O GENOCÍDIO BRASILEIRO.
Negros, índios, quilombolas, mulheres, educação e os doentes mentais.
O genocídio do negro brasileiro
O curso de Bacharelado em Estudo de Gênero e Diversidade da Ufba, o primeiro do Brasil, realizou um seminário: 7ª edição da Semana de Gênero e Diversidade da UFBA, para discutir temas pertinentes.
A eclética pauta perpassou por diversos pontos da atualidade, da colocação das mulheres, dos negros, dos índios e dos diversos gêneros no mercado nos setores da economia, nutrição, música, teatro, moda, televisão, cinema e principalmente o pelé do setores, a EDUCAÇÃO em todos os níveis.
As abordagens da moda afro-brasileira, da música, dos corpos negros, dos pobres, das mulheres dominadas por séculos, colocadas no limbo da sociedade por equivocados preconceitos e atitudes políticas implantadas e arraigadas pelos colonizadores, foram o clímax do encontro.
Os Europeus pregavam abertamente que os outros povos eram primitivos, quase irracionais, não possuíam cultura e nem alma, eram selvagens e atuavam por instinto. Estes fatos que levaram à morte de muitos humanos, foram abordados pelo camaronês Aquille Mbembe nas suas obras Necropolítica(2011) e Razão Negra(2014).
O encontro demonstrou que atos biológicos, políticos e culturais levavam à subserviência, à exclusão e ao abandono estatal de grossa parcela da população.
Vozes surgiram nos EUA, nas décadas de 50 e 60, com Martin Luter King, Rosa Park e outros notáveis, reivindicando igualdade entre os povos em todo o mundo. No Brasil, o efeito foi primoroso, surgiram movimentos políticos de identidade, de resgate e de falar em voz alta, quase aos gritos, que a pátria é de todos.
O Abdias do Nascimento foi um dos responsáveis por encampar e lutar por estas causas, conseguiu documentar nas suas obras: O GENOCÍDIO E A CONVENÇÃO NACIONAL DO NEGRO BRASILEIRO. Uma obra prima que todos os brasileiros deveriam ler.
Nesta obra o político, professor e ativista descascou com sabedoria os meandros da sociedade. Esta obra foi inicialmente proibida no Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas, realizada em Lagos, Nigéria, entre 15 de Janeiro e 12 de fevereiro de 1977, porque alertava o mundo sobre os negros e os seus descendentes, quando falou em "O GENÓCIDIO DO NEGRO BRASILEIRO."
Só foi aceito, depois que um Jornal nigeriano publicou, na primeira página, na íntegra o texto do Professor Abdias do Nascimento no dia da abertura do congresso.
A matéria chegou ao jornal, quase na clandestinidade, mais de meia noite, sendo obrigado muito esforço da redação para conseguir a sua impressão no apagar das luzes, mesmo sem o apoio da comitiva brasileira. Sendo considerado um dos principais momentos do encontro, ali o brasileiro conquistou um lugar de respeito em todo o mundo.
O encontro trouxe à tona, que a mulher, o índio e o negro ao romperem a barreira da subserviência, do patriarcado, dos preconceitos, da pecha de incapazes para diversos segmentos profissionais, dominados pelos que se designam brancos, pelo senso do IBGE, aos poucos vem ocupando estratégicos espaços na sociedade.
Ponto alto, foi mostrar que somente a educação conquistada, garantida, continuada e com isonomia para todos, é capaz de proporcionar propriedades para a conquista da liberdade, igualdade e cidadania plena.
Os movimentos desencadeados por mulheres, negros, índios, quilombolas e os diversos gêneros, aos poucos vão abrindo as portas, derrubando barreiras, conquistando espaços em todos os setores da vida brasileira.
Destaque para o econômico, que ao melhorar o poder de compra deste segmento e ampliar o mercado de produção e consumo, azeitou o PIB do país, saindo da invisibilidade nacional.
O que se enxerga com estas lutas, é a presença marcante na Universidade, Justiça, Música, Moda, Medicina, Direito, Empreendedorismo, Jornalismo, Televisão e na Política, apontando que no futuro não será mais necessário a estipulação de cotas por lei, sendo todos tratados no mesmo nível, basta olhar com mais precisão para a educação na base da pirâmide social em todos os rincões do país.
Complemento que o desastre brasileiro, que ainda perdura, foi e é fruto do período de escravização, da família patriarcal, do direito à propriedade, e de considerar o índio e o negro como coisas, e não como seres humanos.
Anos atrás, o país possuía claramente linhas divisórias entre os seus povos e suas funções. Mulheres, negros e índios não ocupavam ombro a ombro postos de destaques na sociedade, eram designados para postos de poucas relevâncias: domésticas, mães de leite, lavadeiras, serviços gerais, donas de casa e cozinheiras, tudo por falta de educação, perpetradas pelas elites econômicas, eclesiasticas, políticas e o Estado.
Hoje muitos se destacam na Universidade como professores e alunos comprometidos, na política, como Ministros, deputados, prefeitos, governadores e senadores da República; na justiça, como Ministros, desembargadores e grandes advogados; na Cultura, como escritores, cineastas, artistas, pintores e imortais da Academia Brasileira de Letras. Hoje um Indio Krenak(Ailton Krenak é o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras) e três negros ocupam cadeiras nesta disputada academia.
A Universidade Federal da Bahia, de 2003 para cá, conseguiu implantar o sistema de cotas, depois o de gênero e etnias, proporcionando a inclusão da população nos diversos setores do país, notadamente na UNIVERSIDADE.
Este magistral avanço social, semeando autoestima, conhecimento e rompendo a grossa e blindada capa do compressor social, mostra o quão relevante e necessário é o orgulho de si e dos ancestrais da mama África, tão desvalorizados pelos ancestrais europeus. Mostra o quão importante é cada povo na nossa formação e o quão importante é participar de todos os segmentos do país, notadamente na economia, educação, artes e na política.
Este encontro valorizou todos os seres humanos, dos CIS aos demais gêneros, numa demonstração de liberdade, igualdade e fraternidade. O sonho de todos nós deste Brasil sofrido e cheio de preconceitos, apesar da formação ser constituída da miscigenação de muitos povos que aqui aportaram: Africanos, europeus, asiáticos e orientais, que juntos aos autóctones, os indígenas, forjaram esta nação. Só agora, após cinco séculos da sua invasão, é que todas ganham visibilidade e importância.
O somatório das culturas de cada etnia, sem preconceitos, farão do Brasil uma grande nação, é o sonho.
Igualdade, fraternidade e liberdade, o mote desta civilização.
O GENOCÍDIO DA EDUCAÇÃO
Iderval Reginaldo Tenório
Sorriso Negro (feat. Jorge Ben Jor)
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