Bilionário indiano diz que planeja montar veículos no Brasil
Ratan Tata, que desenvolveu carros de US$ 2.500 na Índia, diz que poderia fazer uma parceria com a Fiat no país
Por Gustavo Poloni, de Mumbai
Dono de um dos maiores conglomerados industriais do planeta, o indiano Ratan Tata, 69, é um símbolo dos empresários de países emergentes que estão conquistando o mundo (leia também reportagem de EXAME sobre os negócios de Tata). O grupo Tata possui hoje 96 empresas em 120 países e emprega 246 000 pessoas. Atua principalmente nos setores automotivo, siderúrgico e de softwares. Dezesseis anos após Ratan Tata assumir o comando do conglomerado, o faturamento de suas empresas cresceu de 3 bilhões de dólares para 48 bilhões de dólares. Em entrevista exclusiva concedida em Mumbai (Índia), Tata disse a EXAME que planeja montar carros no Brasil, provavelmente em parceria com a Fiat. Também afirmou que poderia investir em siderurgia no país e que a presença do grupo Tata no Brasil só não é maior devido à distância da Índia. Veja a íntegra da entrevista:
EXAME – O senhor tinha apenas nove anos quando a Índia tornou-se independente dos ingleses. O que se lembra daquele dia?
Ratan Tata – Não me lembro de muitas coisas. Mas tenho muitas memórias das inúmeras manifestações que levaram à independência. A casa da minha família tinha vista para um lugar chamado Campo da Liberdade, onde foram realizados muitos dos discursos de Gandhi e Neru e onde a polícia inglesa atacou a multidão com cacetetes. Lembro-me muito bem dessas coisas. Tinha uma visão privilegiada de um movimento civil contra o governo e vi a polícia espancar sem piedade a multidão. Mas não tenho nenhuma memória daquele dia em particular.
EXAME – O que mudou na Índia desde a independência e como isso influenciou o grupo Tata?
Tata – Quando a Índia ainda vivia sob o controle dos ingleses, o grupo Tata já tinha um papel importante na criação da indústria na Índia. Naquela época, a empresa produzia aço, tecidos, energia. Essas empresas foram estabelecidas com o desejo de que o país se tornasse auto-suficiente nas áreas básicas da economia. Depois da independência, dos anos 50 até os anos 80, a Índia optou por um modelo econômico mais próximo àquele adotado pela União Soviética, com uma dominância muito grande do setor público. O problema é que muitas das nossas empresas atuavam em setores que, de acordo com o novo modelo de negócios em vigor, deveriam ser controlados pelo governo. Algumas dessas empresas foram eventualmente estatizadas — é o caso de uma seguradora e de um companhia aérea. Durante os anos 70 e 80, o grupo Tata parou de crescer. O grupo voltou a crescer no final dos anos 80, quando o governo começou a abrir a economia. Esse crescimento ficou mais intenso a partir dos anos 90, quando o regime de controle estatal foi abolido e a liberalização da economia ganhou força.
EXAME – O senhor nasceu em Mumbai e cresceu num bairro chique da cidade. Como foi a sua infância?
Tata – Foi muito proveitosa e divertida. Fui uma das poucas crianças afortunadas da Índia que nunca viu nada faltar em casa. Quando nasci, minha família já era muito bem de vida e eu morava numa linda casa na frente da nova sede da TCS em Mumbai (onde hoje funciona a sede do Deutsche Bank). Foi nessa casa em que eu cresci. Talvez a única coisa ruim da minha infância tenha sido a separação dos meus pais, quando eu tinha sete anos. Por causa disso acabei crescendo em duas casas — como fazem todas as crianças cujos pais são separados.
EXAME – Do que o senhor costumava brincar?
Tata – Eu fazia coisas que as crianças normalmente fazem, como jogar críquete. Não era um jogador muito bom, mas jogava muito. A casa tinha um grande jardim, onde meu irmão e eu disputávamos partidas. Mas tenho que dizer: meu irmão era muito melhor em esportes do que eu. Desde muito novo sou fascinado por aviação, como você pode ser (a sala de reunião tem uma prateleira com vários modelos). Eu era tão apaixonado que comecei a pilotar quando tinha apenas 14 anos. Como não poderia voar sozinho, parei. Só voltei três anos depois, quando poderia estar sozinho no avião. Tenho pilotado desde então.
EXAME – Qual era a profissão do seu pai?
Tata – Ele trabalhava no grupo Tata, passou por várias empresas e chegou a ser vice-presidente do grupo, mas infelizmente nunca chegou ao cargo que tenho hoje. Essa foi uma das suas maiores tristezas. Ele ainda era vivo quando cheguei ao topo do grupo e tenho certeza de que ele sempre achou que era ele que deveria estar lá.
EXAME – Como o senhor se sentiu com essa situação?
Tata – Eu teria deixado que ele assumisse a empresa no meu lugar. Ele e o então chairman, JRD Tata, tinham quase a mesma idade, com a diferença de apenas um mês. A princípio, o JRD Tata concordou que eu deixasse o cargo para o meu pai. Mas repensou e chegou à conclusão de que seria um erro sair um chairman com 82 anos para dar lugar a outro com a mesma idade. Foi aí que assumi o cargo.
EXAME – E a sua mãe, no que ela trabalhava?
Tata – Ela não trabalhava, mas estava sempre envolvida nas atividades sociais desenvolvidas pelo grupo Tata.
EXAME – Quando os seus pais se separaram o senhor foi morar com a sua avó?
Tata – Não. Meus pais sempre moraram com a minha avó. Quando eles se separaram, minha mãe saiu de casa e continuei a morar com meu pai e minha avó.
EXAME – O senhor estudou nos Estados Unidos, e não na Inglaterra como mandava a tradição da família. Por que o senhor resolveu estudar numa universidade americana?
Tata – Decidi ir para os Estados Unidos porque era fascinado pelo país. Não sei exatamente a origem desse interesse, mas desde pequeno gostava dos americanos.
EXAME – E como foi realizar esse sonho?
Tata – Foi como se eu sempre tivesse morado nos Estados Unidos. Desde o começo me sentia muito confortável e provavelmente não teria voltado para a Índia. Só voltei quando a minha avó ficou muito doente e pediu que eu estivesse ao lado dela. Não tive escolha. Quando voltei, ela não melhorou e nem faleceu, então resolvi ficar na Índia até que essa situação se resolvesse. Com o passar do tempo, voltar para os Estados Unidos tornou-se a opção mais difícil.
EXAME – Nos Estados Unidos o senhor formou-se em arquitetura. Por que arquitetura?
Tata – Nunca sonhei em ser presidente do grupo Tata. Assim como aviação e os Estados Unidos, a arquitetura sempre foi uma coisa que despertou a minha atenção. Eu gostava de desenhar quando era pequeno. Minha mãe sempre me disse que ela não sabe onde colocou um álbum que ela fez com os desenhos de casas que fiz quando era pequeno. Uma pena, adoraria ver que tipo de coisa eu desenhava naquela época.
EXAME – Como a arquitetura ajudou o senhor a conduzir o grupo Tata?
Tata – Apesar das pessoas não acreditarem que a arquitetura pode te ajudar numa carreira de negócios, ela foi muito importante. O processo criativo de um arquiteto envolve resolver uma série de problemas. Os desenhos são feitos de maneira que tenham elegância e que tenha proporção para integrar e que seja prazeroso aos olhos. Esse projeto é apresentado a um júri, que funciona como a área de marketing de uma empresa. Além disso, esse projeto tem ser executado dentro de um orçamento. Talvez eu nunca tenha aprendido o necessário em telecomunicações, carros ou outras coisas. Mas isso pode ser adquirido de outra forma.
EXAME – Do que o senhor mais gostava nos Estados Unidos?
Tata – Da sensação de ser anônimo. Os americanos sabiam muito pouco sobre a Índia e não tinham a menor idéia de quem eu era. Adorava ser mais um na multidão.
EXAME – De volta a Mumbai e à Índia, o senhor trabalhou em algum outro lugar antes de entrar no grupo Tata?
Tata – Por alguns dias, trabalhei para a IBM. Batia cartão no escritório da empresa em Mumbai dois ou três dias.
EXAME – O que fez o senhor largar a IBM?
Tata – O JRD Tata ficou sem graça de me ver trabalhando numa empresa que não pertencia ao grupo e me chamou para uma conversa. Ele disse que eu não poderia fazer aquilo e pediu uma cópia do meu currículo. Ainda me lembro que a IBM era uma das únicas do país que tinham máquinas de escrever elétricas. Um dia, depois do expediente, bati o meu currículo para entregar ao JRD Tata. Foi quando recebi uma proposta para trabalhar na Tata, que prontamente aceitei.
EXAME – Qual foi o seu primeiro emprego no grupo Tata?
Tata – Fui mandado para a empresa que hoje é chamada de Tata Motors em Jamshedpur, no nordeste do país. Passei os seis primeiros meses no chão da fábrica. Depois disso fui transferido para a Tata Steel, onde também passei três meses no chão de fábrica.
EXAME – Como foi essa experiência?
Tata – Foram tempos difíceis. Foi quando eu pensei em voltar para os Estados Unidos. Estava num programa de treinamento e passava de um departamento para outro. Não havia um trabalho definido. Às vezes, eles te pediam para alimentar as fornalhas. Hoje sei que a experiência foi muito boa porque eu consegui conhecer todos os níveis das nossas empresas. Ao ficar lado-a-lado com os funcionários, sabia quais eram as necessidades deles e de seus supervisores. Mas o tempo que fiquei nessa vida foi horrível.
EXAME – O que segurou o senhor na empresa?
Tata – Foi mais preguiça do que qualquer outra coisa. Você monta uma casa, faz amigos na cidade, tem uma vida. Depois de Jamshedpur fui transferido de volta a Mumbai. Se fosse para ir para qualquer outra cidade eu teria deixado a empresa. Mas voltar para Mumbai era voltar para casa. Ainda fui mandado para a Austrália por um ano para montar uma joint venture da empresa. Lá, eu senti vontade novamente de deixar tudo e ir para os Estados Unidos. Mas voltei novamente para Mumbai e aí a vida começou a ganhar mais sentido.
EXAME – Qual foi o maior desafio que o senhor enfrentou nas empresas que passou?
Tata – O maior desafio foi assumir a presidência de uma pequena companhia de eletroeletrônicos chamada Nelco, que produzia rádios. A equipe era muito jovem, mas fez com que a empresa deixasse de dar prejuízo para lucrar. Diversificamos a produção, investimos mais na fábrica e cortamos pessoal. No final das contas, acabamos com todas as dívidas e multiplicamos por dez a participação da empresa no mercado, que passou a ser de 20%. De uma hora para outra, fizemos com que a empresa fosse importante no mercado.
EXAME – Quando foi isso?
Tata – De 1971 a 1982. Os primeiros anos foram muito desafiadores, não sabíamos se a gente conseguiria salvar a empresa. Nessa época eu aprendi muita coisa.
EXAME – Ao passar por tantas empresas e por tantas funções, o senhor achou que estava sendo preparado para assumir a presidência do grupo?
Tata – Não.
EXAME – Quando o senhor percebeu isso?
Tata – Para ser sincero, nunca percebi. Havia dois ou três candidatos à sucessão do JRD Tata. Eles eram nomes conhecidos e comentados nos corredores da empresa. Eram mais velhos do que eu e acho que o cargo havia sido prometido para cada um dos três. Até eu acreditava que um deles seria o novo responsável pelo grupo. Quando soube que seria eu o chairman fiquei surpreso.
EXAME – Como o senhor se sentiu?
Tata – Surpreso. Não sou daqueles que perde o controle das coisas. Ao longo dos anos fiquei muito próximo ao JRD Tata e a gente dividia muitas coisas. Apesar de não esperar ser o novo chairman do grupo, estávamos muito próximos quando ele decidiu deixar o cargo.
EXAME – Por que o senhor acha que ele escolheu o senhor ao invés dos outros?
Tata – Por vários motivos. Em alguns casos, JRD Tata ficara decepcionado com uma das pessoas que concorriam ao cargo. Outro concorrente fez algo que ele achava errado. Acho que a escolha foi por eliminação. Não acredito que eu tinha feito uma coisa tão extraordinária que tenha me credenciado para receber a indicação.
EXAME – Que medidas o senhor adotou para fazer com que a empresa voltasse a ser competitiva e lucrativa?
Tata – A minha maior preocupação era fazer com que todas as empresas do grupo caminhassem na mesma direção. Naquela época, elas estavam muito largadas, éramos uma confederação de companhias. Também comecei a estudar um processo de reestruturação do grupo. Avaliei quais eram os negócios mais importantes e até que ponto a gente poderia crescer nesses mercados. Defini quais eram os mercados onde atuaríamos, o crescimento que teríamos e coloquei alguns objetivos para a empresa.
EXAME – E o senhor enfrentou resistência?
Tata – Nem todas as empresas aceitaram que elas deveriam ser submetidas a uma pessoa de fora que estipularia novas regras e objetivos a serem alcançados. Nos primeiros três anos, enfrentei muita resistência. Mas, a partir daí, começamos a operar efetivamente como um grupo.
EXAME – Até que ponto as mudanças econômicas introduzidas pelo primeiro ministro no começo da década de 90 foram importantes para a recuperação do Tata Group?
Tata – Elas foram importantes. Muita gente acreditava que a abertura da economia ia remover a proteção e prejudicar a indústria indiana. Na verdade, as medidas acabaram com os obstáculos que impediam o grupo de crescer. Acho que para a gente a liberalização da economia fez com que a empresa tivesse a chance de voltar a crescer.
EXAME – O senhor acha que, sem essa abertura da economia, o grupo estaria em dificuldades agora?
Tata – Não estaríamos quebrados, mas seríamos cada vez menos importante para a economia indiana. Seria uma continuação do processo de decadência que começou nos anos 50 e durou até o final dos anos 80.
EXAME – Cerca de 60% dos lucros do Tata Group são transferidos para ONGs e fundações que ajudam a população carente. Em que tipo de projeto a empresa investe?
Tata - São dois grandes projetos sociais, que se dividem em outras quatro. Hoje elas têm muito dinheiro porque têm ações da TCS. Com a valorização das ações da empresa nos últimos anos os projetos sociais têm muito dinheiro para gastar. É difícil dizer quantas pessoas são ajudadas pelos projetos. Eles ajudam comunidades, indivíduos, montam institutos de educação que ensinam milhares de pessoas, constróem hospitais, ajudam vilas a produzir.
EXAME – Qual foi a sua maior decepção à frente do grupo Tata?
Tata – Foi não ter tirado do papel a nossa nova companhia aérea. Isso aconteceu no começo dos anos 90. Um jogo de interesses de pessoas impediu a empresa de voltar a operar no mercado. O governo nunca nos deu permissão para recomeçar a nossa companhia aérea.
EXAME – O senhor ainda pretende montá-la?
Tata – Agora, não. Não desisti do meu sonho, mas tem muita empresa no mercado. Seria um mau negócio.
EXAME – Se o senhor pudesse voltar no tempo, o que o senhor não teria feito à frente do cargo?
Tata – Acho que não faria muita coisa diferente. Eu teria reestruturado a empresa mais rapidamente do que fizemos. Fora isso, acho que teria tomado as mesmas decisões. Não existe uma coisa que eu me arrependo de não ter feito.
EXAME – Qual é o seu maior desafio à frente do grupo Tata?
Tata – À medida que crescemos, o nosso maior desafio é encontrar gente qualificada para sustentar o crescimento do grupo. A TCS é um bom exemplo. A empresa vai precisar de 30 000 novos associados até o final deste ano. Isso vai fazer com que o número de funcionários da empresa chegue a 120 000 e acaba se transformando num grande desafio para a área de gerenciamento.
EXAME – Da onde surgiu a idéia de produzir um carro de 2 500 dólares?
Tata – Ao voltar para casa, costumava ver família inteiras andando numa scooter. O pai dirigia e o filho maior ia sentado na frente, a mulher na garupa segurava um bebê. Resolvi criar um projeto que pudesse oferecer a eles um meio de transporte mais seguro.
EXAME – Como pode um carro custar tão pouco?
Tata - A gente diminuiu todos os custos na produção de um carro. Mas não vamos tirar nada do que um carro tenha hoje. O segredo está na economia de aço, na forma de desenhar um carro mais compacto.
EXAME – E a idéia de usar plástico para fazer o carro, o que aconteceu?
Tata – O plástico mostrou-se muito mais caro do que o aço.
EXAME – Quando ele será lançado?
Tata – Aqui na Índia no ano que vem.
EXAME – Mas ele será levado para outros países, como o Brasil?
Tata – Eventualmente.
EXAME – Que outros projetos o senhor tem para atender à população mais carente da Índia e do mundo?
Tata – Estamos pesquisando uma forma de incluir mais nutrientes na alimentação das pessoas. Queremos empacotar a maior quantidade possível de nutrientes para poder distribuir para um grande número de pessoas. Pode ser no chá, no sal ou outros produtos que são consumidos pelas pessoas. Mas isso também está num estágio bastante inicial.
EXAME – Por que a Índia ficou para trás na briga pelo país que mais cresce no mundo?
Tata – Principalmente por causa dos sistemas políticos diferentes. A China pode criar facilmente um ambiente propício para o crescimento enquanto a Índia, como a maior democracia do mundo, precisa de aprovação do Parlamento para isso. A China tem a capacidade de crescer rapidamente e mais diretamente do que a Índia.
EXAME – E o que a Índia precisaria fazer para crescer mais do que a China?
Tata – Precisaria de uma coalizão mais alinhada do que hoje. Se isso acontecesse, a gente veria um crescimento mais espetacular do país. Hoje, os diferentes partidos estão mais preocupados com alianças políticas do que com o crescimento do país. Muitas vezes eles estão empurrando o país para lados opostos.
EXAME – Como o senhor vê a Índia em 20 anos e qual o senhor acha que será o papel do grupo Tata no futuro?
Tata - A Índia está num caminho de crescimento sustentável e espero que o grupo Tata tenha um papel importante no desenvolvimento do país. Provavelmente a gente não vai se comprometer com a Índia do jeito que gostaríamos porque agora somos um grupo internacional e estamos presentes em vários países. Mas a gente gostaria de ter um papel importante no desenvolvimento da Índia.
EXAME – Muitos analistas dizem que a Índia será um dos países mais importantes do mundo no século 21. O que pode impedir o país de chegar lá?
Tata – Várias coisas. Poderia ser uma mudança no panorama político. Poderia ser um conflito, como no caso do Paquistão em relação à região da Cashemira, que poderia sugar a energia do país numa guerra. Poderia ser também o colapso de uma grande economia, como a dos Estados Unidos, que afetaria países do mundo todo inclusive a Índia. Esses são os maiores impeditivos para o crescimento da Índia. Não acredito que outros fatores possam atrapalhar o crescimento da Índia.
EXAME – E quais são as maiores armas da Índia para chegar lá?
Tata – A grande população. Isso significa que o mercado ainda tem um grande potencial a ser explorado. Se a gente conseguir melhorar a educação da população, teremos uma das maiores bases de trabalhadores qualificados do mundo e teremos a maior população economicamente ativa do mundo no ano 2030. A gente tem todos os fatores que poderiam fazer da Índia uma potência econômica. E isso poderia ser destruído se tivermos um confronto político, se estivermos em meio a uma guerra, se não tivermos uma liderança importante.
EXAME – Até que ponto os problemas de infra-estrutura na Índia atrapalham no crescimento do grupo Tata?
Tata – Os problemas de infra-estrutura, como problemas no fornecimento de energia ou portos antiquados, afetam todas as empresas que estão na Índia. Algumas das nossas empresas, como a que produz energia, quer ter um papel cada vez maior no desenvolvimento do setor elétrico do país. E nos causa frustração o fato de não termos o ambiente certo para podermos fazer investimentos e crescer. Mas não acredito que os problema da infra-estrutura nos afete mais do que qualquer outra empresa na Índia.
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