sexta-feira, 2 de abril de 2021

Zezinho , a Gata Ceguinha e o Mimoso.

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Zezinho , a Gata Ceguinha e o Mimoso

 

Zezinho acordou cedo, abriu a porta dos fundos e encontrou a gata ceguinha deitada no batente.  A tiracolo  dois sibites, dois buguelos de Caga Sebo. Para pegá-los, provavelmente a gata voou ou os filhotes  no primeiro voo  cansaram e caíram nas garras da felina.

A Ceguinha era uma velha gata que só faltava voar, às vezes voava, pois  pular três a quatro metros, de uma árvore para um telhado, não deixava de ser um ato de voar. Ficou cega de um dos olhos,  num acidente  com espinhos de mandacarus, ao perseguir pequenos répteis.

A gata  não gostava de ratos, o seu esporte era erradicá-los, porém não tinha estômago para os mesmos, após o sacrifício  abandonava-os.  Onde a ceguinha miava  os ratos  não apareciam.

Caga sebo é um pequeno pássaro de papo amarelo e dorso com pintas pretas, voa baixo, pouco e de galho em galho, o seu peso não chega a cinco gramas,  é só cabeça, penas e dois finos  gravetos que servem de pernas.

Seu ninho é construído nas pontas  dos galhos pendentes, são compridos tipo bucha vegetal de lavar pratos, uma   janela simetricamente posicionada  contra as  chuvas  e contra o sol, é uma obra da engenharia animal.

A ceguinha era simples,  pequena, acanhada e de miado baixo, porém  era uma felina, tinha lá o seu respeito, era temida por muitos, era uma fera. Havia parido a mais de dois anos e jamais aceitou que o seu rebento  virasse adulto.

O Mimoso era um gato cinza, cabeça grande, comprido, alto e peso avantajado. Era manhoso, pelos finos, preguiçoso, miado macio, andar elegante, olhar cativante e gostava de  almofadas. Não sabia caçar,   morria de  medo de ratos grandes,   ficava sempre à espera da cuidadosa mãe, a regra era a mesma,  esperar  todos os dias por uma prenda trazida pela ceguinha.   Apreciava leite, carne mole cortada e  banhos de saliva,  à noite recolhia-se a uma cadeira fofa, só abria os olhos ao amanhecer. Era um príncipe sem reinado, um  dependente, um fruto do ócio, talvez perdido pelo exagerado zelo e cuidado matriarcal. Era um desocupado,  oportunista e bonitão, um filhinho da mamãe, o bicho era sem tino, vivia da sua beleza, no frigir dos ovos  um sujeito sem planos, um desplanaviado.

Zezinho abriu a porta, a gata miou mais de uma vez, o mimoso levantou a cabeça, pulou sorrateiramente da cadeira, esticou os membros se espreguiçando e  elevou a coluna vertebral como um dromedário num ato  de superioridade. Na sorrelfa foi ao encontro da mãe, lambeu os moribundos sibites, triturou-os com os  afiados dentes, lambeu as patas,   ficou  à espera do leite  servido todos os dias pela dona  da casa. Era um verdadeiro hóspede, um príncipe.

Aberta as portas e as janelas, a brisa serrana entrou mansamente em todos os aposentos do velho casarão,  renovando o ar, enquanto  o sol  com os seus raios ultravioletas esterilizava todos os recantos do ambiente. Nascia mais um dia nos confins do sofrido sertão da chapada do  Araripe. 

Só Zezinho e Deus presenciaram aquela materna  cena sertaneja, isto faz parte da vida em muitos  recantos do mundo.

 São muitos os Mimosos por este mundo afora, são muitos.

Iderval Reginaldo Tenório

 

 

Jackson do Pandeiro - 'Preguiçoso'. - YouTube

Uma das primeiras composições do Bezerra da Silva em parceria com o grande mestre Jackson do ...
28 de nov. de 2012 · Vídeo enviado por Ricardo Abdala


quarta-feira, 31 de março de 2021

VISITA A UMA PENITENCIARIA

 Centro Espírita de Estudos Nossa Casa: OS SETE SORRISOS DE UM PRETO-VELHO

Pin em Pretos Velhos

                                                    

Barbed Wire Prison Sunset Orange Stock Footage Video (100% Royalty-free)  20431141 | Shutterstock

Fotos de Mão no arame farpado enferrujado, imagem para Mão no arame farpado  enferrujado ✓ Melhores imagens | Depositphotos®

O VELHO, A PENITENCIARIA E A COLÔNIA AGRÍCOLA.

Ao  visitar uma penitenciaria,   colônia agrícola, e ao  dialogar com os moradores, Zezinho  ficou impressionado com  um velho detento.

Defronte a um velho de barba branca e cabelos longos, voz arrastada, pouca leitura , pele encolhida e  olhar perdido, sem direção,   o Zezinho se abobalhou.

Após cordial diálogo o velho de 
banguela boca  ,  mãos grossas e unhas escuras olhou para o mundo e mirou o infinito, viajou no tempo e pousou na realidade da vida . 

Cavador nas mãos, bornal cheio de grampos , martelo ,  pé de cabra para esticar arames e cheio de solidão   olhou para o sol ,    abrindo e fechando os olhos, devido   a claridade ,  enxugou a  ressecada tez. Esboçando caretas com os desidratados músculos da face e   a  rouca  voz, quase gutural,   balbuciou  algumas palavras.


"Di qui adianta viver num mundo como esse? di qui adianta?! O mundo pra mim num tem sentido, vivo cá há 30 anos, num tenho mué, pai, mãe, fios e nem amigos, a vida é  drumir, acordar, comer, descomer , cavar buracos e insticar arame, num tem sentido. Drumo, acordo, como, descomo, cavo buracos e dispois, dispois vou insticar arame, num tem sentido.

Parou de balbuciar , olhou para cima,  sol a pino. Coçou a cabeça, colocou o seu chapéu de palha, pôs o cordão por debaixo do queixo , arregaçou as mangas do grosso brim, aberta até o umbigo , falou resmungando para si e para o além quase a murmurar. O Zezinho  ficou boquiaberto  e desnorteado.

"Q
ui dureza!, ave Maria ! Qui sóle quente , já comí, já descomi, já cavei  buracos e agora seu môço vou insticar arame."


E com o tom da voz cada vez mais baixo foi balbuciando, abaixando a voz  e se afastando em busca de realizar a sua tarefa.

"Vou insticar arame , vou insticar arame . Inté mais, inté."

Saiu à procura de arames farpados soltos , de estacas carcomidas pelos cupins   e de mourões prestes a caírem.

Indiferente e claudicante sumiu beirando a cerca, puxa aqui , puxa ali, uma martelada acolá, um grampo que cai, um grampo que se perde, um resmungo, uma cusparada, uma estaca frouxa, mole quase caindo e lá se vai o velho cheio de desilusão acostumado com a vida recebida e agora em consumo.


Come, evacua, cava buracos , estica arame, olha para o sol, enxuga a testa, bota a mão no bornal, dá uma martelada, assoa o nariz, estica a coluna com as mãos nos quartos , coça as nádegas e continua a deambulação.

É a sua rotina , é o cotidiano , é a vida, é o seu pequeno mundo .
Salvador, 21 de abril de 1998

Iderval Reginaldo Tenório

terça-feira, 30 de março de 2021

HISTÓRIAS DA CHAPADA DO ARARIPE. DONA DUZINHA I

 

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HISTÓRIAS  DA CHAPADA DO ARARIPE.
DONA DUZINHA 
I
          Dezembro de 1954, o país em frangalhos, o mais popular de todos os presidentes, o Getúlio Vargas,    cometera suicídio no mês de agosto.  A elite atropelava a nação com os seus caprichos. Em todos os recantos grassavam as doenças, a fome, o crime organizado e o abandono dos pobres.

          Sofriam os Estados  dependentes, aqueles que não possuíam infra estruturas, os  mais distantes da capital , o Rio de Janeiro. A malária, a febre amarela, a dengue , outras mazelas virais e bacterianas    matavam nos rincões do  norte,  nordeste , Brasil central e nas zonas rurais de  São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Paraná e Rio de Janeiro, mesmo sendo  Estados ricos.

II
          ZéManoel,  um pequeno produtor rural, morava no topo da serra do Araripe,  divisa do Ceará com Pernambuco, hoje patrimônio Nacional.  Orientado pelo Padre Cícero   vivia da lavoura do feijão ,  fava e  milho, da batata doce,   da  mandioca, da criação do  bovino pé duro , do porco, do bode, do carneiro, do cavalo e do jumento, vivia da galinha dangola , carijó e do peru, era um trabalhador incansável, inteligente e muito diligente.  Num raio de quarenta  quilômetros  era quem comandava e ao mesmo tempo o intermediário daquele povo com os centros urbanos .

          Pioneiro em quase tudo, do motor a gasolina para a produção da farinha , modernizando os aviamentos,  ao primeiro  caminhão.  O primeiro carro de passeio,  bicicletas e o primeiro   rádio daquele sertão.  Foi mestre na construção de estradas  ,  era quem abastecia a região de gasolina e querosene , foi  o responsável por introduzir os utensílios domésticos e tudo que se consumia na região. 
 
            Incentivou as famílias  a comprarem casas no Exu, Poço Verde, Bodocó, Ouricuri, Araripe, Crato Juazeiro do Norte, Caruaru e Petrolina com a finalidade de colorar os jovens na Escola, aqueles que não tinham condições recebiam   a sua ajuda,  muitos foram beneficiados.

           Era um incansável visionário e futurista, dizia que só a educação poderia salvar os mais pobres e assim se pronunciava para todos os habitantes da Chapada do Araripe com muita ênfase. 
 
“No  futuro a força muscular não terá mais valor, quem vai comandar  é o cérebro.  As maiores ferramentas  serão os lápis, as canetas, os  livros e os    cadernos.  Pegar peso, carregar sacos, tijolos, lenhas, areias, arar a terra , inclusive plantar e colher  serão tarefas para as máquinas . O cérebro será o senhor todo poderoso para a humanidade, quem quiser viver bem e melhor terá que estudar, o mundo está mudando”
ZéManoel .
 
          Instituiu e aplicou a reforma agrária  , antecipando os poderes públicos.  Doou terras aos mais próximos e aos seus melhores trabalhadores, nunca negou o fornecimento da maior dádiva da natureza, a  água potável dos seus barreiros e reservas.  
 
         ZéManoel  um baluarte  deste sofrido Brasil.  Só quem com ele conviveu sabe das suas ações, muitos foram os seus legados, o principal,  o gosto contumaz pela educação dos habitantes da serra do Araripe.

III
          Era 1954,  a malária grassava no Estado do Maranhão, o ZéManoel recebera uma inusitada carta :

“ Compadre Zé, acuda nós, a doença aqui está matando os homens, morre gente como morre passarinho,  ajuda nós, se não nós vamos morrer de fome ou de malária, o governo não sabe o que fazer, não existe ricurso, não tem escola, agasalhos  e falta o pão, falta a dignidade , só existe fome e sofrimento” 
                                                                     assinado

 Maria Duzinha.

        Maria Duzinha era casada com o irmão mais velho da esposa do ZéManoel, o sr.  Ginaldo, homem probo, trabalhador e um dos mais respeitados da região. Nos idos dos anos 40, no pós seca de 1937,  deixou a sua região nas Alagoas, Palmeiras dos Índios, e foi escapar no Maranhão.  Levou seis filhos e lá nasceram mais cinco, com a morte do Getúlio e a crise no  país vinheram   as dificuldades, a  Maria  Duzinha pediu socorro ao cunhado que não arredara das orientações do Patriarca do Juazeiro do Norte , o Padre Cícero Romão Batista. 

          O ZéManoel  não perdeu tempo , foi diligente.  Comprou mais um pedaço de serra , pura mata,  levantou casa , construiu  barreiro, chiqueiros, comprou   alguns porcos,  cabras de leite,  dois ou três jegues de carga, plantou roças de feijão, milho, favas , andu e mandiocas,  pegou o seu caminhão Chevrolet  e mandou buscar a família da comadre Duzinha, doou a terra com as suas benfeitorias e todos os parentes ganharam os melhores primos do mundo, a região foi florificada.

          A Serra do Araripe  ganhou a sua amazonas, a sua casa passou a ser o ponto de encontro dominical para todos da familia  . Durante muitos anos  Dona Duzinha passou a ser a mais enérgica mulher da Chapada , num raio de quarenta  quilômetros foi a maior e mais importante  amansadeira de burros e cavalos bravos   .  Apesar de ser os seus filhos exímios amansadores , era a matriarca a preferida, principalmente  quando os animais eram encomendados  para transportarem mulheres, crianças e noivas nos dias de casamentos.  Diziam os contratantes que os animais que Dona Duzinha amansava eram mais obedientes, mansos, conheciam o aveludamento das vozes e os agudos estrogênicos, eram  delicados , respeitavam as mulheres , as crianças e as noivas.

         Dona Duzinha era dura e exigente , porém delicada, mansa, compreensiva e respeitada, era uma dama , era a mais temida mulher da redondeza,  em pouco tempo assumira as rédeas da casa,  o seu esposo falecera logo  ao chegar do Maranhão  .
 
IV
          ZéManoel ,  a sua esposa  e   Maria Duzinha fazem parte da vida de todos os serranos.  Bucho cheio , respeito coletivo e o incentivo à educação eram os alicerces para vencer as agruras da vida, sem se esquecer  das enxadas, dos enxadecos,  dos cavadores, das foices, das roçadeiras , dos facões , dos machados, dos pés de cabras na estica do arame , das cangalhas , dos caçuás, das ancoretas  e dos cambitos na lida diária no transporte da mandioca, da farinha, da água  e da lenha .

           A união  familiar do ZéManoel e  de sua esposa   com a   Maria Duzinha, a amazonas da Serra do Araripe,   fizeram a diferença,  constituindo o maior laço familiar  de toda  a Chapada. A luta foi árdua , dura  e desgastante, porém, profícua, valeu a pena e como valeu.
í
 
Iderval Reginaldo Tenório


MEU ARARIPE
-DE JOÃO SILVA COM LUIZ GONZAGA , 1968-

Luiz Gonzaga - Meu Araripe - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=mVFAJWJFTi0
24 de fev de 2016 - Vídeo enviado por Geylsson Ylsson
Música do CD: Luiz Gonzaga – 50 Anos de Chão. ... Luiz Gonzaga - Meu Araripe. Geylsson Ylsson ...

Meu Araripe - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=TrXCDamaYD4
18 de mar de 2012 - Vídeo enviado por apfrezende G
Música Me

segunda-feira, 29 de março de 2021

Lucho contra tres gigantes : El miedo, la injusticia, la ignorancia.

                                                                                                            Pin de José Luiz de Melo Moraes Melo em Jl | Organizações internacionais,  Sábias palavras, Dizer não

                           Lucho contra tres gigantes :

                 El miedo, la injusticia, la ignorancia.

                    Miguel de Cervantes Saavedra

 

Miguel de Cervantes Saavedra nasceu na Espanha, no dia 29 de setembro de 1547, provavelmente em Alcalá de Henares, embora outras cidades tenham entrado em discussão por esse reconhecimento. Seus pais eram Rodrigo e Leonor de Cortinas, que além de Miguel, tiveram mais seis filhos. Em 1563 a família mudou-se para Sevilha, onde Miguel iniciou seus estudos em gramática e latim, aprendendo com os padres jesuítas.

No ano de 1571 lutou na batalha naval de Lepanto, servindo o exército do rei espanhol Filipe II. Ferido, acabou perdendo os movimentos de sua mão esquerda.