quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

O SANGUIM E O PACTO DE PAZ.

                                                                               Entenda como os saguis aprendem a "falar"

                                                                                     Sagui-do-Murukundu, Sagui-de-Rabo-Branco: Características | Mundo Ecologia

Mulher saudação japonesa - Foto de stock de Adulto royalty-free

Macaco  defende a sua prole

A DIPLOMACIA DOS IRRACIONAIS

Zezinho despertou com uma  pancada na cabeça, levou a mão ao rosto , deparou-se um galo na testa e um fruto verde  no chão , olhou para cima  avistou dois Saguins a  observá-lo.   

Da fronde da  mangueira  carregada de brotos frutíferos,   os dois animais queriam uma resposta .  Quem sequestrara o seu filhote e  qual a explicação de se encontrar deitado à  sombra de um dos seus castelos, aquela suntuosa mangueira.

Fim de tarde,  luz  crepuscular   , num lusco-fusco   o sol   iniciava o seu mergulho no horizonte, algumas crianças perambulavam  à sombra da grande árvore.  Num tumultuado burburinho  todas  opinavam o que fazer com  uma pequena e  estranha criatura que encontraram no tronco da mangueira,  um animal     de cabeça grande, olhos arredondados, pele   felpuda , calda  longa , garras afiadas e que mostrava sinal de vida.


Um dos adolescentes, quase adulto,  colocou a pequena vida na palma da mão, era um filhote de Saguim  que caíra    devido as estripulias pertinentes  às crianças de todas as espécies  de animais.

Inseguro e sob a tutela dos humanos  disparou grunhidos   de temor e chiados de medo ,  pedia socorro, um dos Saguins observava atentamente o furdunço.

Balançou a cabeça, abriu os olhos e    sumiu mata adentro após  receber ordens do Saguim mais  velho.   Passado alguns minutos  batalhões  surgiram de todos os lados , o Saguim Alfa estrategicamente orientava os menores. 

Sorrateiramente  foram  se aproximando,  em grupo de quatro  ocuparam   a fronde da imperial  árvore , apesar dos seus portes, as  manobras, as atitudes ,  os olhares e  os gritos dos guerreiros foram suficientes para mandar a primordial mensagem:  

“Estamos aqui para resgatarmos um membro importante da família, estamos declarando um pacto de paz ou um grito de guerra,   de  vida ou morte,  salvo , seja resolvido o impasse: o resgate do sequestrado sem  pagamento , não tem dinheiro que pague uma vida, o preço é   vida por vida, queremos diplomacia”

 

Esta foi a grande mensagem. 

De olhos abertos, narinas acesas , garras afiadas e dentes à mostra  todo o bando ficou à espreita  aguardando um comando.  O chefe tomou a dianteira , serenamente se posicionou, elevou a cabeça, encheu o peito de ar  e estrategicamente    hasteou  a bandeira branca da paz.  Num assobio ensurdecedor deu o comando  para a sua tropa e um recado  para os sequestradores, enviou as suas ordens e se aproximou do burburinho humano. 

 Zezinho chamou as crianças , olhou cara a cara para o Saguim chefe e  também mostrou o lenço branco da paz. Levantou os braços num sinal de trégua e de respeito, em seguida abaixou-os compassadamente. Unindo as palmas das mãos  em frente ao peito, de olhos fechados e  abaixando a cabeça  cumprimentou todo o grupo num gesto universal  de paz e de concordância .

 O comandante parou, balançou a cabeça, mirou o bando e todos   ficaram a lhe observar, houve um silêncio sepulcral; neste momento Zezinho   com a voz aveludada    e gestos lentos  ordenou  que o filhote fosse colocado no tronco da centenária mangueira . Numa atitude de respeito e de privacidade os humanos  se   afastaram do frágil filhote.

Num salto mágico ,  de precisão cirurgica e  veloz como  um relâmpago o velho Saguim foi   ao solo, colocou o filhote no pescoço, cheirou,  fez um afago, olhou para os humanos e  num cumprimento de respeito  soltou um alto assobio e todo o bando, em altos gritos,  sumiu em disparada mata à adentro   em completa algazarra de alegria. 

Foi o berro da vitória, uma  demonstração de diplomacia de causar inveja aos humanos. Sem sangue  e com diálogo foi firmado um pacto de paz e de respeito.

 Salvador, 02 de Março de 2015

Iderval Reginaldo Tenório

 

A lei ROUANET , O BRASIL E A SUA CULTURA

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

OPINIÃO RELEVANTE-'Não podemos vacinar o planeta a cada seis meses', diz cientista de Oxford

 


'Não podemos vacinar o planeta a cada seis meses', diz cientista de Oxford

Andrew Pollard, cientista do grupo de vacinas da Universidade de Oxford - Reprodução/Oxford Vaccine Group
Andrew Pollard, cientista do grupo de vacinas da Universidade de Oxford Imagem: Reprodução/Oxford Vaccine Group

Do UOL, em São Paulo

05/01/2022 08h12

Um dos responsáveis por ajudar a criar a vacina contra covid-19 Oxford/AstraZeneca, o cientista Andrew Pollard disse ontem que administrar doses de reforço em todas as pessoas várias vezes por ano não é viável.

"Não podemos vacinar o planeta a cada quatro a seis meses. Não é sustentável ou acessível", disse Pollard, que é também diretor do grupo de vacinas da Universidade de Oxford e chefe do Comitê de Vacinação e Imunização do Reino Unido, em entrevista ao The Daily Telegraph.

Pollard também enfatizou a necessidade de ter os vulneráveis como alvo das campanhas no futuro, em vez de administrar doses a todos com 12 anos ou mais. No entanto, ele ressaltou que mais dados são necessários para determinar "se, quando e com que frequência aqueles que são vulneráveis vão precisar de doses adicionais".

O cientista disse ainda acreditar que mais evidências são necessárias antes de oferecer uma quarta dose de covid-19 para as pessoas no Reino Unido — atualmente, a terceira dose está sendo aplicada no país.

Já em uma entrevista para a Sky News, Pollard citou a desigualdade de distribuição de vacinas em todo o mundo. "Simplesmente não é — de uma perspectiva global — acessível, sustentável ou distribuível dar a quarta dose a todas as pessoas do planeta a cada seis meses."

"E lembre-se de que, hoje, menos de 10% das pessoas em países de baixa renda já tomaram sua primeira dose, então a ideia de uma quarta dose regular globalmente simplesmente não é sensata", acrescentou ele.

Israel está aplicando a quarta dose da vacina da Pfizer/BioNTech em pessoas com mais de 60 anos, profissionais de saúde e pacientes imunocomprometidos.

O cientista também demonstrou otimismo em relação à covid, dizendo que "o pior já passou" e que o mundo "só precisa sobreviver ao inverno".

"Em algum momento, a sociedade tem que se abrir. Quando abrirmos, haverá um período com um aumento nas infecções, e é por isso que o inverno provavelmente não é a melhor época", explicou.

Mundo registra recorde de casos

O mundo registrou um novo recorde de casos de covid-19 em 24 horas, com 2,59 milhões de infecções registradas. Os dados são de ontem e foram divulgados hoje pelo Our World in Data, projeto ligado à Universidade de Oxford.

A atual onda da epidemia iniciou-se no final de 2021 com a chegada da variante ômicron, consideravelmente mais contagiosa que as anteriores.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) na Europa, o aumento de sua circulação pode favorecer o surgimento de novas variantes mais perigosas.

Embora a gravidade da ômicron pareça limitada, ela está causando um aumento nas licenças médicas e transtornos em vários setores, incluindo o da saúde.

Em resposta ao tsunami da ômicron, governos impuseram novas restrições e incentivaram o teletrabalho, ao mesmo tempo que pressionavam os não vacinados.

Apesar de tudo, a extrema contagiosidade da variante ômicron não foi acompanhada por um aumento significativo de mortes.

Desde que o vírus foi detectado em dezembro de 2019, a pandemia matou mais de 5,4 milhões de pessoas, de acordo com contagem da AFP baseada em dados oficiais.

* Com informações da AFP

 

HISTÓRIA QUE A MINHA MÃE CONTA- A EDUCAÇÃO QUE VEM DE CASA

 

HISTÓRIA QUE A MINHA MÃE CONTA- A EDUCAÇÃO QUE VEM DE CASA

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.HISTÓRIA QUE A  MINHA MÃE CONTA.  
A EDUCAÇÃO QUE VEM DE CASA 

Conta a minha mãe, que um jovem de 18anos de idade encontrava-se preso ,  de vez em quando   levava correções dos seus algozes , diziam que eram  necessárias para corrigir  aqueles que se  apoderam do que é dos outros.

Certa manhã o jovem chamou o delegado e suplicou a presença de seus pais, principalmente da sua mãe.

O delegado após relutâncias resolveu atendê-lo, fez chegar até ao jovem os seus genitores.

Chegaram, foram à sala do delegado, identificaram-se e por último adentraram à cela do  adolescente.

Em respeito   o delegado informou que se retiraria para um melhor diálogo familiar.  Num rompante incompreensível  o jovem
falou ao delegado que aquela atitude não era a desejada, inclusive queria que convocasse todos os seus algozes  e assim foi procedido. Todos  na sala, a familia, o delegado e   os soldados.    O presidiário começou o seu relato

Sentado , voz trêmula e baixa,  olhos em lágrimas e moralmente abatido lamentou a sua situação, o seu estado educacional, a sua personalidade e os conceitos sedimentados em sua mente, todos plantados, colhidos  e praticados durante o convívio familiar.

De repente  levantou-se, arregalou os grandes olhos, trancou a cara e com o dedo em riste apontado para os pais, vociferou:

"Velhos desatenciosos, irresponsáveis, mentirosos e desonestos     vejam como hoje me  encontro, sem rumo e sem prumo, atordoado"


O delegado fez menção de intervir, o jovem retrucou.

"Não seu delegado, preciso falar,  preciso dizer algumas coisas. Enxerguem o filho que os senhores botaram no mundo e como criaram, vejam como hoje estou, enjaulado como se fosse um bicho,  alheio à socialização.

Fez uma pausa e continuou:

"Velhos levianos, o que os senhores faziam quando eu chegava em casa com objetos  não comprados pelos senhores? bolas e carrinhos  que nem sabiam de onde vinham?.

 O que faziam quando eu saía , dizia que ia estudar e os senhores nunca foram até a minha escola , não queriam saber das minhas notas, nunca  conversaram com os professores, nem sabiam onde eu estudava, aliás nunca se sentaram para me orientar"

Parou, respirou e com o olhar distante deu continuidade ao seu relato.

"Seu delegado , com 14 anos de idade, quando não dormia em casa , dizia que dormia nas casas dos amigos e eles nunca questionaram quem eram, onde moravam, o que faziam e quem eram os seus pais. 

Comecei a trazer dinheiro, bicicletas, relógios , jóias , roupas  e produtos alimentícios . Ficavam com parte do dinheiro,  mostravam-se satisfeitos, enchiam a  barriga , não perguntavam de onde vinham e como eram adquiridos. 

Assistiam os piores programas de televisão e achavam  corretos. Viam  filmes   de assaltos, roubos, sexos e de falcatruas, só assistiam programas deseducadores .

 Votavam em homens reconhecidamente desonestos  e corruptos, achavam que este comportamento era normal, era sabedoria, eram homens espertos, eram os seus exemplos.

Quantas e quantas vezes chegavam os cobradores e eles diziam : " diga que não estamos, que estamos trabalhando, que não sabe a hora que chegaremos .

Não esqueço de um fato muito vergonhoso, um dia cheguei em casa, beirava os 14 anos de idade,  minha mãe se aproximou e com a voz baixa  falou."

"Filho, pule o muro de seu Idelfonso, o vizinho, pegue uma galinha, quero fazer um escaldado para o jantar."

O Velho logo retrucou balbuciando:

"Cuidado, bote uma mão no bico , a outra nas asas para não fazer zoada e não dispertar seu Idelfonso"
 

"Obedientemente tirei a  sandália , pulei o muro, como se fosse um gato e   fui até o galinheiro nas pontas dos pés.  Silenciosamente, para não perturbar as outras e nem seu Idelfonso,  peguei uma gorda galinha , voltei para casa, mãe e pai já estavam com a água no fogo para pelarem o animal. 

Pelaram , botaram as penas e os miúdos  num saco e mandaram jogar lá do outro lado da rua, lá embaixo, bem longe, para que não houvesse nenhuma desconfiança por parte do vizinho. 

Comemos o escaldado. No outro dia seu Idelfonso foi até a minha casa, estava eu, meu pai e minha mãe, o homem  indagou se eles haviam visto uma galinha no seu quintal,  de imediato, na bucha foram logo dizendo:

"Nem de galinha nós gostamos, aqui há muito que não se come galinha seu Idelfonso". Fiquei impressionado com tamanha mentira, fiquei de boca aberta e achava que ludibriar  era o correto, era esperteza.

Encerrou o seu depoimento e visivelmente abatido se dirigiu ao delegado.


"Seu delegado eu mereço estes  castigos, pois
se naquela época os meus pais tivessem bons comportamentos , acompanhado a minha trajetória  escolar , corrigido as más atitudes, puxado as minhas orelhas ou aplicado  correções  simbólicas e  sem raivas,   se falassem a verdade tenho certeza que não seria o indivíduo que sou . Hoje eu sou um moleque, um safado, ninguém me respeita, não compreendo o que é ética, vivo à margem, sou um  ninguém , eu não sou nada,  sou um  desonesto, eu tenho vergonha dos meus atos."

Pode bater, eu mereço.  Vou perdoar estes velhos desequilibrados  , porém sumam de minhas vistas, desapareçam de minha vida , dela eu sei cuidar, um dia serei escutado como homem.

O delegado e os soldados após este relato foram abaixando a cabeça, diminuindo de tamanho, atônitos e pálidos levaram os lenços até os olhos, enxugaram os prantos.

O delegado com a  voz trêmula explanou o seu veredicto:

"Soldados, o homem tem cura, o homem não é ruim como se pensava, o garoto tem jeito, não foi bem orientado, o problema foi no seio familiar. 

Menino a partir de hoje tu terás um pai, uma mãe, irmãos e uma família, terás um lar."
                                                    SSa, 18 de Setembro de 1988

Iderval Reginaldo Tenório 

 

Esta história a minha mãe conta para justificar  os tratamentos duros que muitos pais dão aos seus filhos, notadamente  no seio familiar e que repercutem na socialização , na formação do caráter e da personalidade . Servem também para que os pais não fiquem traumatizados diante dos modernos conceitos psicológicos impostos pela sociedade e que muitas vezes são insuficientes , o que proporciona  o desvio de comportamento, conduta e ética do ser humano.
Enfatiza a minha mãe que , primeiro o diálogo, depois o diálogo, por último o diálogo, na sua ausência , o amor dos genitores : corretivos exemplares sem ferir o Eu do educando.
Um dia os filhos agradecerão e como agradecerão.

Salvador, 18 de setembro de 1988

Iderval Reginaldo Tenório

Luiz Gonzaga - Farinhada - YouTube

Música do CD: Luiz Gonzaga – 50 Anos de Chão.
YouTube · Geylsson Ylsson · 24 de fev. de 2016

HISTÓRIA QUE MINHA MÃE CONTA- A EDUCAÇÃO QUE VEM DE CASA

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A EDUCAÇÃO QUE VEM DE CASA 

Conta a minha mãe, que um jovem de 18anos de idade encontrava-se preso ,  de vez em quando   levava correções dos seus algozes , diziam que eram  necessárias para corrigir  aqueles que se  apoderam do que é dos outros.

Certa manhã o jovem chamou o delegado e suplicou a presença de seus pais, principalmente da sua mãe.

O delegado após relutâncias resolveu atendê-lo, fez chegar até ao jovem os seus genitores.

Chegaram, foram à sala do delegado, identificaram-se e por último adentraram à cela do  adolescente.

Em respeito   o delegado informou que se retiraria para um melhor diálogo familiar.  Num rompante incompreensível  o jovem
falou ao delegado que aquela atitude não era a desejada, inclusive queria que convocasse todos os seus algozes  e assim foi procedido. Todos  na sala, a familia, o delegado e   os soldados.    O presidiário começou o seu relato

Sentado , voz trêmula e baixa,  olhos em lágrimas e moralmente abatido lamentou a sua situação, o seu estado educacional, a sua personalidade e os conceitos sedimentados em sua mente, todos plantados, colhidos  e praticados durante o convívio familiar.

De repente  levantou-se, arregalou os grandes olhos, trancou a cara e com o dedo em riste apontado para os pais, vociferou:

"Velhos desatenciosos, irresponsáveis, mentirosos e desonestos     vejam como hoje me  encontro, sem rumo e sem prumo, atordoado"


O delegado fez menção de intervir, o jovem retrucou.

"Não seu delegado, preciso falar,  preciso dizer algumas coisas. Enxerguem o filho que os senhores botaram no mundo e como criaram, vejam como hoje estou, enjaulado como se fosse um bicho,  alheio à socialização.

Fez uma pausa e continuou:

"Velhos levianos, o que os senhores faziam quando eu chegava em casa com objetos  não comprados pelos senhores? bolas e carrinhos  que nem sabiam de onde vinham?.

 O que faziam quando eu saía , dizia que ia estudar e os senhores nunca foram até a minha escola , não queriam saber das minhas notas, nunca  conversaram com os professores, nem sabiam onde eu estudava, aliás nunca se sentaram para me orientar"

Parou, respirou e com o olhar distante deu continuidade ao seu relato.

"Seu delegado , com 14 anos de idade, quando não dormia em casa , dizia que dormia nas casas dos amigos e eles nunca questionaram quem eram, onde moravam, o que faziam e quem eram os seus pais. 

Comecei a trazer dinheiro, bicicletas, relógios , jóias , roupas  e produtos alimentícios . Ficavam com parte do dinheiro,  mostravam-se satisfeitos, enchiam a  barriga , não perguntavam de onde vinham e como eram adquiridos. 

Assistiam os piores programas de televisão e achavam  corretos. Viam  filmes   de assaltos, roubos, sexos e de falcatruas, só assistiam programas deseducadores .

 Votavam em homens reconhecidamente desonestos  e corruptos, achavam que este comportamento era normal, era sabedoria, eram homens espertos, eram os seus exemplos.

Quantas e quantas vezes chegavam os cobradores e eles diziam : " diga que não estamos, que estamos trabalhando, que não sabe a hora que chegaremos .

Não esqueço de um fato muito vergonhoso, um dia cheguei em casa, beirava os 14 anos de idade,  minha mãe se aproximou e com a voz baixa  falou."

"Filho, pule o muro de seu Idelfonso, o vizinho, pegue uma galinha, quero fazer um escaldado para o jantar."

O Velho logo retrucou balbuciando:

"Cuidado, bote uma mão no bico , a outra nas asas para não fazer zoada e não dispertar seu Idelfonso"
 

"Obedientemente tirei a  sandália , pulei o muro, como se fosse um gato e   fui até o galinheiro nas pontas dos pés.  Silenciosamente, para não perturbar as outras e nem seu Idelfonso,  peguei uma gorda galinha , voltei para casa, mãe e pai já estavam com a água no fogo para pelarem o animal. 

Pelaram , botaram as penas e os miúdos  num saco e mandaram jogar lá do outro lado da rua, lá embaixo, bem longe, para que não houvesse nenhuma desconfiança por parte do vizinho. 

Comemos o escaldado. No outro dia seu Idelfonso foi até a minha casa, estava eu, meu pai e minha mãe, o homem  indagou se eles haviam visto uma galinha no seu quintal,  de imediato, na bucha foram logo dizendo:

"Nem de galinha nós gostamos, aqui há muito que não se come galinha seu Idelfonso". Fiquei impressionado com tamanha mentira, fiquei de boca aberta e achava que ludibriar  era o correto, era esperteza.

Encerrou o seu depoimento e visivelmente abatido se dirigiu ao delegado.


"Seu delegado eu mereço estes  castigos, pois
se naquela época os meus pais tivessem bons comportamentos , acompanhado a minha trajetória  escolar , corrigido as más atitudes, puxado as minhas orelhas ou aplicado  correções  simbólicas e  sem raivas,   se falassem a verdade tenho certeza que não seria o indivíduo que sou . Hoje eu sou um moleque, um safado, ninguém me respeita, não compreendo o que é ética, vivo à margem, sou um  ninguém , eu não sou nada,  sou um  desonesto, eu tenho vergonha dos meus atos."

Pode bater, eu mereço.  Vou perdoar estes velhos desequilibrados  , porém sumam de minhas vistas, desapareçam de minha vida , dela eu sei cuidar, um dia serei escutado como homem.

O delegado e os soldados após este relato foram abaixando a cabeça, diminuindo de tamanho, atônitos e pálidos levaram os lenços até os olhos, enxugaram os prantos.

O delegado com a  voz trêmula explanou o seu veredicto:

"Soldados, o homem tem cura, o homem não é ruim como se pensava, o garoto tem jeito, não foi bem orientado, o problema foi no seio familiar. 

Menino a partir de hoje tu terás um pai, uma mãe, irmãos e uma família, terás um lar."
                                                    SSa, 18 de Setembro de 1988

Iderval Reginaldo Tenório 

 

Esta história a minha mãe conta para justificar  os tratamentos duros que muitos pais dão aos seus filhos, notadamente  no seio familiar e que repercutem na socialização , na formação do caráter e da personalidade . Servem também para que os pais não fiquem traumatizados diante dos modernos conceitos psicológicos impostos pela sociedade e que muitas vezes são insuficientes , o que proporciona  o desvio de comportamento, conduta e ética do ser humano.
Enfatiza a minha mãe que , primeiro o diálogo, depois o diálogo, por último o diálogo, na sua ausência , o amor dos genitores : corretivos exemplares sem ferir o Eu do educando.
Um dia os filhos agradecerão e como agradecerão.

Salvador, 18 de setembro de 1988

Iderval Reginaldo Tenório

Luiz Gonzaga - Farinhada - YouTube

Música do CD: Luiz Gonzaga – 50 Anos de Chão.
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

HISTÓRIAS QUE A MINHA MÃE CONTA- O CUIDADOR

 

HISTÓRIAS QUE A MINHA MÃE CONTA- O CUIDADOR

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  Minha mãe alagoana de  98 anos de idade . Senhora digna de um  documentário , pela sabedoria ,  vivencia e desenvoltura em diversos temas. 
 Mãe de 12 filhos, avó de mais de 30 e bisavó de uns 12. 
Sabe  e fala de tudo, sempre que discutimos temas jurídicos polêmicos  ela tem  uma história para contar. 
Este foi um dos contos narrado por  minha mãe, achei prudente colocar no blog.  
O tema continua polêmico e sem solução.

Iderval Reginaldo Tenório


                                                O CUIDADOR
 
              Conta a minha mãe , que uma menina de 12 anos chegou em casa vindo da escola , estranhou a ausência do querido pai na hora do  almoço.  Foi até a mesa, sentou, levantou, foi até a porta da rua, olhou para um lado ,  para o outro e nada do genitor, foi até a cozinha, descobriu as panelas e  engasgada indagou para a genitora: 

                              "Por onde onda o meu pai? ."

                  Recebeu como resposta um balançar da cabeça  e a esperança que estava  a caminho . A espera foi em vão, veio a tarde e nenhum paradeiro do humilde  trabalhador.

               A filha  foi até o seu trabalho ,   foi informada  que até aquele momento  o seu pai não havia comparecido , já tinha  levado falta e  pela cara do apontador    poderia perder o   emprego , pois é inadmissível que numa segunda feira, o primeiro dia da semana,  um trabalhador falte ao serviço. 

             A menina  não esmoreceu, procurou os familiares mais próximos, rodou os hospitais, os postos de saúde, foi até a rodoviária, compareceu ao cemitério e nada do seu  amado pai. 

                 A sua última cartada, a sua última visita, mesmo contra a sua vontade,  pois jamais imaginaria o encontrar naquele lugar,  foi à  delegacia.   Ao chegar encontrou o seu pai na única cela que existia, sala pequena, escura,  com menos de  8 metros quadrados, uma alta janela de meio metro, uma lata velha de querosene como latrina, um portão de ferro gusa, meia dúzia de pregos como cabides, cinco ou seis buracos na parede para colocar os pertences e mais 06(seis) brutamontes nus da cintura para cima, as vestes cobriam apenas as partes pudenda.´

           As lágrimas  vieram ao inocente rosto , não conseguiu chegar ao pai, a sua idade não permitia dantesca cena.  Foi ao delegado e quis  saber qual o pecado contra a sociedade praticado pelo seu genitor. O delegado foi até o livro de ocorrências, até o caderno de queixas e falou.
   
    "Atentado contra um menor, o seu pai infringiu  o estatuto do adolescente e da criança , deve pagar por este crime."

             A menor insistiu no que significava, o que o seu pai havia feito, qual o seu crime.

                 O delegado sem medir as palavras,   informou que aquele homem havia surrado uma criança  naquela manhã , fora denunciado por um  diligente e cuidadoso vizinho,      antes que chegasse ao seu trabalho, ao sair da escola municipal do seu bairro  a viatura o prendeu ,  inclusive  já tem  ordem de envia-lo para a capital,  corre o risco de morrer, uma vez que os detentos não gostam de quem bate  ou molesta crianças .            


             A criança caiu em prantos, não aguentou tamanha notícia, para ela era o fim do mundo, aquele fato fora o pior golpe já presenciado nos seus 12 anos de vida.

           Com a voz firme , compassada, sopesada e cheia de emoção assim se dirigiu ao ao homem da lei.
 
          "Quem vai pagar as contas lá de casa,  a luz, a água, a minha escola, o meu pão, o remédio de vovó, quem vai consertar a casa de titia, a carroça do Tadeu , quem vai pintar a fachada da igreja do bairro, quem vai capinar a roça do vovô nos domingos e feriados, com quem eu vou para a igreja aos domingos à noite agradecer a Deus a felicidade de estar viva, com saúde, de barriga cheia e vendo meu pai  cumprindo com o seus deveres de cuidador, de preocupado e provedor? quem seu delegado, quem?"

             Enxugou as lágrimas, tomou um gole d'agua e continuou o seu relato para o atencioso delegado.

             "O que houve seu delegado, o que houve hoje não foi uma agressão de  um homem para com um menor , foi  sim o cuidado de um zeloso pai para com um desobediente filho.  O que aconteceu foi que  ao acordar , eu não queria ir para a escola, eu estava cansada, pois fui dormir muito tarde e tinha combinado com uma colega, a minha vizinha,  que quando meu pai saísse,  nós iríamos para a beira do rio tomar banho com três garotos que ela conheceu no parque, todos da capital, dois eram  maiores de idade , eles prometiam muitas coisas boas para nós e fiquei curiosa. 

               O meu pai todos os dias me acorda cedo, vai á padaria comprar o pão, mãe faz o café, depois pai me deixa na escola e vai para o seu trabalho, neste dia depois de muita insistência e recusa por minha parte, ele perdeu a paciência , acredito que mandado por Deus , puxou as minhas orelhas e disse que só a escola salva o pobre, só o saber é capaz de tirar o homem da miséria, só o estudo é capaz de melhorar o seu nível social, só ele é quem sabe o que está passando por ser analfabeto,  por ser criado sem pai e sem mãe, sem ter acesso à escolaridade, só a escola e a família pode tirar o pobre do atoleiro, ele como pai não iria deixar a sua única filha tomar o caminho errado . 

               Provavelmente  neste momento o vizinho do 68, pai da minha amiga, um homem  que nada faz, vive bebendo , olhando para a vida dos outros veio e sem saber o que estava acontecendo  denunciou o que não viu e o que não existiu,   pois não estava presente, irresponsavelmente fez esta queixa.  

             Seu delegado,  o meu pai não me bateu, ele apenas fez o que qualquer pai de juízo faria, ele aplicou um corretivo após muitas reclamações e conselhos, puxou uma das minhas orelhas e graças  a este alerta eu não caí naquela armadilha.  Meu pai foi atencioso, foi eficaz e fez o papel daquele que gosta, daquele que se preocupa com o futuro da família, ele fez o papel de  cuidador, porque quem cuida ama, quem cuida gosta, quem cuida espera um futuro melhor para com os seus filhos.  Meu pai seu delegado é um herói, solte este batalhador , ele cumpriu com a sua obrigação, feliz é o filho que tem um pai igual ao meu, feliz."


            O Delegado diante de tão efusivo apelo, não conteve as emoções, abraçou aquela criança, lembrou do seu velho pai que muitas sovas havia lhe dado, pensou no hoje ser um grande delegado, um homem de respeito e tudo devia ao seu duro pai, ao seu abnegado genitor, muitas vezes incompreendido nas horas das correções, mas que valeu a pena. 

               Não contou conversas, antes do anoitecer foi lavrado um termo de soltura e antes do por do sol foi até a cela, retirou o humilde e cabisbaixo cidadão, entregou os ínfimos pertences, o abraçou, pediu desculpas,  e juntos, delegado, pai e filha  no carro particular da autoridade    fizeram questão de comparecer ao serviço do pai, colocado em pratos limpos o acontecido e tomaram o destino do humilde e aconchegante seio familiar.

              Esta história  minha mãe conta  para mostrar que o diálogo é a melhor maneira de educar, para mostrar que deve os pais insistirem na civilidade até o extremo , porém  uma vez falhado o diálogo, tem que partir para uma medida mais enérgica , uma conduta concreta , nem sempre um castigo é crime ou é pecado, muitas vezes é o norteador de um brilhante futuro, muitas vezes é a salvação de uma família. 

               Cabe ao filho entender, cabe ao filho enxergar aquela atitude dura, aquele momento difícil, muitas vezes mais  para o pai do que para o filho  .  Na grande maioria das vezes  detestada no presente  ,e só valorizada  no futuro quando o filho passa a entender o quanto era importante as sábias palavras do vigilante mestre, do preocupado pai, só  quando na mente brota e prolifera   um sentimento de  lamentação ao perder a chance de ser respeitado pela sociedade , um sentimento de impotência que não volta mais  e na sua mente fica gravado o seguinte refrão para o resto da vida:

"AH !SE EU TIVESSE ESCUTADO OS MEUS PAIS!  AH! SE EU TIVESSE ESCUTADO, TENHO CERTEZA QUE A MINHA VIDA SERIA OUTRA"

                            Assina- O filho que não escuta os seus pais



Iderval Reginaldo Tenório
  12 de dezembro de 2000

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