CASA GRANDE E SENZALA
Torna-se fundamental saber, que Casa grande e Senzala é um dos mais importantes relatos verídicos do nosso país. O Gilberto Freyre, considerado por muitos, como preconceituoso e racista, nada mais era do que um homem da época e atuava como os grandes sociólogos e pensadores do século, em sendo assim, todos eram racistas.
No mundo, até 1950, era discutido o perfil das raças e tinha a raça ariana como superior, a raça dominante; as demais eram inferiores, notadamente a raça negra e a indígena .
Quem colonizou o Brasil foi um povo ibérico, os portugueses. Frisa--se, que na Europa, os portugueses eram os povos mais adaptáveis as intempéries e às dificuldades, eram desprovidos de quaisquer tipos de preconceitos raciais.
Como Portugal era um país pequeno, pobre e não agriculturável, se destacava nas conquistas pelos mares, tanto que possuía colônias em quase todos os continentes com povos, climas e riquezas diferentes. Os portugueses não temiam o clima e os acidentes geográficos, resistiam ao frio, calor, chuvas, secas, ao causticante sol, pouco exigentes na alimentação e eram amigáveis aos povos conquistados.
Segundo o Freyre, os portugueses não eram afeitos ao trabalho, não tinham resistência para a lida e eram aficionados ao sexo sem distinção de raças, uma vez que viviam da exploração das colônias, tinham convívio com vários tipos de raças ao redor do mundo e logo se adaptavam ao novo povo. Não eram adeptos da diversidade religiosa e tinham o catolicismo conservador a religião oficial. Relata que, para os portugueses, crimes contra os ditames da Igreja eram crimes maiores do que o assassinato, tanto que para castigar os infratores da Igreja em Portugal, eram enviados para a sua colônia Brasil, daí a grande população de degradados masculinos, chegando ao ponto das autoridades pedir ao Rei o envio de mulheres para equacionar este fato, que virou um grande problema com excesso de homens e a falta de mulheres.
A característica da colonização portuguesa, foi a formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida. Apesar da intolerância religiosa, agregava com facilidade a diferença racial, porém procurava catequisar para o catolicismo os negros e os índios, alegando que as matrizes africanas e os costumes indígenas poderiam ser bruxarias; e quanto a culinária criou diversos tabus para controlar os costumes dos povos conquistados: "leite com fruta faz mal", "tomar banho depois do almoço" e outros utilizados anda hoje pelos brasileiros.
O Freyre aponta pontos negativos da colonização agrária: Os grandes latifúndios, a monocultura e as condutas dos médios agricultores, eram povos dedicados ao plantio da Cana-de-açúcar para exportação, esqueciam-se de outras lavouras, notadamente legumes, tubérculos, frutas e verduras, o que levou muitos à desnutrição, a passar fome e não prosperarem, exceção para os grandes latifundiários e os seus escravos. Os senhores pela riqueza e os escravos por serem considerados patrimônios e máquinas de trabalhos, chegando a funcionar por mais de 18 horas ininterruptas, os alimentos funcionavam como combustíveis.
A formação de um povo.
Existiam três raças habitando o país: A Raça branca(os portugueses), a Negra(os africanos) e os Índios( os autóctones). Foi a miscigenação destas três raças que originou o brasileiro. Inicialmente a hibridez era entre Português/Índio, depois Português/Negro e Índio/Negro. Cada raça tinha a sua peculiaridade para a miscigenação: O Português era o conquistador, tinha o poder e não tinha preconceito racial, faltava mulheres negras para os negros escravizados e sobravam para os brancos, enquanto as índias em abundancia, bonitas, limpas e atraentes se ofereciam aos portugueses, estas propriedades arrefeceram os relacionamentos sexuais entre as três raças.
O Freyre documenta que os latifundiários, os senhores de engenhos, os seus padres, os índios e negros formavam comunidades independentes e arredias à metrópole, à Igreja e ao Rei de Portugal, eram quase independentes. Segundo o autor, a sujeira, a má nutrição, a promiscuidade, o alcoolismo e a monocultura foram os principais fatores para a degeneração da miscigenação brasileira.
Vê-se que o Brasil foi forjado de três raças e sob o binômio SENHOR/ESCRAVO, ora com brutalidade e ora com confraternização, tanto que o fruto miscigenado tinha a possibilidade e alçar prestígio, mostrando que o senhor não seria senhor sem os escravos e nem estes nada seriam sem os seus senhores.
Casa-grande e senzala simbolizam, respectivamente, o poder patriarcal e a opressão escravocrata, representando a dualidade entre a elite colonial e os escravizados na formação da sociedade brasileira.
As senzalas eram espaços de extrema repressão, onde os escravos eram submetidos a jornadas exaustivas de trabalho e, muitas vezes, a castigos físicos.
Hoje, fruto deste modelo patriarcal, ainda existe muita subserviência dos mais pobres, uma vez que, no sistema patriarcal do passado predominava o coronelismo.
" Hoje, as tensões políticas e culturais desmentem a tese freyriana da ‘democracia racial’. O celebrado autor pernambucano, ao querer solucionar o dilema brasileiro, nada mais fez que varrer o potencial violento do pais em baixo do tapete". Leonardo Boff.
Este trabalho foi fruto da leitura do I capítulo do livro Casa grande e Senzala, do Gilberto Freyre, de outros artigos que analisaram o livro e da robusta aula da lavra da Professora Amanda Alves no transcorrer do curso, Gênero e Diversidade.
O livro mostra a relação de poder do Senhor e o escravizado, a exploração e a violência. Argumenta que a mistura de raças, o poder econômico e a cultura moldaram a civilização brasileira, chegando a afirmar que em relação ao sexo "A mulher branca era para casar, a preta para o trabalho e a mulata para fuder". Neste diapasão afirma que a iniciação sexual começava muito cedo, sem seletividade, com promiscuidade e a disseminação de doenças venéreas. A sífilis grassava em toda a população, chegando ao ponto de afirmar que a Civilização brasileira veio depois da Sifilização da população, este é o Brasil miscigenado com a mistura de três raças, que precisa de medidas governamentais, de inclusão, para sanar muitas feridas que ainda estão abertas, precisamente na educação, saúde, formação profissional e de muitos preconceitos.
Iderval Reginaldo Tenório
2 comentários:
Tantos anos se passaram e parece q nada mudou! Infelizmente o passado se tornou presente
Gilberto Freyre era da elite da sua época, como foi dito, e a elite de hoje, também é preconceituosa e racista, então, ao meu ver, esse fato de ser "um homem da época" não é justificativa para ser preconceituoso e racista. A prova disso é que naquela época e hoje também tem pessoas que são contra e lutam contra o preconceito e racismo. Veja o presidente eleito dos EUA e a saudação nazista de Elon Musk. Será que daqui a 100 anos vão ser condecendentes com as suas políticas e justificarem que "eram homens da época"?
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