segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Morte de Nanã (Patativa do Assaré)


Imagem relacionada
Resultado de imagem para povo do nordeste

Do nordeste brasileiro sai cada pérola  que deixa boquiaberto o mais letrado dos letrados deste mundo.

De uma simples choupana ou de uma reles casa de taipa, de sopapo ou de barro batido surge um monstro sagrado na cultura popular, na cultura sofisticada e letrada deste nosso globo terrestre, o mestre Antonio Gonçalves, o Patativa do Assaré , que  numa noite de tristeza e de muita saudade nos presenteou com esta poesia-: A MORTE DE NANA,  na qual retrata o sofrimentos de uma pai da caatinga ao perder uma filha e o quanto  de importancia sigfinica um rebento para um pobre e bruto homem, que de bruto só possue a falta do cinhecimento das letras, pois de resto é transbordante em tudo quanto é sabrado num ser humano, o homem do campo extrapola em tudo, principlamnete no amor, na seriedade,  no respeiro, na ética e na condução da vida com simplicidade e maestria, o Patativa foi sublime, como tem sido sublime em tudo que nos presenteia. 
A MORTE DE NANÃ. 
Patativa do Assaré .

Iderval Reginaldo Tenório

A Morte de Nanã 

(Patativa do Assaré)

Eu vou contá uma história
Que eu não sei como comece,
Pruquê meu coração chora,
A dor no meu peito cresce,
Aumenta o meu sofrimento
E fico ouvindo o lamento
De minha alma dolorida,
Pois é bem triste a sentença,
De quem perdeu na existência
O que mais amou na vida.
 

Já tô véio, acabrunhado,
Mas em riba deste chão,
Fui o mais afortunado
De todos filhos de Adão.
Dentro da minha pobreza,
Eu tinha grande riqueza:
Era uma querida filha,
Porém morreu muito nova.
Foi sacudida na cova
Com seis ano e doze dia.
 

Morreu na sua inocência
Aquele anjo encantadô,
Que foi na sua existência,
A cura da minha dor
E a vida do meu vivê.
Eu beijava, com prazê,
Todo dia de manhã,
Sua face pura e bela.
Era Ana o nome dela,
Mas eu chamava Nanã.
 

Nanã tinha mais primô
Do que as mais bonita jóia,
Mais linda do que as fulô
De um tá de Jardim de Tróia
Que fala o doutô Conrado.
Seu cabelo cacheado,
Preto da cor de veludo.
Nanã era meu tesouro,
Meu diamante, meu ouro,
Meu anjo, meu céu, meu tudo.


Pelo terreiro corria,
Sempre se rindo e cantando,
Era nutrida e sadia,
Pois, mesmo se alimentando
Com feijão, milho e farinha,
Era gorda, bem gordinha
Minha querida Nanã,
Tão gorda que reluzia.
O seu corpo parecia
Uma banana maçã.
 

Todo dia, todo dia,
Quando eu voltava da roça,
Na mais completa alegria,
Dentro da minha paioça
Minha Nanã eu achava.
Por isso, eu não invejava
Riqueza nem posição
Dos grande deste país,
Pois eu era o mais feliz
De todos filho de Adão.
 

Mas, neste mundo de Cristo,
Pobre não pode gozá.
Eu, quando me lembro disto,
Dá vontade de chorá.
Quando há seca no sertão,
Ao pobre falta feijão,
Farinha, milho e arroz.
Foi isso que aconteceu:
A minha filha morreu,
Na seca de trinta e dois.
 

Vendo que não tinha inverno,
O meu patrão, um tirano,
Sem temê Deus nem o inferno,
Me deixou no desengano,
Sem nada mais me arranjá.
Teve que se alimentá,
Minha querida Nanã,
No mais penoso maltrato,
Comendo caça do mato
E goma de mucunã.
 

E com as braba comida,
Aquela pobre inocente
Foi mudando a sua vida,
Foi ficando diferente.
Não se ria nem brincava,
Bem pouco se alimentava
E enquanto a sua gordura
No corpo diminuía,
No meu coração crescia
A minha grande tortura.


Quando ela via o angu,
Todo dia de manhã,
Ou mesmo o rôxo bêjú
Da goma da mucunã,
Sem a comida querer,
Oiava pro de comê,
Depois oiava pra mim
E o meu coração doía,
Quando Nanã me dizia:
Papai, ô comida ruim!
 

Se passava o dia inteiro
E a coitada não comia,
Não brincava no terreiro
Nem cantava de alegria,
Pois a falta de alimento
Acaba o contentamento,
Tudo destrói e consome.
Não saía da tipóia
A minha adorada jóia,
Enfraquecida de fome.
 

Daqueles óio tão lindo
Eu via a luz se apagando
E tudo diminuíndo.
Quando eu tava reparando
Os oínho da criança,
Vinha na minha lembrança
Um candieiro vazio
Com uma tochinha acesa
Representando a tristeza
Bem na ponta do pavio.

E, numa noite de agosto,
Noite escura e sem luá,
Eu vi crescer meu desgosto,
Eu vi crescer meu pená.
Naquela noite, a criança
Se achava sem esperança.
E quando veio o rompê
Da linda e risonha aurora,
Faltava bem poucas hora
Pra minha Nanã morrê.
 

Por ali ninguém chegou,
Ninguém reparou nem viu
Aquela cena de horrô
Que o rico nunca assistiu,
Só eu e minha muié,
Que ainda cheia de fé
Rezava pro Pai Eterno,
Dando suspiro magoado
Com o seu rosto moiado
Das água do amô materno.
 

E, enquanto nós assistia
A morte da pequenina,
Na manhã daquele dia,
Veio um bando de campina,
De canário e sabiá
E começaram a cantá
Um hino santificado,
Na copa de um cajueiro
Que havia bem no terreiro
Do meu rancho esburacado.
 

Aqueles pássaro cantava,
Em louvô da despedida,
Vendo que Nanã deixava
As miséria desta vida.
Pois não havia recurso,
Já tava fugindo os pulso.
Naquele estado mesquinho,
Ia apressando o cansaço,
Seguindo pelo compasso
Das música dos passarinho.
 

Na sua pequena boca
Eu vi os lábio tremendo
E, naquela aflição louca,
Ela também conhecendo
Que a vida tava no fim,
Foi arregalando pra mim
Os tristes oinho seu,
Fez um esforço ai, ai, ai,
E disse: “abença papai!”
Fechou os ói e morreu.
 

Enquanto finalizava
Seu momento derradeiro,
Lá fora os pássaro cantava,
Na copa do cajueiro.
Em vez de gemido e chôro,
As ave cantava em coro.
Era o bendito perfeito
Da morte de meu anjinho.
Nunca mais os passarinho
Cantaram daquele jeito.
 

Nanã foi, naquele dia,
A Jesus mostrá seu riso
E aumentá mais a quantia
Dos anjo do Paraíso.
Na minha imaginação,
Caço e não acho expressão
Pra dizê como é que fico.
Pensando naquele adeus
E a culpa não é de Deus,
A culpa é dos home rico.
 

Morreu no maió maltrato
Meu amô lindo e mimoso.
Meu patrão, aquele ingrato,
Foi o maió criminoso,
Foi o maió assassino.
O meu anjo pequenino
Foi sacudido no fundo
Do mais pobre cemitério
E eu hoje me considero
O mais pobre deste mundo.
 

Soluçando, pensativo,
Sem consolo e sem assunto,
Eu sinto que inda tô vivo,
Mas meu jeito é de defunto.
Envolvido na tristeza,
No meu rancho de pobreza,
Toda vez que eu vou rezá,
Com meus joêio no chão,
Peço em minhas oração:
Nanã, venha me buscá!
 

A TRISTE PARTIDA - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=po430gaUjv4
17 de jan de 2013 - Vídeo enviado por graca lucas
Este vídeo foi produzido e realizado pelos alunos do 3º ano B da Escola da Independência - Araripina- PE ...

triste partida com legendas - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=XIOYI2qa23w
17 de out de 2010 - Vídeo enviado por narinas2
Triste Partida, Luiz Gonzaga, Os nordestinos escravos do sul, esquecidos pelas Grandes midias.

A MORTE DA FAMILIA TRADICIONAL NO MUNDO E A MORTE DA SUA AUTONOMIA



"                                                                                            


Por derradeiro a diáspora política,  que  como uma verdadeira avalanche tsunâmica , como um verdadeiro rolo compressor ou uma frente  do cangaço desconstrói as suas trincheiras genéticas ,   avança ferozmente sem piedade e sem sentimentos desferindo o último tiro de misericórdia,  implantando a mais importante propriedade de desestruturar uma sociedade, a anarquia intrafamiliar ."
                                                           Iderval Reginaldo Tenório


            A MORTE DA FAMILIA TRADICIONAL NO MUNDO
                                               E
                   A MORTE DA SUA AUTONOMIA

                A Família e as mudanças de paradigmas

           O exercício exacerbado e conturbado da cidadania vem colocando em cheque a autonomia da família, fazendo com que  esta entidade aos poucos vá perdendo a sua força e à proporção que vai vagarosamente sangrando, mergulha  numa famigerada falta de controle, deixando os genitores totalmente atordoados, sendo transferido toda a responsabilidade aos poderes público, quando ditam os seus direitos e os seus deveres, cabendo a familia a tarefa financeira, isto é prover de todas as suas necessidades  , da saude à educação perpassando pelo imaginário do consumo ou consumismo .

Inicio abordando a perda da autonomia da família  no tocante a religião, era inadmissível que no mesmo núcleo familiar um dos seus membros por qualquer motivo mudasse de religião, principalmente sendo um dos filhos, uma vez que  o tronco católico ou protestante exige cumplicidade entre os seus membros por várias gerações , seria necessário um fato muito marcante e relevante para haver mudanças na trajetória religiosa dos seus descendentes, era a religião de uma familia uma clausula pétrea.. 

Com o exercício da cidadania, com  o livre arbítrio e uma sociedade laica, houve uma mudança radical do comportamento, sendo muitas famílias no tocante  à religião  uma verdadeira torre de babel, cada membro segue caminhos religiosos  diferentes, tudo depende do novo núcleo do qual passa  a fazer parte na sociedade e das propagandas mídiáticas que lhes prometem o céu e a independia financeira , pode ser a escola, o grupo de dança, o trabalho, ongs, associações, agremiações, entidades voluntárias e filantrópicas, influencia estranageira e outras modalidades  gerando divergências familiares, quando no passado a crença religiosa era fator de união e de  convergência entre todos os componentes de uma familia.

No item  educação e cultura  , poucas são as famílias que conseguem implantar nos seus descendentes o produtivo legado familiar, os bons costumes e as tradições sem  serem contaminadas pelo necessário progresso e a indispensável atualização.

Acontece que  na grande maioria, os núcleos familiares perderam para os veículos de comunicação, veículos que em mais de 90% do tempo são deseducadores ,  substituem  os éticos ensinamentos familiares por  mais básicos que sejam  por ensinamentos jurídicos e burocráticos linearmente , deixando a  família apenas com a responsabilidade financeira , muitos são os deveres e poucos os seus direitos . 


Os pais passaram em sua maioria a serem obsoletos, sendo trocados pelos grandes ícones, na sua maioria sem as mínimas condições de servirem como espelhos( os cantores, os artistas, os colegas e os computadores).


Nas escolas,  os alunos, os professores, os funcionários, os coordenadores, os pais e os diretores perderam totalmente  a propriedade do diálogo, sendo necessário convênios com a polícia, com as pequenas causas e o ministério público, uma vez que, conflitos que eram resolvidos em família ou na escola , agora precisam da intermediação da justiça, foram judicializados.

Outro ponto que merece muita atenção é a divergência no próprio lar com referencia à alimentação. Com   o advento e a popularização da televisão, das grandes empresas que só pensam no lucro ,  dos  elaborados  comerciais que promovem uma verdadeira lavagem  cerebral promovendo uma verdadeira colonização pelo  sabor,  com estas mudanças está a nova geração se afastando dos tradicionais e milenares pratos, substituindo os costumes e a nutritiva culinária regional por comidas rápidas,  produzindo verdadeiras diásporas familiares.

  

Na culinária a mudança foi estratosférica, levantamento mostrou que o país cresceu em população o dobro nos últimos 40 anos e o consumo total do clássico: feijão com arroz  continua a mesma tonelagem de 1970, mostrando que em nada cresceu o seu consumo, no seu lugar  foram incrementados o consumo dos produtos industrializados de outras nações como:  pizzas, hamburguês e outras guloseimas artificializadas, apagando os costumes familiares transferidos de geração para geração, desagregando a família pelo paladar.

Na convivência com a sociedade, mudanças aconteceram nas vestimentas, na  vida sexual, na desvalorização dos antepassados, no folclore, na música, na semântica, nos tratamentos, nas saudações , vide o sumiço  dos costumes da arcaica , milenar e  arraigada vida rural. 

Com este comportamento, o  jovem  se afasta do convívio com a  vida simples de sua região, sofistica as suas vontades e  incorpora os costumes e a cultura  de outros povos, perde a família o direito e o dever de repassar para os seus componentes os segredos, os ensinamentos e  as grandes experiências, passando a ser apenas uma mera espectadora, sem voz, sem palavra e sem a liberdade de conduzir os seus membros, perde  o núcleo mater a  oportunidade de repassar os bons costumes da raiz geradora daquele núcleo familiar, principalente os princíupios éticos.

 A família vai aos poucos perdendo a sua autonomia, vai paulatinamente morrendo e sendo substituída pelos poderes públicos, poderes estes  desprovidos de sentimentos, de amor , de respeito e de responsabilidade familiar, poderes galgados na fria interpretação das leis, leis  encastoadas nos diversos regimentos, nos múltiplos estatutos e nos enviesados códigos vigentes da nação, todos criados para o fortalecimento do estado na vida pessoal de cada cidadão, todos criados para o enquadramento silencioso da sociedade.

Por derradeiro a diáspora política,  que  como uma verdadeira avalanche tsunâmica , como um verdadeiro rolo compressor ou uma frente  do cangaço desconstrói as suas trincheiras genéticas ,   avança ferozmente sem piedade e sem sentimentos desferindo o último tiro de misericórdia,  implantando a mais importante propriedade de desestruturar uma sociedade, a anarquia intrafamiliar. 
  
O mundo mudou e a  familia teve que se  modernizar.
A família pede socorro, tudo por questão de princípios.

                             Iderval Reginaldo Tenório
                                O BLOG É CULTURAL


Fotografia 3x4 - YouTube



www.youtube.com/watch?v=AM9AadRhGbw
04/12/2012 - Vídeo enviado por Nilo castro
blues Belchior ...cd muito bom... http://www.belchiorblues.com.br Eu me lembro muito bem do dia em

APENAS UM RAPAZ LATINO AMERICANO - BELCHIOR ...

www.youtube.com/watch?v=Wk9JsWYIlWE
11/06/2010 - Vídeo enviado por vangodias
ALUCINAÇÃO (1976) PHILIPS/PHONOGRAM - O SEGUNDO E MELHOR ALBUM DE BELCHIOR.




  •  A TRISTE PARTIDA - Luiz Gonzaga - 50 anos de chão ...

    www.youtube.com/watch?v=BhR69sZ5VH4
    09/05/2011 - Vídeo enviado por forrobodologia
    12- A TRISTE PARTIDA - Luiz Gonzaga - 50 anos de chão - disco 4 ..... 1 year ago. tenho orgulho de ...
  • UOL Mais > A triste Partida - Luiz Gonzaga

    mais.uol.com.br/.../a-triste-partida--luiz-gonzaga-0402...
    A triste Partida mostra o retrato