terça-feira, 10 de abril de 2012

A FAMÍLIA PEDE SOCORRO


                                   
                                                                   



 A Família e as mudanças de paradigmas

O exercício exacerbado e conturbado da cidadania vem colocando em cheque a autonomia da família, fazendo com que  esta entidade aos poucos vá perdendo a sua força e à proporção que vai vagarosamente sangrando, mergulha  numa famigerada falta de controle, deixando os genitores totalmente atordoados.

Inicio abordando a perda da autonomia da família  no tocante a religião, era inadmissível que no mesmo núcleo familiar um dos seus membros por qualquer motivo mudasse de religião, principalmente sendo um dos filhos. Uma vez  o tronco católico ou protestante, seria necessário um fato muito marcante e relevante para haver mudanças na trajetória religiosa dos seus descendentes. Com o exercício da cidadania, o livre arbítrio e uma sociedade laica, houve uma mudança radical do comportamento, sendo muitas famílias no que toca à religião  uma verdadeira torre de babel, cada membro segue caminhos religiosos  diferentes, gerando divergências, quando no passado a crença religiosa era fator de união e de  convergência.

No item  educação e cultura  , poucas são as famílias que conseguem implantar nos seus descendentes o produtivo legado familiar, os bons costumes e as tradições sem esquecer o necessário progresso e a indispensável atualização.
Acontece que  na grande maioria, os núcleos familiares perderam para os veículos de comunicação, veículos que em mais de 90% do tempo são deseducadores e  substituem  os éticos ensinamentos familiares por  mais básicos que sejam , por ensinamentos jurídicos e burocráticos linearmente ,deixando a  família apenas com a responsabilidade financeira , muitos são os deveres e poucos os seus direitos . 

Os pais passaram em sua maioria a serem obsoletos, sendo trocados pelos grandes ícones, na sua maioria sem as mínimas condições de servirem como espelhos. Nas escolas os alunos, os professores, os coordenadores, os pais e os diretores perderam totalmente  a propriedade do diálogo, sendo necessário convênios com a polícia, com as pequenas causas e o ministério público, uma vez que, conflitos que eram resolvidos em família , agora precisam da intermediação da justiça.

Outro ponto que merece muita atenção é a divergência no próprio lar com referencia à alimentação. Com   o advento e a popularização da televisão, das grandes empresas que só pensam no lucro e  dos  elaborados  comerciais que promovem uma verdadeira lavagem  cerebral, está a nova geração se afastando dos tradicionais e milenares pratos, substituindo os costumes e a nutritiva culinária regional por comidas rápidas,  produzindo verdadeiras diásporas familiares.

 Levantamento mostrou que o país cresceu em população o dobro nos últimos 40 anos e o consumo total do clássico: feijão com arroz , continua a mesma tonelagem de 1970, mostrando que em nada cresceu o seu consumo, no seu lugar  foram incrementados o consumo dos produtos industrializados de outras nações como-pizzas, hamburguês e outras guloseimas artificializadas, apagando os costumes familiares transferidos de geração para geração, desagregando a família pelo paladar.

Na convivência com a sociedade, mudanças aconteceram nas vestimentas, na  vida sexual, na desvalorização dos antepassados, no folclore, na música, na semântica, nos tratamentos, nas saudações , como  na arcaica e arraigada vida rural. 
Com este comportamento, o  jovem  se afasta do convívio com a  vida simples de sua região, sofistica as suas vontades e  incorpora os costumes e a cultura  de outros povos. Perde a família o direito e o dever de repassar para os seus componentes os segredos, os ensinamentos e  as grandes experiências, passando a ser apenas uma mera espectadora, sem voz, sem palavra e sem a liberdade de conduzir os seus membros. Perde a oportunidade de repassar os bons costumes da raiz geradora daquele núcleo familiar.

 A família vai aos poucos perdendo a sua autonomia, vai paulatinamente morrendo e sendo substituída pelos poderes públicos, poderes estes  desprovidos de sentimentos, de amor , de respeito e de responsabilidade familiar, poderes galgados na fria interpretação das leis, leis  encastoadas nos diversos regimentos, nos múltiplos estatutos e nos enviesados códigos vigentes da nação. 
A família pede socorro.

                             Iderval Reginaldo Tenório
                                O BLOG É CULTURAL

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6 comentários:

Anônimo disse...

O texto é a pura e real realidade do mundo dominado pela altas tecnologias onde o ser humano já nasce para competir,ser o melhor sempre buscando o TER antes do SER. Ser Humano com espirito de solidariedade,respeito e amor.

Angela Felipe disse...

Já li alguns textos seu, mas esse é excepcional. A impressão q nos passa é a de q estamos todos perdidos, nessa Idade Média moral.

iderval.blogspot.com disse...

Minha mestra Angela,a familia agoniza,os valores se foram e a nova geração procura outros horizontes,outros caminhos,que ensine o melhor caminho uma vez que a minha geração está mostrando por interme´dio das atitudes,tanto na vida como nos postos de comando estão literalmente perdidos.
Homens que só pensam em si.

Tânia disse...

Parabéns Drº Iderval, pelo texto esclarecedor. Hoje estamos colhendo os pedaços das famílias que são os vícios, precisamos trabalhar para colher os frutos que são as virtudes desse sagrado território.
Abraços.Tânia Lellis

Artes e escritas disse...

Parabéns! Quem passará os valores aos mais novos quando sabemos que o ambiente pragmático é diferente do núcleo familiar? Gostei deste artigo incentivador da família. Um abraço, Yayá.

Crisleide Souza disse...

Muito importante esse texto para a nossa reflexão... Li, refleti e agora passarei o que li, para outros. Um abraço com carinho de sua amiga.