sexta-feira, 31 de julho de 2015

AS ARAPUCAS DO FIM DE ANO, A FEBRE DO CONSUMISMO.


AS ARAPUCAS DO FIM DE ANO, A FEBRE DO CONSUMISMO.


O CONSUMO DE BENS DESCATÁVEIS,
 A MAIOR FÁBRICA DE LIXO DO UNIVERSO.

VIVA O CONSUMISMO
ISTO É UMA DOENÇA SEM CURA, ISTO  
É UM
SUICÍDIO ECONÔMICO


A Falta de respeito com o povo é de deixar todo mundo de boca aberta, o povo compra o que não precisa, o povo compra o     que já tem, o povo compra por compulsão, o povo  é forçado e convencido pela mídia, o povo é incentivado pelos poderes governamentais. Nós o povo devemos abrir mais o olhos e fechar mais a boca.
 O país entrou em parafuso.

Sendo sabedor do dia do pagamento salarial do mês, do dia da primeira parcela do 13o- Salário e da última sexta-feira , arma-se a fôrca, o fôjo, a arapuca, a armadilha , o mundé ,o alçapão e tome isca,    minhoca e chove peixe, onça, gato, pássaro e outros inocentes.

O país está doente.


O Inadimplentismo Escolar, condominial, locatariano e  moral é a regra oficial  na atualidade,  as obrigações basilares são colocadas em escanteio em prol desta dose  medicamentosa que é o fugaz, o volátil e o  passageiro  poder de compra.

 A emenda é pior do que o soneto e a ementa não condiz com o escopo do texto. É a falência da moral.


Iderval Reginaldo Tenório
O BLOG É APENAS CULTURAL 

A CALÇOLA DE TIA ZIZINHA

A CALÇOLA DE TIA ZIZINHA




 
A calçola de tia Zizinha


Apesar de franzina tia Zizinha era uma setentona valente, de semblante calmo, de voz firme e olhar seguro. impunhava respeito,    nem só os seus sobrinhos, mas todos a chamavam de Tia Zizinha, era ela quem organizava as quermesses, as partidas de futebol, as torcidas organizadas e as festas do milho. 

Quando jovem, ganhou concursos de Rainha da Paróquia, embora pequena e  sequinha, fora a minha tia um verdadeiro furacão ou um vulcão em atividade.



Era dezembro de 1978,  a cidade se achava em chamas , a população duplicada devido a presença dos visitantes para a maior vaquejada da região , cavalos espalhados em todos os recantos e baixios,  bois nos currais, caminhões e caminhonetes enchiam as ruas de chão batido,  carros de som martelando ouvidos, canções sertanejas aproximando os apaixonados, rodas gigantes, canoas, tiro ao alvo e muita comida regional, tudo idealizado, organizado e executado por tia Zizinha.



O relógio marcava 12 horas,  a conversa rodeava a farta mesa do almoço, o papo solto campeava na imensa sala da amada tia, eu, sempre tirado a conversador, iniciei uma discussão sobre a vida, sobre a grandeza do universo, sobre a importância do ser humano e o quanto de orgulho possui uma certa classe social, apesar da insignificância, depois da longa prosa filosófica, em tom de deboche, falei para tia Zizinha: 


- Tia, a senhora não vê neste mundão de meu Deus, esses indivíduos que se dizem importantes, bonitos, orgulhosos, cheios de soberbas etc.? Eles e todos nós somos uns bostas, tia Zizinha, somos uns merdas, aliás tia Zizinha, nós e bosta somos a mesma coisa: basta um mosquito, uma bactéria, um vírus, e lá estamos todos nós debaixo do chão, veja tia, nós não somos nada, basta um dia sem um banho, e lá está a inhaca.


Tia Zizinha parou, pensou , matutou e de imediato me falou:
- Nós não, meu filho, me tire dessa corriola,  vocês sim, vocês que estudaram, que se diplomaram, moram e moraram na capital e são doutores podem se considerar bostas, podem se achar uns merdas, porque eu ainda sou um pum: um pum silencioso, um pum sem odor, isto é, um pum fajuto, escondido e que não tem direito a voz,  pra você vê, nem zoada o coitado faz, eu, seu pai e a sua  mãe somos uns projetos de bosta, ainda falta muito, e nem sei se um dia seremos bosta, acho que daqui para frente , seremos  sempre prenúncios bosta.


Após gostosas e efusivas gargalhadas retruquei:


- É tia, eu não sei por que tanto orgulho, tanto orgulho besta, pois todo mundo do mundo tem por trás uma bunda: umas batidas, outras avantajadas, mas todos têm, todos, todo mundo do mundo tia, tem uma bunda.



Pensei       que havia falado tudo , a tia não concordou e não  contou conversa, com o dedo em riste, abriu a boca e, em voz alta  advertiu a todos que estavam na sala: 



- E ainda por cima, meu filho, ainda por cima, furada,.



Este é o perfil da minha velha tia Zizinha, respostas na ponta da língua e tem para todas as perguntas. 


                                      *****


Agora  voltando à vaquejada, estávamos num pôr do sol de domingo, Tia Zizinha no comando da festa, de vestido vermelho-rodado, chicote de couro cru na mão direita, chapéu de massa na esquerda  e uma  bota cano longo que beirava o joelho, era uma verdadeira amazonas. Ao redor via-se a pista limpa, rapazolas pendurados nos mourões da cerca de madeira, moças de minissaias saboreando maçãs do amor, velhos e crianças nas arquibancadas de tábuas agrestes. As cancelas e os portões fechados, tudo pronto para a abertura do evento.



Sob os aplausos da platéia entra na pista a tia Zizinha, sozinha, descontraída e envaidecida,  com as salvas de palmas era a toda poderosa, a rainha da festa, ali estava a Tia Zizinha em carne, osso e outros predicados, a platéia gritava em coro e sincronizada: “Tia Zizinha!” várias vezes e sempre em som mais alto,  aquele ato poderia se chamar de dia de glória, de labuta, de dedicação, dia  de coroação, Tia Zizinha era mais do que uma  Rainha, era a imperatriz do sertão.
De repente, não se sabe de onde,  surgiu um boi preto de mais de metro de largura,  ancas largas, chifres em arcos, grandes e  pontudos, bem pontudos, com um aro de cobre nas narinas, cinta de couro apertada no  vazio, olhos avermelhados, narinas bufando que só uma maria-fumaça, com os cascos queria furar o chão, as patadas sobre o solo e o poeirão que subia chamou a atenção do público, o animal não contou conversas, nem gritaria e nem tempo ruim,  partiu enlouquecido e desembestado  pra cima de tia Zizinha. 


Imediatamente a tia procurou os portões, todos lacrados, a amazona não titubeou, com seus finos gravetos quis fazer bonito, levantou os braços, mostrou o belo chapéu de massa e rodou o chicote de couro cru sobre a cabeça, quis parecer que tudo fora programado, que aquilo fazia parte do espetáculo, correu para um lado, pulou para o outro, gritou como vaqueiro,  “Vai boi mandingueiro, boi marruá, boi bufão”, . Procurava enganar o valente bizão e mostrar valentia para os espectadores , conseguiu chegar até a cerca, mas,  chegou tarde,  sentiu na sua traseira uma cravinetada dupla ou um impulso veloz, compacto, agudo e muito forte nos atrofiados glúteos, os chifres lhes acertaram em cheio, a tia decolou   como um teco-teco , sem biruta a manobra lhe arrancou a saia, as anáguas e a combinação, de quebra, trouxe como troféu a sua vermelha calçola de brim, fundo duplo de forro grosso e acinturada com cordões de rede. 


Com a setentona jogada contra a cerca ,  as saias lhes cobrindo as enfurecidas narinas, além das vistas vedadas pela calçola o boi ficou acuado, perdeu o rumo, rodava como um peão à procura da presa, o povo gritava, pulava,  o boi atordoado ficou perdido, desorientado, o boi pirou, surtou, o boi endoideceu e rodava como uma cobra cega. 


Apesar do ataque o boi perdeu a batalha, a Tia Zizinha levantou garbosamente o machucado corpo, ao sacudir a poeira não teve outra escolha, desfilou só de califon e com as vestes de cima três dedos abaixo dos seus dois murchos maracujás,  com a traseira batida e dois vergalhões vermelhos indo até as costas, a tia corria elegantemente para escapar do esbaforido boi. 


Foi o espetáculo do ano, a platéia foi ao chão, os gritos ensurdecedores contagiaram os presentes, a platéia foi ao  delírio e   a tia Zizinha chegou ao estrelato, ao dia de glória.

Os narradores com os microfones em punho, muitos ficaram roucos de tanta emoção, foi o maior espetáculo da terra, nos folhetins  a manchete :
A CALÇOLA VERMELHA DE TIA ZIZINHA E O BOI QUE PERDEU O RUMO.  



 Daquele dia em diante nunca mais a tia organizou festas, passou a detestar vaquejadas e como vingança comprou o boi bufão, realizando o maior churrasco aberto de minha terra, na Chapada do Araripe não ficou um cristão que não saboreasse uma parte do velho boi e lá a tia  não  compareceu, como troféu  guarda na dita sala a cabeça do boi BUFÃO


Iderval Reginaldo Tenório
Noticias
 1   
Ainda hoje todo boi bravo que aparece nas vaquejadas o locutor brada em voz alta:

___E lá vai o boi que tirou as calçolas de tia Zizinha, o boi dos chifres certeiros, o boi que aposentou tia Zizinha e  complementa a narração com diversas trovas.

menina me da um beijo     só não quero do pescoço,

quero no bico do peito  num lugar que não tem osso,

que é pra quando eu ficá velho  me alembrar que já fui moço.
2
Confesso que não gostei da inusitada cena e nem do inesperado espetáculo, porém,  vibro, vibro, pois não tenho culpa de ser parente de gente famosa e sobrinho da  minha querida, amada  e inesquecível tia Zizinha.
3
Não perco a oportunidade de anualmente participar da maior festa do interior do Ceará, realizado no Parque de Exposição e Vaquejada Tia Zizinha, cujo símbolo é uma cabeça de boi com uma calcinha vermelha nas pontas, cravada com o magestoso TZ maiúsculo.               
O TZ de TIA ZIZINHA.


 Salvador, 20 de Fevereiro de 2008.
Iderval Reginaldo Tenório



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sábado, 25 de julho de 2015

A MAMA

 

A MAMA

 



A MAMA
Iderval Reginaldo Tenório

O peito que atrai o homem
É a mama que alimenta a cria,
O peito que atiça o homem
É a mama que a afaga o filho.
O peito que apimenta o homem
É a mana que produz o leite,
O peito que enrijece o homem
É a mama que mata a fome
O peito que o homem quer
É a mama que lambuza o filho,
O peito que o homem palpa
É a mama que o filho mama.
É peito, é mama, é pai, é filho
É sexo, é fome ,é mãe , é a mama,
É matriz, é mãe, é mamãe , é mama
É o pai que palpa e a cria que mama.
,
É a mãe que tem peito e mama
É o pai que procura o peito,
É a matriz que produz o leite
É a cria que persegue a mama,
O filho um dia vira pai
O peito pra ele já foi mama,
Hoje a mama pra ele é peito
E pra mama, peito ou mama.

ESPANHOL MATOU O LEÃO MAIS FAMOSO DO ZIMBABUÉ

Espanhol decapitou o leão mais importante do Zimbabué

Hoje às 17:59
As autoridades do Zimbabué estão à procura de um caçador que matou e decapitou o leão mais importante do Parque Nacional de Hwange.
 
Adicionar legenda
O animal foi encontrado morto no dia 1 de julho, com a cabeça cortada e sem pele. O leão foi atraído com uma presa morta para uma zona fora da reserva natural e atingido por um disparo de arco e flecha. Ficou toda a noite a sangrar. Dois dias depois, o caçador decapitou o felino.
"Cecil sofreu uma morte horrível", disse Johnny Rodrigues, um dos responsáveis pela conservação da vida animal no Zimbabué.
Um espanhol, do qual se desconhece o nome, é o principal suspeito por ter morto um dos animais mais imortalizados pelos turistas que visitam a reserva de Hwange. Terá pago 50 mil euros pela caçada e terá sido guiado até Cecil por um caçador profissional e guia de safaris.
Cecil tinha 13 anos.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

A PRINCESA QUE ENCANTOU O BENÉRCIO


CONTO
A PRINCESA QUE ENCANTOU O  BENÉRCIO

Nos meados dos anos 70,  aos 25 anos de idade , Benércio escuta o toque da campainha, "plim-plim",  veste a camisa de mangas curtas, destrava o pega ladrão de aço inoxidável, dá duas voltas na chave e ao abrir a porta depara-se com a mais linda e bela princesa de todos  o universo, meia altura, 16 anos , pele fina e rosada,  olhos verdes ou talvez  azuis, olhar penetrante,  cabelos loiros, alguns lisos outros encaracolados, finos, soltos aos ventos,  braços longos, mãos aveludadas  , cintura fina , pernas torneadas , pés sedosos, vestido creme salpicado com gravuras de finas  flores silvestres, com uma voz sonora e maviosa  indaga. 
__ É o Benércio?

Sem voz, estatelado de emoção  e totalmente destreinado o Benércio  bota a mão direita no alisar de mogno e  responde.

__Sim, sou o Benércio.

Um sorriso contagiante invade o ambiente, um abraço  emocionante e duradouro energiza os dois jovens, com  o coração pululante quase a  sair pela boca , o  Benércio se abaixa, pega a bolsa sacola da visitante e gaguejando sem ser gago,  oferece uma água, corre para a cozinha e lhe prepara um desjejum,  uma banana, meia maçã, suco de laranja,  uma xícara de café com leite, duas fatias de queijo entre duas fatias de pão dos quadrados , neste dia Benércio não dormiu, neste dia foi apenas de sonhos, sonhos e muitos sonhos.

O tempo passou,  a princesa virou rainha, foi desposada pelo   Janjão e o Benércio sempre a sonhar, sempre a alimentar um fio de esperança , aqui e acolá um olhar, um encontro e um diálogo. 

Um dia o  carro da princesa saiu dos trilhos e o Benércio foi premiado, porém, tarde, o Benércio não era mais o mesmo apesar de continuar a sonhar.

A Rainha voa alto, é dona das suas narinas , continua linda, solene e altiva, o Benércio continua a sonhar.  

O tempo não volta,  o Benércio sabe e sonha, é um sonhador, apenas um sonhador, a antes e bela princesa , hoje uma estonteante rainha também sabe dos sonhos do Benércio, apenas sabe.

A Princesa era sangue do sangue do parceiro de republica do Benércio, era quase sua irmã.

Iderval Reginaldo Tenório

24 de dezembro de 2006

Amado Batista - Princesa (Com Letra) - YouTube

www.youtube.com/watch?v=tbleY03Y3RE

1 de mar de 2010 - Vídeo enviado por dudagrudi
Amado Batista - Princesa (Com Letra). dudagrudi .... gosto muito, muito, muito dessa música. ... Adoro todas as músicas de amado Batista.

terça-feira, 21 de julho de 2015

VIAJANDO NA CULTURA- A INDEPENDENCIA DE UM POVO.






Viajando na Cultura

No matutar cerebral deste mortal , estribado na hermenêutica  e na liberdade do filosofar, três são os pilares , três são as propriedades para se mergulhar na mais plena nuvem cultural.
O primeiro é a propriedade da leitura, nela o homem mergulha no universo do saber e toma conhecimento do conteúdo que se constrói o mundo, é uma fase eterna de aprendizado, é na leitura cotidiana e ininterrupta que o homem aumenta o seu saber e procura se completar.
O segundo pilar é o constituído do debate, da conversa, da discussão, nesta nova propriedade, a da democracia, os pares participam e contribuem  iluminado os pensamentos     , o homem aprofunda e aprimora o compor das ideias, dos textos e dos discursos, o componente  principal é a coletividade, quando muitas cabeças apreciam os mesmos temas, nesta fase o homem exercita a compreensão, o posicionamento da diversidade das opiniões e   aprimoramento do pensamento, nela  o homem se faz mais preparado e plural.
Por último a terceira etapa , a fenomenal fase  da escrita, ao escrever o homem procura a perfeição, nela se exercita a autonomia, a precisão, a semântica e como se tornar entendível, na escrita o homem não pode titubear,  ele se aprofunda e passa a contribuir para a construção da sociedade, é na escrita que o homem se imortaliza,   busca a perfeição, a precisão  e a compactação dos pensamentos sem perder os sentidos.
Estão nestas três propriedades as chaves do saber , a perpetuação da cultura,   a liberdade individual do homem e a independência coletiva do  seu  povo. Uma sociedade só se torna independente e autônoma com o domínio de todas as suas culturas.

Não esquecer que cada animal por pequeno ou insignificante que seja, cada estação do ano , cada fenômeno da natureza são tomos da maior enciclopédia do universo, são os livros dos não alfabetizados , são ensinamentos profundos da natureza. O olhar do leão, o lamber da cria, o acinzentamento dos céus, o bater das asas da Asa Branca , o mundo dos insetos e de todos os outros  irracionais são suprimentos mais do que suficientes para alimentar a sabedoria do homem.
Um povo para se nutrir,  precisa de suas  raízes.

Iderval Reginaldo Tenório
21 de Julho de 2015

O pequeno burguês [Martinho da Vila] - YouTube

www.youtube.com/watch?v=L8K9YShmuHo
12 de nov de 2013 - Vídeo enviado por Daniel Lunardelli
Felicidade, passei no vestibular Mas a faculdade é particular Particular, ela é particular Particular, ela é ...
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  • O Pequeno Burguês - Martinho da Vila (Lp Mono 1969 ...

    www.youtube.com/watch?v=7EW-u-O190g
    6 de dez de 2009 - Vídeo enviado por Músicas de vinil
    Um dos grandes sucessos de Martinho da Vila no seu primeiro Lp de 1969 pela RCA.

  • CONHEÇAM O GRANDE JOÃO SILVA - O MAIOR COMPOSITOR DE FORRÓ DO BRASIL, O MAIOR PARCEIRO DE LUIZ GONZAGA- LEIAM A SUA PEQUENA ENTREVISTA E VIAGEM NO TEMPO, NA MÚSICA E NA REALIDADE, VEJAM O QUE DIZ O VELHO JOÃO.

    CONHEÇAM O  GRANDE JOÃO SILVA - O MAIOR COMPOSITOR DE FORRÓ  DO BRASIL, O MAIOR PARCEIRO DE LUIZ GONZAGA- LEIAM  A SUA PEQUENA ENTREVISTA E VIAGEM NO TEMPO, NA MÚSICA E NA REALIDADE, VEJAM O QUE DIZ O VELHO JOÃO.



    À primeira vista, não dá para perceber. O rosto rústico, a pele marcada pelo sol e por 75 anos de uma vida bem vivida, escondem os olhos azuis cristalinos do compositor João Silva. Mas eles estão lá. Vívidos, curiosos. Gostam de contar o que viram de forma mansa, detalhada. Sem pressa e sem interrupções. Certa vez, em uma entrevista na televisão, tentaram passar pó compacto no rosto dele. “Olhei para a moça e disse: Você sabe de onde eu sou? Eu sou de Arcoverde!”, esbravejou, orgulhoso do seu aspecto sertanejo.

    Compositor de mais de duas mil músicas (“entre 2020 e 2050”, detalha), morou por mais de 45 anos no Rio de Janeiro. Fuma de três a cinco cigarros por dia e há poucos anos começou a deixar a bebida de lado. “Eu não sabia beber. Começava com duas cachaças e depois era cerveja, uísque, o que viesse”, recorda, sentado em um bar ao lado do apartamento onde mora há quatro anos.
    Entre as mais conhecidas músicas da parceria João Silva e Luiz Gonzaga estão Uma pra tu, um pra mimPobre sanfoneiroNem se despediu de mimDanado de bomVou te matar de cheiro,Pagode russo e muitas outras.
    A vinda - ou volta - ao Recife não foi fácil. Há mais de 50 anos, no Rio, João Silva conheceu Tânia Cândida da Silva, então com 13 anos. “Ela era de cor e se tornou líder comunitária de 26 comunidades em Belford Roxo”, recorda, com saudade. Nunca se casou com ela, mas moraram juntos por 46 anos e tiveram cinco filhos, que lhe deram cinco netos e dois bisnetos. Quatro anos atrás, Tânia morreu. Os amigos disseram para ele mudar os móveis da casa - ia ser mais fácil não lembrar tanto dela. Os filhos, preocupados com a tristeza do pai, chamaram um psicólogo. “Ele disse que isso não ia adiantar. Eu escutava qualquer barulho na casa e achava que era ela. Acredito em outra vida depois daqui, mas não que se consiga passar de um mundo para o outro”, diz. Por conselho dos filhos, deixou o Rio de Janeiro. “Ela era muito conhecida. As pessoas me viam e diziam ‘coitadinho do João’. E era verdade”.
    No caminho para o Recife, passou em Aracaju. Ficou sabendo de uma banda havia gravado 10 músicas suas sem autorização e sem pagar direitos autorais. Quando foi falar com a responsável, apaixonou-se. Veio com ela para o Recife, onde mora atualmente. Na quarta-feira passada, João Silva sentou em uma mesa de bar com o Diario. Sem beber e nem comer, falou sobre a carreira e o futuro do forró:

    Parceria com GonzagãoNa maioria das vezes, eu fazia a música e a letra. Às vezes, ele só começava a música e eu terminava. Ele não tinha tempo. Só teve quando adoeceu. O que acontecia é que eu entregava tudo para ele e ele arrumava alguma coisa da letra. Ele chegava e dizia “eu quero fazer uma música disso e dissso”. Ele uma vez disse “a Bahia gosta muito de mim, vamos fazer uma música e cantarolou: “Maria Baiana pra onde você vai, Maria Baiana pra onde você vai…”, perguntei: e o resto? “agora é contigo, nojento” (risos). E assim foi.

    Forró eletrônicoIsso que chamam de forró eletrônico nasceu aqui porque no interior não tem cinema, não tem teatro, mal tem televisão. Colocaram esse nome de “forró” porque vende. Mas não tem absolutamente nada a ver com forró. É algo que existe no mundo desde o can can da França. É para ver mulher dançando. Elas mostram a calcinha e as pessoas aplaudem. A coisa da fantasia. Cresceu por que houve investimento, os empresários colocaram dinheiro nisso. Mas não é forró de jeito nenhum.

    MáfiaGravei um disco do Trio Nordestino e gastei 11 mil, no dinheiro da época. Vendeu 280 mil cópias. Gonzaga gravou um no mesmo ano, custou 300 mil e vendeu 1,5 mil. O que estava errado? Os diretores da gravadora colocavam 50 zabumbas, 50 sanfonas. Mas só usavam uma e embolsavam o dinheiro do resto. Era uma máfia e Gonzaga nem desconfiava. Antes de me conhecer, ele era uma firma mal-administrada. Os empresários ganhavam fortunas com os shows e davam muito pouco dinheiro para ele.

    JabáA gravadora queria dar um disco de ouro para Gonzaga e me chamou para produzir. O que fiz de diferente dos outros? Mídia. A gravadora tinha um roteiro de divulgação em cada estado. Você ia para Maceió, São Paulo, Salvador, com os nomes das rádios, para se apresentar lá. Mas não dava dinheiro. O vinil de Danado de bom já saía da gravadora com o cheque dentro do encarte para pagar as rádios, as emissoras de TV grandes. Porque as pequenas seguiam os que as grandes tocavam. Em um mês e meio, conseguimos vender cem mil cópias.

    Futuro do forróEu acho que fica só nisso mesmo. Se os grandes empresários resolverem fazer um investimento nas bandas pé-de-serra, aí fica bem de novo. Senão, é isso mesmo ou até pior. Agora se os empresários que gastam com essas bandas aí investirem no forró, ele vem e fica eterno. Se não, a briga é feia. Tudo é investimento. O artista é a mídia. Eu ví o vídeo de uma cantora gringa (Amy Winehouse) que ela entrou bêbada, jogou o pedestal do microfone no chão. A maior artista do mundo! E continua sendo a maior artista do mundo, porque a mídia segura. Vendo ela cantar atualmente, você não dá um centavo. Tantos cantores novos aqui no Recife - ou em São Paulo, onde o forró vem crescendo muito - menino de 18 anos engolindo o acordeon… Se o meio empresarial investir, o forró fica de um jeito que ninguém derruba ele. Mas do jeito que tá… Eu faço um show, Gennaro faz outro, e vem aquela banda fuleira e faz 50. Demoro seis meses pra receber o cachê. A banda recebe adiantado. E outras vezes é paga e nem vem tocar.

    SAIBA MAIS
    - Seu maior sucesso sem Gonzaga foi Pra não morrer de tristeza, que teve cerca de 40 gravações. Entre os nomes, Ney Matogrosso e Núbia Lafayette.

    - O filme Recordações nordestinas, de Deby Brennand, é sobre a vida e a obra de João Silva. O documentário, que deve ser lançado em 2012, segue o roteiro da música Arcoverde meu, com passagens e entrevistas do Agreste ao Sertão.

    - João Silva atualmente trabalha na produção do álbum de Silveirinha, do grupo Cascabulho. Foi para esse disco que cômpos sua mais recente música, na semana passada, o xote Mais gostoso tô.

    - Como cantor, João Silva gravou cinco discos, sendo três LPs. “Não gosto de cantar. Não sei nem os nomes dos álbuns, nem das músicas desses discos”, diz.

    - Conheceu Luiz Gonzaga um mês antes do golpe militar de 1964, na rádio Mayrink Veiga, onde cantavam forró. "Eu fui para o Rio já fã de Gonzaga. No Sertão, sempre tentava ver um show dele. Ele cantou uma vez em Buíque e eu saí a pé de Arcoverde para vê-lo, mas não cheguei a tempo", lembra.
    Por Carolina Santos, do Diario de Pernambuco


    ESCUTEM ESTA PÁGINA- O HINO DE JUAZEIRO DO NORTE DO MESTRE JOÃO SILVA .


  • Luiz Gonzaga e Benito di Paula - Viva meu padim (João ...

    www.youtube.com/watch?v=nBgyB6Jb2_Y

    20 de mai de 2011 - Vídeo enviado por vitrolanoberro
    Luiz Gonzaga - Disco "Forró de cabo a rabo" (1986) "Viva meu padim". Participação: Benito di Paula.
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  • Viva meu Padim Juazeiro do norte - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=17oSyCQqXQM
    22 de out de 2013 - Vídeo enviado por Lucas Gabriiell
    Em setembro estarei lá em Juazeiro do Norte, mais uma vez festejando a Mãe das Dores e meu Padrinho ...


  • Viva Meu Padin - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=0e8y5pfpIss
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