Fundação Nobel decide manter prêmio de Medicina de 2011 a pesquisador morto na sexta
Plantão | Publicada em 03/10/2011 às 16h11m
RIO - A Fundação Nobel, patrocinadora de um dos principais prêmios da ciência mundial, anunciou na tarde desta segunda-feira que vai manter a escolha do canadense Ralph Steinman como um dos agraciados na área de Medicina deste ano. Responsável por pesquisas pioneiras sobre o sistema imunológico, Steinman dividiu o prêmio com o americano Bruce Beutler e o francês Jules Hoffmann. Beutler e Hoffmann estudaram as primeiras respostas do organismo a um ataque, enquanto Steinman descobriu nos anos 70 as células dendríticas, importantes para compreender a próxima linha de defesa do corpo. Com a decisão da fundação, o espólio de Steinman ficará com metade das 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,5 milhão) que acompanham o prêmio, com Beutler e Hoffmann dividindo o restante do dinheiro.
"Os ganhadores do Nobel deste ano revolucionaram nossa compreensão do sistema imunológico ao descobrirem princípios chaves para sua ativação", justificou o comitê da premiação no Instituto Karolinska, na Suécia.
O anúncio dos ganhadores na manhã desta segunda foi acompanhado de dúvidas. Pouco depois dele, a Universidade Rockefeller, onde Steinman trabalhava, informou que o cientista havia falecido na última sexta-feira, 30 de setembro, vítima de um câncer no pâncreas diagnosticado há quatro anos. Desde 1974, o Nobel tem por regra não conferir prêmios póstumos.
- Acho que se pode dizer que isso nunca aconteceu antes - reconheceu Annika Pontikis, porta-voz da Fundação Nobel.
O trabalho dos três cientistas foi fundamental no desenvolvimento de melhores vacinas contra infecções e novas abordagens na luta contra o câncer, em que traçaram o caminho para o desenvolvimento de uma leva de "vacinas terapêuticas" que estimulam o sistema imunológico a atacar os tumores.
Ainda de acordo com a Universidade Rockefeller, foi justamente a própria pesquisa que deu a Steinman uma sobrevida maior que a esperada. "Ele foi diagnosticado com câncer no pâncreas há quatro anos e sua vida foi prolongada usando uma terapia com células dendríticas de sua própria criação", destacou a instituição.
A melhor compreensão do funcionamento das defesas do organismo também permitiu o desenvolvimento de tratamentos para doenças inflamatórias como a artrite reumatóide em que componentes do sistema imunológico atacam tecidos do próprio corpo.
Beutler e Hoffmann descobriram nos anos 1990 que proteínas receptoras atuam como primeira linha de defesa do corpo humano, numa imunidade inata, ao reconhecerem bactérias e outros micro-organismos invasores. Já Steinman explicou como, se necessário, as células dendríticas, parte do sistema imunológico adaptativo posterior, são lançadas ao ataque contra infecções que superem esta primeira barreira.
NOTICIA DE O GLOBO ONLINE.
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