Umas palavras sobre a cultura e a pirâmide social.
Ao escrever ou fazer o uso da palavra,
depara-se com diversos ditames para o direcionamento e
entendimento do que está escrevendo ou falando, o que induz o autor a saber
para quem está dirigindo a sua obra.
A língua portuguesa chegou ao Brasil com os
colonizadores da península ibérica, notadamente pelos portugueses e
recheada pelos espanhóis e os holandeses no século XVII. "Boia",
"bule", "cachimbo", "chafariz" e "fubá"
têm origem holandesa e são usados até hoje em algumas áreas do
Nordeste), "guerrilha", "hombridade",
"moreno", "novilho" e "palmilha" têm origem
espanhola.
No decorrer dos anos de colonização, foi ricamente mesclada
com as línguas dos indígenas, os humanos autóctones, como também pelas línguas
do continente africano, os escravizados e comercializados humanos da
África.
No Brasil colônia, a junção da população negra e indígena era maior do que a branca, composto pelos colonizadores oficiais, os agregados e os degradados. No decorrer dos tempos, com a falta de cuidado, o abandono para com as outras etnias, a política de adoção de branqueamento com a imigração europeia e a miscigenação, as populações negras e indígenas foram perdendo força.
Frisa-se que tantos os Indígenas como os Negros não eram considerados seres humanos, recebiam a alcunha de gados ou selvagens, e como todos os gados e selvagens, não possuíam línguas e sim dialetos, o que apontava para milhares, uma vez que cada tribo e cada povo possuía o seu. Estes pensamentos eram os adotados pelos europeus nas suas colônias, seja nas Américas, África ou Oceania, o que justificava o termo : "Caça de indígenas" no Brasil colonial e o "Genocídio dos povos indígenas dos Estados Unidos durante o século XIX."
No século XVIII, o Marques de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo), a maior autoridade portuguesa à época, enxergando falta de clareza na comunicação entre os povos, proibiu quaisquer outros tipos de línguas no Brasil, oficializando o Português, de Portugal, como a oficial.
Proibiu o Espanhol, as línguas Indígenas e Africanas,
consideradas dialetos, e outros idiomas que por acaso tivessem invadido ou atracados, oficialmente, o território
nacional. Esta medida foi tomada para homogeneizar a comunicação entre os que
habitavam o país.
Argumentava o português Marques de Pombal, o responsável pelo "Período Pombalino", que daria fim a torre de babel na língua de sua colônia, ao mesmo tempo quebraria o espírito de cidadania e de pertencimento do seu povo ao matar a língua nativa, o Tupi Guarani e as matrizes africanas, uma vez que, "a língua é a alma de um povo"
Esta medida deu origem a uma série de
línguas portuguesas no Brasil, estas mantinham o esqueleto principal e eram
mescladas pela resistência do regionalismo. Enquanto mais distante das
metrópoles, a predominância de um povo e o grau de miscigenação mais mescladas
iam ficando. Até mesmo dentro das metrópoles, as diferenças continuaram, pois só os
que tinham direito à escola, que eram poucos, somente os apaniguados, sabiam
como escrever, falar e acompanhar as mudanças no idioma oficial. Ainda hoje, em
pleno século XXI, devido a sua grande área, existem diversas línguas portuguesas no Brasil e para a
homogeneização são necessárias mudanças por decretos federais.
São 8,5 milhões de quilômetros quadrados de
área, 210 milhões de habitantes, 5% de analfabetos, 40% de analfabetos
funcionais, 13 % sem escolas e um seleto grupo de 10% que falam e
escrevem o português moderno, além do uso de milhares de palavras e
frases estrangeiras sem traduções, frutos do predomínio do império
americano.
É de bom alvitre se inteirar do Português Clássico, com fortes influências do Latim, o desenvolvimento literário e as influências de Camões, a transposição da língua para outros continentes devido as viagens marítimas a cortar os oceanos.
Como a língua é viva, não olvidar a metamorfose da gramática, o português arcaico, o seiscentista e o português moderno. Não seguir estas propriedade é desconhecer a trajetória da língua. De suma importância é atentar para o léxico, com a incorporação de muitas palavras de outros povos.
Estas propriedades apontam para uma língua de exclusão e repleta de preconceitos linguísticos, o que leva à inibição daqueles que não têm a chance de frequentar os bancos escolares de excelência.
Deste modo, é primordial o respeito às expressões
linguísticas de todos os cidadãos, pois muitos só conhecem o português
básico, o coloquial e necessário para a comunicação em todo o território
nacional, considerado o português democrático, o de domínio popular, a
língua de todas as classes sociais.
Cabe a quem fala e a quem escreve, o autor, conhecer
todas estas propriedades com o intuito
de escolher e dirigir os seus
pensamentos. O autor possui varias vertentes na pirâmide
social e cultural, além das mudanças regionais escalonadas do litoral aos mais
longínquos arraiais do país: Os causticados sertões e as caatingas
nordestinas, a floresta amazônica, os pântanos e as águas do norte
do país.
Aos brasileiros privilegiados, cabe entender o português de cada povo que habita o seu vasto território, a língua básica e essencial como também ater-se ao Português clássico e institucional moderno. Fazer uso do português básico no cotidiano, de acordo com o nível cultural; o clássico nos debates filosóficos, sociológicos, antropológico e universitários, e o português institucional moderno nos contextos formais e oficiais, como documentos governamentais, textos jurídicos, artigos científicos e comunicação em órgãos públicos.
Falar e escrever é um direito de todos os humanos e
de acordo com os seus conhecimentos e nível sociocultural. Só com isonomia no
ensino e equidade é que todos poderão falar e escrever a
mesma língua TIN TIN POR TIN TIN.
O desafio nacional é promover a inclusão de todos os
brasileiros na língua institucional moderna e não a institucionalização da
exclusão linguística exacerbada pelos preconceitos linguísticos e
regionais, pelo escalonamento da pirâmide social e econômica, como
também pelas etnias.
Não seguir este modelo, é como amputar, tal qual a miscigenação
racial na formação do seu povo, a riqueza da mais plural, poética e linda
língua do globo terrestre.
Salvador, 03 de Agosto de 2025
Iderval Reginaldo Tenório
ADENDOS PERTINENTES
Hannah Arendt
2-
Para reflexão linguística
" É melhor escrever certo com palavras erradas"
Patativa do Assaré
3-
"Educar a mente sem educar os valores é criar uma ameaça à sociedade."
Theodore Roosevelt
4-
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo para melhor."
Marian Wright Edelman
5-
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."
Nelson Mandela
Salvador, 03 de agosto de 2025
Iderval Reginaldo Tenório
Luiz Fidelis - Meio dia
Luiz Fidelis - Seis cordas
Luiz Fidelis - Flor do mamulengo
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