quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Desafios à permanência de mulheres na universidade mobiliza Comissão de ...

 

O estudo 'Demografia Médica no Brasil 2025, divulgado na última quarta-feira (30), revelou que 29,2% dos estudantes de Medicina são negros. 

A primeira mulher negra a se formar em uma universidade no Brasil foi
Enedina Alves Marques, que concluiu o curso de engenharia civil em 1945. Em um período marcado por preconceitos raciais e de gênero, ela superou dificuldades para se tornar a primeira engenheira negra do país. 

  • Primeira formação: Enedina Alves Marques se formou pela Universidade do Paraná em 1945, aos 32 anos.
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  • A primeira médica negra do Brasil foi

    Maria Odília Teixeira, que se formou em medicina na Faculdade de Medicina da Bahia em 1909. Ela foi pioneira ao ser a primeira professora negra da instituição e ao abordar em sua tese de conclusão o tema da cirrose, um assunto incomum para as mulheres da época. Sua história inspirou outras gerações, incluindo médicos negros contemporâneos que enfrentam desafios como o racismo no ambiente profissional. 

    Trajetória de Maria Odília Teixeira 

  • Pioneirismo: Tornou-se a primeira médica negra do país e a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da Bahia, onde lecionou Clínica Obstétrica.
  • Contexto histórico: Formou-se em uma época em que o acesso das mulheres à universidade era restrito e a medicina ainda era predominantemente branca.
  • Formação e tese: Era a única mulher em sua turma de 48 alunos e escolheu a cirrose como tema de sua tese, desafiando a ideia de que a doença era uma degeneração racial.
  • Legado: Sua trajetória foi marcada pela luta e pela superação, inspirando sua bisneta e outros profissionais de saúde negra
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  • Em 2025, as mulheres são a

    maioria entre os médicos em atividade no Brasil (50,9%), um marco inédito na história do país. No entanto, a representatividade de médicas e médicos negros (pretos e pardos) na profissão ainda é muito baixa, com dados recentes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e IBGE apontando que profissionais que se autodeclaram pretos representam apenas cerca de 3% do total de médicos. 

    Dados detalhados sobre mulheres médicas negras especificamente:

    Percentual Geral de Médicos Negros: Pesquisas indicam que aproximadamente 3% dos médicos no Brasil se declaram pretos, e cerca de 24% se declaram pardos. A maioria (cerca de 70%) se declara branca 

 

O  Ministério da Educação (MEC) celebra a presença das mulheres na educação superior no Brasil, que representam 59,1% (5,9 milhões) das cerca de 10 milhões de matrículas nesse nível de ensino. Ao considerar o total de ingressantes no ensino superior (cerca de 5 milhões), elas correspondem a 59,4% (2,9 milhões). Os números são do Censo da Educação Superior 2023, edição mais recente da pesquisa estatística divulgada pela pasta e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

 

Mulheres negras são hoje o maior grupo nas universidades públicas brasileiras, resultado de políticas afirmativas como as cotas raciais, que impulsionaram seu acesso

. Apesar do aumento, ainda enfrentam desafios significativos para permanecer na universidade, como a necessidade de conciliar os estudos com responsabilidades financeiras e familiares, além de barreiras como racismo e machismo. A permanência e a conclusão dos cursos são desafios que exigem o fortalecimento de políticas de apoio estudantil. 

Este vídeo discute o avanço das mulheres negras na universidade pública:

 

  • Maioria nas universidades públicas: As mulheres negras representam o maior grupo entre estudantes de universidades públicas no Brasil, uma mudança significativa em comparação com anos anteriores.
  • Eficácia das políticas de cotas: A expansão do acesso é um resultado direto das políticas de cotas raciais e de programas como o ProUni, que visam a inclusão de minorias.
  • Maior qualificação: O aumento da presença de mulheres negras na universidade contribui para a qualificação profissional e para a busca por melhores oportunidades no mercado de trabalho, ajudando a combater a discriminação. 
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Desafios persistentes

  • Dificuldades de permanência: Muitas mulheres negras enfrentam dificuldades financeiras e sociais que tornam a permanência na universidade um desafio, especialmente por precisarem trabalhar ou por serem mães jovens.
  • Sub-representação na pós-graduação: Apesar do crescimento na graduação, a ascensão para posições acadêmicas, como professoras e pesquisadoras, ainda é baixa em comparação com sua representatividade na população brasileira e entre os estudantes de graduação.
  • Necesidade de apoio: Há uma necessidade clara de fortalecer políticas de apoio à permanência dos estudantes negros, como bolsas e auxílios, para que eles consigam concluir seus cursos de graduação. 
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Impacto social e acadêmico

  • Transformação do ambiente acadêmico: A maior presença de mulheres negras na universidade enriquece o ambiente acadêmico ao incluir novas perspectivas, saberes e referências que antes eram excluídos do currículo e da produção de conhecimento.
  • Descolonização da academia: A atuação de professoras negras ajuda a "descolonizar" o currículo, inserindo intelectuais negros e valorizando outras visões de mundo na produção acadêmica.
  • Importância para a sociedade: As mulheres negras são uma força fundamental na economia, cultura e sociedade brasileira, e o acesso à educação superior é um passo crucial para a superação da desigualdade socioeconômica
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  • “A foto que eu tenho com mais médicos negros é em Harvard, não é no Brasil”, comenta o neurocirurgião Dr. Júlio Pereira. “Faz pouco, estando de paletó no corredor do hospital, muitas pessoas vieram me parar para pedir informação. Sem o jaleco branco, virei segurança.” 

 

As mulheres são maioria no ensino superior no Brasil, mas enfrentam desafios de sub-representação em certas áreas e no topo da carreira acadêmica. Elas superam os homens em matrículas e concluintes de graduação, mas essa participação se reduz em áreas como Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), e em cargos de maior destaque como reitoras e pesquisadoras de ponta. A permanência na universidade e no mercado de trabalho também é marcada por desigualdades salariais e violência de gênero.

·  Áreas de estudo:

Há uma menor participação feminina em cursos de Ciências, Exatas e Tecnologia. Em 2022, a participação entre os concluintes de Computação e Tecnologia era de apenas 15%

·  Carreira acadêmica:

A proporção de mulheres diminui em posições de liderança e pesquisa, como na Academia Brasileira de Ciências e entre bolsistas de produtividade. 

·  Mercado de trabalho:

A conquista da universidade não se traduz em igualdade de renda. Mulheres ainda enfrentam desigualdades salariais, mesmo em cargos de direção. 

·  Ambiente acadêmico:

As mulheres ainda enfrentam machismo, desvalorização do conhecimento e outras formas de violência de gênero no ambiente universitário. 

 

A presença de professoras negras nas universidades brasileiras é marcada por sub-representação, mas vem crescendo e contribuindo para a descolonização do conhecimento

. A falta de representatividade é um ponto crítico, com o número de docentes negros sendo muito inferior ao da população negra no Brasil. Esses desafios persistem, apesar de políticas afirmativas e de iniciativas que buscam garantir o acesso e a permanência dessas profissionais no ensino superior. 

Desafios e realidade

  • Baixa representatividade: A porcentagem de professores e professoras negras no ensino superior é baixo, quando comparada à proporção da população negra no país.
  • Barreiras históricas: Fatores como o racismo estrutural, dificuldades financeiras e de permanência na universidade são barreiras que impedem o acesso e a ascensão dessas profissionais. 
  •  

Contribuições e impacto

  • Descolonização do conhecimento: As professoras negras trazem novos saberes para a sala de aula, valorizando referências de intelectuais negros e práticas pedagógicas africanas, e criticando o currículo eurocêntrico.
  • Relevância para estudantes: A presença de professoras negras facilita a identificação dos alunos, principalmente de estudantes negras, que se sentem mais confiantes para buscar questões relacionadas à diversidade étnico-racial com docentes negras.
  • Produção de conhecimento crítico: Essas profissionais contribuem para a produção de conhecimento crítico, por meio de artigos, pesquisas e atividades de extensão que valorizam a visão de outros sujeitos. 
  •  

Ações e futuro

  • Políticas afirmativas: Ações como cotas e cursinhos pré-vestibulares para pessoas negras são importantes para romper com desigualdades e aumentar a diversidade no meio acadêmico.
  • Aperfeiçoamento institucional: É fundamental que as políticas afirmativas sejam constantemente aprimoradas e institucionalizadas para garantir sua eficácia a longo prazo e evitar retrocessos. 

 

A partir de referenciais do feminismo negro, da perspectiva interseccional e dos estudos étnicoraciais no Brasil, problematizam-se o racismo e o sexismo na academia brasileira com base na caracterização e análise da presença/ausência de professoras negras em programas de pós-graduação em ciências da saúde de duas universidades federais fluminenses, UFRJ e UFF. Utilizando informações de sites de 31 Programas de Pós-Graduação (PPG), reconstruíram-se quantitativamente os perfis de gênero e étnico-raciais por universidade e área de avaliação. Identificaram-se 23 professoras negras que ocupam 26 vagas docentes nos PPG analisados. Com base em informações da Plataforma Lattes, também se abordou longitudinalmente a dimensão de estudo. Os resultados assinalam que a presença de professoras negras é de 2% na UFRJ e de 6% na UFF; que ela é maior em áreas relativas aos cuidados e ínfima em áreas de maior prestígio científico e socioeconômico, como medicina. Constata-se o racismo como principal sistema de poder, operando no contexto institucional e disciplinar. Neste último, associado ao sexismo que determina as hierarquias de gênero nas áreas de saúde. Observa-se, também, que as desigualdades de raça se sobrepõem às de gênero no contexto desta pesquisa, confirmando as teses que apontam o epistemicídio dos saberes negros.

 

A entrada para a docência no Ensino Superior permeia-se como sendo um espaço para poucos, tendo, geralmente, um perfil de seus membros: homens, brancos e de origens abastadas. O cenário brasileiro de ascensão social é pré-determinado por fatores como gênero, raça e classe. Tendo sido um dos países que aboliu a escravatura mais tardiamente em todo o planeta, o Brasil colhe suas escolhas apresentando um esmagador quadro de sub-representatividade: são poucas as mulheres presentes na docência do Ensino Superior, e ainda menos as mulheres negras. O presente trabalho, portanto, aborda essa sub-representação de raça e gênero no âmbito acadêmico, lançando mão de uma pesquisa primordialmente bibliográfica com eventuais levantamentos quantitativos, por meio de uma abordagem exploratória e descritiva do quadro, concebendo um histórico do papel da mulher negra na sociedade em geral, do racismo estrutural e institucional que a circunda, bem como da inserção dessas mulheres na academia, e de como encontra-se seu atual panorama. Ao final, constata-se a latente falta de representação destas mulheres negras na docência universitária e da perspectiva de ações afirmativas por parte do Estado para o incentivo de sua participação perante o Ensino Superior.

 

A presença de professoras negras no ensino superior é ainda sub-representada, apesar do aumento de estudantes negros devido a políticas de inclusão

. A sua participação é fundamental para descolonizar o saber acadêmico, introduzir novas referências e metodologias, e atuar como inspiração para futuras gerações. O crescimento é lento e há barreiras significativas devido ao racismo e sexismo, principalmente na pós-graduação. 

Desafios e barreiras

  • Baixa representação: Os números de docentes negros no ensino superior ainda são baixos, sendo que apenas 21% se autodeclaram pretos ou pardos, uma proporção inferior à da população brasileira (55,5% segundo o Censo 2022)
  • Pós-graduação: A sub-representação é ainda mais acentuada na pós-graduação, onde doutoras negras representam apenas 3% de todos os docentes .
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  • A presença de professoras negras no ensino superior é ainda sub-representada, apesar do aumento de estudantes negros devido a políticas de inclusão

    . A sua participação é fundamental para descolonizar o saber acadêmico, introduzir novas referências e metodologias, e atuar como inspiração para futuras gerações. O crescimento é lento e há barreiras significativas devido ao racismo e sexismo, principalmente na pós-graduação. 

    Desafios e barreiras

  • Baixa representação: Os números de docentes negros no ensino superior ainda são baixos, sendo que apenas 21% se autodeclaram pretos ou pardos, uma proporção inferior à da população brasileira (55,5% segundo o Censo 2022)

Não há um número exato para "professora negras" em todo o Brasil, pois os dados variam dependendo do nível de ensino e da fonte da pesquisa

. No entanto, pesquisas recentes indicam uma sub-representação significativa: 

  • Ensino Superior: Dados de 2022 do Inep revelam que entre 58 mil professores negros no ensino superior, 26.770 são mulheres negras.
  • Pós-graduação: Em 2023, mulheres negras e indígenas somavam apenas 2,5% do total de professores de pós-graduação.
  • Representatividade Geral: Embora os dados de 2023 sejam mais recentes, o percentual de professores negros no ensino superior continua baixo, representando 21% do corpo docente, de acordo com o Censo da Educação Superior. 
  •  

Professores negros no Ensino Superior

  • Mulheres negras: 26.770 (dados de 2022)
  • Homens negros: 31.541 (dados de 2022)
  • Total de professores negros: 58.281 (dados de 2022)
  • Número de professores brancos: 176.778 
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Professores negros na Pós-graduação

  • Mulheres negras e indígenas: 2,5% (dados de 2023) 
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Representatividade no corpo docente em geral

  • Percentual de professores negros: 21% (2023)
  • Percentual de brasileiros autodeclarados pretos ou pardos: 55,5% (Censo de 2022) 
  •  

Outros dados

  • Aumento da presença: Entre 2016 e 2019, a presença de mulheres negras na graduação aumentou de 15,2% para 16,9%.
  • Dificuldades na permanência: Mulheres negras enfrentam dificuldades para permanecer na universidade, pois muitas precisam trabalhar e/ou são mães. 
  •  

O que são essas lacunas?

  • Desigualdade racial: A falta de representatividade de professoras negras no ensino superior e na pós-graduação reflete a desigualdade racial e a falta de diversidade no ambiente acadêmico.
  • Políticas de cotas: Embora as políticas de cotas tenham ampliado o acesso de estudantes negros às universidades, a presença de professores negros permanece aquém da realidade demográfica do país.
  • Hierarquia: A pesquisa aponta que mulheres negras e indígenas estão em desvantagem em relação aos homens brancos e mulheres brancas no corpo docente. 
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  • As mulheres são maioria no ensino superior no Brasil, mas enfrentam desafios de sub-representação em certas áreas e no topo da carreira acadêmica. Elas superam os homens em matrículas e concluintes de graduação, mas essa participação se reduz em áreas como Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), e em cargos de maior destaque como reitoras e pesquisadoras de ponta. A permanência na universidade e no mercado de trabalho também é marcada por desigualdades salariais e violência de gênero.

    ·  Áreas de estudo:

    Há uma menor participação feminina em cursos de Ciências, Exatas e Tecnologia. Em 2022, a participação entre os concluintes de Computação e Tecnologia era de apenas 15%

    ·  Carreira acadêmica:

    A proporção de mulheres diminui em posições de liderança e pesquisa, como na Academia Brasileira de Ciências e entre bolsistas de produtividade. 

    ·  Mercado de trabalho:

    A conquista da universidade não se traduz em igualdade de renda. Mulheres ainda enfrentam desigualdades salariais, mesmo em cargos de direção. 

    ·  Ambiente acadêmico:

    As mulheres ainda enfrentam machismo, desvalorização do conhecimento e outras formas de violência de gênero no ambiente universitário. 

     

    A presença de professoras negras nas universidades brasileiras é marcada por sub-representação, mas vem crescendo e contribuindo para a descolonização do conhecimento

    . A falta de representatividade é um ponto crítico, com o número de docentes negros sendo muito inferior ao da população negra no Brasil. Esses desafios persistem, apesar de políticas afirmativas e de iniciativas que buscam garantir o acesso e a permanência dessas profissionais no ensino superior. 

    Desafios e realidade

  • Baixa representatividade: A porcentagem de professores e professoras negras no ensino superior é baixo, quando comparada à proporção da população negra no país.
  • Barreiras históricas: Fatores como o racismo estrutural, dificuldades financeiras e de permanência na universidade são barreiras que impedem o acesso e a ascensão dessas profissionais. 
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Contribuições e impacto

  • Descolonização do conhecimento: As professoras negras trazem novos saberes para a sala de aula, valorizando referências de intelectuais negros e práticas pedagógicas africanas, e criticando o currículo eurocêntrico.
  • Relevância para estudantes: A presença de professoras negras facilita a identificação dos alunos, principalmente de estudantes negras, que se sentem mais confiantes para buscar questões relacionadas à diversidade étnico-racial com docentes negras.
  • Produção de conhecimento crítico: Essas profissionais contribuem para a produção de conhecimento crítico, por meio de artigos, pesquisas e atividades de extensão que valorizam a visão de outros sujeitos. 
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Ações e futuro

  • Políticas afirmativas: Ações como cotas e cursinhos pré-vestibulares para pessoas negras são importantes para romper com desigualdades e aumentar a diversidade no meio acadêmico.
  • Aperfeiçoamento institucional: É fundamental que as políticas afirmativas sejam constantemente aprimoradas e institucionalizadas para garantir sua eficácia a longo prazo e evitar retrocessos. 

 

A partir de referenciais do feminismo negro, da perspectiva interseccional e dos estudos étnicoraciais no Brasil, problematizam-se o racismo e o sexismo na academia brasileira com base na caracterização e análise da presença/ausência de professoras negras em programas de pós-graduação em ciências da saúde de duas universidades federais fluminenses, UFRJ e UFF. Utilizando informações de sites de 31 Programas de Pós-Graduação (PPG), reconstruíram-se quantitativamente os perfis de gênero e étnico-raciais por universidade e área de avaliação. Identificaram-se 23 professoras negras que ocupam 26 vagas docentes nos PPG analisados. Com base em informações da Plataforma Lattes, também se abordou longitudinalmente a dimensão de estudo. Os resultados assinalam que a presença de professoras negras é de 2% na UFRJ e de 6% na UFF; que ela é maior em áreas relativas aos cuidados e ínfima em áreas de maior prestígio científico e socioeconômico, como medicina. Constata-se o racismo como principal sistema de poder, operando no contexto institucional e disciplinar. Neste último, associado ao sexismo que determina as hierarquias de gênero nas áreas de saúde. Observa-se, também, que as desigualdades de raça se sobrepõem às de gênero no contexto desta pesquisa, confirmando as teses que apontam o epistemicídio dos saberes negros.

 

A entrada para a docência no Ensino Superior permeia-se como sendo um espaço para poucos, tendo, geralmente, um perfil de seus membros: homens, brancos e de origens abastadas. O cenário brasileiro de ascensão social é pré-determinado por fatores como gênero, raça e classe. Tendo sido um dos países que aboliu a escravatura mais tardiamente em todo o planeta, o Brasil colhe suas escolhas apresentando um esmagador quadro de sub-representatividade: são poucas as mulheres presentes na docência do Ensino Superior, e ainda menos as mulheres negras. O presente trabalho, portanto, aborda essa sub-representação de raça e gênero no âmbito acadêmico, lançando mão de uma pesquisa primordialmente bibliográfica com eventuais levantamentos quantitativos, por meio de uma abordagem exploratória e descritiva do quadro, concebendo um histórico do papel da mulher negra na sociedade em geral, do racismo estrutural e institucional que a circunda, bem como da inserção dessas mulheres na academia, e de como encontra-se seu atual panorama. Ao final, constata-se a latente falta de representação destas mulheres negras na docência universitária e da perspectiva de ações afirmativas por parte do Estado para o incentivo de sua participação perante o Ensino Superior.

 

A presença de professoras negras no ensino superior é ainda sub-representada, apesar do aumento de estudantes negros devido a políticas de inclusão

. A sua participação é fundamental para descolonizar o saber acadêmico, introduzir novas referências e metodologias, e atuar como inspiração para futuras gerações. O crescimento é lento e há barreiras significativas devido ao racismo e sexismo, principalmente na pós-graduação. 

Desafios e barreiras

  • Baixa representação: Os números de docentes negros no ensino superior ainda são baixos, sendo que apenas 21% se autodeclaram pretos ou pardos, uma proporção inferior à da população brasileira (55,5% segundo o Censo 2022)
  • Pós-graduação: A sub-representação é ainda mais acentuada na pós-graduação, onde doutoras negras representam apenas 3% de todos os docentes .
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  • A presença de professoras negras no ensino superior é ainda sub-representada, apesar do aumento de estudantes negros devido a políticas de inclusão

    . A sua participação é fundamental para descolonizar o saber acadêmico, introduzir novas referências e metodologias, e atuar como inspiração para futuras gerações. O crescimento é lento e há barreiras significativas devido ao racismo e sexismo, principalmente na pós-graduação. 

    Desafios e barreiras

  • Baixa representação: Os números de docentes negros no ensino superior ainda são baixos, sendo que apenas 21% se autodeclaram pretos ou pardos, uma proporção inferior à da população brasileira (55,5% segundo o Censo 2022)

Não há um número exato para "professora negras" em todo o Brasil, pois os dados variam dependendo do nível de ensino e da fonte da pesquisa

. No entanto, pesquisas recentes indicam uma sub-representação significativa: 

  • Ensino Superior: Dados de 2022 do Inep revelam que entre 58 mil professores negros no ensino superior, 26.770 são mulheres negras.
  • Pós-graduação: Em 2023, mulheres negras e indígenas somavam apenas 2,5% do total de professores de pós-graduação.
  • Representatividade Geral: Embora os dados de 2023 sejam mais recentes, o percentual de professores negros no ensino superior continua baixo, representando 21% do corpo docente, de acordo com o Censo da Educação Superior. 
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Professores negros no Ensino Superior

  • Mulheres negras: 26.770 (dados de 2022)
  • Homens negros: 31.541 (dados de 2022)
  • Total de professores negros: 58.281 (dados de 2022)
  • Número de professores brancos: 176.778 
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Professores negros na Pós-graduação

  • Mulheres negras e indígenas: 2,5% (dados de 2023) 
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Representatividade no corpo docente em geral

  • Percentual de professores negros: 21% (2023)
  • Percentual de brasileiros autodeclarados pretos ou pardos: 55,5% (Censo de 2022) 
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Outros dados

  • Aumento da presença: Entre 2016 e 2019, a presença de mulheres negras na graduação aumentou de 15,2% para 16,9%.
  • Dificuldades na permanência: Mulheres negras enfrentam dificuldades para permanecer na universidade, pois muitas precisam trabalhar e/ou são mães. 
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O que são essas lacunas?

  • Desigualdade racial: A falta de representatividade de professoras negras no ensino superior e na pós-graduação reflete a desigualdade racial e a falta de diversidade no ambiente acadêmico.
  • Políticas de cotas: Embora as políticas de cotas tenham ampliado o acesso de estudantes negros às universidades, a presença de professores negros permanece aquém da realidade demográfica do país.
  • Hierarquia: A pesquisa aponta que mulheres negras e indígenas estão em desvantagem em relação aos homens brancos e mulheres brancas no corpo docente. 
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ARBOLEYA, Arilda; CIELLO, Fernando; MEUCCI, Simone. “Educação para uma vida melhor”: trajetórias sociais de docentes negros. Cadernos de Pesquisa, v. 45, n. 158, p. 882-914. out./dez., 2015.

BENTO, Maria Aparecida Santos. Pactos narcísicos no racismo: Branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. Tese (Doutorado), Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento Humano. São Paulo, 2002.

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Disponível em: www.aguaforte.com/antropologia/educarparaque.html. Acesso em:10 mar. 2021.

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