JOÃO SILVA, LUIZ GONZAGA E A BRIGA COM O DIRETOR DE UM MEGA TEATRO NO RIO DE JANEIRO
LUIZ GONZAGA E JOÃO SILVA
O Brasil cresce, mas em alguns setores da vida não muda.
Aconteceu um fato inusitado que o povo precisa saber:
O Grande Luiz Lua Gonzaga o Rei do Baião e o meu querido amigo João
Silva , o seu maior compôs e parceiro , foram proibidos de
cantar num grande e estratégico teatro do Rio de Janeiro no show de
retorno do Luiz Gonzaga lá pelos anos de 70, só cantaram pela coragem
e valentia do João
e do Luiz , o diretor maior ao tomar conhecimento de quem seria a
estreia fez tudo para barrar o evento, fez o que pôde para suspender o
contrato firmado por João Silva e o rei do baião com a casa, não
conseguiu, durante o espetáculo a plateia foi ao delírio, no outro dia o
estouro na mídia foi um grande sucesso, no segundo dia , casa cheia,
estavam lá os dirigentes que tentaram impedir a estreia , o
Luiz pediu que os mesmos se ausentassem e parou a apresentação , o seu
pedido foi
atendido, o Rei continuou o show, no dia seguinte
desculpas e mais desculpas, como o João e o Luiz são do bem, tudo foi
sanado, resolvido o imbróglio as portas do Teatro ficaram abertas
para o grande recomeço do Rei do Baião , o Rei reconquistou o seu
trono.
Neste Show o Rei foi
ressuscitado pelo grande mestre João Silva.
Amigos
leitores , a vida artística do Luiz Gonzaga foi constituída de duas
distintas e importantes etapas, a primeira o Luiz antes do João
Silva, a fase que sedimentou a sua importância, a fase da
imortalização, um seu Luiz bucólico, um Luiz dos retirantes e dos
sofredores nordestinos, um Luiz que documentou a triste história do
Assum
Preto , um Luiz dos 400 mil Disco LP, o Luiz imortalizado pela criação
do Baião com o Humberto Teixeira, Zé Dantas , Patativa do Assaré,
Marcolino, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, Miguel Lima
e outra centena de parceiros inconcluído o próprio João Silva com
poucas composições, era o Luiz que escreveu e cantou a revoada da Asa
Branca e do êxodo do nortista , a segunda é o Luiz tendo como
principal compositor o João Leocádio Silva, o mestre João Silva, um
Luiz Alegre, um Luiz do Zé
Matuto Foi à Praia, um Luiz do Deixa a Tanga Voar , do Danado de
Bom, do Fie a pavie, do Pagode Russo, da Sanfoninha Choradeira , do Nem
se despediu de mim , um Luiz da
Juventude, um Luiz mais Urbano após o êxodo rural, um rei da segunda
geração de nordestinos , um Luiz dos 6 milhões de CDS, um Luiz abraçado
pelos maiores artistas deste país, o LUIZ DO JOÃO SILVA e do samba
apracatado Pra não morrer de tristeza, cantado por milhões de
brasileiros.
A DISFEITA
Nesta época, a fase áurea da parceria Luiz Gonzaga /João Silva
dirigia um grande Teatro Carioca , a maior casa de espetáculo do
Rio
de Janeiro, o grande e intelectual Sergio Cabral, pai do atual
Governador
, os
motivos da proibição com certeza ficaram sem esclarecimentos ao grande
público, não havia argumentos, , salvo que o teatro foi construído
para os admiradores das artes da Europa, EUA e da ÁSIA, as artes do
além mar, as artes das nações desenvolvidas, as artes estrangeiras,
fato muito peculiar às nações periféricas, aos subservientes
tupiniquins que eram obrigados a engolir as músicas trabalhadas das
nações hegemônicas , às periféricas eram proibitivo ritmos próprios ,
principalmente das regiões mais pobres e com menos escolaridade.
O
Teatro abrigava Espetáculos eruditos , eventos políticos, Danças
Internacionais, as grandes estrelas brasileiras e
outras apresentações internacionais, acredita-se que a proibição vinha
deste perfil , acredita-se que foi devido as
propriedades do Baião, totalmente ligado aos paraíbas, termo pejorativo
aos nordestinos que iam escapar no Rio, paraíbas estes de perfis
diferentes da sofisticação internacional .
Vestimentas
de couro, alpercata e chinelos currulepes, cariri, Agreste,
Seridó, borborema, seca, chapada e sertão, canjica, pamonha,
macaxeira, milho e carne do sol, sanfona, zabumba , cavaquinho,
triângulo, pé de bode e reco-reco não faziam parte do imaginário da
elite brasileira, provavelmente com estes argumentos tentaram proibir o
show do mais autêntico represente nordestino , Luiz Gonzaga , o homem
que inventou o Baião e que desbancou os ritmos do além mar , agora com
uma nova roupagem e direção , sob a tutela do pernambucano João
Silva, quem era este tal de João para pisar nos tabladados deste templo
cultural? .
O
Rei, tal qual a Asa Branca , que fora banida de sua terra pela seca
e documentado por Humberto Teixeira e por Ze Dantas no seu retorno,
com A Volta da Asa Branca após as chuvas de março , o Gonzaga fora
banido do cenário musical pelo tropicalismo, jovem guarda e bossa
nova , estava de volta com toda a força com a feliz parceria com o
João Silva, de cara encotraram este entrevero.
Cito as propriedades que provavelmente abriram os olhos daqueles
que tentaram dificultar a volta do Nordeste Baião no cenário nacional .
O
nordestinês, a nordestinidade, a sertanização da música , o Baião e
o Forró mais uma vez contagiassem o Brasil , enfim , a nordestinação
do cenário , o estouro da cidadania de um povo
sofrido, pobre, de trabalho braçal onde tudo é musical , até na voz ,
como também o crescimento
de um povo alegre.
O
nordeste naquele espetáculo , com duas das suas maiores estrelas,
replantaria a sua semente, ali o
nordeste nas pessoas do JOÃO SILVA e do LUIZ GONZAGA estaria plantando
a semente da cidadania e mais uma vez alavancando o BAIÃO para o
mundo , o ritmo que havia desbancado os espetáculos estrangeiros em
todo o país e até mesmo por ser um ritmo totalmente brasileiro .
Nesta época, o Rei sem gravadora, sem repertório e sem nenhum apoio
morava na minha querida cidade do EXU na
Serra do Araripe no Estado de Pernambuco, vivia
passeando pelos municípios do Crato e do Juazeiro do Norte , terra do
Padre Cícero, no Estado do Ceará que fazem divisa com o EXU Pernambuco , foi neste
período que me deparei várias vezes na companhia do Rei Luiz Gonzaga, no
Crato, em Juazeiro e no Exu nas grandes vaquejadas da região, foi neste rico cenário onde proseei várias vezes com
esta estrela , Estrela Mor da Música do Brasil, Luiz filho de dona Santana e de seu Januário.
Nesta época o Rei foi visitado pelo grande João Silva que lhes
presenteou um belo repertório que
vendeu na primeira gravação- 1.6milhões de cópias, tirando Luiz daquele
repertório do sofrimento, da
tristeza e do êxodo rural, um Luiz já imortalizado, porém colocado
no estaleiro pelos movimentos políticos, culturais e artísticos do novo
Brasil, o BAIÃO estava em baixa e os seus seguidores seguiam juntos.
Para alavancar o Rei Luiz na sua Chapada do Araripe e no
Cariri cearense dizia o João Silva, que o Brasil de 1970 para cá era
um país da Copa, do tri campeonato mundial , da Alegria , da Juventude
e da Universidade, as músicas que haviam consagrado o Rei do Baião
continuariam na história , sempre seriam executadas , cantadas ,
estudadas e perpetuadas por gerações , porém o Brasil daqui para frente
será das músicas mais alegres , para a juventude, para os filhos e os
netos dos nordestinos que deixaram os seus torrões , como disse a Triste
Partida do Patativa do Assaré , e hoje vivem muito bem em todos os
recantos do país, muitos como empresários, artistas, professores,
profissionais liberais , homens de bem e do bem, seu Luiz o senhor
jamais deixará de ser o nosso Rei.
Os hinos Asa branca, Assum Preto, A
Volta da Asa Branca, A Triste Partida do
grande Patativa do Assaré e outras pérolas são de suma importância,
mas são tristes, penosas e melancólicas, o Brasil
precisava de alegria, dizia João Silva: " o Brasil hoje é
urbano, praieiro e do UNIVERSITÁRIO, dos salões de cimento armado .
Os sofridos caminhões paus de arara , a água salobra, os candeeiros que
se apagavam com o vento, as mulas de sete palmos e o pé de serra
não pertencem ao homem urbano, apenas estão no imaginário de
todos os nordestinos , hoje o Brasil é o país da Juventude estudada ,
da mudança e da renovação política, do passado ficaram as contagiantes salas de rebocos com os seus pisos batidos, o Pisa na fulor, o xote das menina quando enjoam da boneca, o mandacaru quando fulora na seca , Olha pru céu meu amor,Vai,
boiadeiro, que a noite já vem Guarda o teu gado E vai pra junto do teu
bem e Vem Morena pros meus braços" , o Mestre João era um visionário
e mostrou as seguintes músicas:
VIVA MEU PADIM, Pagode Russo, Tá Danado de Bom, Uma Pra eu outra Pra Tu , Forró do
Bom, Morena Bela, Amei à toa, a Puxada, A mulher do Sanfoneiro e outras tão
importantes como estas , foi o maior estouro da Discografia Brasileira , 1,6 milhões
de cópias vendias em 06 meses e o renascimento do Luiz Lua Gonzaga para o mundo,
foi deste período em diante que todas as estrelas brasileiras foram ao encontro
do Rei do Baião o consagrando como a maior expressão da música brasileiras de
todos os tempos, o Luiz é unanimidade em todas as faixas etárias e em
todas as classe sociais, de Norte a Sul,
de Leste a Oeste e quem sabe lá pelo faroeste, não direi os nomes destas grandes estrelas, todos já
sabem.
Este
foi um episódio que envolveu o Rei Luiz Gonzaga , o seu maior parceiro
, o João Silva , a elite do Rio, as grandes estrelas do cancioneiro
brasileiro, a mídia e o povo .
O
Rei e o João venceram, Luiz reconquistou o seu trono e passou a ser a
estrela mor nos mais sofisticados meios culturais da nação e todos os
teatros do país, esta foi mais uma das centenas de façanhas do João
Leocádio Silva , ou simplesmente O MESTRE JOÃO SILVA.
O
autor de Viva meu Padim e Nem se despediu de mim, o João Silva, fez
uma pérola para relatar o caso e agradecer a grande contribuição deste
diretor que pensando no mal fez o bem ao Rei Luiz Gonzaga, compôs "TA
QUI PÁ TU ", cantada por Luiz Gonzaga e Geraldo Azevedo.
Iderval Reginaldo Tenório
Fonte:
Entrevista
do João Silva ao jornalista e radialista PERFILINO EUGÊNIO NETO da
Rádio Educadora da Bahia , PROGRAMA MEMÓRIA DO RÁDIO .
VÁRIAS VEZES NO AR
ANEXO I
Quero
lembrar que no Senado do Brasil na semana passada,05/11/2012, o
Chambinho , o sanfoneiro que faz Luiz Gonzaga na primeira etapa no
filme da
vida do Luiz foi barrado , foi proibido tocar a sua sanfona para os
Senadores do Brasil na TV SENADO:
O Eduardo
Suplicy solicitou e o presidente Mozarildo Cavalcante não permitiu, negou e o CHAMBINHO
saiu em silêncio, triste, não tinha a força do rei, fazia apenas o
papel e quem faz o papel não é o rei, faz apenas o papel do rei. Se
por acaso fosse o REI LUZ LUA GONZAGA , a sessão teria o seu fim e seria
iniciado o maior forró do senado brasileiro, com morenas belas, canjicas, milho
cozido e tudo que o BRASIL tem direito.
O LUIZ não morreu continua vivo , o rei LUIZ LUA GONZAGA é imortal
junto ao seu maior parceiro, JOÃO LEOCÁDIO SILVA, o homem que compôs – VIVA MEU PADIM
e MEU ARARIPE.
O tempo passou mas as elites
continuam no mesmo pensamento.
ANEXO II
Chambinho do Acordeon é impedido de cantar no plenário do Senado
Suplicy convidou o sanfoneiro, que interpreta Gonzagão no cinema, e o deixou em saia-justa
Fernanda Krakovics
05/11/2012 - 17:06
/ Atualizado em 05/11/2012 - 18:17
BRASÍLIA - Chambinho do Acordeon, que interpreta Luiz Gonzaga no
filme "Gonzaga de Pai para Filho", passou por um constrangimento no
Senado na tarde desta segunda-feira. Levado ao plenário pelo senador
Eduardo Suplicy (PT-SP), ele foi impedido de cantar pelo senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que presidia a sessão. Recorrendo ao
regimento da Casa, Mozarildo alegou que o local não era adequado.
- Não é possível, não tem amparo no regimento. Não é o momento. O
senhor pode solicitar uma sessão especial, de homenagem - disse
Mozarildo a Suplicy, que ainda insistiu.
O petista já havia
anunciado que Chambinho não só cantaria, mas também tocaria acordeon. O
sanfoneiro estava de pé ao seu lado, acompanhado pela mulher, pronto
para começar. Pela manhã ele participou de cerimônia no Palácio do
Planalto, de entrega da Ordem do Mérito Cultural.
- Inúmeras vezes, no plenário do Senado, foram feitas homenagens, até com o coral do Senado - protestou, sem sucesso, Suplicy.
Antes de ir embora, Chambinho ainda deu uma palinha no corredor do Senado, com Suplicy sempre a tiracolo.
Iderval Reginaldo Tenório
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