Sem eficácia comprovada, Saúde libera prescrição da cloroquina para todos os estágios da Covid-19
Medida foi sacramentada nesta quarta-feira
20/05/2020 - 10:05
/ Atualizado em 20/05/2020 - 10:4
BRASÍLIA — Como defendia o presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde editou nesta quarta-feira novo protocolo para tratamento de pacientes com Covid-19, autorizando o uso da cloroquina e hidroxicloroquina.
O texto do ministério diz que o medicamento pode ser prescrito em todas
os estágios da doença. Até então, o ministério só havia autorizado para
pacientes em estado grave.
Agora,
a cloroquina também pode ser indicada para pacientes apenas com
sintomas leves de contaminação. O uso do medicamento ficará sob a
responsabilidade do médico e precisa ter a concordância do paciente.
"Apesar
de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem
atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há
meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e
randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para
o tratamento da Covid-19. Assim, fica a critério do médico a
prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente,
conforme modelo anexo", diz o texto.
O
protocolo diz ainda que o "uso das medicações está condicionado à
avaliação médica, com realização de anamnese, exame físico e exames
complementares, em Unidade de Saúde".
A seguir algumas das orientações do protocolo:
1.
Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de
possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não
há meta-análises de ensaios clinicos multicêntricos, controlados, cegos
e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações
para o tratamento da Covid-19. Assim, fica a critério do médico a
prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente,
conforme modelo anexo.
2. O uso das medicações está condicionado à avaliação médica, com
realização de anamnese, exame físico e exames complementares, em Unidade
de Saúde.
3. Os critérios clínicos para início do tratamento em
qualquer fase da doença não excluem a necessidade de confirmação
laboratorial e radiológica.
4. Contra-indicações absolutas ao uso
da hidroxicloroquina: gravidez, retinopatia/maculopatia secundária ao
uso do fármaco já diagnosticada, hipersensibilidade ao fármaco,
miastenia grave.
5. Não há necessidade de ajuste da dose de
hidroxicloroquina para insuficiência renal (somente se a taxa de
filtração glomerular for menor que 15) ou insuficiência hepática. O
risco de retinopatia é menor com o uso da hidroxicloroquina.
6. Não coadministrar hidroxicloroquina com amiodarona e flecainida.
7.
Há interação moderada da hidroxicloroquina com: digoxina (monitorar),
ivabradina e propafenona, etexilato de dabigatrana (reduzir dose de 220
mg para 110 mg), edoxabana (reduzir dose de 60 mg para 30 mg). Há
interação leve com verapamil (diminuir dose) e ranolazina.
8. Em crianças, dar sempres prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina.
9.
Cloroquina deve ser usada com precaução em portadores de doenças
cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais.
10.
Cloroquina deve ser evitada em associação com: clorpromazina,
clindamicina, estreptomicina, gentamicina, heparina, indometacina,
tiroxina, isoniazida e digitálicos.
11. Para pacientes adultos hospitalizados e com sinais de gravidade considerar anticoagulação e pulso de corticóide.
12.
Para pacientes adultos com sinais e sintomas moderados, considerar
anticoagulação profilática se a oximetria estiver abaixo de 95% ou na
presença de qualquer sinal respiratório (tosse, dispnéia etc.) na
ausência de oximetria.
13. Para pacientes hospitalizados, observar
e iniciar tratamento precoce para pneumonia nosocomial, conforme
protocolo da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH)
local.
14. Nos pacientes com deficiência ou presunção de deficiência de vitamina D, considerar a prescrição
15. Investigar e tratar anemia.
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