Lula
se reúne com senadores petistas para discutir estratégias contra oposição
Rui Falcão disse que
ex-presidente deseja ter um calendário de reuniões mais frequentes com as
bancadas
por
Germano Oliveira
06/11/2014
12:03 / Atualizado 06/11/2014 17:36
Encontro
de Lula com senadores petistas para definir estratégias contra oposição - Ricardo Stuckert / Instituto Lula
SÃO PAULO
— Um dia depois do senador Aécio Neves (PSDB), na sua volta ao Congresso, fazer um discurso firme de
oposição contra o governo, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se nesta quinta-feira com 15
senadores petistas, em São Paulo. O grupo discutiu estratégias para enfrentar a
mobilização do senador tucano, que se articula para ser o líder da oposição no
Senado.
A reunião
foi convocada a pedido do ex-presidente e apenas Jorge Viana, por motivo de
viagem, não esteve presente. Além dos 12 senadores atuais, os eleitos Paulo
Rocha (Pará), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) e Maria Regina Souza
(suplente de Wellington Dias, eleito governador do Piauí) também participaram
do encontro com Lula.
Além de
Aécio Neves, Dilma terá ainda como oposição no Senado os recém-eleitos José
Serra (SP), Tasso Jereissati (CE) e Antonio Anastasia (MG). A reunião começou
às 10 horas e terminou por volta das 14 horas, em um hotel da zona sul da
capital paulista. Ao contrário do primeiro mandato de Dilma Rousseff, Lula está
mais atuante e nesta semana já participou de uma reunião com a presidente, para
discutir a reforma ministerial para o segundo mandato.
O senador
Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, foi escalado como porta-voz do
encontro e disse ao final da reunião que os senadores fizeram um balanço das
eleições em seus estados.
— Os
senadores do partido traçaram um cenário da estratégia de cada um para a defesa
do governo Dilma no Senado. A nossa avaliação é de perspectivas boas para o
novo governo. Tivemos uma grande vitória. Derrotamos não apenas Aécio Neves,
mas todos os candidatos que se aliaram a ele e também setores da mídia que
tentaram influenciar o processo eleitoral. Então, nossa expectativa é de termos
um governo bastante legitimado e que vai ampliar o dialogo político —disse
Humberto Costa.
Segundo o
presidente nacional do PT, Rui Falcão, que acompanhou a reunião dos senadores,
foi o próprio ex-presidente Lula quem convocou os senadores petistas.
— O
presidente Lula quer ouvir as pessoas. Ele teve uma reunião muito animadora com
a própria presidenta Dilma. Ela já demonstrou que quer ampliar o diálogo.
Tivemos uma grande vitória, restabelecemos laços com os movimentos sociais e
Lula teve oportunidade de ouvir cada um dos senadores sobre seus projetos para
o futuro — disse Rui Falcão.
Humberto
Costa disse que a bancada do PT no Senado está se preparando para fazer o “enfrentamento”
com a oposição.
— Nós
entendemos que do ponto de vista quantitativo não tivemos perdas no Senado.
Queremos consolidar o relacionamento da bancada de apoio ao governo.
Naturalmente que a oposição se qualificou mais no Senado. Isso vai tornar o debate
mais rico, mais duro. Por outro lado abre a possibilidade de negociação em
torno de propostas. Mas vamos nos preparar melhor para esse enfrentamento e
abrir um diálogo melhor no Congresso — disse o líder petista.
Costa
disse que não foi tratado no encontro a indicação de nomes para a formação do
novo ministério de Dilma.
— Dilma
já disse que quer ampliar o diálogo e está fazendo vários gestos. Já recebeu
dirigentes dos partidos e hoje teremos uma confraternização com ela — disse
Costa.
O
presidente do PT disse que a operação Lava-Jato não foi discutida na reunião
com Lula, embora o tema esteja desgastando o partido “injustamente”.
— Existe
um processo de delação premiada cujo teor é desconhecido por nós. Já fui duas
vezes ao STF para conhecer o processo, fui ao Procurador Geral da República
solicitando acesso para saber se tinha algo contra o PT, porque se tiver vamos
aplicar o estatuto — disse Falcão, afirmando que o partido deseja “afastar a
pecha de corrupção” que a oposição quer lhe impor.
Ao informar
que Lula deseja ter um calendário de reuniões mais frequentes com as bancadas
no Congresso, Falcão desconversou se esse empenho do ex-presidente significa
que ele está de olho numa candidatura a presidente em 2018.
— Não
falamos sobre 2018. Nossa atenção está voltada para o governo que toma posse
agora no dia 1º de janeiro.
Sobre a
divida dos diretórios estaduais do PT nas campanhas eleitorais deste ano,
avaliada em R$ 60 milhões, Rui Falcão disse que todas as dívidas serão pagas e
que os credores serão procurados para um reescalonamento.
— Estamos
em contato com os credores e todos serão pagos— disse Falcão.
Na noite
desta quinta-feira, todos os políticos petistas eleitos em outubro, de
senadores a governadores, participam de um encontro com a presidente numa
confraternização em Brasília.
Nenhum comentário:
Postar um comentário