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Esôfago de Barrett
visão geral
O que é Esôfago de Barrett?
Esôfago
de Barrett é uma doença na qual ocorre uma mudança nas células do
revestimento da porção inferior do esôfago, com transformação do
epitélio escamoso normal do esôfago para epitélio colunar (típico do
estômago e do intestino), chamada metaplasia intestinal.
O
esôfago de Barrett é duas vezes mais frequente em homens brancos que em
mulheres e tem incidência aumentada em alcoólatras e tabagistas. É raro
entre descendentes de africanos e asiáticos.
Causas
O
esôfago de Barrett é causado por uma agressão da porção inferior do
esôfago durante muitos anos, pelo refluxo gastroesofágico, que é quando o
conteúdo ácido do estômago volta para o esôfago. Ocorre como uma reação
de defesa do organismo em resposta à agressão decorrente do refluxo.
SAIBA MAIS
O
esôfago não possui revestimento da mucosa para resistir à ação do
ácido, como tem o estômago, por isso ocorre uma inflamação quando o
ácido reflui do estômago, a esofagite. A persistência desse refluxo por
um longo período de tempo causa uma transformação das células que
revestem o esôfago, ficando parecidas com as do estômago, dessa forma
resistem melhor ao ácido. Esse esôfago modificado é denominado esôfago
de Barret.
Fatores de risco
A
presença de hérnia de hiato é um fator de risco para esôfago de Barret,
pois favorece o refluxo gastroesofágico, com exposição prolongada do
esôfago distal ao conteúdo ácido proveniente do estômago, causando
esofagite e com o passar do tempo ocorre a transformação das células.
O esôfago de Barrett é encontrado em cerca de 10% dos pacientes com doença do refluxo gastroesofágico.
sintomas
Sintomas de Esôfago de Barrett
Não
existem sintomas específicos do esôfago de Barret, os sintomas são
decorrentes do refluxo gastroesofágico e da esofagite. Entre os sintomas
mais frequentes estão azia, queimação, ou pirose, regurgitação (quando
volta ácido e comida para o esôfago), sensação de desconforto em região
do tórax, que chamamos retroesternal, dor na “boca do estômago”, dor na
garganta, sensação de entalo. O refluxo pode ocorrer durante a noite,
causando falta de ar, com sensação de estar sufocando.
Outros
sintomas menos frequentes, também decorrentes do refluxo são tosse
crônica, rouquidão, sensação de irritação na garganta e pigarro.
diagnóstico e exames
Buscando ajuda médica
Como
o esôfago de Barret não tem sintomas específicos, a presença de
sintomas frequentes sugestivos de refluxo leva o paciente a procurar um
médico.
Diagnóstico de Esôfago de Barrett
O
diagnóstico de esôfago de Barret é feito através da endoscopia,
realizada para avaliação de paciente com sintomas de refluxo.
Identifica-se área de mucosa "cor salmão" ou "cor vermelho-róseo”,
semelhante a uma invasão digitaliforme de mucosa gástrica no esôfago
distal. A endoscopia sugere a alteração, mas a realização de biópsias é
sempre necessária para confirmar o diagnóstico.
A
análise histológica mostra uma substituição do epitélio estratificado
pavimentoso próprio do esôfago por células gástricas, por epitélio
colunar definido como metaplasia intestinal, ou por uma mistura dos dois
tipos de células. Além de confirmar o diagnóstico deve identificar e
graduar a presença de displasia, que é o principal marcador de risco
para o desenvolvimento de câncer de esôfago.
SAIBA MAIS
A
evolução do esôfago de Barret para o adenocarcinoma resulta de eventos
genéticos e agressão das células que progridem na seguinte sequência:
metaplasia intestinal, displasia de baixo grau, displasia de alto grau e
adenocarcinoma.
O
acompanhamento com endoscopia digestiva alta com múltiplas biópsias é
essencial no seguimento desses pacientes para avaliar a presença de
displasia, a progressão da doença e para prevenir possíveis
complicações.
tratamento e cuidados
Tratamento de Esôfago de Barrett
O
tratamento com medicamentos não é específico para o esôfago de Barrett,
nem leva à regressão da doença, tem por objetivo tratar a doença do
refluxo gastroesofágico, com alívio dos sintomas, prevenção do refluxo e
evitar a piora da doença. Além dos medicamentos o refluxo
gastroesofágico deve ser tratado com medidas que envolvem mudanças de
estilo de vida.
Durante
as fases iniciais, quando na biópsia não tem displasia, ou é leve, de
baixo grau, utiliza-se a medicamentos para inibir acidez.
Os medicamentos utilizados no tratamento do refluxo são:
- Antiácidos: neutralizam o ácido gástrico e aliviam os sintomas da azia
- Antagonistas de receptores H2 da histamina: inibem a produção de ácido pelo estômago
- Inibidores da bomba de prótons: que reduzem a produção de ácido pelo estômago.
Nas
fases avançadas, com displasia de alto grau, e risco de transformação
para uma lesão maligna, podem ser feitas outras opções de tratamento por
via endoscópica como:
- Mucosectomia que é uma remoção de mucosa esofágica afetada. Depois o paciente é mantido com medicação que inibe a secreção de ácido, o que permitirá a regeneração natural da mucosa
- Fotoablação com laser - o tecido comprometido pode ser retirado usando raios laser, eletrocauterização ou Crioterapia
- Terapia fotodinâmica que usa um dispositivo laser especial, chamado de balão esofágico, juntamente com uma droga chamada Photofrin.
Em
alguns casos pode ser indicada a realização de cirurgia para correção
de hérnia de hiato, ou para fortalecer o esfíncter inferior do esôfago
que fica na transição com o estômago, com o objetivo de reduzir o
refluxo gastroesofágico. Porém o seguimento mostra que cerca de 80% dos
doentes operados para tratar o refluxo gastroesofágico não apresentam
regressão do epitélio colunar, podendo aparecer adenocarcinoma mesmo
após a correção do refluxo.
Uma
cirurgia para remoção parcial ou total do esôfago, chamada
esofagectomia, pode ser recomendada em casos mais graves, com displasia
grave (de alto grau), ou câncer, dessa forma substituindo o esôfago por
um segmento do intestino, ou modificando a localização do estômago.
Medicamentos para Esôfago de Barrett
Os medicamentos mais para o tratamento de esôfago de Barrett são:
Somente
um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso,
bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à
risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não
interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se
tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a
prescrita, siga as instruções na bula.
convivendo (prognóstico)
Convivendo/ Prognóstico
É
muito importante a mudança no estilo de vida para controle da doença.
Deve-se ter uma vida mais saudável, com reeducação alimentar, controle
de peso, fazer atividade física, evitar tabagismo e bebidas alcoólicas. A
pessoa deve alimentar-se com maior frequência e em menores quantidades,
comer devagar, evitar alimentos fermentativos, fritos e gordurosos,
chocolate, café, frutas ou sucos cítricos, molho de tomate, condimentos,
evitar ingerir muito líquido às refeições e bebidas gasosas. Depois do
jantar, esperar pelo menos uma hora antes de se deitar, não fazer
nenhuma refeição abundante nas três horas antes de deitar.
Em alguns casos, principalmente quando ocorrer refluxo noturno, deve-se elevar a cabeceira da cama.
Complicações possíveis
O
esôfago de Barrett possui importância clínica por ser considerado uma
lesão pré-maligna, ou seja, que pode evoluir para câncer de esôfago do
tipo adenocarcinoma, por isso deve ter um acompanhamento médico para
detectar o câncer precocemente. A maioria dos pacientes com esôfago de
Barrett não irá desenvolver câncer de esôfago, que ocorre em cerca de
0,5 a 1% dos casos, embora pareça um percentual pequeno, em relação à
população em geral, isso representa um risco 30 vezes maior. A evolução
do quadro é lenta, porém deve ser acompanhada de perto.
Nos
últimos 10 anos, a incidência de câncer de esôfago cresceu 10 vezes. E
isso se deve ao aumento no número de pessoas com refluxo e esôfago de
Barrett. Essa mudança está diretamente relacionada aos hábitos
alimentares do mundo moderno: a comida não é mais fator de
sobrevivência, mas é fonte de prazer. E geralmente é uma dieta
gordurosa, rica em glúten e lactose que pode levar ao refluxo.
Expectativas
Apesar
do tratamento adequado geralmente não ocorre regressão do esôfago de
Barret, ou seja não ocorre a cura, mas pode-se controlar e evitar a
piora e progressão para câncer de esôfago
prevenção
Prevenção
É
possível prevenir o esôfago de Barret com o tratamento adequado da
doença de refluxo gastroesofágico e esofagite, tendo hábitos de vida
saudável e com medicamentos.
fontes e referências
- Cibele Ferrarini, gastroenterologista e doutora na área de Gastroenterologia Clínica na Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina) – CRM-SP 47.359
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