NECROPOLITICA- ACHILE MBEMBE
Nascido no dia 27 de julho 1957, em Otélé, Camarões, Mbembe é historiador e filósofo político. Obteve o seu doutorado em história na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne) e foi professor em diversas universidades ao redor do mundo, incluindo a Universidade de Columbia, a Universidade de Harvard e a Universidade de Witwatersrand, na África do Sul. É um dos mais influentes intelectuais contemporâneos no campo dos estudos pós-coloniais e da teoria crítica.
Na sua obra Necropolítica (2003), explora como o poder moderno se manifesta na capacidade de decidir quem pode viver e quem deve morrer, oferecendo uma extensão crítica da teoria de biopolítica de Michel Foucault. Além de Necropolítica, escreveu Crítica da Razão Negra (2013) e Políticas da Inimizade (2016), que influenciam debates acadêmicos e políticos sobre racismo, colonialismo e a condição humana no mundo globalizado.
Nasceu em Camarões, África, quando ainda era colônia francesa e teve todas as dificuldades de um povo dominado pelos colonizadores, só em 1960 Camarões conseguiu se emancipar da França.
Na sua trajetória mostrou o quanto é importante a educação. Conseguiu viajar para Paris para continuar os estudos, colou grau, construiu o seu alicerce para a vida acadêmica, depois foi para os Estados Unidos, onde sedimentou e fortificou as suas bases filosóficas. Hoje é um dos principais pensadores e um estudioso das consequências coloniais e do racismo ao redor do mundo.
No Brasil, a convite de muitas academias e institutos, tem dado palestras e participado de congressos nas pautas que domina.
Achile Mbembe, 67 anos de idade, um pensador contemporâneo que trará reflexões e criará novos horizontes para a humanidade.
O maior episódio que mostra a necropolítica na atualidade, é a chacina de Israel sobre Gaza e a Cisjordânia.
Iderval Reginaldo Tenório
NECROPOLITICA- ACHILE MBEMBE
Nascido em 1957 no dia 27 de julho, em Otélé, Camarões, Mbembe é historiador e filósofo político.
Na sua obra Necropolítica (2003), explora como o poder moderno se manifesta na capacidade de decidir quem pode viver e quem deve morrer, oferecendo uma extensão crítica da teoria de biopolítica de Michel Foucault. Além de Necropolítica, escreveu Crítica da Razão Negra (2013) e Políticas da Inimizade (2016), que influenciam debates acadêmicos e políticos sobre racismo, colonialismo e a condição humana no mundo globalizado.
Para chegar à necropolítica, mergulhou na história da humanidade, fundamentou-se nas obras de grandes pensadores do século XVII até a atualidade. A leitura de Hobbes, Agamben e o Foucault foi condições sine qua non para se chegar à bandeira NECROPOLÍTICA.
Estudou o contratualista inglês, Thomas Hobbes, por intermédio do Livro LEVIATÃ, publicado no ano de 1651. O Hobbes, nesta magnífica obra, informa que os homens viviam em eternos conflitos e guerras, não havia segurança, os mais fortes aniquilavam os mais fracos. Viviam em autodestruição, em estado de natureza como animais selvagens a defender a vida sem diálogo, com derramamento de sangue, sem leis e sem ordens. Propôs na sua obra, LEVIATÃ, que abdicassem da liberdade individual e daquele modelo de vida, uma vez que não havia condições de prosperarem, urgia a criação de um estado.
Argumentou que fosse nomeado um gestor para governá-los, isto é, outorgar a um soberano o poder absoluto em nome da paz e do diálogo. Este exerceria o poder por intermédio de um contrato social, no qual o povo autorizava e apoiava todas as sua atitudes com foco na proteção plena da vida. Caberia a este soberano a deliberação de atos em busca da paz, da defesa interna e contra os seus invasores, a finalidade era acabar com as guerras internas e trazer a PAZ.
" O “contrato social” em Hobbes é filosoficamente tratado como o ato simbólico dessa cessão de prerrogativas e poderes basicamente absolutos ao soberano, mediante o qual, as decisões e atitudes do soberano passem a equivaler às decisões e atitudes de todos que supostamente lhe cederam a autoridade. O homem sairia do estado de natureza e passaria a conviver obedecendo critérios sob o comando de um homem ou de uma assembleia.
“Um Estado é considerado instituído quando uma multidão de homens concorda e pactua que a um homem ou a uma assembleia de homens seja atribuído, pela maioria, o direito de representá-los sem exceção, tanto os que votaram a favor, como os que votaram contra, devendo autorizar todos os atos e decisões como se fossem seus, a fim de uma convivência pacifica e com proteção”.
O regime caminhou até a Revolução Francesa 1789 a 1799, quando a sociedade francesa passou por uma transformação épica, a evaporaram dos privilégios feudais, dos religiosos e da aristocracia. O povo vivia num caldeirão efervescente e lutava por liberdade, fraternidade e igualdade. Foi às ruas e derrubou a monarquia absolutista que reinava há anos, inclusive executando o Soberano LUIS XVI em 1792.
A Execução do Luís XVI, na guilhotina, é um dos acontecimentos mais importantes da Revolução Francesa e foi realizada em praça pública em janeiro de 1793, em Paris.
Após a revolução, o mundo passou aos poucos de rural para urbano e as nações ocidentais ( europeias) passaram a invadir outros povos: Américas, África e Ásia em busca de aumentar o seu poderio, para isto invadiam, escravizavam e matavam os povos nativos, que para eles eram atitudes normais, tratava-se de raças inferiores. Achavam que humanos eram apenas os ocidentais, os demais povos eram gados ou animais selvagens. Não cometiam crimes em eliminá-los para o bem dos colonizadores.
Neste contexto o Mbembe, ja no século XX, cita o Giorgio Agamben(Filósofo italiano, nascido em Roma no 22 de abril de 1942, hoje com 82 anos . O Agamben faz um relato do que aconteceu após a primeira guerra mundial, conflito bélico global centrado na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. Diz o Agamben que, com a industrialização do ocidente, o mundo virou uma engrenagem industrial e o homem uma máquina de trabalho, um mero operário que deveria funcionar ininterruptamente por períodos de 12 a 15 horas por dia.
Refere que após a guerra, surgiram dois movimentos no continente europeu: O Fascismo, ideologia política ultranacionalista e autoritária, de poder ditatorial, repressor da oposição por via da força, de forte arregimentação da sociedade e da economia; e o Nazismo, marcado por defender um nacionalismo extremado, com posturas abertamente antissemitas e contra a democracia, movimentos de segregação racial.
Aduziu AGAMBEN que existiam dois tipos de homens: os cidadãos e os não cidadãos; e vários tipos de raças, uma raça superior, A BRANCA, e outras inferiores. Negros, Índios, Judeus e Aborígenes eram vidas sem atributos políticos e que poderiam sofrer quaisquer tipos de opressão e de não proteção a vida. Lembra do holocausto, da escravidão, da invasão dos povos indígenas e dos povos africanos, que segundo o Mbembe foram são demandas sociais da mesma estipe, o que aconteceu na Alemanha, o holocausto, teve grande repercussão por se tratar de um episódio acontecido dentro do território europeu.
Ao conhecer os lógicos relatos do Giorgio Agamben, a respeito do domínio dos opressores sobre os oprimidos na Alemanha, as chacinas no continente africano e no americano, quando cita o Apartheid na Africa do Sul,o genocídio de Ruanda, massacre que extermínou 70% da minoria de pessoas dos grupos étnicos tútsis, tuás e até os moderados dos hútus, massacre realizado pelos Hutus patrocinado pelo governo oficial em 1994. Alerta sobre a escravidão no Brasil e em Cuba, a matança de milhões de indigenas nos Estados Unidos e no Brasil, fundamentados com a outorga soberana de uma raça branca, superior, o Mbembe absorveu e entendeu aquelas medidas como NECROPOLÍTICA.
Para esta classificação, utilizou os postulados do Michel Foucault, que abordava estas demandas como biopolítica, propriedades nas quais os brancos, os ricos, as empresas, os políticos e as elites, que para manterem os lucros nas suas fabricas e fazendas implantaram cuidados seletivos para com os operários.
Como os operários eram a força motriz, implantaram a propriedade de seleção dos trabalhadores, escolhendo os melhores, os produtivos e os que contribuíam para a alta produção. Os fracos, os que adoeciam, os acidentados no labor e ficavam improdutivos eram escanteados, abandonados à própria sorte e esquecidos nas periferias das cidades e nos campos, engrossando o universo dos desassistidos. Na Europa, Ásia e nas Américas as crianças entravam no mercado de trabvalho aos 09 anos de idade ou menos.
O conceito de biopolítica foi introduzido pelo filósofo francês Michel Foucault em (1975-1976). Segundo Foucault o termo surgiu nos séculos XVIII e XIX, focada na administração e regulação da vida das populações.
A biopolítica contrasta com a soberania tradicional, que era principalmente o direito de "deixar viver e fazer morrer". Foucault argumenta que a biopolítica é uma característica essencial das sociedades modernas, onde o controle sobre a vida é um componente central do poder político. Ela se manifesta em políticas públicas que buscam otimizar a saúde e o bem-estar da população, como também expressar formas opressivas, como em regimes que monitoram e controlam cada aspecto da vida dos cidadãos.
Para as elites caucasianas, numa camuflada, separatista e velada convivência social existia uma raça superior, a branca, e outras inferiores, as demais raças, estas eram propícias ao crime e à preguiça, e mesmo sem comprovação cientifica, ao não aprendizado por deficiência cerebral, eram seres que poderiam ser descartados. Este pensamento perdurou até os anos 60 e 70 notadamente nos Estados Unidos das Américas, vide os movimentos desencadeados por Rosa Parks e Martin Luther King Jr., no Brasil Abdias do Nascimento e o Ailton Krenak, líder indígena de etnia krenaque, ambientalista, filósofo, poeta e escritor, hoje um imortal da Academia Brasileira de Letras. O Mbembe classificou estes atos cruéis de NECROPOLÍTICA, que dava ao Estado e ao Soberano até as prerrogativas da morte.
Aqui no Brasil, o país facilitava a entrada de brancos europeus para embranquecer a raça, uma vez que índios e negros eram raças inferiores. O Clareamento racial ou branqueamento é uma ideologia que era amplamente aceita no Brasil, entre o final do século XIX e início do século XX, como a solução para o excesso de indígenas, mestiços e negros. Os simpatizantes[acreditavam que a raça negra iria avançar cultural e geneticamente na nação com a miscigenação entre brancos e negros. Esta ideologia ganhou o apoio do racismo e do Darwinismo Social, imbricada com o conservadorismo da elite branca da época, que acreditava que o sangue ''branco" era superior, e inevitavelmente iria clarear as demais raças.
Hoje, no Brasil, o preconceito racial, notadamente aos negros é sutil e camuflado para os que se classificam como brancos, classes média e alta. É agressivo, cruel, ameaçador, claro e sedimentado na cabeça dos jovens negros, pobres e que moram nos bairros periféricos. Estes seres humanos enxergam os policiais, que deveriam ser proterores, como ameaças ao seu ir e vir, principalmente em épocas de policiamento ostensivo. Esta população sente-se ameaçada no período noturno ao retornar para casa após a jornada de trabalho, as aulas noturnas, as festas e até mesmo nos encontros com amigos nos seus logradouros, muitos sucumbem ao constestar as abordagens policiais.
A propriedade da necropolítica se destaca por proporcionar um novo quadro teórico para analisar as questões de soberania, guerra, racismo e exclusão social. Isto fez com que Mbembe desvendasse as agruras da escravidão, do colonialismo e das invasões europeias em nome do progresso perpetrado por colonizadores durante séculos. Mbembe atiçou fogo na fogueira da liberdade, da verdadeira colonização e o poder inumano dos ocidentais em busca da hegemonia no planeta. O sociólogo clareou fatos históricos, racistas, sociais e antropológicos, e alavancou o verdadeiro estudo do racismo em todas as Universidades pelo mundo.
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