APELO DE UM AGRICULTOR
PATATIVA DO ASSARÉ.
Queridos amigos, queridos brasileiros, queridos conterrâneos, é com prazer que publico do Patativa do Assaré os reclamos do homem do campo, os reclamos de um agricultor solicitando a sua aposentadoria, guarde na memória estas palavras que continuam sempre atuais.
Viva o meu Ceará, viva o meu ASSARÉ, parabéns para o grande Patativa, o Cearense do século.
Nascido como Antonio Gonçalves
DA SILVA, na cidade do ASSARÉ-Ceará. Agricultor, inteligente, humano e
um sociólogo nato, se tivesse estudado provavelmente seria contaminado
pelos povos do além mar.
Nasceu no dia 05 de março de 1909, faleceu no dia 08 de Julho de 2002, uma grande lacuna para a cultura brasileira.
Do autor- A TRISTE PARTIDA , o maior sucesso do Luiz Gonzaga, Vaca Estrela e Boi Fubá cantada por Luiz Gonzaga, Fagner e mais uma centena de artistas brasileiros.
Quando falo do patativa estou falando de todos os homens do campo deste Brasil, estou falando de José Miguel da Silva e Antonia Reginaldo da Silva os meus pais, eu sei o quanto trabalharam e o quanto sofreram, com o Patativa faço uma ode a todos os trabalhadores Rurais deste país.
Iderval Reginaldo Tenório
Do autor- A TRISTE PARTIDA , o maior sucesso do Luiz Gonzaga, Vaca Estrela e Boi Fubá cantada por Luiz Gonzaga, Fagner e mais uma centena de artistas brasileiros.
Quando falo do patativa estou falando de todos os homens do campo deste Brasil, estou falando de José Miguel da Silva e Antonia Reginaldo da Silva os meus pais, eu sei o quanto trabalharam e o quanto sofreram, com o Patativa faço uma ode a todos os trabalhadores Rurais deste país.
Iderval Reginaldo Tenório
APELO DE UM AGRICULTOR
Patativa do Assaré
Patativa do Assaré
Seu dotô, não lhe aborreço,
Venho é fazê um pedido
E como sei qui merêço,
Espero sê atendido.
Não quera se aborrecê,
Pois antes de lhe dizê
O meu desejo sagrado,
Vou minha históra contá
E o senhô vai iscutá
Todo meu palavriado.
Vevi sempre a trabaiá
De ferramenta na mão
Tenho no rosto o siná
Do quente só do sertão.
Tratando de agricurtura
Já mostrei grande bravura
Sempre dei uma premêra
Naquele tempo passado,
Fui o herói do machado
Foice, inxada e roçadeira.
Sei qui o dotô inguinora,
E tem bastante razão,
Pois quem na cidade mora,
Não vai pensá no Sertão,
E por isso eu vou assim
Contá tin-tin por tin-tin
Como é que tenho vivido,
Minhas razão eu dizendo
O dotô fica sabendo
Quanto eu lhe tenho servido.
Sou pai de quatôze fio,
Cabras macho de valô,
Pois num tem nenhum vadio,
São todos trabaiadô,
Cada um destes cabôco
Aprendeu a lê um pôco,
Mais porém mode votá,
Nunca nenhum levô pau,
Já são quatôze degrau
Pra seu dotô se atrepá.
Quando o dia amanhecia,
Que meu café eu tomava,
Pra meu roçado ia
E os fio me acompanhava;
Pra roça eu levava tudo
Era os miúdo e os graúdo,
Era os menino e os rapaz,
Eu satisfeito e contente
Ia seguindo na frente
E aquela infiêra atráz.
O mais véio dava um grito:
__Anima rapaziada!
Era um truvejo bonito
No manejá das inxada;
Com licença da palavra,
Eu tinha da minha lavra
Munta gente em serviço
Trabaiando no roçado
Mode abastecê os mercado
Com os geno alimenticio
Defendendo a vida alêia,
Vivi sempre a trabaiá
E nunca fiz cara feia
Promode imposto pagá,
Pois todos aquele que tem
Budega, loja , armazém
E ôtras vendas de valô
O seu lucro nunca estraga,
Pruquê o imposto quem paga
É sempre o consumidô.
Fui um correto sujeito
E nunca baruio fiz.
Bradando contra os dereito
Criado em nosso país,
Eu nunca me revortava
Quando pra fêra eu levava
Mio, farinha e feijão
Mode vendê no mercado
Qui chegava um impregado
Trazendo um papé na mão.
O agricurtô é desposto
Ele vende , paga imposto,
Se compra, paga também.
Nesta coisa maginando
Vejo qui venho pagando
Imposto derne menino,
Quando comprava bom-bom
Qui chupava e achava bom
Quando eu era pequeninino.
Mesmo assim , falando errado,
Já contei a seu dotô,
Quem eu já fui no passado,
Honesto e trabaiadô.
A linguage tá errada
Mas a verdade é sagrada.
E agora preste tensão,
Tenha a bondade de uvi
O qui eu venho lhe pedi
Com dereito e com razão:
Não lhe minto e nem lhe nego
Já tenho sessenta ano,
Sofro munto, não sossego,
Já vivo mole, sem prano;
E por isto, nesta idade,
Eu venho aqui lhe rogá
Pra eu sê apusentado
Com dereito carimbado,
Por meio do FUNRURÁ.
Sessenta ano, pra mim,
É uma carga pesada,
Tô achando munto ruim,
O peso da minha inxada;
Os fio todos casado
Eu, doente, fracassado,
E além de vivê doente,
Sou da percisão cativo
Sei lá se eu ainda vivo
Mais cinco ano pra frente?
Sei que o dotô considera
O meu dito verdadêro.
Que diabo é que a gente espera
Já com sessenta janêro?
Esta idade é um castigo
E é por isto que lhe digo:
Minha aposentadoria
Já é tempo de fazê,
Eu passos mais vivê
Dando murro todo dia.
Eu, novo, resovi tudo
Qui fiquei de péia grossa,
Fui cabra bamba, peitudo
Iguá um boi de carroça;
Passei minha vida intêra
Naquela grande cansêra
Da paioça pro roçado.
Se o nosso Brasi falasse
O lucro que eu tenho dado.
Já tô de cabelo branco,
A cara toda incuída,
Eu lhe digo e falo franco
Nesta viage da vida
Já tô no fim do caminho;
Seu dotô , vá de pouquinho
Mandando de lá pra cá,
Pra este meu cativêro,
Uma parte do dinhêro
Que mandei daqui pra lá.
Patativa do Assaré.
CANTE LÁ QUE EU CANTO CÁ.
Editora Vozes, pagina 167.
Obra completa
Obra completa
A TRISTE PARTIDA - PATATIVA DO ASSARÉ - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=r-8rsqTJi-0
25 de jun de 2009 - Vídeo enviado por senhorincrivel
Um retrato da alma nordestina. Música de Luiz Gonzaga e Poema de Patativa do Assaré.Patativa do Assaré - Jô Soares 11:30 - SBT - Parte 1 - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=OCWScZc2mzY
21 de mar de 2010 - Vídeo enviado por MrLimeirense
Antológica entrevista do poeta Patativa do Assaré no programa Jô Soares 11:30 (SBT/1993), em versos ...TRISTE PARTIDA - Patativa do Assaré-Luiz Gonzaga - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=kNurNd1TYIU
5 de ago de 2013 - Vídeo enviado por luciano hortencio
Patativa do Assaré - TRISTE PARTIDA - Patativa do Assaré-Luiz Gonzaga. Álbum: Patativa do Assaré ...Trailer Oficial - Patativa do Assaré - Ave Poesia - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=2Z8wiIFUe2s
26 de mar de 2013 - Vídeo enviado por João Roberto Rocha Pina Teixeira
A vida e a obra do poeta Patativa do Assaré, a relevância dos seus poemas, o significado político dos
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