domingo, 9 de fevereiro de 2025

A Prostituição no Brasil em duas etapas







A Prostituição no Brasil em  duas etapas

Nesta página uma matéria sobre a prostituição no Brasil e  no mundo em duas etapas,  o primeiro texto autoral, o segundo de um grupo que estudou o assunto. 

Os meus argumentos são  frutos da Universidade da vida na  lida diária, dos movimentos diversos na sociedade e sua evolução.

Ao tocar no assunto, viaja-se pelo mundo e submundo, faz-se uma ligação com a pirâmide social, a escolaridade, a independência financeira, a herança escravagista, que era e continua sendo a   força motora de uma nação  colônia extrativista. Mergulha-se no social,   no   exercício pleno da  cidadania e da não cidadania, na diferença entre os cidadãos, uma vez que, muitos seres humanos séculos atrás não eram considerados humanos, viviam como animais irracionais, tudo pela vida. 

Nunca é tarde saber,  que até 1960 nos Estados Unidos e em muitas nações hegemônicas,  os índios, os pretos,  os negros, os mestiços, os oriundos de nações periféricas  e os pobres não eram considerados gente e se gente fossem, pertenciam a uma raça inferior.  Argumentavam os considerados brancos e arianos,  que o cérebro das outras raças era menor,  sem cognições e    poucas sinapses,  concluíam que eram raças inferiores. 

A mudança teve o seu início com Rosa Park e Martin Luther King Jr, em 1955, com os movimentos paredistas pela alforria social dos negros e dos pretos  americanosinclusive este modus operandi era aplicado contra as mulheres até o século XIX e ainda hoje é aplicado em muitas nações ao redor do mundo.  

Nunca nos esqueçamos que, somente em 1932 a mulher brasileira teve direito ao voto, fruto da luta de muitas mulheres guerreiras, uma delas a advogada e bióloga feminista Bertha Maria Julia Lutz, filha do Dr. Adolfo Lutz,  médico e cientista brasileiro, pai da medicina tropical e da zoologia médica no Brasil.

O Brasil era tão arcaico, que para os leitores saberem, somente em 1949 teve início a construção  da primeira hidrelétrica do Nordeste, a de  Paulo Afonso, pelo governo do Mato-Grossense  Eurico Gaspar Dutra, inaugurada em 1955, no fim do seu governo e  quando  o  mineiro de Diamantina, Juscelino Kubitschek,  foi eleito como o seu sucessor. O mineiro governou de  31 de janeiro de 1956 – 31 de janeiro de 1961.  

A energia de Paulo Afonso, que é fonte de riqueza, só chegou ao Ceará no  22 de julho de 1961, no Cariri Cearense( Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha) e somente em 1964 em Fortaleza, a capital do Estado .

Com a falta da energia elétrica em muitas regiões brasileiras, grassava a pobreza, a miséria, o compadrio, o nepotismo, o clientelismo, o coronelismo, a idolatria e o feudal-latifundismo em todo o Norte, Nordeste e Centro-oeste. No Brasil apenas o Sudeste e o Sul gozavam das riquezas do país.

Para a sobrevivência dos mais pobres e  abandonados do Brasil invisível: Norte, Nordeste, Centro-oeste e o Faroeste,   sobravam o cangaço, a subserviência, a prostituição, o êxodo( os homens para serviços pesados, as mulheres para trabalhos domésticos e muitas para atividades degradantes pela sobrevivência.

Tudo que existia era para os Políticos, o Clero, a classe alta, classe média,  os que viviam sob a asas dos coronéis com empregos precários, como cabras ou jagunços. 

Créditos maiores para os progressistas da agricultura  e da pecuária de subsistências, aos pequenos comerciantes e aos almocreves que democratizavam a economia nos pequenos municípios, pulverizando as poucas riquezas  nos diversos arraiais, aplicando o embrião do Desenvolvimento Regional  Endógeno, copiado pelo economista Celso Furtado em 1957, no governo Juscelino Kubitschek.  

Naquela época, as leis eram os chicotes,  as peixeiras,  os trinchetes, as garrunchas, as espingardas, os bacamartes, as pistolas,  os revólveres Tauros, Colt  e Smith  32, 38 e 45 e outros modos espúrios  de mutilações Para os mais prósperos, os Rifles  Mauser  modelo 1908 e as Carabinas  utilizadas por muitos  bandos de cangaceiros, sem se esquecer da  famosa metralhadora WINCHESTER, oriunda da Alemanha, apelidada de a Costureira, tal qual a   que liquidou o bando de Lampião, na Gruta de Angico, Sergipe, no dia 28 de julho de 1938, pelo Sargento João Bezerra, pernambucano que sentava praça  nas forças  alagoanas. 

A prostituição no Nordeste e no Brasil guarda estreitas  relações  com estes relatos. Com a pobreza da região, abrir uma casa de sexo, um cabaré ou bordel era comum e um dos meios de sobrevivência para  mulheres, cafetões, rufiões, chulos, proxenetas  e para a economia da região, tocava o mercado regional. 

Relatos  de pessoas que conviveram naquela época, citam  cinco ou mais   modelos de sexo  praticados neste Brasil esquecido, incluindo o legal e o oficial.

1- O primeiro, o casamento no civil e no católico, o oficial, para proporcionar respeito às famílias  

2-O segundo, era a união por afinidade ou amor, sem quaisquer tipos de documentos, o chamado ajuntado ou concubinato.

3-O terceiro, era o amancebado, não havia casamento e nem ajuntamento, geralmente   o homem era casado e a mulher era chamada de amante. Os ricos da época e os mais ousados  eram useiros e vezeiros deste modelo.

4-O quarto  modelo, era o defloramento da moça pelo namorado. Neste caso  a sentença era casar, se não fosse sacramentado o casamento  para não envergonhar a família, a solução era que, na sorrelfa   o que fez o mal à donzela  perderia o órgão sexual ou era capado pelos familiares masculinos da moça ou por um profissional do ramo, poderia até perder  a vida.

5-O quinto, quando a moça perdia a virgindade, não casava e não se sabia o paradeiro do bolinador, neste caso tinha três subespécies.

A)A moça  era filha de um homem de valor. O destino da filha era para um convento,  mudança   para uma cidade distante ou o pai arranjava um casamento  comercial e livraria a pele da família perante a sociedade

B)A moça era da classe média. Casaria ou  iria para um convento ou iria morar na casa de um parente fora do reduto familiar. Voltava anos depois ou nunca mais, alegava que estava estudando.

c)A moça era da classe baixa. Casaria ou iria para um convento, como era difícil encontrar uma vaga, serviria de matéria prima para alimentar os bordeis do Nordeste. É de envergonhar a sociedade atual em saber, que  as cidades prósperas  possuíam estes tipos de casas para albergarem estas sofridas meninas, pois eram na sua maioria expulsas  de casa pelos pais, batizada pelos mesmos de prostituta ou mulher  da vida. 

O mundo de hoje é cruel, porém mais cruel foi no passado, onde as mulheres eram consideradas coisas, mercadorias de manejos e de trocas ao redor do mundo.  Para os homens tudo e para as mulheres até o analfabetismo era a regra. "Para que a mulher precisa  estudar?" era a pergunta da época.

Hoje, apesar do empoderamento e os estudos das mulheres,  o maior forjador de prostitutas  e que possuem vários sinônimos e modelos,  é o SONHO DE CONSUMO, a vontade de ter o que não pode consumir com o trabalho  honesto.  

Este SONHO DE CONSUMO  faz com que as mulheres,  de todos os níveis sociais,  sejam contumazes consumidoras.

a)Umas saciam a compulsão consumista   pela sua força de trabalho, quando estudam e tem uma profissão compatível com os gastos.

b)Outras  vivem no aperto a pagar as contas com todos as dificuldades da vida.

c) Muitas comercializam os dotes físicos em busca de contemplar os seus desejos de consumir e  realizar os seus  SONHOS DE CONSUMO.  Valorizam mais o corpo do que o cérebro. Mesmo com o seu emprego, o que acham insuficiente, enveredam  pelo caminho do sexo enquanto lindas e atraentes, gastando mais de 2 a 5 horas do precioso tempo nas academias pulverizadas em todos os bairros das cidades.  Abandonam as academias do cérebro, ingressam nas academias dos músculos, cursam diversas disciplinas  delineadoras, tornam-se troféus esculturais e expõem nas mídias sociais em busca de potenciais clientes. 

A vontade de ser bonita(o), calcada(o)s na indústria da beleza, mesmo por alguns momentos está levando muitos jovens, masculinos e femininos, a se prostituírem, viver o momento é o cotidiano  e ser feliz é o mote. 

                                                  Iderval Reginaldo Tenório 

A matéria abaixo é um trabalho de um grupo com várias referências. Como a matéria é muito longa, pincei partes esclarecedoras.

A Prostituição no Brasil


A prostituição no Brasil é uma ocupação profissional reconhecida pelo Ministério do Trabalho[1] desde 2002, que não possui restrições legais enquanto praticada por adultos. No país, o turismo sexual é um problema apontado tanto pelo governo local quanto órgãos internacionais, como a UNICEF .[3][6][7]

O relatório de 2010 do Departamento de Estado dos Estados Unidos cita o Brasil como "fonte de homens, mulheres, meninos e meninas para prostituição forçada no país e no exterior". O levantamento inclui o trabalho forçado relacionado ao tráfico de mulheres feito por organizações criminosas de Goiás de onde partem meninas e mulheres para países como Espanha, Itália, Reino Unido, Portugal, Suíça, França, Estados Unidos e Japão. [8] Na Espanha e Rússia organizações criminosas estão montadas para o tráfico sexual forçado de brasileiras e também de brasileiros.[8]

Prostituição e escravidão

Depois da tentativa de escravizar os índios, que teve pouco sucesso, os portugueses começaram no século XVI a importar escravos negros da África para o Brasil. As escravas tinham de servir aos seus donos também com seus corpos, e também a feitores, visitantes, mercantes, artesãos viajantes e outros se o dono o exigisse. 

 Disso foi só um pequeno passo para a prostituição das escravas negras e mulatas. Escravos eram considerados coisas ou mercadorias e não pessoas[9] e tratados em muitos sentidos como animais. Por isso não eram protegidos por leis e podiam ser explorados quase sem limites. Também não existia lei contra o emprego de escravas menores nos prostíbulos. Muitos donos mandavam seus escravos na rua para ganhar dinheiro pela venda de doces ou outros produtos e serviços, e com a maior naturalidade meninas e mulheres escravas eram enfeitadas com fitas coloridas e tinham que oferecer seus próprios corpos. 

 Na primeira parte do século XIX compravam-se as escravas destinadas para a prostituição diretamente de negreiros ou na África. Depois da extinção do tráfico de escravos oficial entre a África e a América, cafetões e bordéis eram abastecidos pelas grandes fazendas de escravos em Minas Gerais e no Nordeste

Os cafetões, que eram muitas vezes antes ciganos pobres ou pequenos criminosos, enriqueciam e viviam "na maior insolência no meio de sua penca de escravas sexuais negras, jovens e submissas." [13]

No século XIX existiam quatro tipos principais de prostitutas. 

Em primeiro lugar as supracitadas negras e mulatas, que se prostituíam coagidas pelo seus donos. Às vezes tinham que entregar tudo o que arrecadavam, outros podiam como incentivo ficar com uma pequena parte, e muitas tiveram que trazer cada dia uma soma mínima, caso contrário eram castigadas com tapas, cacetadas, chibatadas, chicotadas ou eram torturadas de outra maneira. 

A segunda categoria era formada por mulheres e meninas livres, que viviam na miséria em casebres ruins e se prostituíam neles ou na rua. Muitas vezes eram ex-escravas ou as filhas delas. 

A terceira categoria eram as garotas e mulheres do exterior vendidas para traficantes ou aliciadas por promessas falsas de casamentos ou trabalho em casa e mandadas para o Brasil. Eram livres pela lei, mas presas pelas dívidas que os traficantes e cafetões anotavam em suas contas e por isso tratadas como escravas, trancadas nos prostíbulos e castigadas sem dó, quando não conseguiam ganhar as cotas mínimas estipuladas pelos cafetões. 

A quarta categoria era constituída por prostitutas de luxo, principalmente francesas, que possuíam casas grandes, carruagens e frequentavam teatros e eventos cheias de jóias de ouro.[14]

O auge da prostituição no século XX

Depois do fim da escravidão oficial muitas ex-escravas e suas filhas e netas tentaram achar um sustento pela prostituição. A elas ajuntavam-se cada vez mais garotas provindas das regiões pobres da Europa, principalmente judias do leste da Europa, albanesas, mulheres e garotas do Império Habsburgo, mas também francesas e italianas para os homens com melhor poder aquisitivo.[18] Dessa época tratam muitos livros do escritor Jorge Amado, nos quais existem muitas vezes mais prostitutas do que outras mulheres. Alcançou o auge em 1930,[19] quando os prostíbulos do Rio de Janeiro eram famosos no mundo inteiro; o bordel Casa Rosa é hoje um centro de cultura.[20]  Em 1931 o Brasil possuía mais de 400 bordeis administrados por judeus. 

Prostituição e exploração sexual de menores

Um balanço da Polícia Rodoviária Federal divulgado em 2010 aponta a existência de 1.820 pontos de risco de exploração sexual de crianças e adolescentes no país, sendo 67,5% deles localizados em áreas urbanas. 

Os locais não necessariamente indicam a prostituição, mas o de elementos catalisadores como bebida alcoólica, presença de iluminação e escassa atuação de conselhos tutelares.[24] 

A maior concentração está no Nordeste, com 545, seguida pela região Sul com 399 pontos de risco. Em seguida vêm as regiões Sudeste, com 371, o Centro-Oeste, com 281 pontos. A região Norte, com 224 pontos, é a última do ranking.[25]

Prostituição na Internet e Jornais

Hoje são cada vez mais comuns os sites que divulgam o trabalho de garotas de programa. Muitas optam por construir blogs próprios a fim de evitarem os pagamentos mensais, quinzenais ou até semanais para a divulgação de suas fotos em site especializados. Outras preferem o retorno mais garantido que o anúncio em sites específicos promete dar.

Outra pratica muito comum no Brasil é a divulgação da prostituição em classificados de jornais, esta atividade é comumente praticado por jornais de todos os estados brasileiros. 

O estado do Rio de Janeiro saiu na frente e através da aprovação do Projeto de Lei 2235/2005 (Projeto aprovado dia 10 de outubro de 2013) de autoria do deputado estadual Fabio Silva, proibiu esse tipo de anúncios em Jornais e Revistas do estado.

A pratica de prostituição tem ganhado novas vertentes, uma delas são a divulgação de ensaios sensuais em sites de prestação de serviço de classificados especializados em anunciar Modelos Fotográficas, esta forma é uma pratica de divulgação desses serviços que abrangem o público adulto na internet.

Rede Brasileira de Prostitutas

No Brasil existe a Rede Brasileira de Prostitutas. Em 2007 criticou a ação de um grupo de jovens que espancaram a empregada doméstica Sirley Dias de Carvalho, alegando ter confundido com uma prostituta.[26]

Referências

·  Ministério do Trabalho e Emprego. «5198 :: Profissionais do sexo». Classificação Brasileira de Ocupações. mtecbo.gov.br. Consultado em 18 de abril de 2012
·  «Mapas da prostituição infantil no Brasil» (em inglês). BBC News. 27 de janeiro de 2005. Consultado em 28 de junho de 20

 ·  «Sweet Girls Floripa» 

·  «Brasil reprime prostituição infantil» (em inglês). San Francisco Chronicle. 5 de fevereiro de 2005. Consultado em 28 de junho de 2011
·  «Direitos humanos e trabalho no Brasil» (em inglês). U.S. Department of State. Consultado em 28 de junho de 2011·  «Brasil luta contra o turismo sexual durante o Carnaval» (em inglês). China Daily. 12 de fevereiro de 2004. Consultado em 28 de junho de 2011·  «Brasil trava luta contra turismo sexual» (em inglês). BBC News. 2 de dezembro de 2004. Consultado em 28 de junho de 2011·  U.S. Departmet of State. (14 de junho de 2010). Trafic in Persons 2010 Country Narratives, acesso em 15 de junho de 2010
·  Clóvis Moura: Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, Sao Paulo, 2004, p. 327ss, no internet aqui
·  Gil Freyre: Casa-Grande & Senzala, 48. tiragem, Recife, 2003, p.537 ff. No internet aqui.
·  Renata Maria Coimbra Libório, Sônia M. Gomes Sousa: A exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, Sao Paulo, 2004, p. 242ss. No internet aqui. 
·  Gonçalves, Ana Maria: Um defeito de cor, Record, p. 215. No internet aqui, p. 153. 
·  Luiz Carlos Soares: Prostitution in Nineteenth-Century Rio de Janeiro, University of London, 1988, p.20s, no internet hier.
·  Luiz Carlos Soares: Prostitution in Nineteenth-Century Rio de Janeiro, University of London, 1988, p.33, no internet aqui. 
·  Luis Carlos Soares: O "Povo de Cam" na capital do Brasil, p.182s.·  Luiz Carlos Soares: Prostitution in Nineteenth-Century Rio de Janeiro, University of London, 1988, p.12ss, no internet aqui.
·  Escravas, prostitutas e o Brasil político de 1871 
·  Luiz Carlos Soares: Prostitution in Nineteenth-Century Rio de Janeiro, University of London, 1988, p.17s, no internet aqui. ·  Prates Conrado, Mônika (2016). Prostituição, tráfico e exploração sexual de crianças: diálogo multidisciplinar. Brasília: Vestnik. Consultado em 31 de maio de 2017 ·  Cristiana Schettini, Thaddeus Blanchette: A History of Rio Sex.

  ·  Informationsstelle Lateinamerika e. V.: Jüdische Prostituierte in Brasilien – Die große jüdische Gemeinde des Tropenlandes brach ein heikles Tabu ihrer Geschichte (Klaus Hart) Arquivado em 26 de setembro de 2007, no Wayback Machine. 29 de agosto 2007 ·  Revista: Christ in der Gegenwart: Nr. 36, 59. ano, Ins gelobte Land ins Bordell. (Da Terra Santa para o prostíbulo) 9. de setembro 2007

·  «Polacas, as prostitutas judias». Consultado em 23 de maio de 2017. Arquivado do original em 9 de março de 2017·  Folha de S.Paulo. (6 de outubro de 2010). Levantamento aponta 1.820 áreas de risco de exploração sexual nas estradas federais, acesso em 6 de outubro de 2010

·  Desidério, Mariana. (6 de outubro de 2010). Nordeste é região com mais pontos de risco de exploração sexual infantil, acesso em 6 de outubro de 2010«Rede de Prostitutas: crime no Rio expõe preconceito». Porta Terra. 25 de junho de 2007. Consultado em 27 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 27 de agosto de 2019

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

JOQUINHGA E A MAE PASSADERIRA

                                                     Nenhuma descrição de foto disponível.

                                             Vetores e ilustrações de Advogado Negro Png para download gratuito | Freepik

                                         Menino Negro Dá Cinco Ilustrações Do Vetor De Desenho Animado Do Branco.  Duas Crianças Altas Cinco Saudações Isoladas. Ilustração do Vetor -  Ilustração de sorriso, povos: 240826377

uma leão e uma gato estão sentado em uma registro. gerado ...

Pobreza em Foz: professora analisa o cenário iguaçuense e trinacional

JOQUINHA E A PASSADEIRA DO SÃO JUDAS TADEU . 

DEPOIMENTO.

                                        
A minha mãe ganhava a vida com muitas dificuldades, trouxas e mais trouxas de roupas para lavar e passar, geralmente brancas, naquela época não existia elergia elétrica no bairro. 

O quintal da minha casa sempre parecia com a época de São João, era cheia de camisas e calças brancas, como se fossem bandeirolas a  flamularem nos longos e grossos  cordões de algodão ou de nylon.

Eu era muito pequeno,  os meus irmãos eram  dois ou três anos mais mais velhos do que eu, ficavam a vigiar este grande quintal,  que era cercado com arame farpado, não para coibir  roubos, pois quase que não existiam no nosso bairro e nem naquela época. Os amigos do alheio eram raros, raríssimos, parece que o povo tinha mais vergonha, o principal cuidado dos meus irmãos era com os pássaros que vinham beliscar as mangas, as goiabas e os sapotis do pequeno pomar, como também para espantar os sagüins, os sariguês e os  gambás que habitavam as frutíferas árvores,  e que de vez em quando largavam os seus dejetos que manchavam as roupas brancas, que de imediato a minha cuidadosa e limpa mãe lavava outra vez.

As roupas brancas eram de pessoas importantes da cidade, pessoas da sociedade, como falávamos, geralmente a minha mãe  pegava num dia e depois de  limpas, cheirosas, alvas   de arder  nos olhos e muito bem passadas,   as devolvia aos donos dois ou  três dias depois, quando não chovia. Eram roupas preciosas, delicadas e finas,  lembro que o capricho maior era com os punhos e com os colarinhos, nestes detalhes a minha mãe era exageradamente exigente.

No dia da entrega,   Dona Detinha , minha mãe, fazia questão  que eu , o filho mais novo, a acompanhasse, isto porque enquanto ela lavava  e  os meus irmãos  vigiavam, ficava eu atento aos livros , lendo, escrevendo, cantando, dançando e  brincando de gente grande, brincando de gente importante, de pessoas da sociedade , ora como médico, ora como industrial e muitas vezes como o prefeito da cidade, nestes momentos sempre falava para a minha mãe, a  lavadeira,  que quando eu crescesse iria ser um cidadão de estudos e de posição,  em vez de lavar as minhas roupas, iria ter condições de pagar  para lavá-las e passá-las, dizia também que  além das roupas brancas iria possuir muitas roupas , paletós e sapatos de todas as cores e de diversos modelos, porém as camisas  na sua grande maioria seriam da cor branca, repetia também para a minha mãe,  que iria lhe presentear com uma confortável e grande casa bem mobiliada, com tudo que a mesma quisesse num bairro de primeira, além desta façanha a mesma teria bons, inteligentes e estudiosos netos. 

O segredo para a realização deste sonho estava na escola e isto eu tinha convicção, com estes predicados todos os patrões  da guerreira matriarca queriam me conhecer, e conheci muitos, todos eram homens importantes e gostavam de minha  prosa, foram eles quem atentaram para este meu pensamento. 

Um dos patrões, um senhor mais velho e de cabeça branca, conseguiu uma boa escola para mim como bolsista, acho que a escola era  de um dos seus filhos , outros me presentearam com livros, cadernos, canetas, lápis , uma bolsa de couro nova, tênis de pano ,  por conhecer a condição de minha  família providenciaram uma alimentação básica, isto até os 17 anos , uma vez que ao completar  18   não mais aceitei as ajudas, pois já me considerava um adulto e é muito feio , desonesto e vergonhoso um adulto ser sustentado por outro, nem mesmo pelos seus pais, salvo por tradição familiar e se possuir uma boa condição financeira, nesta época consegui  um emprego no escritório do pai do dono da escola, um grande advogado . No escritório  passei a conviver com grandes homens , alguns empresários, médicos, engenheiros e professores, aquilo atiçou a minha mente e dei prosseguimento aos estudos. 

Hoje a minha mãe  está com 70 anos de idade, mora na sua bela e confortável casa própria, muito bem mobiliada e num bairro onde moram os seus antigos patrões, hoje muitos lhe chamam  de comadre. 

A dedicada Detinha  não cansa de ajudar os sobrinhos, os vizinhos do antigo bairro e os seus netos, quase todos cursando ou no rol da Universidade. 

A minha esposa  trabalha num grande hospital e no seu consultório, tem uma bela e fiel clientela oftalmológica, eu sempre faço algumas viagens a trabalho. Nesta semana darei uma conferencia  numa  empresa de engenharia que atua na geração de energia, pois o meu projeto foi aprovado e foi o vencedor de uma licitação num país da Europa. Os diretores querem saber mais sobre  os novos  sistemas de produção de energia limpa, eólica e solar,  querem implanar nos parques industriais.

 Peço a minha bênção a minha mãe e deixo um recado para os  jovens de qualquer nível social:  Força de vontade, coragem, perseverança, respeito, juízo e muito trabalho são  os únicos caminhos  para os que querem crescer socialmente  na vida com ética e cidadania.

Deixo um forte abraço  com muito carinho e esperança para todos os amigos.  A todos muita sorte nos estudos e relembro:

 Para o pobre só existe um  caminho, a Escola,  isto, para que não fique na mente de cada um, que filho de gato tem que ser gatinho, no reino irracioonal sim, porém na raça humana é diferente,  quem manda e comanda  é o cérebro e  depende de cada um, principalmente do seu proprietário.  Mesmo sabendo que tem uma casta que diz em  voz alta que : "FILHO DE GATO,  GATINHO SERÁ", não é verdade.  Na minha convicção na raça humana é diferente, filho de gato pode evoluir para qualquer animal, tanto pode regredir ou evoluir  para  leão, elefante, um tigre de bengala, baleia, águia e até mesmo para um tubarão, vai depender da escola, da  força de vontade, da   coragem, da incansável busca e dos poderes públicos. 
 
Do amigo Joaquim, que quando criança  era chamado de  Joquinha de dona Detinha,  a lavadeira do bairro São Judas Tadeu.

Joaquim de dona Detinha
Salvador, 15 de Outubro de 2016
Iderval Reginaldo Tenório

FOTOGRAFIA 3 X 4 - BELCHIOR - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=UyYH1biSlBY
11 de jun de 2010 - Vídeo enviado por vangodias
ALUCINAÇÃO (1976) PHILIPS/PHONOGRAM - O SEGUNDO E MELHOR ALBUM DE BELCHIOR.