    Iderval Reginaldo Tenório
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A Morte de Nanã
Patativa do Assaré.


Nanã tinha mais primô
De que as mais bonita jóia,
Mais linda do que as fulô
De un tá de Jardim de Tróia
Que fala o dotô Conrado.
Seu cabelo cachiado,
Prêto da cô de viludo.
Nanã era meu tesôro,
Meu diamante, meu ôro,
Meu anjo, meu céu, meu tudo,

Todo dia, todo dia,
Quando eu vortava da roça,
Na mais compreta alegria,
Dento da minha paioça
Minha Nanã eu achava.
Por isso, eu não invejava
Riqueza nem posição
Dos grandes dêste país,
Pois eu era o mais feliz
De todos fio de Adão.

Quando ela via o angu,
Todo dia demenhã,
Ou mesmo o rôxo beju
De goma de mucanã,
Sem a comida querê,
Oiava pro dicumê,
Depois oiava pra mim
E o meu coração doía,
Quando Nanã me dizia:
Papai, ô comida ruim!

Por ali ninguém chegou,
Ninguém reparou nem viu
Aquela cena de horrô
Que o rico nunca assistiu,
Só eu a minha muié,
Que ainda cheia de fé
Rezava pro Pai Eterno,
Dando suspiro maguado
Com o rosto seu moiado
Das água do amó materno

Na sua pequena bôca
Eu via os laibo tremendo
E, naquela afrição lôca,
Ela também conhecendo
Que a vida tava no fim,
Foi regalando pra mim
Os tristes oínho seu,
Fêz um esfôrço ai, ai, ai,
E disse: "Abença, papai!"
Fechó os óio e morreu

Esta poesia completa o amigo lê neste mesmo blog em:A MORTE DE NANÃ. Procure em postagens mais antigas.



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