quinta-feira, 6 de novembro de 2025

A Universidade é a desigualdade entre gênero e raça.

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Nesta participação, falarei da   'Demografia Médica no Brasil 2025, revelou      que 29,2% dos estudantes de Medicina são negros. 

 

Enedina Alves Marques  foi a  primeira mulher negra a se formar em  engenharia civil no Brasil. Colou grau em 1945, pela Universidade Federal do Paraná , aos 32 anos.

Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil, colou grau pela  Faculdade de Medicina da Bahia em 1909, a única mulher numa turma de 48 formandos,  foi  a  primeira professora negra da Faculdade, na cadeira de Obstetricia.  Desafiou  a ideia, de que,  a cirrose hepática, era uma degeneração racial, próprio dos negros. Foi marcada pela luta e pela superação, inspirando os seus descendente e outros negros a ingressarem nos cursos de saúde.

50, 1% dos médicos  no Brasil são mulheres,  no entanto  médicas e médicos negros (pretos e pardos),  dados recentes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e IBGE,  apontam que profissionais que se autodeclaram pretos representam apenas cerca de 3% do total de médicos. 3% dos médicos no Brasil se declaram pretos, 24% se declaram pardos e a   maioria (cerca de 70%) se declara branca.

 


O  Ministério da Educação (MEC)  mostra que  59,1% (5,9 milhões) das cerca de 10 milhões de matrículas no nível superior e deste grupo,  59,4% são negras. As mulheres negras representam o maior grupo entre estudantes de universidades públicas no Brasil, uma mudança significativa em comparação com anos anteriores e buscam a excelência na qualificação profissional. Apesar do crescimento na graduação, a ascensão a  professoras e pesquisadoras na  pós-graduação ainda é baixa.

" A atuação de professoras negras ajuda a "descolonizar" o currículo, inserindo intelectuais negros e valorizando outras visões de mundo na produção acadêmica."   

Mesmo sendo maioria enfrentam desafios de sub-representação em certas áreas e no topo da carreira acadêmica. Cai  nas áreas Ciência, Tecnologia, Computação, Engenharia e Matemática (STEM) para 15,5%, em cargos de maior destaque como reitoras e pesquisadoras de ponta. No   mercado de trabalho é marcada por desigualdades salariais e violência de gênero.

A presença de professoras negras nas universidades brasileiras é marcada por sub-representação, apesar do aumento de estudantes negros, devido a políticas de inclusão. Mas vem crescendo e contribuindo para a descolonização do conhecimento.

  • No  Ensino superior apenas 21% se autodeclaram pretos ou pardos, uma proporção inferior à da população brasileira (55,5% segundo o Censo 2022).

       No Pós-graduação menor ainda, 3% onde doutoras negras se autodeclaram pretas          

  • "As professoras negras trazem novos saberes para a sala de aula, valorizando referências de intelectuais negros e práticas pedagógicas africanas, e criticando o currículo eurocêntrico.
  • A presença de professoras negras facilita a identificação dos alunos, principalmente de estudantes negras, que se sentem mais confiantes para buscar questões relacionadas à diversidade étnico-racial com docentes negras.
  • Essas profissionais contribuem para a produção de conhecimento crítico, por meio de artigos, pesquisas e atividades de extensão que valorizam a visão de outros sujeitos." 

 Professoras negras em todo o Brasil, não existe um número exato..

Trabalhos  de 2022/23  indicam uma sub-representação significativa: 

  • Ensino Superior: Dados de 2022 do Inep revelam que entre 58 mil professores negros no ensino superior, 26.770 são mulheres negras, de 2016 a 2019, a presença de mulheres negras na graduação aumentou de 15,2% para 16,9%. Homens negros: 31.541 .  Professores brancos: 176.778 
  • Pós-graduação: Em 2023, mulheres negras e indígenas somavam apenas 2,5% do total de professores de pós-graduação. 
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  •      DAS DESIGUALDADES E ANTOS DE INCLUSÃO  

"·  Desigualdade racial: A falta de representatividade de professoras negras no ensino superior e na pós-graduação reflete a desigualdade racial e a falta de diversidade no ambiente acadêmico.

·  Políticas de cotas: Embora as políticas de cotas tenham ampliado o acesso de estudantes negros às universidades, a presença de professores negros permanece aquém da realidade demográfica do país.

·  Hierarquia: A pesquisa aponta que mulheres negras e indígenas estão em desvantagem em relação aos homens brancos e mulheres brancas no corpo docente. "

 

 

 UFRJ(RIO DE JANEIRO) e UFF (FLUMINENSE)

"A partir de referenciais do feminismo negro, da perspectiva interseccional e dos estudos étnicoraciais no Brasil, problematizam-se o racismo e o sexismo na academia brasileira com base na caracterização e análise da presença/ausência de professoras negras em programas de pós-graduação em ciências da saúde de duas universidades federais fluminenses.

A entrada para a docência no Ensino Superior permeia-se como sendo um espaço para poucos, tendo, geralmente, um perfil de seus membros: homens, brancos e de origens abastadas. O cenário brasileiro de ascensão social é pré-determinado por fatores como gênero, raça e classe. Tendo sido um dos países que aboliu a escravatura mais tardiamente em todo o planeta, o Brasil colhe suas escolhas apresentando um esmagador quadro de sub-representatividade: são poucas as mulheres presentes na docência do Ensino Superior, e ainda menos as mulheres negras. Os presentes trabalhos, portanto, aborda essa sub-representação de raça e gênero no âmbito acadêmico, lançando mão de uma pesquisa primordialmente bibliográfica com eventuais levantamentos quantitativos. " UFRJ e UFF". 

Encerro com depoimento de um professor negro brasileiro num grande hospital nos EUA.

 

“A foto que eu tenho com mais médicos negros é em Harvard, não é no Brasil”, comenta o neurocirurgião Dr. Júlio Pereira.

“Faz pouco, estando de paletó no corredor do hospital, muitas pessoas vieram me parar para pedir informação. Sem o jaleco branco, virei segurança.”

Iderval Reginaldo Tenório.

 

 

 

 REFERENCIAS  BIBLIOGRÁFICAS.

UFRJ.  UFF.  MEC. CRM. CFM. 

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