O FOGO AMIGO DIVIDE O PT- LULA VERSUS DILMA, O PAU TÁ CUMENDO.
GABRIELLI VERSUS GRAÇA
Graça Foster sugere que Cerveró poderia ter sido demitido antes
Presidente da Petrobrás diz que conselho poderia tirar o então diretor do cargo logo após detectar falha em parecer técnico
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Dida Sampaio/Estadão
"Foster disse que a Lava Jato causa constrangimento à estatal"
Brasília - A presidente da Petrobrás, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira, 30, em audiência na Câmara dos Deputados que era responsabilidade do Conselho de Administração da estatal demitir o então diretor de internacional da companhia, Nestor Cerveró, após constatar falhas no parecer apresentado por ele e que levou à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, estava à frente do colegiado em 2008, quando foi feito o diagnóstico sobre a omissão de cláusulas consideradas importantes.
Em vez da demissão, Cerveró mereceu elogios registrados em ata e uma transferência para a diretoria financeira da BR Distribuidora, principal subsidiária da Petrobrás. Só deixou o posto no mês passado, após o Estado revelar que a presidente Dilma votou pela compra dos primeiros 50% da refinaria, em 2006, o que ela atribui a falha no resumo executivo apresentado pelo ex-diretor ao Conselho de Administração.
"Por que (Cerveró) não foi demitido? (Eu) Não fazia parte do conselho na época. Não posso responder a essa pergunta", disse. "Quem demite e quem aprova diretores da Petrobrás e da BR Distribuidora é o Conselho de Administração, que é o mesmo. Cabe apenas ao conselho. Tem o presidente do Conselho e os conselheiros, cabe a esse presidente do conselho justificar a aprovação ou não de um diretor da nossa companhia", afirmou Graça.
Lava-jato. A presidente da Petrobrás considerou que a Operação Lava Jato da Polícia Federal causa profundo constrangimento à estatal. "A Lava Jato nos constrange profundamente", afirmou. No último dia 17 de março, a Polícia Federal deflagrou operação para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões. Entre os denunciados e já alvo de processos estão o doleiro Alberto Youssef e o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás. Costa é acusado de ser a ligação do doleiro com a estatal. Ele teria, segundo a Polícia Federal, recebido propina para facilitar a vida de Youssef na empresa.
Em quatro horas de depoimento, ela voltou a qualificar a compra como "mau negócio", mas fez acenos ao grupo do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli ao dizer que, em 2006, quando obteve a primeira metade da refinaria, ele era "potencialmente bom". Após uma disputa judicial com a Astra, sócia do empreendimento, a estatal teve de comprar os outros 50%, o que elevou o valor de aquisição para US$ 1,24 bilhão.
Graça repetiu argumentos da diretoria anterior justificando o prejuízo de US$ 530 milhões pelas mudanças no mercado de petróleo, a crise financeira internacional e a falta de investimentos para mudar o perfil da refinaria para o processamento de óleo pesado, como o produzido no Brasil. Sustentou, porém, que as cláusulas Put Option e Marlim, apontadas por Dilma como responsáveis pela polêmica, eram importantes, ao contrário das versões de Gabrielli e Cerveró, que as trataram como "não relevantes" ou "inócuas".
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