Josué Apolônio de Castro nasceu no dia 5 de setembro de 1908, no Recife, filho único de Manoel Apolônio de Castro, proprietário de terras em Cabaceiras, na Paraíba e de Josepha Carneiro de Castro, conhecida como “Dona Moça“.
Fez seu curso secundário no Recife e estudou medicina na Bahia, por três anos, concluindo o curso, em 1929, na Faculdade Nacional da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, com apenas 21 anos de idade.
Ainda em 1929, viajou para o México, seguindo depois para os Estados Unidos, onde fez um estágio de quatro meses na Universidade de Columbia e no Medical Center de Nova York.
Voltando ao Recife, no início dos anos 1930, começou a exercer a profissão de médico, voltando-se depois para o campo da nutrição e, por conseqüência, tornando-se um estudioso da fome.
Com idéias revolucionárias para a época, entre as quais a do desenvolvimento sustentável, fez da luta contra a fome a sua bandeira.
Durante uma experiência como médico de uma grande fábrica, descobriu que a doença que acometia a maioria dos operários, seus clientes, era a fome. A partir dessa prática, escreveu, em 1932, Condições de vida das classes operárias do Recife, onde ressalta a gravidade dos seus efeitos. Pioneira, essa pesquisa estabeleceu, pela primeira vez, as relações entre a produtividade do trabalhador e sua alimentação.
Nesse mesmo ano, tornou-se professor livre-docente em Fisiologia, na Faculdade de Medicina do Recife, defendendo a tese O problema fisiológico da alimentação no Brasil.
Como professor, sua vida profissional foi muito voltada para a Geografia Humana e a Antropologia, disciplinas que lecionou no Recife e no Rio de Janeiro, entre 1933 e 1964.
Em 1933, foi um dos idealizadores e fundadores da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Recife, onde ensinou Geografia Humana.
Em 1935, escreveu o conto O ciclo do caranguejo, sobre a vida de uma família que vive próxima aos mangues, nas margens do rio Capibaribe, no Recife. Por ter morado durante muitos anos numa velha casa colonial próximo ao rio, Josué de Castro tinha percebido, desde cedo, as semelhanças existentes entre os moradores das margens do Capibaribe e os caranguejos, ambos sujos de lama e famintos. Os homens catavam caranguejo para sobreviver e os caranguejos se nutriam dos dejetos do homem.
No mesmo ano, tornou-se professor catedrático de Antropologia da Universidade do Distrito Federal (na época o Rio de Janeiro) e a partir de 1936 até 1955, exerceu a Medicina como clínico e especialista em doenças nutricionais no Rio de Janeiro.
De 1940 até 1964, ensinou Geografia Humana como professor catedrático da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
Autor de inúmeras obras, algumas traduzidas para 25 idiomas, publicou em 1946, o que seria seu livro mais conhecido Geografia da fome, época em que se tornou uma referência internacional no tema e um dos maiores estudiosos das causas da miséria no Brasil e no mundo.
Na década de 1950, exerceu os cargos de presidente do Conselho da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Comitê Governamental da Campanha da Luta Contra a Fome, ambos pertencentes à Organização das Nações Unidas (ONU), além da presidência da Associação Mundial contra a Fome (ASCOFAM).
Em 1962, foi designado embaixador-chefe da delegação do Brasil junto a ONU, em Genebra, cargo que ocupou até 1964, quando seus direitos políticos foram cassados por dez anos, depois do Golpe Militar do dia 31 de março.
Recebeu inúmeros prêmios, entre os quais o José Veríssimo (1946), concedido pela Academia Brasileira de Letras; o Roosevelt, da Academia de Ciências Políticas dos Estados Unidos, pelo livro Geografia da fome (1952); o Prêmio Internacional da Paz (1954), por suas obras e ações no combate à fome no mundo, além de ter sido indicado, em 1963, para o Nobel da Paz.
Investigado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do governo brasileiro desde a década de 1940, foi caracterizado como subversivo. Sua luta contra a fome e a necessidade da reforma agrária eram temas inconvenientes para os conservadores que promoveram o Golpe, o que culminou com sua cassação.
Exilou-se em Paris, mas apesar da sua grande atividade, nunca se conformou com o exílio. Sua tristeza por não poder voltar ao país era constante e aparente.
É autor de inúmeras obras, entre as quais destacam-se: Condições de vida das classes operárias do Recife (1932); O problema fisiológico da alimentação no Brasil. Monografia (Livre-docência em Fisiologia) – Faculdade de Medicina do Recife (1932); O ciclo do caranguejo (1935); Alimentação e raça (1936); A alimentação brasileira à luz da Geografia Humana (1937); Documentário do Nordeste (1937); Geografia da Fome(1946); Fatores de localização da cidade do Recife (1948); Geopolítica da Fome (1951); A cidade do Recife: ensaio de Geografia Urbana (1954); Ensaios de Geografia Humana(1957); O livro negro da fome (1960); Sete palmos de terra e um caixão (1965);Homens e caranguejos (1967); A explosão demográfica e a fome no mundo (1968);Estratégia do desenvolvimento (1971).
Morreu em Paris, ainda exilado, aos 65 anos, no dia 24 de setembro de 1973. Foi enterrado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Recife, 18 de abril de 2005.
(Atualizado em 28 de agosto de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
JOSUÉ de Castro, por um mundo sem fome. Disponível em: <http://www.projetomemoria.art.br/josuedecastro/obras.htm>. Acesso em: 14 abr. 2005.
JOSUÉ de Castro (foto na página Destaques do Mês e neste texto, do Pesquisa Escolar, em setembro de 2011). Disponível em: <http://acertodecontas.blog.br/economia/36-anos-sem-josue-de-castro/>. Acesso em: 1º set. 2011.
MOURA, Abdias de. Josué de Castro: geografia da fome. In: COSTA SOBRINHO, Pedro Vicente; PATRIOTA NETO, Nelson Ferreira (Org.). Vozes do Nordeste. Natal: Editora da UFRN, 2001. p. 125-138.
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A TRISTE PARTIDA - PATATIVA DO ASSARÉ - YouTube
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domingo, 28 de setembro de 2014
JOSUÉ DE CASTRO- UM GRANDE BRASILEIRO- POUCOS CONHECEM.
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