Vaquejada é tida como patrimônio
Apesar da decisão, entendimento do STF quanto à inconstitucionalidade da prática prevalece
00:00
·
02.11.2016
Adicionar legenda |
Brasília. Após uma mobilização de senadores,
especialmente da região Nordeste, o Senado correu com a tramitação e
aprovou o projeto de lei que eleva a vaquejada e o rodeio à condição de
"manifestação cultural nacional". Na prática, a proposta não legaliza os
eventos, mas foi entendida pelos senadores como um primeiro passo para
reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou a
vaquejada ilegal por considerar que causa sofrimento animal.
No mês passado, o STF decidiu derrubar uma lei do Ceará que
regulamentava a vaquejada. Por 6 votos a 5, os ministros consideraram
que ela impõe sofrimento aos animais e fere princípios constitucionais
de preservação do meio ambiente.
Como o projeto já havia passado pela Câmara, agora o texto segue para a sanção presidencial.
A proposta havia sido aprovada apenas algumas horas antes na Comissão
de Educação e Cultura do Senado, onde os parlamentares aprovaram um
requerimento de urgência para o projeto ir à pauta do plenário.
Mesmo com a véspera do feriado, a comissão contou com a presença de
muitos senadores, de diferentes partidos, que fizeram questão de
manifestar seu apoio à vaquejada e contra a decisão do Supremo.
No plenário, o comportamento foi o mesmo. Favorável ao Projeto, o
senador Roberto Muniz (PP-BA), defendeu que as práticas da vaquejada e
do rodeio são tradições regionais e a população urbana não pode
desprezar a cultura da população rural. "Não quer dizer que aqueles que
praticam a vaquejada não querem fazer um aperfeiçoamento dessa
atividade.
Assim tem sido no dia a dia das vaquejadas. A gente precisa
discutir o que é cuidar do bem-estar animal, sem negar a possibilidade
de uma manifestação cultural", destacou Muniz.
Contraponto
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi a única a se manifestar contra o projeto e a favor do direito dos animais.
A senadora também relembrou a decisão do STF. "Isso está frontalmente
contrário ao que o Supremo Tribunal Federal decidiu: ele decidiu que é
uma atividade inconstitucional por ser uma atividade cruel, e, por isso,
ela deve ser proibida.
Então, nós estamos confrontando uma decisão da
Suprema Corte. Nós vamos regulamentar algo que o Supremo Tribunal
Federal já decidiu", ponderou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário