quinta-feira, 8 de agosto de 2019

MATÉRIA IMPORTANTE-AS SECAS DE 1877, 1915 E A DE 1932 E OS CAMPOS DE CONCENTRANÇÃO NO CEARÁ, CONHEÇAM, ESTUDEM

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Museu de Imagens
1877/1915 E 1932 ,EU NASCI NESTE PEDAÇO DO BRASIL.

Brasil, Curiosidades, Imagens, Século XIX A grande seca do Nordeste
* Por Talita Lopes Cavalcante

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Foto de uma das vítimas da Grande Seca, Ceará, 1878. Foto de Joaquim Antônio Correia, “Vítimas da Grande Seca”, Albúmen, Carte de Visite, 9 X 5,6 cm, Ceará, CA. 1878. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil.
Das grandes secas que assolaram o Brasil, uma das mais graves e lembradas foi aquela que compreendeu os anos de 1877 à 1879, ficando conhecida como a grande seca do Nordeste. Foram quase três anos seguidos sem chuvas, com perda de plantações, mortes de rebanhos e miséria extrema. A situação foi tão desesperadora, que famílias inteiras se viram obrigadas a migrar para outros estados, promovendo uma onda de imigrações.
O cenário ficou cada vez mais caótico, principalmente quando os retirantes chegaram em outras cidades e estados. Devido à miséria extrema das pessoas que chegavam, os moradores locais temiam saques no comércio e armazéns. Além disso, as cidades para as quais as vítimas da seca se dirigiam começarama ficar cada vez mais apinhadas de flagelados. Fortaleza, por exemplo, converteu-se na capital do desespero. De 21 mil habitantes pelo censo de 1872 passaram a ter 130 mil.

Somando-se ao quadro caótico, os rebanhos de animais sobreviventes sucumbiram diante da ação de zoonoses, furtos, fome e sede. A flora e a fauna da região praticamente desapareceram. Por fim, para completar o quadro de tragédia, houve um surto de varíola, dizimando milhares de pessoas. Finalmente
 o governo imperial enviou ao Nordeste uma comissão de engenheiros para a perfuração de poços, construção de estradas de ferro e armazenamentos de água, para assimresolver o grande problemada seca.

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Vítimas das secas de 1877/1878, no Ceará – Brasil. Foto: autor desconhecido, Biblioteca Nacional.
Curiosidade:
Calcula-se que 500 mil pessoas morreram por causa da seca, em que o Estado mais atingido foi Ceará. O imperador dom Pedro II foi ao Nordeste e prometeu vender “até última joia da Coroa” para amenizar o sofrimento dos súditos da região. Não vendeu,
porém enviou engenheiros para a construção de poços.
Alguns anos depois da primeira grande seca no século XIX, em 1915 um novo episódio assolou o sertão nordestino. Mais uma vez, a nova seca fez com que diversos nordestinos migrassem para as grandes cidades, porém, ao contrário do primeiro episódio, o governo cearense resolveu se precaver de uma maneira desumana. Desta feita, o governo criou os primeiros currais humanos, campos de
concentração em regiões separadas por arames farpados e vigiadas 24 horas por dia por
soldados para confinar as almas nordestinas retirantes castigadas pela seca.

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Notícia sobre o Campo de Concentração dos Flagelados, publicada no
 Jornal O POVO, em 16/04/1932.
A oeste da cidade de Fortaleza foi erguido, então, na região alagadiça da atual Otávio Bonfim, o primeiro campo de concentração brasileiro. Ali ficaram confinadas cerca de 8 mil pessoas com alimentação e água controladas e vigiadas pelos soldados do Exército. Naquele mesmo ano de 1915, após incentivos  para que os retirantes migrassem para a Amazônia, o curral humano foi desativado. Cerca de 17 anos mais tarde, em 1932, foi a vez de reabrir o campo de concentração de  Otávio Bonfim e criar novos currais humanos. Naquele ano, outra grande seca castigou novamente
o sertão nordestino, fazendo com que, mais uma vez, milhares migrassem para os grandes
centros urbanos. Após dezessete anos, nem o governo federal, nem os governos estaduais haviam se precavido para diminuir os efeitos da seca e a solução, novamente desumana, passou a ser a criação  e ampliação dos campos de concentração nordestinos

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