quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Gênero, raça/etnia , classe e patriarcado- Heleieth Saffioti por/Iderval Tenório

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                        Um emaranhado de fios e fios em uma casa. | Foto Premium

 O papel da mulher na sociedade: independência ou morte 2011: Proposta de  Redação Fatec: Projeto Agatha Redação


 

Gênero, raça/etnia , classe e patriarcado- Heleieth Saffioti.

 por/Iderval Tenório

Na sociedade patriarcal, prevalecem as relações de poder e domínio dos homens sobre as mulheres e todos os demais sujeitos que não se encaixam com o padrão considerado normativo de raça, gênero e orientação sexual.

Hoje, com a acessibilidade à escola do curso infatil até o curso superior,  o alto grao de inteligência, organaização, insistência e resiliência das mulheres, o mundo encontra-se mais eqüanime. 

Viva a educação para todos os cidadãos do mundo.

O mundo contemporâneo deve às mulheres guerreiras do século XVIII até a atualidade que lutaram para estas  conquistas. Margaret Mear , Judith Butler, Mary Willstonecrafet,  Harriet Taylor, madame  de Srael,  bell hook, Simone de Beauvoir, Sheila Rowbothan, Rosa de Luxeburgo, Alexadra Kollantai, Kate Millet, Shullamith Firetone, Betty Friedan,  Charlotte Gilman, Heleieth Saffioti, Bárbara de Alencar, Chiquinha Gonzaga, Joana Angélica, Maria Felipa, Maria Quitéria, Enna Goldman, Margaret Sanger, Rosa Parks, Monique Wittig, Kathleen Neal  e Angela Davis, estas mulheres e outras de igual importância dedicaram partes de suas vidas para a liberdade da mulheres, dos negros e dos oprimidos. Muitas lutas foram caladas pelos dominantes, como se as mulheres estivessem cruzados os braços e aceitassem angelicalmente as  suas condições por séculos, ledo engano, as mulheres sempre lutaram. Todas merecem  homenagens  e reconhecimento da população atual em todo o mundo

Iderval Reginaldo Tenório 

As relações de gênero, raça/etnia/classe e as suas conexões formam um nó e que juntos constituem o alicerce do domínio do homem sobre a mulher. Nó dificil de ser disfeito, é  frouxo como um emaranhado de fios que não se defaz com facilidade, exatamente para proprocionar a flexibilidade da situação e torna-se coeso dificultando o encontro da ponta do fio da meada.  

Estas três propriedade se entralaçam, se embricam e fortalecem-se segundo a Heleieth Saffioti, acrescenta ainda:  "Reforçado pelo  sistema Patriarcal".

O sistema Patriarcal enterfere diretamente nas relações sociais da sociedade, uma vez que domina o setor econômico e o gênero por dupla propriedade:  A exploração de classe e a dominação de genero, induzido e aplicado por centenas de anos, principalmente aqui no Brasil, desde otempo da colônia. 

Durante séculos os   meninos eram forjados para serem homem no falar, andar, nas brincadeiras, nas atitudes, para seren chefes e substituírem os pais como as cuminheiras da família, enquanto as mulheres para serem donas de casa, cuidar dos filhos e servirem ao homem da casa. Este era um sistema de dominação, de subserviência e de anulação total como cidadã. Exemplos fidedignos são os coronéis do gado,  do café e da Cana-de-açúcar.

Heleieth Saffioti é uma das teóricas do campo do feminismo que vai na contramão dessa tendência, pois ao mesmo tempo que absorve o conceito de gênero insiste na utilidade do patriarcado para análise das relações entre homens e mulheres.

"O patriarcado deve ser situado historicamente e pensado como uma forma específica de relações de gênero dentro de um sistema", segundo a autora. 

"Na base do julgamento do conceito como histórico reside a negação da historicidade  do fato social. Isto equivale a afirmar que por trás desta crítica esconde-se a presunção de que todas as sociedades do passado mais próximo e do momento atual comportaram-se/comportam-se a subordinação das mulheres aos homens "(SAFFIOTI, 2015,
p. 111).


Para Saffioti (2015) o conceito de gênero não explicita, necessariamente desigualdade entre homens e mulheres; assim como o patriarcado da forma como foi cunhado não pressupõe uma relação de exploração. Para a autora estas duas dimensões constituem faces de um mesmo processo de dominação-exploração ou exploração-dominação. Isso porque para Saffioti a dimensão econômica do patriarcado não repousa apenas na desigualdade salarial, ocupacional e na marginalização dos importantes papéis econômicos e políticos, mas inclui o controle da sexualidade e a capacidade reprodutiva das mulheres. Por isso, o abandono do uso do patriarcado é inconcebível e Saffioti argumenta da seguinte forma:


Por que se manter o nome patriarcado? 

"Sistematizando e sintetizando o acima exposto, porque: 

1) não se trata de uma relação privada, mas civil; 

2) dá direitos sexuais aos homens sobre as mulheres, praticamente sem restrição. 

3) configura um tipo hierárquico de relação, que invade todos os espaços da sociedade; 

4) tem uma base material; 

5) corporifica-se; 

6) representa uma estrutura de poder baseada tanto na ideologia quanto na violência" (SAFFIOTI, 2015, p. 60). 

 

 

Heleieth Iara Bongiovani Saffioti (Ibirá, 4 de janeiro de 1934 - 13 de dezembro de 2010) foi uma socióloga marxista, professora, estudiosa da violência de gênero e militante feminista brasileira.

Nasceu no dia quatro de janeiro de 1934 em uma família humilde em Ibirá, na região de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Sua mãe era costureira e seu pai marceneiro. Sua família morava na zona rural, onde à época não havia acesso à escola, fato que a fez, desde cedo, morar longe de seus pais para que pudesse estudar. Primeiramente foi alfabetizada em casa por suas tias professoras até ingressar na escola. Heleieth Saffioti morou com diversos familiares até concluir seus estudos na tradicional Escola Caetano de Campos, em São Paulo, onde se formou normalista.

            No ano de 1956 ingressou no curso de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP) e se casou com o químico Waldemar Saffioti, de quem herdou o sobrenome. Em decorrência do trabalho de Waldemar, assim que se casou foi morar nos Estados Unidos. Na sua volta ao Brasil, um ano depois, retornou ao curso de Ciências Sociais e se formou no ano de 1960. Dois anos depois de sua formatura, Heleieth Saffioti mudou-se para a cidade de Araraquara, no interior do Estado de São Paulo, para acompanhar Waldemar na formação do curso superior de Química, que mais tarde iria se transformar na Universidade Estadual Paulista. Na mesma cidade também se consolidava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, lugar em que Heleieth Saffioti atuou por 21 anos, tendo começado a lecionar em 1962, a convite de Luis Pereira. Do seu casamento com Waldemar teve um filho, que veio a óbito precocemente, aos 17 anos de idade.

 

 

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

OS ÓFÃOS DA ROMENIA- ÓRFÃOS DE BUCAREST-.

                     


Pesquisa feita pela Universidade de Harvard, com órfãos da Romênia, comprova que o abandono por tempo prolongado pode causar danos neurológicos em crianças.


A ciência confirmou o que muitos educadores, psicólogos, pais e cuidadores já haviam percebido na prática.

Além de traumas psicológicos, o abandono nos primeiros anos de vida pode causar danos graves no desenvolvimento neurológico das crianças. Um estudo conhecido como Órfãos da Romênia, com alto nível de precisão e rigor científico, mapeou nos últimos 20 anos os efeitos da institucionalização precoce no desenvolvimento do cérebro de crianças.

Realizado pelo Hospital de Crianças de Boston, da Universidade de Harvard, tem apresentado resultados devastadores.

Entre outros fatos, a pesquisa demonstra que crianças abrigadas por tempo prolongado, especialmente durante os primeiros anos de vida, têm déficits cognitivos significativos. Isso inclui diminuição de QI, aumento do risco de distúrbios psicológicos, redução da capacidade linguística, dificuldade de criação de vínculos afetivos, crescimento físico atrofiado, entre inúmeros outros sérios problemas, alguns deles irreversíveis.

Por outro lado, uma análise comparativa, com base em exames de eletroencefalograma (EEG) mostrou que a intervenção precoce e eficaz pode ter um impacto positivo nos resultados a longo prazo.

No estudo, constataram que existe uma janela de tempo, denominada período crítico, que afeta campos cognitivos e emocionais. Já sabíamos das carências e consequências emocionais. Agora temos provas e urgências ligadas aos processos neurológicos.

Cada ano que uma criança vive num abrigo institucional resulta em quatro meses de déficit em sua cognição geral.

Como o estudo foi realizado

Os pesquisadores americanos selecionaram 136 crianças entre 6 meses e 2,5 anos, abandonadas em instituições governamentais nos primeiros anos de vida, todas sem problemas neurológicos ou genéticos.

Metade dessas crianças, escolhidas aleatoriamente, foi transferida para um acolhimento de alta performance criado especialmente para este estudo e a outra parte permaneceu nas instituições precárias e super lotadas.

Também foi selecionado um grupo comparativo de 72 crianças que nunca haviam sido institucionalizadas e viviam com suas famílias de origem.

                     

Contexto histórico

No início da pesquisa, no outono de 2000, a Romênia vivia os reflexos do duro regime comunista de Nicolae Ceausescu. Para aumentar a natalidade e a mão de obra no país, o ditador proibiu o aborto, o uso de contraceptivos e cobrava altos impostos das famílias que não tivessem filhos ou dos que tivessem poucos.

O resultado foi a explosão da taxa de natalidade, que aliado à miséria do país, levou milhares de bebês e crianças aos orfanatos estatais. Ao final do regime de Ceausescu, em 1989, quando foi executado pelo Exército, havia mais de 170 mil órfãos vivendo em 700 instituições superlotadas e precárias.

Cresciam isoladas do resto da sociedade, eram frequentemente vítimas de castigos físicos e de abusos sexuais e algumas sofriam de desnutrição.

Comparando com o Brasil

Como dado comparativo, a população do Brasil é atualmente dez vezes maior do que na Romênia, e o número de crianças e adolescentes acolhidas no Brasil está próximo de 33 mil (dados de novembro de 2023), número infinitamente menor do que na Romênia dos anos 2000, mas ainda considerado alto pelos organismos internacionais. Num comparativo proporcional, seria como se o Brasil tivesse 2 milhões de acolhidos. 

Estimam-se segundo dados da Unicef, que existam mais de 8 milhões de crianças e jovens acolhidos em todo o mundo.

Essa trágica situação da Romênia ganhou destaque internacional e levou à pesquisa chamada oficialmente de “Programa de Intervenção Precoce de Bucareste”, coordenada pelos professores e pesquisadores Charles A. Nelson III, da Escola de Medicina de Harvard e do Hospital de Crianças de Boston; Nathan A. Fox, da Universidade de Maryland; e Charles H. Zeanah, da Universidade de Tulane, em cooperação com o novo governo romeno.

Os resultados dos estudos, medidos inicialmente até os 12 anos de idade, sugerem que a institucionalização precoce leva a déficits profundos em muitos domínios, incluindo comportamentos cognitivos (o QI) e sócio emocionais (apego), atividade e estrutura cerebral e uma incidência muito elevada de transtornos psiquiátricos e deficiências.

Elas vêm sendo avaliadas periodicamente e, em uma segunda fase, foram reexaminadas aos 21 anos, para determinar se a intervenção tem efeitos mais duradouros e se existem outros períodos sensíveis para a recuperação e quais são os mecanismos associados a essa mudança.

A importância do afeto

Segundo os autores da pesquisa, o cuidado infantil vai muito além de apenas trocar fraldas ou alimentar as crianças.

O desenvolvimento cerebral de bebês e crianças pequenas depende do estímulo dos pais ou cuidadores, ou seja, de interação social e afetiva. É através dos estímulos gerados pelo afeto, que a criança amplia seu entendimento de mundo e estabelece padrões de pensamento, raciocínio lógico e linguagem que vão ser presentes em todas as fases de sua vida.

A pesquisa comprova cientificamente o que já nos anos cinqüenta e sessenta John Bowlby afirmava em sua Teoria do Apego. O psiquiatra britânico procurou explicar em seus estudos como ocorre, e quais as implicações para a vida adulta, dos fortes vínculos afetivos entre o bebê e o provedor de segurança e conforto.

Usando vários mecanismos de avaliação, ente eles exames de eletroencefalograma (EEG), que mapeiam a atividade cerebral, a linguagem e a cognição, os estudos descobriram que existem períodos sensíveis que regulam a recuperação. Ou seja, quanto mais cedo uma criança for colocada em cuidado especial, com uma família, melhor será sua recuperação.

Embora os períodos sensíveis para a recuperação variam, os resultados do estudo sugerem que a colocação antes da idade de dois anos é fundamental.

“Aos 30, 40 e 52 meses, o QI médio do grupo institucionalizado apresentou pontuação entre 70 e 75, enquanto as crianças adotadas mostraram cerca de 10 pontos a mais. Não foi surpresa que o QI de cerca de 100 foi o padrão médio para o grupo que nunca ficou nas instituições”, afirma a pesquisa.

Outro dado relevante foi quanto ao período crítico de desenvolvimento. “As crianças encaminhadas ao acolhimento familiar antes do fim do período crítico de dois anos se saíram muito melhor que os que permaneceram em uma instituição quando testadas mais tarde (aos 42 meses), em quociente de desenvolvimento (QD), medida de inteligência equivalente ao QI, e na atividade elétrica cerebral, conforme avaliação por eletroencefalograma (EEG).”*

Os pesquisadores concluíram também que a maioria das crianças institucionalizadas apresentavam comprometimento nos vínculos afetivos. “Apenas 18% das crianças institucionalizadas, 42 meses depois do acolhimento, conseguiram criar vínculos afetivos seguros, enquanto que as crianças que estavam em acolhimento familiar esse número chegou a 68%.

No canal do IGA no Youtube, você pode assistir um vídeo do documentário “O Começo da Vida”, onde o Dr. Charles A. Nelson, pediatra e neurocientista, responsável pelo estudo na Romênia explica com imagens chocantes das crianças como se deu o estudo.  Vale muito a pena assistir 🙂

                         

Além do QI, os pesquisadores ainda observaram outras diferenças entre as crianças que viviam com famílias e as que viviam nas instituições, como atrasos no desenvolvimento da linguagem, problemas de relacionamento e até diagnóstico psiquiátrico (63% para os institucionalizados contra 20% dos que nunca foram institucionalizados).

Os índices de depressão e ansiedade também foram o dobro nas crianças de instituições, e o volume cerebral bem menor do que nas que convivem em famílias.”* Enfim, foram feitos inúmeros outros estudos, mas a conclusão é uma só:

Crianças e jovens institucionalizados, privados de afeto, vínculos e estímulos, têm seu desenvolvimento geral comprometido, muitas vezes de forma irreversível.

*dados publicados na revista Scientific American Brasil.

 

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

"Maioria Oprimida" Um fenômeno cultural para a realidade

Curta-metragem francês "Maioria Oprimida" evidencia o ...

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Curta-metragem francês "Maioria Oprimida" evidencia o machismo na sociedade invertendo os papéis. O curta-metragem “Majorité opprimée” (Maioria ...
Facebook · Diretoria de Cultura · 17 de jul. de 2019


 

       

UNIVERSIDADE  FEDERAL  DA  BAHIA 

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS 


                                                       "Maioria Oprimida"

                                            Um filme de grande valor e conteúdo.

No curta metragem   "Maioria Oprimida" depara-se com uma completa inversão da realidade  e do domínio masculino sobre as femininas por muitos séculos.

Baseado nos movimentos  femininos  dos anos 60 até 80, iniciados silenciosamente  no  século XVII camuflados pelos homens, nos quais as mulheres  exigiam os seus direitos como seres humanos, usurpados  desde o início do último milênio, onde o sexo biológico, o patriarcado e  a exclusividade ao patrimônio  ditavam a soberania do masculino sobre o feminino, dando todos os poderes aos homens e às mulheres a subserviência e a subordinação.

Segundo as grandes pesquisadoras, muitas apagadas e desconstruídas  por mais de 300 anos, onde os seus trabalhos de luta  foram esquecidos, queimados ou jogados fora  pelas sociedades  machistas. Estes atos congelados por ano, fizeram com que as próprias mulheres não pensassem, não reagissem e aceitassem como normal, e fossem da natureza da mulheres serem cordeiras, subservientes, dominadas e sem perspectivas de cidadania. As mulheres  nasceram apenas para parir, de acordo com a vontade do homem, criar os filhos, cuidar  do esposo e da casa. Estas condições perduraram até o século XX, sofreram fissuras a partir de 1940 e entraram em efervescência  nas décadas de 60, 70 e 80 com o movimentos  reivindicatório, como o  feminino radical, a segunda onda, com a revolucionaria Simone de Beauvoir e os embates sociais nos EUA com Rosa Parks, Martin Luter King e Angela Davis.

Ficou claro neste curta, que o meio social e a cultura moldam e forjam as atitudes,os jeitos, os  comportamentos, os relacionamentos  e os caminhos que devem trilhar cada gênero, o filme  aventa uma total  inversão de funções. Trabalhos de cuidar dos filhos, babás e  creches  são tarefas masculinas, enquanto  decisões  em reunião de condomínio, de  provedor,  delegacias e o poder sobre o corpo e do sexo  são tarefas femininas.  O curta  frisou muito bem quem são  os cuidadores e o transportadores das crianças na sociedade, o papel  da justiça, de assediador, de negação e ameaçador   da delegada. Documentou  o esporte nas ruas , uma  amostragem dos desajustados sociais, uma moradora de rua  com  linguagem  pífia e ameaçadora, um  grupo de jovens  femininas que brutalmente violentaram  um indefeso homem. Este   ao solicitar socorro,  foi  reprendido pela justiça, pela própria esposa, o culpando pelo episódio, com a alegação da vestimenta : roupas com pernas  e ombros à mostra, nádegas proeminente e  balançante no selim da bicicleta. Como ser respeitado com estes trajes chamativos e provocantes?.  Foi a implantado na sociedade  mostrada,  um patriarcado invertido,  o domínio feminino, quando a própria esposa  tirou a razão devido o corpo expostos , sendo presa fácil para as garanhonas  possuidora do poder sobre os homens.

A sociedade aduz e confirma  que  mulher não nasce mulher, ela é forjada pelo meio e pela cultura. Mesmo sendo o homem possuidor de um pênis, de testículos e impregnado  pela testosterona , pode muito bem não ser  um dominador como na sociedade atual. Nesta sociedade "Maioria Oprimida" como no patriarcado  masculino, só em ser feminino neste patriarcado, já é condição mais  do que suficiente para os postos de comando. O assédio, o estupro e a violência sofrida pelo homem  no curta, confirmam que cabe aos oprimidos maneiras de não se expor.

Nas conclusões   da Heleieth  Saffioti, quando aduz que o Gênero, Classe social e raça estão imbricados no domínio dos homens sobre as mulheres, o que ela chama de " nó"  fortificado pelo patriarcado.  

As relações de gênero, raça/etnia e classe  nas suas conexões,  formam um nó e que juntos constituem o alicerce do domínio do homem sobre a mulher. Nó difícil de ser desfeito, apesar de ser frouxo exatamente para proporcionar a flexibilidade da situação.  Estas três propriedade se entrelaçam, se imbricam e se  fortalecem,  e segundo a Heleieth Saffioti   ainda reforçado pelo  sistema Patriarcal.

O sistema Patriarcal interfere diretamente nas relações sociais da sociedade, uma vez que domina o setor econômico e o gênero por dupla propriedade. Exploração de classe e dominação de gênero induzido  por centenas de anos, principalmente aqui no Brasil. Os   meninos eram forjados para serem homens no falar, andar, nas brincadeiras, na atitudes e para serem chefes no futuro, enqunto as mulheres para serem donas de casa, cuidar dos filhos e servirem ao homem da casa. Este era um sistema de dominação, de subserviência e de anulação total como cidadã. Exemplos fidedignos sãos os coronéis do gado,  do café e da Cana-de-açúcar.

"Heleieth Saffioti é uma das teóricas do campo do feminismo que vai na contramão dessa tendência, pois ao mesmo tempo que absorve o conceito de gênero insiste na utilidade do patriarcado para análise das relações entre homens e mulheres.

O patriarcado deve ser situado historicamente e pensado como uma forma específica de relações de gênero dentro de um sistema.

Segundo a autora: Na base do julgamento do conceito como histórico reside a negação da historicidade  do fato social. Isto equivale a afirmar que por trás desta crítica esconde-se a presunção de que todas as sociedades do passado mais próximo e do momento atual comportaram/comportam a subordinação das mulheres aos homens (SAFFIOTI, 2015,
p. 111).

 Para Saffioti (2015) o conceito de gênero não explicita, necessariamente, desigualdade entre homens e mulheres; assim como o patriarcado da forma como foi cunhado não pressupõe uma relação de exploração. Para a autora estas duas dimensões constituem faces de um mesmo processo de dominação-exploração ou exploração-dominação. Isso porque para Saffioti a dimensão econômica do patriarcado não repousa apenas na desigualdade salarial, ocupacional e na marginalização dos importantes papéis econômicos e políticos, mas inclui o controle da sexualidade e a capacidade reprodutiva das mulheres. Por isso, o abandono do uso do patriarcado é inconcebível e Saffioti
argumenta da seguinte forma:


Por que se manter o nome patriarcado? Sistematizando e sintetizando o acima exposto, porque:

 1) não se trata de uma relação privada, mas civil; 

2) dá direitos sexuais aos homens sobre as mulheres, praticamente sem restrição.

 3) configura um tipo hierárquico de relação, que invade todos os espaços da sociedade; 

4) tem uma base material;

 5) corporifica-se;

 6) representa uma estrutura de poder baseada tanto na ideologia quanto na violência (SAFFIOTI, 2015, p. 60)"

No curso o que me deixou tranquilo, a excelência das aulas e capacidade do docente, o acesso  a muitos artigos , livros e  textos lidos nos quais conformam a real evolução da humanidade. Fato primordial o foi debater a célebre frase mulher não nasce mulher, ela é forjada mulher pelo meio, cultura e sociedade,  assertiva: “ Muçher não se nasce mulher, torna-se mulher” vem acompanhada da explicação de que “nenhum destino biológico, psíquico ou econômico define a forma que a mulher ou a fêmea humana assume no seio da sociedade” (BEAUVOIR, DS II, 1980 ,  mostrado  e explicitado pela pesquisa de campo de Margaret  Mied, desconstruindo  a definição biológica tradicional.  Outro fator de suma foi entender o patriarcado e o direito a propriedade pelo  homem como condição sine qua non para a mulher ser dominada pelo homem. 

Os embates das femininas  em busca de diminuir as diferenças entre homens e mulheres, o reconhecimento da raça negra como tão humana e inteligente como a raça branca , o direito ao sufrágio das mulheres e dos negros, as conquistas  sobre os seus corpos e o sexo,  o direito ao divórcio e ao aborto, como também a abdicação da maternidades, em resumo:  a mulher aos poucos vai deixando de ser  "o outro" e passa a ser uma cidadã plena gozando de todos os direitos atribuídos a um ser humano .  

O mundo de hoje deve às mulheres guerreiras que lutaram para as conquistas. Margaret Mear ,Judith Butler, Heleieth Saffioti, Mary Willstonecrafet,  Harriet Taylor, madame  de Srael,  bell hook, Simone de Beauvoir, Sheila Rowbothan, Rosa de Luxeburgo, Alexadra Kollantai, Kate Millet, Shullamith Firetone, Betty Friedan,  Charlotte Gilman, Enna Goldman, Margaret Sanger ,Rosa Parks, Monique Wittig, Kathleen Neal  e Angela Davis, estas mulheres e outras de igual importância dedicaram partes de suas vidas para a liberdade da mulheres, dos negros e dos oprimidos. Muitas lutas foram caladas pelos dominantes, como se as mulheres estivessem cruzados os braços e aceitassem angelicalmente as  suas condições por séculos, ledo engano, as mulheres sempre lutaram. Todas merecem  homenagens  e reconhecimento da população atual em todo o mundo. 

A metodologia participativa e interativa das aulas tem se mostrado eficiente. A  única critica que acho construtiva são com as avaliações, uma vez que o assunto é instigante, emocionante,   novo nas universidades brasileiras   e de suma importância para a formação do cidadão em todas as áreas de atuação. 

O viável para as avaliações, seria seminários  previamente agendados, discursivos e interativos  entre os alunos, com  equipes de 5 a  10  sob a supervisão do professor titular  e ou por docentes convidados.  Isto obrigaria o estudo, a escrita de artigos autoral e o debate sob os mais importantes assuntos discorridos em sala de aula.

Salvador, 02 de Setembro de 2024

Iderval Reginaldo Tenório