domingo, 27 de maio de 2012

O FUMANTE

                                                                                 
                                               Como médico e guardião da saúde tenho escutado no meu cotidiano,diversas perguntas e posições a respeito do cigarro, escuto e de mansinho explano  para os meus interlocutores que  ,  não é minha a intenção e nem tão pouco também não é  minha a obrigação de proibi-los de fumar,proibi-los de usufruir de um costume que  o acompanha desde a adolescência.

Aproveito a oportunidade e muitas vezes não sou bem entendido pelos acompanhantes do fumante,inicialmente os mesmos me olham assombrados e como tomados de surpresas por uma opinião que em nada lhes agradam ,ficam atentos e na defensiva como arrependidos de tocar no assunto ,exatamente com um profissional da saúde com aquele pensamento diferente.

Começo perguntando se o fumante acha bom, se o fumante tem prazer em degustar o tabaco, na minha opinião, o tabaco é degustado, pergunto se os pais gostam, se os avós aprovam, se os filhos compartilham, se os netos também gostam e se até os amigos são solidários, as respostas são em sua esmagadora maioria pela desaprovação do ato de fumar. Não satisfeito adentro na vida pessoal, inquiro  sobre a família profundamente desde a infância, sobre a escolaridade, sobre o emprego, sobre o exercício da cidadania, o grau de politização, o interesse pelos fatos atuais  em todos os assuntos, indago sobre a perspectiva da vida e adentrando na mãe filosofia coloco o meu pensamento e inicio o meu parecer.

Impreterivelmente inicio dizendo que o ato de fumar, de degustar, de saborear o tabaco, que é oriundo da folha de uma planta do gênero Nicotiana, deve ser muito bom e agradável, deve ser prazeroso, dever produzir algo que só os fumantes conheçem, uma vez que, uma grande fatia dos  fumantes adultos tem boa formação, conhecimento pleno do que é aquele produto, tem acesso diariamente pela mídia,pelos governos em campanhas equivocadas,pelos médicos que, na maioria das vezes em vez de explicar, assombram,culpam e até mesmo desqualificam os fumantes,com todos este bombardeio está lá o fumante,que pode ser:médico,engenheiro,professor,padre,senador,deputado,governador,cientista,pesquisador ,seja lá o que for,com a sua carteira de cigarro esperando pelo fim da consulta para viver mais uma dose de nicotina.

Entro literalmente nos efeitos dos componentes que constitui o cigarro: Nicotina:  uma droga psicoactiva,acroleína, fenóis, peróxido de nitrogênio, ácido cianídrico, amoníaco,o Alcatrão e outros agentes sendo a mais estudada o alfabenzopireno, falo do gás  Monóxido de Carbono que tem uma grande facilidade em se associar a hemoglobina, diminuindo a capacidade de transporte de oxigênio,enfatizo pormenorizadamente cada componente,dou uma pausa e pergunto:será que este fumante não tem conhecimento de tudo que falei, que expliquei, que repetir, que fui até chato, será que este fumante não tem conhecimento dos efeitos do tabaco nas suas vísceras, na sua pele e em todo o seu organismo, acho hilário outra interpretação,após a pausa continuo o embate, agora mais amigável por parte dos acompanhantes e entro noutra seara,na seara psíquica,na seara humana.
Amigos,o fumante sabe por que fuma, o fumante tem alguns motivos intestinais, viscerais, pessoais que  ele carrega e só e somente ele sabe. O ato de fumar vem do útero,da infância,da adolescência,vem do trajeto de sua vida, as perdas,os ganhos, as  controvérsias,o cosmo,o mundo,as injustiças e tudo aquilo que construiu aquela vida. Não estaciono e continuo afirmando e informando que o ato de fumar para muitos é uma verdadeira terapia, é um ato que serve de amortecedor para os que lhes rodeiam,poupando-os de fatos muitas vezes  pertinentes a eles e guardados,sofridos e mastigados pelo  fumante mor. Sou claro quando vocifero que um ser humano feliz,equilibrado,inteligente,bem empregado,respeitado pelos seus pares e com amigos do peito,com uma família bem constituída,bonito,gozando de sua capacidade mental e vivendo livremente ,não teria aparentemente nenhum motivo para mergulhar nas ondas vibratórias e calmantes do tabaco. 
Agora se por algum motivo não gozem destas propriedades ou lhes falte algumas ,tem o ser humano a prerrogativa de utilizá-lo como o seu maior e único amigo,poupá-lo desta terapia ,seria condená-lo à depressão,ao solitarísmo e até mesmo a outras  atitudes anti sociais e inaceitáveis pela sociedade atual.

O que chamo mais à atenção do fumante quando adulto é o lado familiar e o lado da cidadania, explico que um fumante adulto acima de tudo é um desobediente,ele desobedece aos seus pais,aos seus avós e aos seus filhos que tem juízo,este fato já é motivo mais do que suficiente para uma reflexão,uma vez que lhes roubam o direito de exigir obediência aos seus descendentes,o fumante perde o que se chama literalmente :A moral.
Muitos deixam de fumar apenas com este item,o segundo, guarda relação com a sua convivência na sociedade em todos os seus ângulos e merece outra reflexão.

Termino dizendo que o ato de fumar é uma terapia,que deve ser um ato prazeroso para o fumante ,do ponto de vista psíquico e pessoal uma descompressão emocional,provavelmente um bálsamo para as mazelas da vida ,concluo que este ato deve ser entendido pelos parentes e amigos como uma fuga,fuga esta que traz prejuízo mor ao fumante organicamente e arranhões na economia da família e para toda a sociedade,o fumante é mais vítima do que vilão,acreditem,na maioria das vezes o fumante é um sofredor,é um ser humano que se martiriza para não martirizar os seus,o fumante precisa é de apoio.

Bom seria se não existissem:  fumantes, etilistas, elitistas, invejosos,preconceituosos,viciados,pedófilos,avarentos,maquiavélicos,usurários,criminosos,escroques,desonestos e outros substantivos com adjetivações baixas,seria bom,mas não seria  uma comunidade normal,não seria uma comunidade plural, não seria uma raça racional, seria sim o mundo da fantasia,seria um engodo .

Eu sou contra a utilização do tabaco,nunca fumei e sou a favor da vida,apenas sou racional.

                              Iderval Reginaldo Tenório

Esse texto fica à disposição para quem achar pertinente publicar. 

QUERO E PRECISO DA SUA OPINIÃO

2 comentários:

Jossara Bes disse...

Nossa!

Que interessante sua reflexão acerca dos fumantes.
Esse texto faria sucesso no jornal da minha cidade, pois moro na capital do fumo( tabaco ), e por aqui a polemica é enorme.
Gostei muito do seu ponto de vista. Não sou fumante e concordo totalmente com você.
Tenha uma linda quarta feira.
Beijos!

Unknown disse...

Dr. Iderval, como todos os seus textos este é mais um delicioso e eu sou fumador inveterado. Concordo em pleno com o que expõe, consciente das consequências que nunca ninguém conhece até porque como técnico de saúde o sabe bem melhor que eu, perece muita gente de câncro de pulmão sem nunca ter fumado nem mesmo terem sido passivos. Segundo um colega seu e meu irmão, pneumologista e fumador, ou se tem apetência para o desenvolver ou não se tem, isto claro está sem entrar em pormenores. No meu caso assumo que é por puro prazer pessoal que se tornou um hábito, provocado precisamente pelo uso e dependência desse mesmo uso. Relaxa, mas sobretudo cria defesas, não esqueçamos a sua componente medicinal. Quando em períodos que como também por educação e instinto animal escuto as exigências do organismo, faço pausas no fumo, de imediato me constipo, o que não acontece fumando. Continuo a preferir não pensar nas consequências nefastas da mesma maneira que consumo iguarias das boas culinárias e degusto bons vinhos. Que seria se evitássemos tudo que á priori sabemos ser prejudicial, afinal estaríamos a recusar os bons prazeres desta vida, já para não falar em sexo. Como me dizia um amigo que foi monge no Tibete 14 anos, especialista em ozonoterapia, com a deliciosa e filosófica maneira que lhe era própria "o que são prejudiciais são os excessos". e eu adicionarei, e os maus usos. O cuidado a ter é sobretudo respeitar o próximo e nesta época de fundamentalismo são os não fumadores que menos respeitam. Os meus respeitos e admiração, António Marques.