A VERDADE POR TRÁS DE MARIA BONITA
Aos 18 anos, Maria Gomes conheceu Lampião, um caboclo alto, corcunda, manco e caolho. Curiosamente, o apelido pelo qual ficou conhecida não surgiu no Sertão, mas no meio urbano do Rio de Janeiro, em 1937, inventado por jornalistas.
Autor – Felipe Torres
Ano de 1929, município de Jeremoabo,
Sertão da Bahia.
Lampião era um caboclo alto, um tanto corcunda, cego do
olho direito, óculos ao estilo professor, manco de um pé (baleado três
anos antes), com moedas de ouro costuradas na roupa. Exalava mistura
forte de perfume francês com suor acumulado de muitos dias. O cangaceiro
podia até não preencher os requisitos de um bom partido, mas foi com
esses atributos que conquistou a futura mulher, filha de casal com uma
dezena de filhos.
Maria Gomes Oliveira tinha 18 anos
quando subiu na garupa do cavalo de Virgulino Ferreira da Silva. Corpo
bem feito, olhos e cabelos castanhos, um metro e cinquenta e seis de
altura, testa vertical, nariz afilado. Era bonita, habilidosa na costura
(assim como era Lampião) e adorava dançar. Foi o suficiente para
Virgulino quebrar a tradição do cangaço e permitir o ingresso de uma
mulher nos bandos, o que abriu precedente para várias outras.
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Curiosamente, ela nunca foi conhecida
como “Maria Bonita”. Segundo o historiador Frederico Pernambucano de
Mello, o “nome de guerra” não surgiu no Sertão, mas no meio urbano do
Rio de Janeiro, em 1937, por meio do uma “conspiração” de jornalistas. A
partir dali, tomou conta do Brasil.
Até então, a mulher de Lampião era
chamada de Rainha do Cangaço, Maria de Dona Déa, Maria de Déa de Zé
Felipe ou Maria do Capitão. O nome definitivo surgiu inspirado em um
romance de 1914, Maria Bonita, de Júlio Afrânio Peixoto, adaptado para o
cinema 23 anos depois. Vários repórteres chegaram ao consenso para
padronizar a informação disseminada pelos jornais impressos.
Nos três primeiros anos, de 1929 a 1932,
as mulheres do cangaço ficavam reclusas no Raso da Catarina, refúgio no
nordeste da Bahia. Quando, enfim, foram autorizadas a acompanhar os
bandos de cangaceiros, passaram a conviver com a elite sertaneja,
esposas e filhas de coronéis poderosos.
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“Disso resulta o aprimoramento da
estética presente em trajes e equipamentos, além do aburguesamento de
maneiras. A máquina de costura, o gramofone, a lanterna elétrica
portátil – e logo, a filmadora alemã e a câmera fotográfica, pelas mãos
do libanês Benjamin Abrahão – chegam ao centro da caatinga, amenizando
os esconderijos mais seguros, levados pelos coiteiros”, destaca
Frederico Pernambucano de Mello
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Um comentário:
Simplesmente excelente!
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