Prefácio
Luiz Gonzaga e sua religiosidade
Livro do Dr.Antonio Costa
Prefaciar uma obra de grande importância para a cultura, costumes, religiosidade e o social brasileiro, notadamente para as regiões mais sofridas do país, a população invisível, é tarefa hercúlea e de grande responsabilidade, principalmente vindo da lavra do Dr Antonio Francisco Costa, natural de Penedo, Alagoas, um dos maiores conhecedores das coisas do nordeste e do Rei Luiz Gonzaga, tendo como uma das fontes o Mestre José Nobre De Medeiro, paraibano de Campina Grande, o mais dinâmico fomentador da “OBRA GONZAGUIANA” e da cultura musical nordestina.
Luiz Gonzaga e sua religiosidade é uma obra complexa e de múltiplas faces, é uma fonte de informações e que documenta além da Religiosidade do Rei Luiz Gonzaga, documenta a sua ligação com o Criador.
Nesta trajetória com o Divino, perpassa pelas grandes festas dos santos padroeiros e padroeiras, atravessa as grandes cidades, os acontecimentos, as grandes obras em prol do povo e os homens públicos responsáveis. Mergulha na formação, sofrimento, seca, fome e sede de um povo, que entrega as soluções na crença nos seus protetores canonizados, como Nossa Senhora da Penha, Nossa Senhora Aparecida, São Sebastião, Santa Luzia, São José, João Paulo II, São João, São Pedro, Santo Antonio e nos não canonizados Frei Damião e Padre Cícero Romão Batista, depositando nestas divindades as suas esperanças por dias melhores, principalmente na saúde. Basta atentar para as promessas efetuadas. As raízes do Luiz Gonzaga estão fincadas nestes solos sociais por mais de dois séculos e com elas, absorveu todos os nutrientes necessários para a sua cultura.
Documenta a trajetória do menino Luiz Gonzaga do Nascimento, os porquês de cada fato, de suas origens genealógica e geográfica, da Chapada do Araripe, divisa do Ceará com Pernambuco e do seu retorno à terra natal, já com a coroa de o Rei do Baião.
Neste trabalho, o autor mostra a preciosidade e autenticidade do Luiz Gonzaga, que extrapolou em muitos vieses as Músicas executadas no Brasil naquela época, como valsas, boleros, mazurcas, fox-trots e tangos, dando visibilidade aos ritmos autóctones e criando um ritmo próprio, o Baião, sendo um dos alicerces da Música Popular Brasileira, como o forró, maracatu, xote e o xaxado.
Enfatiza a qualidade gratidão, quando destaca os seus grandes parceiros: Miguel Lima (Xamego e Dezessete e setecentos), Humberto Teixeira (Asa Branca e Respeita Januário), José Dantas( A volta da Asa Branca e Xote das Meninas), João Silva(Nem se despediu de mim, Viva Meu Padim, e "Danado de Bom", Patativa do Assaré(A triste Partida), Marcolino("Numa Sala de Reboco" e "Projeto Asa Branca", Onildo Almeida("A Feira de Caruaru e "Regresso do rei"), José Clementino do Nascimento("Xote dos Cabeludos", "O Jumento é Nosso Irmão" e "Apologia ao Jumento") e aos demais em todo o Brasil.
Mostra a importância da Sanfona para o Rei do Baião e para milhares de artistas brasileiros, notadamente os cantores e os safoneiros.
Nesta obra o leitor passa a compreender a ligação do Luiz com Deus, os homens canonizados, os não canonizados e os beatificados. O Antonio Costa mergulha nesta seara, demonstrando a importância da voz no canto religioso, a produzir sons musicais, variando de acordo com a melodia e o ritmo. Faz uma ligação matrimonial dos instrumentos musicais com a voz, no seu caso, a Sanfona, que funciona como um verdadeiro tapete dando sustentação e consistência aos cantos religiosos.
Fato importante é quando aventa como se forja e o que é um santo. Relata que a canonização é um ato pétreo para a Igreja e um fato relativo para o povo, uma vez que muitos não santificados, são santos para milhões de pessoas, independente da posição da Igreja católica, é o caso no nordeste do Frei Damião e do Padre Cícero do Juazeiro do Norte, no Sul do Ceará, o que mais pesa é a Fé.
Para os homens da música o Luiz Gonzaga já é considerado um santo, pois mesmo depois de falecido, ainda alimenta milhões de bocas por todo o Brasil. O gênio do Baião gerou, criou, alimentou e passou os ensinamentos para milhões de músicos de todos os níveis sociais e culturais da nação, tudo fruto de sua voz, dos temas musicais, das origens e da abençoada Sanfona, o que já se configura um verdadeiro milagre, chegando à conclusão de que Luiz sem a sanfona não seria Luiz e a sanfona sem Luiz não prosperaria no Brasil como nos dias atuais. Cultuam que Luiz continua vivo, uma vez que fundou a religião musical, cultural e social GONZAGUIANA, que como o sol, reverbera prosperidade, alegria e felicidade para todos os recantos e grotões do país.
O autor é claro quando coloca o Rei Luiz, como uma ligação de Deus com o povo e a natureza, ao incrementar a fé, a elevação do nordestino abandonado a gente, a cidadão respeitado e visível em todo o país, principalmente pela força, caráter, trabalho, vontade de vencer e honestidade.
Na obra do Antonio Costa encontram-se todas letras das músicas do LUIZ GONZAGA e as suas parcerias, com os respectivos compositores.
Faz uma imersão nos principais eventos do sertão nordestino, como a Romaria do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte-Ce e a Missa do Vaqueiro em Serrita-Pe, em homenagem a Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga, assassinado naquela cidade.
É uma obra abençoada, esperada, enriquecedora e eclética, que mostra que o Rei Luiz Gonzaga não é um rei à toa, não é um rei qualquer, é um rei de todo o Brasil, um rei da nação Nordestina, que leva ao público mensagens de esperanças enviadas por Deus e todos os Santos.
É socialógico, ecológico, antropológico, filosófico, religioso, cultural e eclético, independente do credo, sexo, etnia, preferência política, nível econômico, cultural e social. Provavelmente um dos enviados de Deus para trazer cidadania, harmonia, paz e para proporcionar igualdade e equanimidade para a humanidade, aos animais não humanos, os inanimados, à natureza e aos seus fenômenos.
Uma obra humana que trás à tona a história das artes, da religiosidade, da fé, da esperança e dos porquês da grandeza de São Luiz Gonzaga do Nascimento para a nação Nordestina e porque o Rei é Rei.
Iderval Reginaldo Tenório

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