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A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO, POLÍTICAS PÚBLICAS, RAÍZES DO BRASIL E EVOLUÇÃO DA POLÍTICA DO BRASIL.
O Caio Prado Jr, junto ao Sérgio Buarque de Holanda e ao Gilberto Freyre, em suas grandiosas obras, conseguiram complementarem-se no forjamento do povo brasileiro, na miscigenação, nas raízes e na evolução política. Os três são oriundos das elites financeira, política e intelectual do país.
Nas suas obras conseguiram abastecer de informações precisas, após longos anos de pesquisas, tendo inclusive recorridos aos anais da história em outros países, notadamente da Europa, os colonizadores do novo mundo.
A leitura das obras destes três brasileiros, é indispensáveis para entender o Brasil e a sua trajetória até a atualidade. É importante mergulhar no Gilberto Freyre em Casa Grande e Senzala, no Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil e no Caio Prado Jr em Evolução Política do Brasil.
Caio Prado Jr, homem versátil, oriundo de família rica, intelectualizada e capitalista brasileira, fruto do sistema patriarcal, paternalista, agrário e conhecedor profundo da miscigenação, das lutas do senhor/escravos (índios e negros), da evolução política e econômica do Brasil.
Viajou e conheceu de perto todas as regiões e a problemática de cada uma, foi eleito deputado por mais de uma vez, lutou contra opressão dos mais pobres e foi preso na década de cinquenta, e mais uma vez no governo militar em 1964, por não concordar com o sistema ditatorial.
Para escrever sua obra ingressou no partido comunista, viajou ao redor do mundo e conseguiu documentos fidedignos da real história do Brasil, muitas vezes camufladas por escritores, historiadores, professores e jornalistas que se conformavam com pesquisas superficiais, incompletas e sem documentos comprobatórios.
Mergulhou na obra do Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala, concordou com seus escritos, se aprofundou e mostrou que a história política do Brasil tem caráter mais profundo que a história brasileira. Afirma com fidedignidade e segurança que a economia agrária é refletida na sociedade brasileira atual. É claro quando confirma, que a exploração da terra, o senhor manipulador das riquezas, a monocultura do açúcar, depois a do café, o sistema patriarcal, o coronelismo, o prestígio e o domínio de todos que estavam sob seu comando, são os ingredientes que forjaram a sociedade brasileira.
Quando cita o sistema de capitanias hereditárias, os grandes latifúndios e a monocultura, está dizendo que é um sistema de exploração dos recursos naturais para abastecer de commodities a Europa e as nações hegemônicas da época, corroborando o que escreveu o Gilberto Freire sobre a formação do povo e o sistema senhoral. Este descreve que o excesso de poder do senhor de engenho, a força política e econômica do núcleo familiar, leva à formação de núcleos fortes, e quase que desligados dos ditames da Coroa, uma vez que pela grandeza do território brasileiro, a Coroa só enxergava a sua sede e os povoados ao seu redor, isto é, a Coroa não abarcava a turbulência, a força e nem a arrogância dos colonos. Complementa que cada núcleo funcionava isolado e sem ligação política com o Governo Geral, chegando a chamar cada unidade regional dos senhores/escravos, como bandos, sob a tutela do chefe. Informando que a ausência do Estado, foi a característica da primeira fase da colonização brasileira.
A colônia tomou outro destino, com a chegada dos Holandeses, muitos desses grupos isolados, ficaram contra a coroa, o que gerou uma guerra que culminou com a expulsão dos Holandeses. Era um povo rico, trabalhador, empreendedor e queria dominar o Brasil, notadamente o Nordeste, tendo como cabeça Pernambuco e os braços abarcando as regiões que incluía o Ceará, Alagoas e a Paraíba.
No segundo Império o Brasil entrou com toda força no mundo capitalista e junto à África se tornaram os maiores fornecedores de commodities para o mundo, nesta época o país, já era mais importante economicamente do que a metrópole. Era um país independente e que lutava para mudar o regime de imperialismo para república.
Com estes pensamentos, os homens de destaque do Brasil fizeram diversos movimento em busca da república. Este intento foi reforçado pela abolição da escravatura em 1888, e a república em 1889 com a expulsão de Dom Pedro II para Paris na França, assumindo o governo o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
Na leitura cuidadosa da realidade histórica, chega-se à conclusão, que a união dos empresários, dos latifundiários, dos políticos, clero, dos intelectuais e dos artistas foi o pivô para que o Brasil passasse a pensar no social, na saúde do povo, nos costumes e na cultura para todos os brasileiros.
Segundo o que documentaram os grandes pensadores, dentre eles o Caio Prado Jr. só depois da Segunda Guerra Mundial o Brasil entrou no raio de visibilidade do mundo, apresentando progresso, saindo do coronelismo para uma nação democrática, passando a pensar em políticas pública, na industrialização e na manufatura das suas commodities.
Concluíram que só depois de 1950, com as leis trabalhistas, com a criação da Petrobrás, Bancos de desenvolvimentos, agências regionais como o SUDENE, SUDAM e a SUDECO o país passou a pertencer a todos os brasileiros.
Iderval Reginaldo Tenório
Dona Ivone Lara - Sorriso Negro
Gilberto Gil e Chico Buarque em "A mão da limpeza"
2 comentários:
Obrigada por essas riquezas de informações. Conteúdos maravilhosos. Sandrinha
Jorge Peregrino falou: Gilberto Freyre era da elite da sua época, como foi dito, e a elite de hoje, também é preconceituosa e racista, então, ao meu ver, esse fato de ser "um homem da época" não é justificativa para ser preconceituoso e racista. A prova disso é que naquela época e hoje também tem pessoas que são contra e lutam contra o preconceito e racismo. Veja o presidente eleito dos EUA e a saudação nazista de Elon Musk. Será que daqui a 100 anos vão ser condecendentes com as suas políticas e justificarem que "eram homens da época"?
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