Morre o 'rei do bolero', Lindomar Castilho, aos 85 anos
Em 1981, ele matou a ex-mulher, Eliane de Grammont, e foi condenado a 12 anos de prisão
RESUMO
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Morreu, aos 85 anos, o cantor Lindomar Castilho, conhecido como o "rei do bolero". A informação foi confirmada pela filha dele, Lili De Grammont, nas redes sociais, na manhã deste sábado. A causa damorte não foi divulgada.
"Hoje um ciclo se encerra…O que te faz ser quem você é? As palavras não são suficientes para explicar o que estou sentindo! Só sinto uma humanidade imensa, sinto o tanto que estamos nesta terra para evoluir. Sinto o poder das coisas que verdadeiramente importam", escreveu a coreógrafa.
Além de frequentar as páginas de cultura dos jornais, Castilho também apareceu nas policiais, em 1981, quando assassinou a ex-mulher, Eliane de Grammont, em 30 de março 1981, por, segundo ele, "ciúmes". Pelo crime, foi condenado a 12 anos de reclusão, ficou três anos preso e entrou no ostracismo. O post de despedida, Lili menciona o crime, um dos feminicídios mais comentados do Brasil.
"Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira", escreveu ela. "Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução. Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada."
Quem era Lindomar
Lindomar Cabral nasceu em Rio Verde (GO), em 21 de janeiro de 1940. Em 1962, gravou seu primeiro disco, "Canções que não se esquecem", já com o sobrenome artístico de Castilho. A partir daí foram 38 álbuns, que o colocou no hall de um dos maiores vendedores de discos do Brasil e o deu a alcunha de "rei do bolero".
"Você é doida demais", sucesso de 1974, foi um dos grandes hits do cantor, revisado nos anos 2000 como tema de abertura de "Os normais", série com Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães. Em 2012, apareceu no documentário "Vou rifar meu coração", de Ana Rieper, sobre a música romântica que convencionou-se a se chamar de "brega", com expoentes como ele próprio, Odair José, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned e Wando.
— Os valores hoje são outros, mas as gravadoras nunca deixaram de lançar nossas músicas — disse ele ao GLOBO, em 2012. — Você não pode mais escrever o tipo de música que eu faço sem ter um cuidado extremo com cada palavra. Qualquer descuido e você pode ofender algum grupo, desrespeitar alguma posição. É preciso precaução.
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