Zezinho, 7 anos de idade, mora no campo e ainda não frequenta as escolas do imaginário humano. Sonha com este dia, porém é escolado na linguagem da natureza: A terra, a chuva, o sol, a lua, a noite, o dia, as águas, os ventos, as plantas, os animais domésticos, os silvestres, os pássaros, os insetos e até os répteis.
AS DECLARAÇÕES DO COORDENADOR AO ZEZINHO
Zezinho:
"Explane o que os Rios estão falando"
O Coordenador dos Rios assim se pronunciou:
"Os Rios andam assombrados e perplexos com o futuro, encontram-se exaustos e não aguentam as atrocidades praticadas pelos humanos. Cortam as árvores das suas margens, constroem habitações nos seus trajetos, desviam aleatoriamente as suas águas e jogam dejetos de todos os tipos nos seus leitos, lixos orgânicos, químicos, metais e os tóxicos. Reclamam que um dia poderão não suportar tais agressões e poderão perecer antes do tempo, alertam que a promoção da vida é tarefa de todos.
Lembram que nas suas águas vivem diversos tipos de vidas e por onde passam alimentam milhares de outras vidas, tanto vegetais como animais e são as artérias da terra.
Transportam muitos nutrientes na suas águas e juntos aos oceanos, lagos, córregos, lagoas, açudes, aquíferos e outros trajetos subterrâneos levam a vida para todos.
Enfatizam que a Terra é viva e nunca para de se transformar, vive em metamorfose, depende das suas águas e dos nutrientes que nelas se encontram.
Apontaram um grave crime que os humanos praticam contra os peixes, os seus principais moradores. Os peixes vivem felizes nas suas águas, suprem a cadeia alimentar, inclusive para os humanos. São peças importantes para todas as espécies que habitam a terra.
O que é inadmissível e sem defesa, é o fato dos humanos pescarem para o entretenimento, dizem que pescam pelo lazer, isto não é ético. Enquanto divertem-se e riem, maltratam os inocentes peixes e vangloriam-se das atrocidades praticadas, um grande percentual dos peixes pescados e soltos morrem pelas as avarias sofridas. Os Rios não entendem como um homem pode se sentir feliz em prender um peixe pela boca. Confirma o aforismo de que o homem é sanguinário e pensa que é o dono do planeta."
Zezinho pega a palavra e pergunta:
Coordenador, o amigo trouxe alguma queixa específica, pontual de algum Rio?
O coordenador
Sim, trouxe do Rio Jequiriçá da Bahia e achei muito importante mostrar para o mundo. Escute este depoimento, vou mostrar uma parte, um trecho do relato vivido por um dos rios:
“Os homens usam anzóis de metal camuflados com fragmentos de carne ou falsos peixes pequenos. O peixe pensa que é alimento e tenta engolir para matar a fome ou levar para as suas crias, o pontiagudo ferro encrava na sua boca, o animal passa horas brigando para se livrar e não consegue. Sem forças, exausto e com ferimentos é vencido, os homens ficam felizes, pulam de contentamento por este satânico e criminoso ato. Não se resignam e nem se comovem com as dores, o sofrimento e o pânico que passa aquele animal. Expõem ao público moralmente destruído, ridicularizado, envergonhado e como um troféu quase sem vida. Em seguida o solta na mesma água com avarias nos ossos e cartilagens da cabeça; boca, olhos, barbatanas, queixo, brânquias e garganta mortalmente feridas. É uma afronta à vida e um ato inescrupuloso, para depois morrer pelos ferimentos sofridos. Fale para os homens que carcaça não boia, afunda".
Zezinho: Tem algo a acrescentar?
Sim, trago um recado do nosso presidente, o Sol.
O RECADO
" Zezinho, diga aos humanos, que preservar os recursos naturais ou explorá-los com respeito é preservar a continuidade da vida.
Lembre, para eles, que muitas civilizações já se foram, esta também irá e outras surgirão.
Para a terra ainda restam 5 bilhões de anos. A terra é de todos e merece respeito.
Para o globo terrestre, os humanos não estão acima dos animais não humanos e nem acima da natureza "
Iderval Reginaldo Tenório
Saga da Amazônia Vital Farias
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