sábado, 2 de agosto de 2025

Umas palavras sobre a cultura e pirâmide social.





 



        Umas palavras sobre a cultura e a pirâmide social.

 

Ao escrever ou fazer o uso da palavra, depara-se  com diversos  ditames para o direcionamento e entendimento do que está escrevendo ou falando, o que induz o autor a saber para quem está dirigindo a sua obra.

A língua portuguesa  chegou ao Brasil com os colonizadores da península ibérica, notadamente  pelos portugueses e  recheada pelos espanhóis e os holandeses no século XVII. "Boia", "bule", "cachimbo", "chafariz" e "fubá" têm origem holandesa e são usados até hoje em algumas áreas do Nordeste), "guerrilha", "hombridade", "moreno", "novilho" e "palmilha" têm origem espanhola.  

No decorrer dos anos de colonização, foi ricamente mesclada com as línguas dos indígenas, os humanos autóctones, como também pelas línguas do continente africano, os  escravizados e comercializados  humanos da África. 

No  Brasil colônia, a junção  da  população negra e indígena era maior do que a branca, composto pelos  colonizadores oficiais, os agregados e os degradados. No decorrer dos tempos, com a falta de cuidado, o abandono para com as outras etnias,  a política de adoção de branqueamento com a imigração europeia e  a miscigenação, as populações negras e indígenas foram perdendo força. 

Frisa-se           que tantos os Indígenas como os Negros não eram considerados seres humanos, recebiam a alcunha de gados ou selvagens, e como todos os gados e selvagens, não possuíam línguas e sim dialetos, o que apontava para milhares, uma vez que cada tribo e cada povo possuía o seu. Estes pensamentos eram os adotados pelos  europeus nas suas colônias, seja nas Américas, África ou Oceania, o que justificava o termo : "Caça de indígenas" no Brasil colonial  e o "Genocídio dos povos indígenas dos Estados Unidos durante o século XIX."


No século XVIII, o Marques de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo),  a maior autoridade portuguesa à época, enxergando falta de clareza  na comunicação entre os povos, proibiu quaisquer  outros tipos de línguas  no Brasil, oficializando o Português,  de  Portugal, como a oficial.

Proibiu o Espanhol, as línguas Indígenas e Africanas, consideradas dialetos, e outros idiomas que por acaso tivessem invadido ou atracados, oficialmente,  o território nacional. Esta medida foi tomada para homogeneizar a comunicação entre os que habitavam  o país.

Argumentava o  português Marques de Pombal, o responsável  pelo "Período Pombalino",  que daria fim a torre de babel na língua de sua colônia,  ao mesmo tempo quebraria o espírito de cidadania e de pertencimento do seu povo ao matar a língua nativa, o Tupi Guarani e as matrizes africanas, uma vez  que, "a língua é a alma de um povo" 

Esta medida  deu origem a uma série  de línguas portuguesas no Brasil, estas mantinham o esqueleto principal e eram mescladas pela  resistência do regionalismo. Enquanto mais distante das metrópoles, a predominância de um povo e o grau de miscigenação mais mescladas iam ficando. Até  mesmo dentro das metrópoles, as diferenças continuaram, pois só os que tinham direito à escola, que eram poucos, somente os apaniguados, sabiam como escrever,  falar e acompanhar as mudanças no idioma oficial.  Ainda hoje, em pleno século XXI, devido a sua grande área,  existem diversas línguas portuguesas no Brasil e para a homogeneização são necessárias mudanças por decretos federais.

São 8,5 milhões de quilômetros quadrados de área,  210  milhões de habitantes, 5% de analfabetos,  40% de analfabetos funcionais, 13 % sem escolas e um  seleto grupo de 10%  que falam e escrevem o português  moderno, além do uso de milhares de palavras e frases estrangeiras sem traduções, frutos do predomínio do império americano.  

É de bom alvitre se inteirar  do Português Clássico, com fortes influências do Latim, o desenvolvimento literário e as  influências de Camões, a transposição da língua para outros continentes devido as viagens marítimas a cortar os oceanos. 

Como a língua é viva, não  olvidar a metamorfose da gramática, o português arcaico, o seiscentista e o português moderno. Não seguir  estas propriedade é desconhecer a trajetória da língua. De suma importância  é atentar  para o léxico, com a incorporação  de muitas palavras de outros povos. 

Estas propriedades apontam para uma língua de exclusão e   repleta  de preconceitos linguísticos,   o que leva à inibição daqueles que não têm  a chance de frequentar os bancos escolares de excelência.

Deste modo, é primordial o respeito às expressões linguísticas  de todos os cidadãos, pois muitos só conhecem o português básico, o coloquial e necessário para a comunicação em todo o território nacional, considerado  o português democrático, o de domínio popular, a língua de todas as classes sociais.

Cabe a quem fala e a quem escreve, o autor, conhecer todas  estas propriedades com o intuito de    escolher  e dirigir os seus pensamentos.  O autor possui  varias vertentes na pirâmide social e cultural, além das mudanças regionais escalonadas do litoral aos mais longínquos arraiais  do país: Os causticados sertões e as caatingas  nordestinas,  a floresta amazônica, os pântanos e as águas  do norte do país.

Aos brasileiros privilegiados, cabe entender  o  português  de cada povo que habita o seu vasto território, a língua básica e essencial como também ater-se  ao Português clássico e  institucional  moderno.  Fazer uso do  português básico no cotidiano, de acordo com o nível cultural;  o clássico nos debates filosóficos, sociológicos, antropológico   e universitários,  e o  português institucional moderno nos  contextos formais e oficiais, como documentos governamentais, textos jurídicos, artigos científicos e comunicação em órgãos públicos. 

Falar e escrever é um direito de todos os humanos e de  acordo com os seus conhecimentos e nível sociocultural. Só com  isonomia no ensino e equidade é  que todos poderão falar  e escrever a mesma língua   TIN TIN POR TIN TIN.

O desafio nacional é promover  a inclusão de todos os brasileiros na língua institucional moderna e não a institucionalização da exclusão linguística  exacerbada pelos preconceitos linguísticos e regionais, pelo   escalonamento da pirâmide social e econômica, como também pelas etnias. 

Não seguir este modelo, é como  amputar, tal qual a miscigenação racial na formação do seu povo, a riqueza da mais plural, poética e linda  língua do globo terrestre.

                Salvador, 03 de Agosto de 2025

                     Iderval Reginaldo Tenório 

 

                     ADENDOS PERTINENTES

1-
 "Numa verdadeira democracia, cada cidadão deve ter o direito de ter direito" 

 Hannah Arendt

2-

Para reflexão linguística

" É melhor escrever certo com palavras erradas"

Patativa do Assaré

3-

"Educar a mente sem educar os valores é criar uma ameaça à sociedade." 

Theodore Roosevelt

4-

"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo para melhor." 

Marian Wright Edelman

5-

"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."

 Nelson Mandela

Salvador, 03 de agosto de 2025

Iderval Reginaldo Tenório

GONZAGÃO & FAGNER BMG - 1987 ABC DO SERTÃO (Zé Dantas e Luiz Gonzaga)  no meu sertão pros caboclo lê Têm que aprender um outro ABC O jota ...

 

Luiz Fidelis - Meio dia

Luiz Fidelis - Seis cordas

Luiz Fidelis - Flor do mamulengo

 

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