Bloco formado por PDT, PSB e PCdoB quer assumir o protagonismo na esquerda
Antigos aliados apostam no enfraquecimento do PT
BRASÍLIA — A tentativa de
PDT
,
PSB
e
PCdoB
de se descolar do
PT
e ganhar o protagonismo da centro-esquerda passa por uma aposta: o progressivo enfraquecimento político do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva,
encerrada a eleição.
Líderes desses partidos admitem que o ex-presidente mostrou força política na disputa pela Presidência da República. Atribuem a ele o mérito pela chegada de Fernando Haddad (PT) ao segundo turno. Preveem, no entanto, que Lula, preso em Curitiba, irá perder cada vez mais musculatura.
Integrante da ala do PSB crítica ao PT, um deputado diz que, nos últimos anos, Lula foi o principal responsável por conseguir barrar tentativas do partido de “bater asas”. Avalia que, graças à articulação do ex-presidente, o PSB não apoiou Ciro Gomes (PDT) este ano.
Enquanto parte do PSB pressionava a direção partidária a apoiar Ciro, o PT garantiu a “independência” do antigo aliado na corrida presidencial ao apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB) em Pernambuco.
Embora ainda dividido, o partido caminha agora para ter maioria contrária à união com o PT. Esse parlamentar diz que Lula estar “fora de circulação” ajudou na aproximação com PDT, PCdoB e outros partidos.
"Oposição construtiva"
Sob a liderança dos irmãos Ciro e Cid Gomes, líderes dessas legendas têm se reunido semanalmente para fechar blocos na Câmara e no Senado. Dizem que vão fazer uma “oposição construtiva”, diferente da que o PT comanda contra Michel Temer (MDB).— Ele mostrou força eleitoral. Lula colocou no segundo turno um poste sem luz, que era Haddad. Mas com o tempo, na situação que ele está, a tendência é se enfraquecer — diz o presidente do PDT, Carlos Lupi.
No comando do PSB, Carlos Siqueira diz que “é preciso esperar para ver se o tempo confirmará a redução (do poder político de Lula)”. Mas pondera que “as lideranças não são eternas” e o ex-presidente já está com a atuação política “limitada”.
— Há uma limitação. É uma pessoa que sequer pode conversar com os líderes de muitas agremiações porque está preso. No mínimo, está com ação limitada porque não tem como se comunicar — comenta.
Embora admitam reservadamente insegurança sobre o futuro do “lulismo”, petistas negam o enfraquecimento do ex-presidente no próprio partido. Dizem que vão manter a bandeira “Lula livre”. Atribuem a ele o “reerguimento” da legenda pós-2016.
Naquele ano, o PT enfrentou uma série de derrotas. Entre elas, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff; a condução coercitiva de Lula, considerada o início do caminho que o levou à prisão; e o encolhimento nas eleições municipais, com perda de várias prefeituras importantes , como São Paulo.
Por não ter nenhuma liderança com o mesmo peso para substituí-lo, diz um antigo companheiro do ex-presidente, o PT continuará se fiando em Lula, enquanto tenta traçar o caminho da renovação de quadros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário