segunda-feira, 16 de agosto de 2021

A FORMAÇÃO DE UM POVO INDEPENDENTE- UMA NAÇÃO DEMOCRÁTICA

 Diretas Já 20/10/2014 - A retomada da democracia e as novas constituições -  Veja detalhes Licença de uso Licença Creative Commons Todas as imagens são  protegidas pelas leis de direitos autorais e podem ser livremente  utilizadas, sem custo e sem ...

 O futuro da democracia no Brasil | Combate Racismo Ambiental

Na formação de um povo, muitas são as frentes a se discutir. Sendo a  Democracia a mãe da Liberdade e do respeito figura como a  maior bandeira, uma vez que pode englobar as demandas da economia, da educação , da infraestrutura  e da saúde.

Na vertente economia, a  distribuição das riquezas deve guardar  proporcionalidade salarial de acordo com a preparação de cada um e com  equidade,  não deixando grandes diferença salariais entre as classes sociais. Conduta  que  proporcionará o incentivo ao conhecimento, a ascendência na escala  sociocultural  e o nivelamento social por cima , elevando o IDH ( O Índice de Desenvolvimento Humano) do país.

O segundo e importante passo é o pertinente ao cérebro, ao intelecto, ao conhecimento e a criatividade de cada ser humano, neste quesito , a sociedade deve aplicar uma generosa parcela das riquezas na educação plena, nas artes , no ensino básico , fundamental e  médio   com isonomia para todas as classes sociais.  Investir na educação é garantir o fortalecimento da democracia,  da economia e da cidadania propiciando   sustentabilidade   à nação.

O terceiro viés e de grande importância é  o da  saúde. Povo sadio é povo atuante,   criativo , produtivo  e  disposto a lutar pela nação, é  povo altivo. 

Com este arcabouço todas as outras  demandas  serão administradas com afinco e sem atritos.  Segurança, locomoção, comunicação, água , esgoto, energia , descartes e reciclagem do lixo,  trabalho e quaisquer tipos de preconceitos terão as devidas  e positivas soluções, pois estão atreladas as diretrizes mães já mencionadas. Não como hoje,  onde  a preocupação maior do governo é exigir do povo  a ferro e fogo os seus deveres e negligenciar nos seus direitos , configurando o milenar aforismo: “As águas dos rios  sempre correm para o mar”. Complemento:  estas mesmas águas só  retornam com a evaporação e de gota em gota  a depender das matas , dos oceanos, dos ventos e dos biomas  , isto é ,  do respeito ao  ecossistema.

Dando uma viajada nos escritos do Lima Barreto , alcançado o Major Policarpo Quaresma, nos tempos do Deodoro e do Floriano no fim do século XIX e inicio do século XX , ficou claro que a Republica foi criada para gerar cargos públicos, empregar as elites da época e jogar para o escanteio a população da base da pirâmide social.

A República foi gerada  para a desvalorização dos costumes locais e nacionais , os considerando arcaicos, deprimentes e pejorativamente coisas de índios. Surgiu para a modificação da culinária , das vestimentas , o linchamento dos que já viviam nas terras brasileiras e os seus descendentes,  e para o apagamento de uma vez por todas  da língua nativa , o Tupi Guarani , proibida desde o ano de 1757, sendo substituída pela língua Portuguesa, confirmada  dois anos depois com a expulsão dos Jesuítas em 1759  como a língua   oficial do Brasil.

Os movimentos foram tão violentos,   que eram taxados de débeis mentais, doidos, malucos, desequilibrados, conservadores , atrasados, seiscentistas , traidores da Pátria  e uns foras da lei todos  que pensassem diferente do governo Republicano.   Nesta  época proliferaram os sanatórios em todo o país, notadamente nas grandes capitais como Rio de Janeiro, São Paulo,  Porto Alegre e Salvador. 

Friso também que  era  considerado desvio de comportamento e conduta, mulheres comuns muito culta e   a homossexualidade, sendo muitos cidadãos presos por serem homossexuais ou mulheres que exigiam os seus direitos e  emacipação, como o direito ao voto . Os familiares pediam os seus internamentos em hospitais psiquiatricos pelo mau hábito da leitura, elas peitavam os homens , notadamente os maridos.

Plausível, moderno, desenvolvido e aceitável era penar como pensavam as grandes nações da Europa, os invasores,  que aos poucos iam invadindo e carcomendo as riquezas do país, chegando ao ponto de destronarem o monarca  D.Pedro II,  o enviado para Paris , na França, onde falecera  dois anos depois, em 1891, de banzo ou de desgosto, tendo na sua cabeceira um travesseiro com terras brasileiras de onde nunca tirou a cabeça.

Os Republicanos derrubaram  a monarquia, a nação foi entregue  às elites, estas se perpetuaram no poder e  ainda hoje, em pleno século XXI,  têm os mesmos  pensamentos a respeito  das demais classes sociais que compõem a nação. Muitos cargos governamentais, empregos  e postos  políticos  para as poderosas dinastias , altos salários  para a esfera superior , salários baixos para os trabalhadores da classe média e o mínimo para os ocupantes da base da pirâmide social, os sofredores deste rico Brasil. Enquanto isto, numa manobra macabra das elites política e da burguesia as demais classes  induzidas pelos lideres  brigam entre si, se matam e se enfraquecem, dando força e poder aos mesmos que nada fazem pelo povo. Políticos profissionais  que só pensam   em si,  nos seus e em abocanhar o poder com a ajuda dos bajuladores , seguidores ,  beneficiados e muita demagogia.

Enquanto o povo briga, eles vão se entendendo e fazendo projetos de como se perpetuarem na direção. Povo fraco, elite forte; povo que briga,  elite que se une; assim caminha o Brasil. A inversão deste modus operandi poderia ser uma das soluções para o país sair do fosso no qual se encontra, os políticos e os ricos por cima , os brigões a se desentenderem e os bobos levando o país nas costas.

Viva a democracia e a liberdade, sem elas o pais não é nação e o seu  povo não possui uma  Pátria.

Iderval Reginaldo Tenório

 

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16 de jul. de 2017 · Vídeo enviado por Antonio Aury de Macêdo Torquato


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(trecho de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-americano) de Jotabê Medeiros Populus, meu cão o ...
19 de ago. de 2019 · Vídeo enviado por Marcelo Sauaia

 

NOTA DE PESAR- Morre o Professor Dr.Sebastião Antonio Loureiro de Souza e Silva, UFBA.

 Sebastião Loureiro - Nota de pesar | Universidade Federal da Bahia

 4° Pré-Abrascão 2012 - Sebastião Loureiro - Paradigmas e inovação  tecnológica em saúde - YouTube

 NOTA DE PESAR


A Academia de Medicina da Bahia, profundamente consternada e enlutada, comunica o falecimento do seu Membro Titular Professor Dr.Sebastião Antonio Loureiro de Souza e Silva, ocupante da cadeira número 43, cujo patrono é o Professor Dr. Manoel Augusto Pirajá da Silva, ocorrido ontem, dia 15 de agosto de 2021.

Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, na turma de 1964, o confrade era mestre em Tropical Public Health, Londres e doutor em Epidemiologia pela Universidade do Texas, USA, professor do departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Bahia, fundador e professor do Instituto de Saúde Coletiva e professor Emérito da Universidade Federal da Bahia.  Com os seus vastos conhecimentos em saúde pública muito contribuiu para a construção do SUS. 

Dotado de uma simplicidade incomum, era modesto e atencioso no trato com as pessoas, tendo sido muito querido e respeitado pelos alunos, colegas e confrades. 

Na Academia de Medicina da Bahia foi Membro Titular com relevantes contribuições para o renome do sodalício.

Deixa o confrade Sebastião ou o nosso Tião, um legado de bons exemplos e de uma convivência muito fraterna. De imortal, passa ao grupo dos encantados, continuando a merecer de todos que tiveram a honra de com ele conviver, a gratidão pela contribuição a medicina e a saúde pública brasileira. 

Aos familiares, apresentamos as nossas sentidas condolências e agradecemos por dividi-lo conosco.

Acadêmico Prof. Dr. Antonio Carlos Vieira Lopes

Presidente

 

A Universidade Federal da Bahia lamenta o falecimento de seu professor emérito Sebastião Loureiro, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC).
 
Graduado em medicina pela UFBA (1964), mestre em Saúde Pública Tropical pela University of London (1968) e doutor em epidemiologia pela University of Texas System, Sebastião Antonio Loureiro de Souza e Silva ingressou na carreira docente em 1968, como docente da Faculdade de Medicina da UFBA. Ali exerceu diversos cargos no Departamento de Medicina Preventiva, embrião do Instituto de Saúde Coletiva, em cujo processo de fundação, consolidada em 1995, teve papel determinante, e onde a partir de então atuaria com grande destaque, exercendo cargos de coordenação, liderando projetos de pesquisa e contribuindo de maneira marcante na formação de gerações de pesquisadores.
 
Sebastião Loureiro presidiu a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) entre 1985 e 1987 - tendo conduzido, na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, trabalhos que contribuíram para a incorporação do direito universal à saúde na Constituição Federal de 1988 - , a Associação Latino-Americana de Medicina Social (Alames) e a International Association of Health Policy (IAHP). Decano do Centro de Formação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), foi consultor da Secretaria de Saúde da Bahia e da Organização Mundial da Saúde. Além do título de professor emérito da UFBA (1995), Sebastião Loureiro recebeu da Assembleia Legislativa da Bahia o Diploma de Honra ao Mérito aos serviços prestados a saúde pública e ao desenvolvimento da ciência (2008); do Ministério da Saúde, a Medalha Oswaldo Cruz (2009), principal honraria do país a personalidades da área de saúde pública; e dos conselhos Regional e Federal de Medicina, o Diploma de Mérito Ético Profissional ao Médico.
 
Em nota, o ISC despediu-se do professor "Tião", como era carinhosamente chamado, definindo-o como "gentil, generoso, inteligente, criativo, sempre [...] atento às possibilidades de inovação e desenvolvimento institucional, comprometido com o fortalecimento do campo da Saúde Coletiva e da luta social e política em defesa da Reforma Sanitária Brasileira e por uma sociedade justa e democrática."
 
Entristecida, a UFBA se solidariza aos familiares, amigos, colegas, discípulos e admiradores do professor Sebastião Loureiro.
 
 
 

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Residência estudantil da UFBA é tombada pela Prefeitura de Salvador

 

Ufba anuncia que vai reformar residência do Corredor da Vitória - Jornal  Correio

 

 

 ´"Foi nesta casa que moramos durante todo o curso de Medicina da UFBA, Salvador, Ba ."       

  Iderval Reginaldo Tenório

A luta dos estudantes, das comunidades acadêmicas e o senso de responsabilidade dos gestores levaram ao tombamento da casa.  

Monumento este que  foi o lar, a vida e o mundo  de muitos homens desta terra chamada Brasil, notadamente dos abandonados de todo o Nordeste que vinham usufruir dos  ensinamentos , da receptividade e da bondade do povo da Bahia .  Povo hospitaleiro, amigo, acolhedor  e cordial. 

Não é sem sentido que é a Bahia a casa de todos o brasileiros, foi aqui que o grito ecoou- 

 "ESTA TERRA  É O BRASIL"

A Bahia me ofereceu guarida, trabalho, escola, colegas, irmãos, amigos , mais amigos e uma grande família.  

A Bahia me presenteou com  mais uma família, um novo núcleo  familiar : Minha esposa, meus cunhados , meus sogros  e os  meus dois filhos.

Sou grato à minha querida Bahia .

Tombar este monumento é preservar a  nossa história para a eternidade, todos que ali moraram hoje são eternos , estão nos anais da História.

Eu tenho o privilégio de falar em alto e bom som- A minha Chapada do Araripe (Ceará/Pernambuco), onde nasci,  foi tombada  ,  a casa que me deu condições de fazer o Curso  de Medicina , na  FAMED UFBA , a primeira Escola de medicina do Brasil , fundada por D.João VI no ano de 1808  , também.  A cidade que me criei, Juazeiro do Norte no meu Ceará , uma terra abençoada e Salvador , a primeira Capital do Brasil , me acolheu.

Obrigado Ceará, Pernambuco e obrigado a minha querida Bahia .

Sou eternamente grato a todos que participaram e participam desta moderada , porém emocionante trajetória de um simples trabalhador.

                       Iderval Reginaldo Tenório

 

Observação.

Alguns colegas pediram este complemento e eu não poderia deixá-los sem estes relatos.

Quantas vezes ficávamos na rua quando chegávamos antes do inicio do semestre letivo e  permanecíamos  por dois ou três dias  sem paradeiro NAS RUAS ? Quantas? . 

Nestas horas eram comprovadas o espírito de coleguismo , de compaixão e acolhimento da Bahia, apelávamos para as Residências Universitárias dos Municípios como Paramirim, Vitória da Conquista ,  Feira de Santana e outras menores enquanto não nos colocávamos seguros?. Muitas foram as vezes que   ficamos no campo da Pólvora , defronte ao Fórum Ruy Barbosa ou no Campo Grande. 

 Poucos sabem disso, inclusive alguns estudantes  moradores mais privilegiados. Por isso nós de Medicina morávamos provisoriamente na Maternidade  Climério de Oliveira, Hospital Getúlio Vargas ou no Hospital das Clínicas, conseguíamos a dormida e a bóia .

Um dia o Reitor tentou fechar a Casa e muitas foram as bandejadas Universitárias  no corredor da Vitória, a zoada, talheres bandeja,  fora ensurdecedora .  Nestes movimentos reivindicávamos  alimentação  e casa   nas férias , conseguimos  estes intentos.  Casa para os que ficavam na Capital e alimentação apenas o básico. 

Nestes períodos  , mais de 90% dos  funcionários tiravam férias , principalmente os do restaurante, o melhor cardápio do mundo, hoje chamado de menu pelos antigos moradores, hoje  dedicados profissionais a serviço da nação, muitos já aposentados e noutro patamar de vida.

Com a falta de funcionários  muitas tarefas  ficavam sob a responsabilidade dos estudantes, foi uma vitória no Corredor da Vitória para os Estudantes da UFBA e precisamente para  Acadêmicos de Medicina que faziam internato ou estágios nos Hospitais Publicos da Bahia:  O HPES, HGV, COUTO MAIA, O SÃO JORGE, MATERNIDADE CLIMÉRIO DE OLIVEIRA E  A MATERNIDADE TSYLA BALBINO, todos celeiros e academias  de grandes Médicos para o mundo.   

 OBS:  O Hospital Central Roberto Santos veio depois e serviu de morada para os seus Residentes de Medicina.

Iderval Reginaldo Tenório

 

Residência estudantil é tombada pela Prefeitura de Salvador

Por meio de decreto publicado hoje (11 de agosto), a Prefeitura de Salvador aprovou o tombamento do casarão que abriga a residência estudantil da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Conhecido como “Casa Burguesa da Vitória”, o imóvel localizado no Corredor da Vitória foi construído no século XVIII, e adquirido pela UFBA em 1956.

“A continuidade do uso de habitação no imóvel permitiu a manutenção dos espaços internos e ambiência preservados, propiciando a leitura e hierarquia dos ambientes, preservação dos materiais e sistemas construtivos característicos da época de construção – estrutura, pisos, forros e esquadrias –, assim como a permanência dos jardins e visuais para a Baía de Todos-os-Santos”, destaca o decreto.

A iniciativa do tombamento é da UFBA. Com a publicação do decreto, qualquer intervenção imóvel dependerá de autorização e fiscalização exercidas pela Fundação Gregório de Mattos, para “promover a preservação de méritos arquitetônicos e paisagísticos do imóvel”.

 

 

 

Vejam estes  dois vídeos, eles fazem parte das nossas vidas.

Este vídeo faço uma explanação dos colegas e irmãos daquela casa

BASTA UM CLIK NA FOROGRAFIA  E ASSISTIRÃO O VÍDEO

 
 
Este segundo  é um vídeo sobre a casa, é emocionante para nós que convivemos juntos como verdadeiros irmãos naquela espetacular morada, o nosso lar. 
 
 
BASTA UM CLIK NA FOROGRAFIA  E ASSISTIRÃO O VÍDEO 
 
Vejam estes  dois vídeos, eles fazem parte das nossas vidas.

Este vídeo faço uma explanação dos colegas e irmãos daquela casa.

 
Este segundo  é um vídeo sobre a casa, é emocionante para nós que convivemos juntos como verdadeiros irmãos naquela espetacular morada, o nosso lar. 
 

O humor da inocência- A VIDA É INTERESSANTE.

O humor  da inocência- A VIDA É INTERESSANTE.  Veja o que é a mente.

Veja o que é a vida , o cérebro é um segredo. Imagine o que pode acontecer depois dos sessenta, se aconteceu com uma criança, não reclame da sua memória .

“As Laranjas da Sabina” -ESTUDANTES DE MEDICINA .TEATRO DE REVISTA_2

 ARQUIVO MARCELO BONAVIDES - Estrelas que nunca se Apagam - : AS LARANJAS DA  SABINA - 1889

ARQUIVO MARCELO BONAVIDES - Estrelas que nunca se Apagam - : AS LARANJAS DA  SABINA - 1889

As laranjas da Sabina – Rio Memórias

ARQUIVO MARCELO BONAVIDES - Estrelas que nunca se Apagam - : AS LARANJAS DA  SABINA - 1889

Quitandeiras em rua do Rio de Janeiro, fotografia colorizada de Marc Ferrez  1875.: brasil

TEATRO DE REVISTA_2: “As Laranjas da Sabina”

Manifestação de estudantes republicanos contra proibição de venda de laranjas, ainda no Brasil Império, virou grande sucesso das Revistas de Ano.

Meses antes do fim da Monarquia, Sabina (uma vendedora de laranjas negra vinda da Bahia) armava seu tabuleiro em frente à Imperial Escola de Medicina, na Rua da Misericórdia, Rio de Janeiro. Estudantes republicanos atiraram suas laranjas contra a carruagem de um Ministro do Império que passou em frente à escola, num protesto contra o regime. O subdelegado Jacome Lazary confiscou o tabuleiro da baiana e Sabina foi proibida de vender suas laranjas no local, considerado subversivo. Na manhã do dia 25 de julho de 1889, os jovens fizeram uma bem-humorada passeata pelas ruas do centro da cidade, que terminou com vivas à República e aplausos de uma multidão entusiasmada.

 

 Com Sabina à frente, o cortejo saiu da Faculdade de Medicina, ganhando mais adeptos por onde passava. Bem-humorados, os estudantes carregavam laranjas espetadas em suas bengalas, uma coroa feita de legumes, bananas e chuchus e uma faixa criticando a autoridade policial, chamada de “O eliminador das laranjas”. Passaram também pelas redações dos principais jornais da cidade denunciando a arbitrariedade, o que renderia grande repercussão para o caso. Terminaram por deixar a coroa e as laranjas na entrada da delegacia, como presente para o subdelegado, que não se encontrava no local. Os jornais deram grande cobertura ao acontecido e a repercussão fez com que a polícia recuasse da proibição e Sabina voltou a vender suas frutas. A história da ex-escrava converteu-se em bandeira republicana.

 

Os jornais publicados logo após a passeata foram unânimes em destacar o caráter cômico e pacífico da manifestação. A maioria recorreu à palavra “préstito” para defini-la – um jargão típico do vocabulário carnavalesco do período. Segundo a Gazeta da Tarde, tudo ocorreu “na melhor ordem possível, e sem ocorrência alguma desagradável”; o Jornal do Commercio concordava, observando que “não houve da parte dos que a promoveram e levaram a efeito intuito de desprestígio a ninguém, nem de desobedecer a nenhuma autoridade”. Já a Gazeta de Notícias afirmou que a passeata fora “genuinamente acadêmica, alegre, barulhenta e inofensiva”. Apenas 3 dias depois do protesto, o jornal foi profético: “Um viva aos rapazes, que acabam de escrever a melhor cena das próximas revistas de ano”.

 

As REVISTAS DE ANO eram peças teatrais cômicas e musicadas que mostravam cenas independentes inspiradas nos eventos mais marcantes do ano anterior, passando-o “em revista”. Em 1890, os irmãos escritores Artur e Aluízio Azevedo encenaram “A República”, uma revista musical sobre o novo sistema de governo adotado pelo país no mesmo ano do “caso Sabina”. Noite após noite, os cariocas corriam até o Teatro Variedades Dramáticas para ver a atriz e soprano grega Ana Manarezzi cantando o lundu As Laranjas da Sabina”. A atriz branca se caracterizava como a ex-escrava, algo próximo do hoje polêmico recurso Black Face. Há rumores de que “A República” marcou a aparição da primeira “mulata”, personagem típico da história do teatro brasileiro.

 

Nas décadas seguintes, as figuras da “baiana” e da “mulata” se tornaram populares no teatro musicado e nos programas de rádio. No início do século XX, as agremiações carnavalescas mantinham grupos formados por homens que saíam às ruas fantasiados de baianas e mulatas nos dias de folia. Numa homenagem à velha quitandeira da porta da Escola de Medicina, eles eram chamados de “Sabinas da Kananga” no grupo Kananga do Japão e simplesmente de “Sabinas” pela sociedade dos Fenianos.

Estimulada pelo enorme sucesso da aparição da “mulata Sabina”, em 1892, uma companhia portuguesa em excursão pelo Brasil incluiu um número em seu espetáculo, onde a estrela espanhola Pepa Ruiz levava a platéia ao delírio ao se caracterizar como baiana vendedora de rua e cantar um lundu. O nome de Sabina não era mencionado na peça, mas a inspiração do quadro era óbvia. Em 1915, o governo Wenceslau Brás enfrentava uma grave crise financeira. O Ministro da Fazenda, Sabino Barroso (tio de Ary Barroso), tornou-se o centro das atenções. Seu nome serviu de mote para o autor teatral J. Brito escrever a peça “A Sabina”, fazendo referências ao ministro e também à “mulata” popular. Nela, as letras do Tesouro eram denominadas “sabinas” e a personagem era vivida pela estrela Maria Lino – uma italiana – a terceira estrangeira a representar a lendária vendedora ambulante.

Em 1923, mais de 30 anos após a passeata e a peça dos irmãos Azevedo, um artigo de “A Notícia” lembrou o ato de desagravo que os estudantes de Medicina prestaram à “preta velha”, “trazendo-a de passeata e mais ao seu tabuleiro, entre vivas e brados, pelas ruas da cidade. Foi quando surgiu aquela canção, cujo estribilho muita gente trauteia [cantarola], sem conhecer-lhe a origem”. O autor escolheu o histórico “caso Sabina” para argumentar sobre as mudanças no novo mundo do trabalho, comparando-o aos tempos da escravidão. Sua argumentação dizia ainda que algo considerado “coisa de pretos” no passado, agora era aceito com naturalidade. Muito tempo depois, um relato escrito pelo jornalista Ferreira da Rosa voltou a descrever o episódio, desta vez apresentando-o como um comício republicano. A injustiça sofrida por Sabina teria sido usada como pretexto pelos estudantes para armar um evento de cunho republicano sem que seu conteúdo político ficasse muito explícito. Aproveitando-se de seu alto status social, esses jovens brancos filhos da elite brasileira se apresentaram como defensores dos mais pobres e humildes sem serem importunados pela polícia ou pelos monarquistas mais exaltados. Aparentemente, tratava-se apenas de defender uma vítima inocente da arbitrariedade policial.

AS LARANJAS DA SABINA foi um dos maiores sucessos musicais do final do século XIX e uma das primeiras gravações musicais feitas no Brasil. Em 1902, quando a indústria fonográfica chegou ao país, foi gravada ainda no sistema de cilindros pelo cantor Cadete e já em disco por Bahiano, ainda nesse mesmo ano. Em 1905, a atriz Pepa Delgado gravou o lundu. Em 1906, a cantora Nina Texeira, em gravação com Geraldo Magalhães, canta um verso do estribilho na música Rapsódia. Nos anos 40, Dircinha Baptista, acompanhada pela orquestra de Pixinguinha, faria uma gravação não comercial para o rádio com o nome de Fadinho da Sabina. Em 1999, a cantora Maricenne Costa faz uma gravação comercial da música, 94 anos depois de Pepa Delgado.

A letra cantada em 1890 fazia alusão a um costume de D. Pedro II, que quando ia aos teatros, sempre tomava uma canja de galinha no intervalo do 1º para o 2º ato.  Já a letra gravada por Pepa Delgado substitui a palavra monarca por mulata. No final da 2ª estrofe, também há uma mudança: os versos originais “deste modo provaram como o ridículo mata”, foram substituídos por “deste modo provaram como gostam da mulata.
_________________________________
Sou a Sabina, sou encontrada
todos os dias lá na calçada
lá na calçada da Academia
da Academia de Medicina
Um senhor subdelegado
moço muito resingueiro
Ai, mandou, por dois soldados
retirar meu tabuleiro, ai…
Sem banana macaco se arranja
Mas não passa o Monarca [a mulata] sem canja
Mas estudante de medicina
nunca pode
passar sem a laranja
a laranja
a laranja da Sabina.
Os rapazes arranjaram
uma grande passeata
Deste modo provaram
como o ridículo mata [como gostam da mulata]
_________________________________
 
Pepa Delgado e piano - AS LARANJAS DA SABINA - Artur Azevedo.Gravação de 1906.Mais uma ...
19 de mar. de 2013 · Vídeo enviado por luciano hortencio
Coube a Arthur Azevedo compor o lundu As Laranjas da Sabina e incluí-lo na ... “se constituiu no maior ...
24 de nov. de 2010 · Vídeo enviado por Maricenne Costa e Izaías - Topic
Nesse mesmo ano, gravou, com o cantor Mário Pinheiro, a música de Chiquinha Gonzaga "Corta Jaca ...
14 de dez. de 2020 · Vídeo enviado por Som em Bom Tom
 

As laranjas da Sabina-Isto faz parte da História da medicina Brasileira

 


Rio Memórias Galerias Rio de Conflitos  

 O povo nas ruas da capital do Império  

As laranjas da Sabina

As laranjas da Sabina

 

Havia pouco mais de um ano que a escravidão fora abolida no Brasil. Sabina, uma mulher negra e pobre, trabalhava nas ruas do Rio de Janeiro como quitandeira. Seu ponto ficava no Largo da Misericórdia, em frente à Escola de Medicina. Expostas em tabuleiros sustentados por barris, as frutas aliviavam o calor diário de estudantes encasacados e metidos a republicanos radicais.

Em julho de 1889, as iguarias tiveram outra função: bananas, tomates e laranjas sarapintaram a diligência oficial do ministro da Fazenda, Visconde de Ouro Preto, quando cruzou a rua da escola. Na manhã seguinte, o subdelegado regional Jacome Lazary ordenou o fechamento da quitanda.

Poema satirizando o ocorrido. O Paiz, 23 de julho de 1889, n. 1750. Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

O ato gerou indignação e estimulou a imaginação dos estudantes. No dia 25 de julho, com laranjas espetadas em bengalas, eles saíram em cortejo pelas ruas do Centro. À frente, um estandarte ostentava coroa feita de bananas e a frase “Ao Exterminador das Laranjas”. A passeata saiu do Largo da Misericórdia e percorreu a Rua Primeiro de Março até a Rua do Ouvidor.

A “manifestação das laranjas” na Revista Illustrada. Revista Illustrada, 27 de julho de 1889, n. 558. Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

Depois de aplaudir as redações de jornais republicanos, os manifestantes cruzaram a Rua Uruguaiana, encontraram os alunos da Politécnica no Largo de São Francisco, e percorreram o caminho de volta. Não houve confronto nem quebra-quebra. E quando alguém aproveitou o alvoroço para gritar impropérios contra Sua Majestade, os estudantes foram argutos o bastante para responder que aquela não era uma manifestação política, mas sim… agrícola.

A adesão popular e a repercussão na imprensa constrangeram o subdelegado Lazary, que pediu demissão. Sabina pôde retomar o ponto. E a imagem do Império, que já andava desgastada, ganhou mais um arranhão.

Nota do jornal O Paiz sobre os protestos. O Paiz, 26 de julho de 1889, n. 1753. Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

Este texto foi elaborado pelo pesquisador Danilo Araujo Marques do Projeto República (UFMG).

Pepa Delgado e piano - AS LARANJAS DA SABINA - Artur ...

Pepa Delgado e piano - AS LARANJAS DA SABINA - Artur Azevedo.Gravação de 1906.Mais uma ...
19 de mar. de 2013 · Vídeo enviado por luciano hortencio
Coube a Arthur Azevedo compor o lundu As Laranjas da Sabina e incluí-lo na ... “se constituiu no maior ...
24 de nov. de 2010 · Vídeo enviado por Maricenne Costa e Izaías - Topic
Nesse mesmo ano, gravou, com o cantor Mário Pinheiro, a música de Chiquinha Gonzaga "Corta Jaca ...
14 de dez. de 2020 · Vídeo enviado por Som em Bom Tom

 


 

 

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

11 de agosto de 2021

Noticia sobre a Palestra de Escritora Diana Barbosa  em Ilhéus na Bahia  .   Antonio Pereira, Presidente da Academia de Letras e Artes Pituniquim de Ilhéus, convida você para uma reunião pelo  Zoom, dia, 10/08/2021, às 19:30 hs.