quinta-feira, 22 de agosto de 2019

HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DO BRASIL 1910 -Ruy Barbosa e a eleição 1910




VEJAM O VÍDEO NO FIM DA MATÉRIA.

HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DO BRASIL 1910 
 
Em 1910 o senador RUY BARBOSA , grande baiano,  lançou a sua candidatura à  Presidência da Republica e foi derrotado pelo seu opositor , o gaúcho de SÃO GABRIEL ,  marechal  HERMES RODRIGUES DA FONSECA, filho de um alagoano , o marechal HERMES ERNESTO DA FONSECA.

Em plena campanha,  em 1909,  no púlpito do senado,  num discurso inflamado sobre o voto do analfabeto, o RUY  falou que o roceiro, o homem do campo  vivia no ócio, com a mão debaixo do queixo e o seu voto não tinha o mesmo peso do homem alfabetizado, era um voto de cabresto .

 O voto do capiau era o voto do -patrão, do coronel do café com  leite e da cana de açúcar, era o voto do medo e da subserviência . 

 
CATULO DA PAIXÃO CEARENSE,seu amigo do peito , vendo o seu candidato numa atitude politicamente incorreta,   enviou uma carta ao grande senador, intitulada :

"A RESPOSTA DO JECA" .
 Não deu outra ,  na abertura das urnas, o RUY  perdeu a eleição para o HERMES DA FONSECA.

O CATULO travestido  de um verdadeiro capiau , assim se pronunciou diante do ÁGUIA DE HAIA

A RESPOSTA  DO JECA.


Seu dotô, venho dos brêdo,
Só pra mode arrespondê
Toda aquela fardunçage
Qui vancê foi inscrevê!
Num teje vancê jurgano
Qui eu SEJE argum cangussú!
Num sô não, Seu Conseiêro.
Sô norte, sô violêro
e vivo naquelas mata,
como veve um sanhaçu!
Vassucê já mi cunhece:
Eu sô o Jeca Tatu!
 

Cum tôda essa má piáge,
Vassucê, Seu Senadô,
Nunca, um dia, se alembrô,
Qui, lá naquelas parage,
A gente morre de fome
E de sêde, sin sinhô!
Vassuncê só abre o bico,
Pra cantá, como um cancão,
Quano qué fazê seu ninho,
Nos gáio duma inleição!
 .
 
Priguiçôso? Madracêro?
Não sinhô, Seu Conseiêro!
É pruquê vancê nun sabe
 
O qui seja um boiadêro
Criá cum tanto cuidado,
Cum amô e aligria,
Umas cabeça de gado...
E, dipôis, a impidimia
In mêno de quato dia!...
Levá  tudo, como  diabo,

É pruquê vancê nun sabe
O trabáio disgraçado
Qui um home tem, Seu Dotô,
Pra incoivará um roçado...
E quano o ôro do mío
Vai ficano inbunecado,
Pra intoce, nois  coiê,
O mío morre de sêde,
Pulo só isturricado,
E FICA ASSIM SEQUINHO,
Sequinho, QUINEM vancê!
 
É pruquê vancê nun sabe
O quanto é duro, um pai sofrê,
Veno seu fio crescendo,
Dizeno sempre:
Papai, vem mi insiná o ABC!
 
Si eu subesse, meu sinhô,
Inscrevê, lê e contá,
Intonce, sim, eu havéra
Di sabê como assuntá!
Tarvêis vancê nun dexasse
O sertanejo morrendo,
Mais pió qui um animá!
 
Eu trabáio o ano intero,
Somente quando Deus qué!
Eu vivo, no meu roçado,
Mi isfarfando, como um burro,
Pra sustentá oito fio,
Minha mãe, minha muié!
 

Minha muié tá morrendo,
Só pru farta de mezinha!
E pru farta de um dotô!


Minha fia, qui é bunita,
Bunita, como uma frô,
Seu Dotô, nun sabe lê!
 
E o Juquinha, qui inda tá
Cherano mêmo a cuêro,
E já puntêia uma viola...
Si entrasse  pruma iscola,
Sabia mais que vancê!

 !

Vassuncê é um Senadô,
É um Conseiêro, é um Dotô,
É mais do qui um Imperadô,
É o mais grande cirdadão,
Mais, porém, eu lhi agaranto,
Qui nada disso siría,
Naquelas terras bravia,
DO MEU QUERIDO Sertão.
 

Eu sei que sô um animá,
Eu nem sei mêmo o que eu sô.
Mais, porém, eu lhe agaranto
Qui o qui vancê já falô,
E o qui ainda tem de falá,
O qui ainda tem de inscrevê,
Todo, todo o seu sabê,
E toda a sua saranha...
Não vale uma palavrinha,
Daquelas coisa bunita,
Qui Jesuis, numa tardinha,
Disse, inriba da montanha!...

Catulo da Paixão Cearense



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