O sonho de Marina
Luiz Holanda
Marina Silva, até a morte de Eduardo Campos, era considerada
um peso morto em sua campanha para a presidência da República. Até o momento da
tragédia, não tinha conseguido transferir os votos que teve nas últimas
eleições presidenciais para o cabeça da chapa. Além disso, era taxada de
encrenqueira, pois atrapalhava as negociações feitas por Campos no campo
econômico e em algumas coligações partidárias na áreapolítica.
Não tendo afinidade com o PSB que a hospeda precisa, agora
que encabeça a chapa, construir alguma base de apoio para ganhar essas
eleições. Além de dispor de pouco tempo de televisão em sua campanha (2min3seg),
contra 4min35seg de Aécio e 11min24seg de Dilma, sua experiência administrativa
é contestada pelos demais candidatos. A isso Marina responde que governará com
as melhores cabeças, que, segundo ela, estão nas universidades e em outros
partidos. Com essas alegações tenta barraras acusações de que, caso seja
eleita, não tem como formar um ministério de qualidade.
Ao mesmo tempo em que procura desanuviar o ambiente pelas
críticas dos seus adversários, aceitou um vice com ligações no agronegócio, na
indústria de armas e em outros setores da economia, além do apoio da banqueira
Neca Setúbal, do Itaú, e de Guilherme
Leal, dono da Natura. Ao criticar a viciada disputa entre PT e PSDB, a
candidata promete acabar com a institucionalização da corrupção no governo, bem
como toda espécie de mensalão, inclusive o mineiro.
Após 30 anos de vida pública, até agora ninguém diz nada
contra a sua conduta pessoal, principalmente no campo ético. Sua reputação, construída
ao longo dessa jornada, cujo início, na esfera político-partidária, deu-se na
vereança, continuou como deputada estadual e senadora (eleita sempre com
votações recordes), além do período em que esteve à frente do Ministério do
Meio ambiente. Durante seu tempo como ministra, apresentou o Plano de Ação para
Prevenção e Controle do Desenvolvimento da Amazônia Legal, que contou com a
participação de 14 ministérios. Graças a esse plano, o desmatamento da Amazônia
caiu 57% no período.
Nascida em Breu Velho, nos confins do Acre, trabalhou no
seringal para sobreviver. Contraiu hepatite aos 16 anos, além de cinco malárias
e uma leishmaniose. Ao se mudar para a capital Rio Branco, para estudar, teve
de trabalhar como empregada doméstica para sobreviver. Aprendeu a ler e a
escrever no Mobral; em seguida ingressou na Universidade Federal do Estado e se
graduou em Licenciatura em História. Sua vocação social se revelou quando ainda
estava no Convento das Servas de Maria Reparadoras. Conviveu com Chico Mendes e
tornou-se militante política e reformadora, tendo, inclusive, ajudado a criar a
CUT em seu estado.
Ao rebater as críticas de seus adversários, disse que “Muita
gente no Brasil diz que não podemos ser governados por amadores do sonho. Ou
apostam no sonho, ou vamos continuar nas mãos dos profissionais, dos que fazem
escolhas incorretas”. Se a Psicologia Analítica estiver certa, o simbolismo do
sonho de Marina, na prática,depende das associações feitas por ela. Para
atingir uma nação, não basta apenas sonhar. É preciso que o sonhador ou a
sonhadora o amplifique, e,a partir das dimensões coletivas e universais,estabeleça
uma relação entre o povo e o sonho..
Segundo o Talmude, todo sonho tem algo de profético. Se a
candidata mantiver os índices de aceitação constatado nas últimas pesquisas e
derrotar o PT e a corja que o apoia, seu sonho será lembrado tal qual aquela
canção antiga, de nome Sa Marina,cujo último verso diz
“que fez o povo inteiro cantar”. Só que, desta vez, os versos serão assim:“Descendo
a rua da ladeira, só quem viu pode contar. Cheirando a flor de laranjeira, Marina
fez o povo inteiro sonhar... Fez o povo inteiro sonhar”.
LUIZ HOLANDA
Luiz Gonzaga - Buraco de Tatu (1956) - YouTube
www.youtube.com/watch?v=V-czxPsnAdA
22/12/2011 - Vídeo enviado por Alexandre Ribeiro
Título: Buraco de tatu Ritmo: chote Autoria: Jadir Ambrósio.
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