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HISTÓRICO DO NORDESTE EM QUATRO ETAPAS.
A Asa Branca, Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zé Dantas e João Silva .
Os seus maiores parceiros, todos ligados à asa branca
Viva a cidade do Exu em Pernambuco, viva a Serra do Araripe
Estas lendas fizeram o povo virar gente
“Vai meu amiguinho para a Serra do Araripe plantar feijão de pau”
Pe.Cícero
Juazeiro do Norte /Serra do Araripe
Quando se vem dos bagos de um autêntico Alagoano , de uma matriz também Alagoana , ambos primos legítimos e convidados pelo Padre Cícero Romão Batista ainda crianças para habitar o Juazeiro do Norte, um fenômeno no Sul do Ceará; e a abençoada Chapada do Araripe, o maior celeiro fóssil do Nordeste , hoje o Geopark do Araripe, não se pode ficar em silencio diante de tanta beleza e nordestinidade.
Refém do Exu, Bodocó, Caririaçú, Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte , seguidor do Padre Ibiapina, Padre Cícero e de Bárbara de Alencar , conhecedor das manobras do Frei Damião de Bozano, do Capitão Virgulino Lampião e de Antonio Conselheiro, admirador dos grandes repentistas , dos cantadores da região, dos mestres do Rádio e dos esquecidos Cego Aderaldo, Cego Oliveira, Meu Mano, Bigode e outros ícones da cultura do Cariri , não poderia deixar em albis esta história do Rei do Baião, Luiz Lua Gonzaga , que cantou, encantou, valorizou , deu personalidade e cidadania ao povo sofrido de todo o Norte, Sul, Leste , Oeste, FAROESTE e principalmente do Nordeste Brasileiro.
PARTE I- 1947
A SECA, O EXODO
ASA BRANCA
O Nordeste Brasileiro sempre foi uma região esquecida pelos poderes públicos e sapecada pelo sol escaldante das grandes secas.
Por volta do ano de 1945 em pleno período de fome, o Pernambucano Luiz Gonzaga se encontrava no Rio de Janeiro com o grande advogado e político Cearense , o Humberto Teixeira, após uma prosa regada a muitas talagadas de pinga, falaram da seca e do sofrimento dos conterrâneos, ambos queriam encontrar o que mais representava este povo, os dois não agüentavam tanto sofrimento e queriam retratar o RX da época numa música que tocasse na alma do Nordestino e que se transformasse no seu hino, teria que arrancar lágrimas do mais duro dos homens.
Primeiro pensaram qual seria a figura nordestina que poderia ser o seu símbolo e quais os acordes a serem entoados. Matutaram e chegaram à seguinte conclusão: o animal que foge da seca e sabe quando ela terá o seu fim , é o pássaro ASA BRANCA, ela foge do sertão nas épocas ruins e volta nas grandes aguadas, foge da fome e da tristeza , só retorna na alegria e na fartura, é o maior orientador deste povo.
Não foi difícil, de um estalo simultâneo, o descamisado Luiz falou para o experiente e sofrido cearense Humberto, ao mesmo tempo o Humberto para o Luiz, existe uma música folclórica de domínio popular cantada há mais de 300 anos e a sua melodia continua na memória do povo, não deu outra, ambos de cátedra pensaram a mesma coisa, na Asa Branca e nos seus feitos. Ressuscitaram a ASA BRANCA e tendo como arcabouço a música folclórica centenária , deram nova letra, novos acordes, novos sentimentos e nascia ali o maior hino do Nordeste em pleno sofrimento em 1947, Luiz e Humberto bateram o martelo e ali sacramentaram a alma de um povo, anunciando o êxodo do Nordestino para o Sul.
PARTE II -1950
AS CHUVAS E A FARTURA
A VOLTA DA ASA BRANCA
O tempo passou , o mundo deu uma melhora , as chuvas chegaram, o capim nasceu, os pássaros cantaram, os sapos e as rãs coaxaram, e a Asa branca retornou ao seu lar numa salva de alegrias , de bucho cheio e muita água , com este cenário o Pernambucano e Médico Zé Dantas escrevinhou : A VOLTA DA ASA BRANCA , tudo verde, tudo belo , muita fartura na Serra do Araripe e no Cariri. Isto foi em 1950 , para 02 anos depois a Asa Branca anunciar mais um período de seca, mais um período para esturricar o sertão, sabe o sertanejo que um ano de seca acaba com dez anos de fartura, está aí a segunda fase do Rei Luiz a cantar o seu povo e a sua terra.
PARTE III- 1986
A CHEGADA DO PROGRESSO AO EXU E AO CARIRI CEARENSE
RODOVIA ASA BRANCA
João Silva o maior parceiro do velho Lula e que vivia ao seu lado, resolveu junto ao Rei documentar a chegada do progresso na terra de seu Luiz, nesta época em 1984 a 1986 os Governos do Ceará e de Pernambuco resolveram pagar uma dívida ao maior símbolo musical do Nordeste , para este intento decidiram asfaltar o trecho que vai da Cidade do Crato no Ceará ao Exu em Pernambuco, mais de 80 quilômetros, a esta estrada deram o nome- RODOVIA ASA BRANCA . O João Silva compôs a música que foi imortalizada na voz mais nordestina dos nordestinos, na voz do filho de seu Januário e de dona Santana.
PARTE IV-
A IRRIGAÇÃO, ÁGUA PARA O NORDESTE
PROJETO ASA BRANCA
MARCOS MACIEL.
Em 1978 assumia o Governo Biônico de Pernambuco o Marcos Maciel , este junto ao Luiz Gonzaga prometeu levar água ao povo sofrido e criou o Projeto Asa Branca, para homenagear e documentar o fato, o Luiz junto ao Marcolino em 1983 lançaram a música PROJETO ASA BRANCA.
Como estão vendo é a arte uma das melhores maneiras de documentar os primórdio do mundo, lembro que foram os cordelistas , os repentistas e os pequenos escritores que documentaram mais de mil anos de história.
Vide o cangaço, o Padre Cícero, as grandes batalhas e os diversos fatos que hoje são resgatados com precisão.
Luiz Gonzaga foi o maior documentador dos fatos brasileiros, o Brasil está retratado nas suas obras, cada episodio, cada cidade, cada amigo e cada povo , todos estão salpicados e reverberados na mais ouvida e suave voz do Brasil. LUIZ LUA GONZAGA é gente grande, é IMORTAL. É gente nossa.
Três homens imortais, um gênio imortal , um pássaro, uma chapada, a seca, a chuva, uma estrada e depois a irrigação, estes fatos só poderiam acontecer no Nordeste Brasileiro e não poderiam ficar engasgados na goela deste simples mortal.
Eu sou fruto da Chapada do Araripe, sou pequeno , sou quase nada, mas nasci naquelas plagas, está bom demais, se tivesse de nascer outra vez , levaria a cegonha para o mesmo pasto.
Sou nordestino , sou retirante com muita honra, no meu tempo onde nasci, de cada quatro morriam dois, só ficavam os fortes, os que comiam pedra, pau, cisco, calango, preá , cabo de faca e parafuso, só escapavam os resistentes.
Três dias sem água, trinta dias sem carne e três anos sem pão.
Iderval Reginaldo Tenório
ESCUTEM AS QUATRO FASES
www.youtube.com/watch?v=cWiJL0_yj9c
26 de out de 2009 - Vídeo enviado por Breno Alves
Asa-Branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria da dupla ...
www.youtube.com/watch?v=whKGCQiD7iY
17 de mai de 2009 - Vídeo enviado por didiloureiro
essa musica como as demais de Luiz Gonzaga são obras- primas dignas de figurarem em todos os ...
www.youtube.com/watch?v=4l6FdSyAzBY
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Rodovia Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca no aniversário de 75 anos de Luiz ...
www.youtube.com/watch?v=NHkL54Gugjc
17 de mar de 2012 - Vídeo enviado por Pedro Macedo
Música Projeto Asa Branca com Luiz Gonzaga. ... Asa Branca 60 Anos - Luiz Gonzaga e Humberto ...
A triste partida* - Patativa do Assaré**
Setembro
passou, com oitubro e novembro
Já
tamo em dezembro.
Meu
Deus, que é de nós?
Assim
fala o pobre do seco Nordeste,
Com
medo da peste,
Da
fome feroz.
A
treze do mês ele fez a experiença,
Perdeu
sua crença
Nas
pedra de sá.
Mas
nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando
na barra
Do
alegre Natá.
Rompeu-se
o Natá, porém barra não veio,
O só,
bem vermeio,
Nasceu
munto além.
Na
copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém
vê a barra,
Pois
barra não tem.
Sem
chuva na terra descamba janêro,
Depois,
feverêro,
E o
mêrmo verão
Entonce
o rocêro, pensando consigo,
Diz:
isso é castigo!
Não
chove mais não!
Apela
pra maço, que é o mês preferido
Do
Santo querido,
Senhô
São José.
Mas
nada de chuva! tá tudo sem jeito,
Lhe
foge do peito
O
resto da fé.
Agora
pensando segui ôtra tria,
Chamando
a famia
Começa
a dizê:
Eu
vendo meu burro, meu jegue e o cavalo,
Nós
vamo a São Palo
Vivê
ou morrê.
Nós
vamo a São Palo, que a coisa tá feia;
Por
terras aleia
Nós
vamo vagá.
Se o
nosso destino não fô tão mesquinho,
Pro
mêrmo cantinho
Nós
torna a vortá.
E
vende o seu burro, o jumento e o cavalo,
Inté
mêrmo o galo
Vendêro
também,
Pois
logo aparece feliz fazendêro,
Por
pôco dinhêro
Lhe
compra o que tem.
Em
riba do carro se junta a famia;
Chegou
o triste dia,
Já vai
viajá.
A seca
terrive, que tudo devora,
Lhe
bota pra fora
Da
terra natá.
O
carro já corre no topo da serra.
Oiando
pra terra,
Seu
berço, seu lá,
Aquele
nortista, partido de pena,
De
longe inda acena:
Adeus,
Ceará!
No dia
seguinte, já tudo enfadado,
E o
carro embalado,
Veloz
a corrê,
Tão
triste, o coitado, falando saudoso,
Um fio
choroso
Escrama,
a dizê:
- De
pena e sodade, papai, sei que morro!
Meu
pobre cachorro,
Quem
dá de comê?
Já ôto
pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com
fome, sem trato,
Mimi
vai morrê!
E a
linda pequena, tremendo de medo:
-
Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé
de fulô!
Meu pé
de rosêra, coitado, ele seca!
E a
minha boneca
Também
lá ficou.
E
assim vão dexando, com choro e gemido,
Do
berço querido
O céu
lindo e azu.
Os
pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o
carro rodando
Na
estrada do Su.
Chegaro
em São Paulo - sem cobre, quebrado.
O
pobre, acanhado,
Percura
um patrão.
Só vê
cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é
diferente
Do
caro torrão.
Trabaia
dois ano, três ano e mais ano,
E
sempre no prano
De um
dia inda vim.
Mas
nunca ele pode, só veve devendo,
E
assim vai sofrendo
Tormento
sem fim.
Se
arguma notícia das banda do Norte
Tem
ele por sorte
O
gosto de uvi,
Lhe
bate no peito sodade de móio,
E as
água dos óio
Começa
a caí.
Do
mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali
veve preso,
Devendo
ao patrão.
O
tempo rolando, vai dia vem dia,
E
aquela famia
Não
vorta mais não!
Distante
da terra tão seca mas boa,
Exposto
à garoa,
À lama
e ao paú,
Faz
pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê
como escravo
Nas
terra do su