quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O DIA DA EMANCIPAÇÃO POLITICA DO JUAZEIRO DO NORTE


    O DIA DA EMANCIPAÇÃO POLITICA DO JUAZEIRO DO NORTE

    O dia 30 de agosto de 1910 foi proclamado o Dia da Libertação do Juazeiro. Neste dia os fundadores do Jornal O Rebate, Dr Floro Bartolomeu e o Padre Alencar Peixoto conseguiram com chave de ouro abrir para o povo a luta pela libertação do povoado,  a finalidade era que Juazeiro fosse declarado  município e se desligasse do Crato.  
    Do dia 29 para o dia 30 de agosto  de 1910 o povoado foi despertado com salvas de tiros e bombas, mais de  15 mil pessoas se aglomeram na Rua Grande e ouviram os discursos inflamados  do Padre Alencar Peixoto e do Dr Floro Bartolomeu, depois partiram para a casa do Padre Cícero que tinha que abrir as portas para o povo e também discursar, foi o maior movimento já visto no povoado pedindo a sua emancipação.
    O Coronel Antonio Luiz Pequeno, prefeito do Crato, conseguia cozinhar o movimento que crescia diuturnamente,  enviou um  batalhão para acabar com o movimento à força, prometendo até a execução sumária, os soldados recuaram diante da grandeza  e da importância do levante, o Padre esboçou até sair do município para não presenciar tamanha atrocidade contra o seu povo, o Coroenel  fez propostas, enviou representantes, negociou as dívidas dos comerciantes (os Impostos) e prometia a libertação, grandes foram as lutas diplomáticas, os coronéis da região (Barbalha, Missão Velha, Milagres) declararam apoio a Juazeiro. Muitas foram as passeatas e as manifestações públicas, O Rebate não dormia e cotidianamente publicava artigos chamando o povo e mostrando que Juazeiro não poderia ser mais agregado ao Crato, o movimento crescia e não teria mais volta, o fulcro era a vontade de um povo que só queria a libertação, a autonomia municipal.

    A Impressa da capital era contra o levante, contra o movimento paredista do Juazeiro e no dia 20 de Julho de 1911 o JORNAL UNITÁRIO de Fortaleza publicava um artigo assinado pelo jornalista  João Brígido desdenhando do movimento, dizia que Juazeiro nascera para ser  VILEZA, jamais chegaria a Município, calou-se dois dias depois, quando a Lei 1028 de  22 de Julho de 1911 foi votada e aprovada pela  Assembléia Legislativa do Estado do Ceará oficializando a criação  de mais um município, dando a sonhada independência ao povo do Padre Cícero. A festa foi de noite adentro até o amanhecer do dia 23.

    Foram reservados para o novo município, 224 quilômetros quadrados no coração do cariri, a divisa com Barbalha limitada pela Lagoa Seca, com  São Pedro ( hoje Caririaçu) limitada pelo Riacho dos Carneiros, com o  Crato pelo Riacho São José e  com  Missão Velha o   Rio Carás. Do embrião Tabuleiro Grande nascia o mais próspero município do interior do Ceará, sob a batuta do padre Cícero Romão Batista, capitaneada  por dois   condutores pra lá de inflamados, o Dr Floro e o Padre Peixoto e   uma população pujante , sedenta, altiva , cansada de sofrer e de enviar divisas financeiras para o município sede, o Crato do Coronel Antonio Luiz Pequeno.

    O Presidente do estado do Ceará o Dr  Antônio Pinto Nogueira Accioly, casado com a filha do Dr Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu,  de  quem herdou seu legado político,  logo designou o  Padre Cícero como o chefe do partido local, o arrebatando para a politica partidária, o Padre passou a ser chefe politico do município e da região, introduzindo a cidade   em quase todos os acontecimentos históricos do Brasil, Juazeiro passou a ser um foco   visível para a nação e tema obrigatório em todos as rodas políticas.

    Foi solicitado a escolher o primeiro prefeito do novo municipio, quatro foram os nomes a perseguir o cargo.

    1-Dr Floro Bartolomeu médico , amigo do Padre , fundador do Jornal O Rebate e ferrenho brigador.

    2- o Padre Alencar Peixoto, padre de pavio curto, também fundador do O Rebate, ferrenho ativista, amigo do Padre Cícero e o mais interessado em ser prefeito.

    3- o comerciante José André, homem influente e rico do município, um dos negociadores do pacto de paz com os gestores do  Crato.

    4-  o major Joaquim Bezerra, grande latifundiário e de posição do povoado, descendente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro  proprietário da Fazenda Tabuleiro Grande em cujas terras  nascera o pequeno povoado .

    O Padre fez uma analise e estudou cada pretendente,  pelo perfil do Alencar  Peixoto o excluiu,  era também  a vontade do Dr Accioly explicitada a posteriori por telegrama, com esta atitude ganhou um dos maiores inimigos, o Padre Peixoto, que  saiu atirando para todos os lados, dizia que  tinha a promessa de ser o escolhido.

     O outro foi   Dr Floro, este  foi avacalhado publicamente  pelo Padre Alencar Peixoto, não tinha condições por diversos motivos, inclusive por ser um forasteiro recem chegado ao povoado, era um medico baiano que chegara ao municipio em 1907, sem caráter e sem nenhuma expressão na região do cariri, o Padre Cícero compreendeu o recado, também o descartou. 

    Ficaram  o comercante(José André) e o latifundiário(o major Joaquim Bezerra) os homens mais ricos do arraial,  o povo ficou numa dúvida muito grande, enorme seria  a responsabilidade do Padre Cícero em indicar um dos nomes, em apoiar um dos dois candidatos, foi criado um  conflito  e numa saída maestral, como dizem  os grandes homens , numa saída salomônica,  resolveu o Padre Cícero assumir ele próprio a cadeira de : O primeiro Prefeito do Juazeiro recebendo o apoio  do presidente do Estado Dr Antônio Pinto Nogueira Accioly e de toda a população Juazeirense.

    Foi assim que Juazeiro foi emancipado e ganhou o seu primeiro prefeito.

    Iderval Reginaldo Tenório
    Fontes diversas
    Fontes principais- Lira Neto, Amalia Xavier de Oliveira, Renato Casimiro e Daniel Walker
    Escutem Viva meu Padim de João Silva na voz de Luiz Gonzaga
    1. Miniatura 3:28 
  1. Juazeiro do Norte - Luiz Gonzaga - Viva meu padim com incerts

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