NA BEIRA DA ESTRADA –
Sento-me à beira da estrada para conversar com as pedras e trocar ideias com tantas folhas caídas à sua margem. Pequenos grilos cantam canções que só eles sabem cantar. Poucos, como eu, as entendem. Borboletas cirandeiam alegres e felizes, colorindo o céu azul, embotado por manchas brancas que alguns chamam de nuvem.
Fico a enxergar grandeza nas pequenices que vejo. Um vento sussurra que a chuva está por chegar e me apresso em busca de proteção. Desisto. Faz tempo que não vejo a chuva cair e estou com saudades. Deixarei que os seus pingos me contem segredos guardados no infinito e só revelados a quem, como eu, não teme futuros e vive presentes.
O peito nu é minha camisa e os cabelos, brancos, compridos e assanhados, meu chapéu. Chuva finda, peito aberto, corpo molhado, despeço-me das amigas pedras, abraço as folhas e sigo o caminho rumo às alegrias vindouras. Acompanha-me sorridente um raio de sol pós-chuva, se encaminhando para compor o primeiro arco-íris do dia. Ele, o astro-mor, já brilhante no alto, me deseja um bom dia e eu sigo. Feliz e agradecido, acompanhado pelo canto bonito de uma sabiá que se achegou ao meu sonho. Sou feliz. A dúvida é saber se mereço tanto ...
Xico Bizerra
Xico Bizerra, nome artístico de Francisco Bizerra ( Crato, Ceará) é um compositor, poeta e produtor musical brasileiro. [1]
Cearense do Crato e está radicado no Recife desde o final dos anos 60, onde veio estudar e trabalhar. Foi funcionário concursado do Banco Central do Brasil por 28 anos, onde se aposentou, tendo desempenhado diversas funções, inclusive a de Inspetor do Departamento de Fiscalização Bancária. Do ponto de vista artístico, Xico vem desenvolvendo um trabalho voltado para a valorização da nossa mais autêntica música regional, sem fazer concessões aos modismos
Luiz Gonzaga - Eu vou pro Crato

Nenhum comentário:
Postar um comentário