terça-feira, 14 de junho de 2016

TRONQUEILDO UM NORDESTINO DE FIBRA

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                                                               Tronqueildo
 O Sobrevivente 
Tronqueildo ao nascer deparou-se apenas com uma das mamas, passou a providencial mão como um limpador de para brisa  para a direita e para a esquerda , não encontrou a segunda fonte alimentar, o cabo da enxada a danificara nos tenebrosos e cotidianos baques na lida diária, o rebento teve que se apegar e contar com a realidade, o esforço pela sobrevivência tornou-se maior, o que não foi permitido foi  acovardar-se,  contentar-se e acomodar-se, o recém nascido já veio ao mundo lutando. Ao chegar à vida real  depois do mergulho amniótico de nove meses e sob a tutela placentária não encontrou benesses, já nasceu trabalhando pesado em busca do nécta da vida, a escassez o fez mais atento , resolutivo e  vigil.
O Rebento chegou aos 12 meses comendo de tudo, pau, pedra, parafusos, cabo de guarda chuva e até chumbo derretido, para o seu triturador não havia tempo ruim, tudo era comestível, aliás, combustível. Até os cinco anos desconhecia qualquer tipo de moléstia, só após os sete conheceu o primeiro desarranjo, também pudera , com a mistura efetuada  qualquer Sansão se sentiria incomodado, 24 horas depois lá estava o sujeito de pé, pronto para a guerra, altivo, ativo, sorridente , afinado e com os dentes afiados ,   brilhosos e cortantes como de um lobo alfa.
A força de sua mordida não era qualquer osso que suportava, o caboclo era uma  máquina de triturar comida, frutas não possuíam cascas e nem caroços, todas as carnes eram maciças, verduras não possuíam folhas, talos e nem raízes, crus, torrados, sapecados, no vapor ou bem cozidos eram alimentos,  tudo era nutrientes ,  para o neófito tudo era café pequeno.
Cascas, talos, folhas, troncos e tubérculos faziam parte do seu variado  e nutritivo cardápio,  tudo se transformava  em energia, tal qual um elefante tudo   era considerado munição de bucho,  combustível e   fonte energética.  As águas sempre escassas , ora das chuvas nos tempos de ouro, de um córrego, dos poços, dos barreiros, dos açudes,  dos buracos das estradas, do subsolo ensombrados próximo  aos troncos das grandes árvores, dos orvalhos , da sucção oral das folhas ou das raízes das plantas  anacardiáceas nordestinas,  como  a dos umbuzeiros.
Quando completou 25 anos de idade, num regado bate-papo , o moço confirmou que no mundo já havia comido de tudo,  nada a reclamar, lábios de bois, cabeças de peixes, pés de galinhas, calangos, cobras, preás, mocós, muçuns, gavião, urubus eram consideradas iguarias , porém  carcarás só comera na seca de 1932, eram bichos arredios. De lá para cá  não mais fez usufruto destas iguarias nordestinas, diz peremptoriamente que valeu a pena, reforça que  foi primordial para a sua sobrevivência em tempos tenebrosos, no mais não tinha outras queixas, foi assim a sua formação diante as intempéries  da vida, diante do escaldante sol e queimantes rajadas de ventos,  hoje escolhe até o que comer, o mundo mudou para esta indomada fera.
O moço tem a força dos ventos, a capacidade dos mares e o equilíbrio do sol, hiberna como os vulcões, trabalha como o tempo ,  bondoso como a terra e universal como as águas, nada lhe tira do sério, o seu tipo de vida, de luta, de garra e coragem fez com que adquirisse todas estas propriedades, o homem é um gigante, é um vencedor apesar de todas as dificuldades que passou e que  tem absoluta convicção de que ainda vai passar, o homem continua e continuará firme e no mesmo diapasão,  atento, ativo, altivo, e sem fraquejar.
A diversidade da vida o ensinou a driblar as suas agruras, se não tem sapatos vai de chinelos e na sua falta ,  descalços, se lhe falta avião, vai de carro, de animal ou com as próprias pernas, não pode deixar de ir, jamais desistirá,  na busca do pão se não tem carne, rói-se ossos, na ausência da  batata e do  feijão, come-se  farinha, rapa de pau, bagaço e o que for comestível, na falta da água, bebe-se lama, sumo de folhas, água dos tubérculos e suga-se raízes , não existe  tempo ruim, se chover é bom para se molhar, sinais de farturas e a volta da asa branca, na sua ausência procura-se guarida  na energética luz solar , para o moço a vida é motivo mais do que suficiente para lhe encorajar, tem convicção que o sabor das coisas só se conhece quando existe suor, força e trabalho,  este sobrevivente é um sobrevivente.
Sabe que muitas serão as dificuldades, como também sabe que sem elas nada teria sentido e nem valor. Tem certeza que o Homem é apenas um humano, um ser vivo que luta pela  sobrevivência da sua espécie  e pela condução das outras vidas no globo terrestre. O homem é apenas mais um neste imbricado Mega Ecossistema chamado terra, que nada mais é do que um nada no  Sistema Solar , que faz parte da família da Galáxia Via Láctea, que corresponde a um duzentos bilionésimo de avos do Universo conhecido  e estudado.
Tronqueildo é apenas,  como cada um de nós diante da imensidão do Universo  um sobrevivente,  APENAS UM SOBREVIVENTE, APENAS.




Iderval Reginaldo Tenório


Musica Africana - Ndive Muroyi - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=-vOUnyTySKA
26 de mar de 2011 - Vídeo enviado por charlespritchard
Pues es un poco de musica del sur de Africa, la verdad esta muy buena la musica de este estilo, subire mas ...

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