quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Microplástico é detectado no cérebro humano

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Pôster Anatomia do cérebro

Microplástico é detectado no cérebro humano pela primeira vez

Com efeitos ainda desconhecidos, o polipropileno usado em roupas, embalagens e garrafas foi o tipo mais comum encontrado, com a inalação como provável forma de acesso via bulbo olfatório

 19/09/2024 - Publicado há 3 meses     Atualizado: 15/10/2024 às 8:02

Texto: Jean Silva*
Arte: Diego Facundini & Joyce Tenório**

A via olfativa é uma das prováveis rotas de entrada dos microplásticos no cérebro, já que foram identificados fragmentos no bulbo olfatório -

Pela primeira vez, pesquisadores encontraram microplástico no cérebro humano. O estudo, feito na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em parceria com a Universidade Livre de Berlim e com o apoio do Laboratório Nacional de Luz Synchronton (LNLS), em Campinas, analisou o cérebro de 15 pessoas falecidas que moravam em São Paulo. Em oito deles foram encontrados resíduos como fibras e partículas de plástico. Estas pessoas não tinham contato com a indústria de produção do material, afirmam os pesquisadores, e o polipropileno foi o tipo mais comum encontrado. Ele é usado em roupas, embalagens de alimentos e garrafas e pneus, que liberam partículas que são inaladas ao respirarmos.

Os resíduos consistem em minúsculos fragmentos de plástico menores que 5 milímetros provenientes da decomposição e outros processos que os transformam nesses micropedaços, e os encontrados no estudo são particulas entre 5.5 a 26.4 nanômetros.  Eles também já foram encontrados em órgãos como pulmões, no sistema reprodutivo e até na corrente sanguínea dos seres humanos. A presença no órgão do sistema nervoso chama atenção por ele ser “um dos mais protegidos do corpo humano devido à barreira hematoencefálica [estrutura que regula o transporte de substâncias entre o sistema nervoso central e o sangue]”, explica a líder do trabalho e professora da FMUSP, Thais Mauad. O objetivo do estudo era justamente verificar se esse material conseguia chegar até o cérebro.

O artigo publicado no Journal of the American Medical Association (Jama), uma das mais importantes revistas acadêmicas de saúde, indica a via olfativa como uma das prováveis rotas de entrada dos microplásticos no cérebro, uma vez que foram identificados fragmentos dessas partículas no bulbo olfatório, a área responsável por processar odores. Enquanto isso, a via sanguínea ainda deve ser estudada para analisar a capacidade desses materiais passarem a barreira hematoencefálica.

Desenho de um esquema que mostra as estruturas internas da face, com corte lateral

O bulbo olfativo, conjunto de células nervosas na região nasal, é indicado como provável via de entrada dos microplásticos - Imagem: IB-UNESP adaptada do National Institute of Environmental Health Sciences

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