segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

PATATIVA DO ASSARÉ- SEU DOTÔ ME CONHECE



SEU DOTÔ ME CONHECE

 

 

Amigos,  vejam o que diz o mestre Patativa do Assaré , quando na seca de 32  oficializa o Presidente da Republica, os Desembargadores, os Juízes, os Governadores e os Prefeitos deste brasilzão de meus Deus.

 

Vejam como coloca vida numa unidade do país, vida no meu querido e sofrido Ceará, vejam como ele humaniza uma situação e como vai fundo como se fosse apenas um cidadão , quando na verdade fala por uma nação inteira.

 

Viva o Antonio Gonçalves o nosso Patativa do Assaré,  lá do meu  aguerrido e guerreiro estado do Ceará.

 

Iderval Reginaldo Tenório

 

 

Patativa de Assaré.
 1932

 

SEU DOTOR ME CONHECE


Seu dotô, só me parece
Que o sinhô não me conhece
Nunca sôbe quem sou eu
Nunca viu minha paioça,
Minha muié, minha roça,
E os fio que Deus me deu.

Se não sabe, escute agora,
Que eu vô contá minha história,
Tenha a bondade de ouvi:
Eu sou da crasse matuta,
Da crasse que não desfruta
Das riqueza do Brasil.

Sou aquele que conhece
As privação que padece
O mais pobre camponês;
Tenho passado na vida
De cinco mês em seguida
Sem comê carne uma vez.

Sou o que durante a semana,
Cumprindo a sina tirana,
Na grande labutação
Pra sustentá a famia
Só tem direito a dois dia
O resto é pra o patrão.

Sou o que no tempo da guerra
Contra o gosto se desterra
Pra nunca mais vortá
E vai morrê no estrangêro
Como pobre brasilêro
Longe do torrão natá.

Sou o sertanejo que cansa
De votá, com esperança
Do Brasil ficá mió;
Mas o Brasil continua
Na cantiga da perua
Que é: pió, pió, pió...

Sou o mendigo sem sossego
Que por não achá emprego
Se vê forçado a seguí
Sem direção e sem norte,
Envergonhado da sorte,
De porta em porta a pedí.

Sou aquele desgraçado,
Que nos ano atravessado
Vai batê no Maranhão,
Sujeito a todo o matrato,
Bicho de pé, carrapato,
E os ataques de sezão.

Senhô dotô , não se enfade
Vá guardando essa verdade
Na memória, pode crê
Que sou aquele operário
Que ganha um nobre salário
Que não dá nem pra comê

Sou ele todo, em carne e osso,
Muitas vez, não tenho armoço
Nem também o que jantá;
Eu sou aquele rocêro,
Sem camisa e sem dinhêro,
Cantado por Juvená.

Sim, por Juvená Galeno,
O poeta, aquele geno,
O maió dos trovadô,
Aquele coração nobre
Que a minha vida de pobre
Muito sentido cantou.

Há mais de cem ano eu vivo
Nesta vida de cativo
E a potreção não chegou;
Sofro munto e corro estreito,
Inda tou do mermo jeito
Que Juvená me deixou.

Sofrendo a mesma sentença
Tou quase perdendo a crença,
E pra ninguém se enganá
Vou deixá o meu nome aqui:
Eu sou fio do Brasil,
E o meu nome é Ceará.

ZÉ CASTOR: O CAPIM DA LAGOA - YouTube

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    parabens pela iniciativa. se possível postem a musica CHORA BANANEIRA de zé castor. valeu, um ...
  • Zé Castor - YouTube

    www.youtube.com/watch?v=MDvSGweHWUc
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    Homenagem ao Cantor Zé Castor e seu cavaquinho.(Alagoinha-PE) Cantava muito em festas de ...
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    www.youtube.com/watch?v=gx0Oj2lcvG4
    3 de nov de 2009 - Vídeo enviado por José de Anchieta Barros
    Eita Zé Castor macho da gôta serena!!!Tá fazendo fazendo nas vaquejadas do Nordeste!!! Read ...
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