JOÃO SERTÃO
Agreste Pernambucano 1970
Saia da velha rede se espreguiçava no meio da sala do Coração
de Jesus e do Padre Cícero, dois quadros pendurados na parede, ia direto para
um capão de mato deliberadamente
preservado nos fundos das casas para
servir de privada, está aí a premissa do caipira, quando precisa verter água ao chegar à cidade na casa dos que se acham grã-finos, pergunta
” ONDE FICA O MATO DESTA CASA?” .
” ONDE FICA O MATO DESTA CASA?” .
Adentrava a pequena
capoeira, fazia as necessidades e como gato cobria com areia. Voltava pelo
mesmo caminho, lavava o rosto na mesma bacia que todos usavam, muitas vezes
utilizava a mesma água, devido à escassez do precioso líquido naquelas plagas, este
costume fazia com que as doenças oculares e palpebrais se espalhassem com facilidades
pelos sertões nordestinos, era O TRACOMA o mais beneficiado e tome pomada de
tetraciclina nos cantos dos olhos.
Uma xícara de café pelando com resto de pó, revigorante feito
numa amassada lata de flande, pendurada
por um grosso arame ao telhado e que descansava na trempe do fogão a lenha, vasilhame este comprado na feira com óleo de caroço de
algodão e aproveitado como chaleira depois de vazia, nada era jogado no lixo,
tudo era reciclado e servia como utensílio doméstico.
Enxada nas costas,
cabaça d’ água a tiracolo, bornal com
meio quilo de farinha grossa e três tacos de rapadura, tomava o caminho da roça
e de roçado adentro lá se ia o sertanejo puxando cobra para os pés, pés chatos,
barba rala por tirar, pele grossa e ensebada , cigarro de fumo grosso, chapéu de
palha, cabeça baixa, coluna curva, braços indo e vindo no manejo da enxada,
empurrada pela mão direita, deslizava na esquerda e puxada pelas duas, era a dança da capinagem.
O sol começa a se pôr, a barra surgia no horizonte e os pássaros
iniciavam o movimento de se aninharem nas peladas copas da caatinga , olhava
para trás e via de 10 a12 carreiras de matos ceifados pelo fio da ferramenta,
olhava para o céu, tirava e botava o suado e fedido chapéu, limpava a enxada
com a faca peixeira que saia de uma trabalhada bainha de couro escanchada entre
a calça e o cinturão de couro cru, jogava nas costas e tomava o caminho de casa,
armado de uma soca-soca abatia alguns nambus ou preás neste percurso.
Chegava em casa, enxada detrás da porta, entregava a caça
para a mulher, enchia o bucho com farinha e feijão, tomava uma talagada de
café, mais tarde lavava as canelas e os pés, despojado sentava num tronco do
terreiro, contava as estrelas, acompanhava os movimentos da lua e caía moído na
mesma e emolambada rede velha, quando menos se esperava, já era cinco da manhã ,
o mesmo tinido , os mesmos costumes e lá se ia a vida passando.
Chegava o domingo, calça e alpercatas novas, tomava o único
banho da semana, brilhantina na cabeleira , os couros de ratos no bolso, lá se
ia o João Sertão, sem lenço e sem
documentos para a feira na vila mais próxima, ia comprar o fósforo, o fumo, o
sabão, o querosene, os bregueços da casa como pratos, colheres, panelas,
canecos e a munição de boca, o café, o açúcar, o alho, o feijão, o toucinho, a
farinha da grossa, a rapadura, o sal e quando dava um naco de carne de charque,
era duro, era assim a vida do sertanejo ,
era trabalho, muito trabalho e abandono, mais abandono e muito trabalho.
Iderval Reginaldo Tenório
PATATIVA DO ASSARÉ - SENHOR DOUTOR - YouTube
www.youtube.com/watch?v=RTEfYnMNNpc
06/06/2011 - Vídeo enviado por shosta18
Festival Massafeira 1979, Patativa do Assaré obteve no evento: "o festival foi responsável pelo ...Goiano e Paranaense - O Doutor e o Caipira - YouTube
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28/10/2010 - Vídeo enviado por Carlos Albano Filho
Música Boa,Nunca enjoa!! Moda sertaneja sempre será eterna,pelo menos até quando existir a ...
Um comentário:
Gosto muito da sua narrativa.Já fui muito no mato rsrrs, só não lembrava em cobrir rsrrs como um gato. Meu abraço
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