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Mutilação genital de meninas e mulheres acontece em mais países do que se imaginava, diz novo estudo
Pesquisa realizada em mais de 90 países coletou relatos de casos também nos Estados Unidos, Américas e Oriente Médio
Emma Batha, da Thomas Reuters Foundation
17/03/2020 - 17:38
/ Atualizado em 17/03/2020 - 17:51
A mutilação genital acontece em mais países do que se pensava,
indicando que o número até hoje conhecido de meninas e mulheres
atingidas pela prática é muito baixo, afirmaram pesquisadores que
lançaram um novo estudo nesta terça (17). A mutilação é tradicionalmente
associada a uma grupo de países africanos, mas o estudo sublinha que há
grandes evidências de que o ritual também seja realizado em outras
regiões, incluindo o Oriente Médio e a Ásia.
Líderes globais, que se comprometeram a eliminar a mutilação genital até 2030, estão ficando "seriamente para trás", afirmou o grupo Equality Now, que pediu esforços globais para acabar com a prática em um número ainda maior de países.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que cerca de 200 milhões de meninas e mulheres já foram mutiladas em todo o mundo, de acordo com dados de 31 países, a maioria deles na África. Mas a Equality Now diz que a prática acontece em pelo menos 92 países, incluindo Cingapura, Irã, Índia e Sri Lanka, que não costumam ser relacionados quando o assunto é a mutilação genital de meninas e mulheres. O estudo divulgado nesta terça ainda inclui casos de mutilação genital nos Estados Unidos, onde uma mulher de uma comunidade cristã branca afirmou à agência de notícias Reuters que foi mutilada quando criança.
Médica luta há 30 anos contra mutilações genitais em meninos na África do Sul
A mutilação genital, que pode causar sérios problemas de saúde nas mulheres, costuma ser feita em nome da religião ou de tradições culturais, mencionadas na Bíblia ou no Alcorão.
- O que chama atenção na mutilação genital de meninas e mulheres é que ela ocorre em diferentes culturas, religiões e regiões - afirma uma das autoras do estudo, a pesquisadora Divya Srinivasan. - Mas esse não é um assunto cultural, é um assunto da desigualdade de gênero.
A mutilação costuma envolver a remoção parcial ou total da genitália externa, e, em algumas regiões do mundo, a abertura da vagina é costurada. Na Ásia e no Oriente Médio, o ritual involve a remoção do clitóris.
Campanhas contra a mutilação afirmam que todas essas formas constituem um abuso sério e podem causar danos sérios, especialmente quando realizadas em bebês.
Srinivasan pediu aos países para reunir dados sobre a prevalência da mutilação em seus territórios, acrescentando que as Nações Unidas estimam que exista uma lastimável subrepresentação do quadro real. Ela diz que ficou particularmente surpresa com os resultados de estudos locais realizados na Arábia Saudita e em Omã, que "não são países que costumam vir à mente quando o assunto é a mutilação genital de meninas e de mulheres".
A ativista pelos direitos da mulher Habiba al Hinai, que conduziu o estudo feito em Omã, diz que 78% das mulheres que ouviu no país afirmaram terem sido mutiladas, mas como um assunto é um tabu, e ela recebeu um enorme reação contrária depois da publicação dos resultados.
- Os dados que reuni são chocantes e devastadores - afirma Hinai, que é fundadora da Associação de Direitos Humanos de Omã
Em Omã, concepções errôneas sobre a mutilação genital incluem que ela é "boa para a saúde da mulher", "ajuda a eliminar o câncer", "melhora a vida sexual com o marido" e "facilita o parto". Nada disso é verdade. Al Hinai pede mais ajuda às mulheres no Oriente Médio, que podem ser deserdadas por suas famílias ou forçadas ao divórcio por seus maridos, caso falem em público sobre a mutilação.
Os 92 países listados pelo relatório da Equality Now incluem 31 países na Europa, América do Norte e outras regiões onde a mutilação acontece nas comunidades da diáspora.
Líderes globais, que se comprometeram a eliminar a mutilação genital até 2030, estão ficando "seriamente para trás", afirmou o grupo Equality Now, que pediu esforços globais para acabar com a prática em um número ainda maior de países.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que cerca de 200 milhões de meninas e mulheres já foram mutiladas em todo o mundo, de acordo com dados de 31 países, a maioria deles na África. Mas a Equality Now diz que a prática acontece em pelo menos 92 países, incluindo Cingapura, Irã, Índia e Sri Lanka, que não costumam ser relacionados quando o assunto é a mutilação genital de meninas e mulheres. O estudo divulgado nesta terça ainda inclui casos de mutilação genital nos Estados Unidos, onde uma mulher de uma comunidade cristã branca afirmou à agência de notícias Reuters que foi mutilada quando criança.
Médica luta há 30 anos contra mutilações genitais em meninos na África do Sul
A mutilação genital, que pode causar sérios problemas de saúde nas mulheres, costuma ser feita em nome da religião ou de tradições culturais, mencionadas na Bíblia ou no Alcorão.
- O que chama atenção na mutilação genital de meninas e mulheres é que ela ocorre em diferentes culturas, religiões e regiões - afirma uma das autoras do estudo, a pesquisadora Divya Srinivasan. - Mas esse não é um assunto cultural, é um assunto da desigualdade de gênero.
A mutilação costuma envolver a remoção parcial ou total da genitália externa, e, em algumas regiões do mundo, a abertura da vagina é costurada. Na Ásia e no Oriente Médio, o ritual involve a remoção do clitóris.
Campanhas contra a mutilação afirmam que todas essas formas constituem um abuso sério e podem causar danos sérios, especialmente quando realizadas em bebês.
Srinivasan pediu aos países para reunir dados sobre a prevalência da mutilação em seus territórios, acrescentando que as Nações Unidas estimam que exista uma lastimável subrepresentação do quadro real. Ela diz que ficou particularmente surpresa com os resultados de estudos locais realizados na Arábia Saudita e em Omã, que "não são países que costumam vir à mente quando o assunto é a mutilação genital de meninas e de mulheres".
A ativista pelos direitos da mulher Habiba al Hinai, que conduziu o estudo feito em Omã, diz que 78% das mulheres que ouviu no país afirmaram terem sido mutiladas, mas como um assunto é um tabu, e ela recebeu um enorme reação contrária depois da publicação dos resultados.
- Os dados que reuni são chocantes e devastadores - afirma Hinai, que é fundadora da Associação de Direitos Humanos de Omã
Em Omã, concepções errôneas sobre a mutilação genital incluem que ela é "boa para a saúde da mulher", "ajuda a eliminar o câncer", "melhora a vida sexual com o marido" e "facilita o parto". Nada disso é verdade. Al Hinai pede mais ajuda às mulheres no Oriente Médio, que podem ser deserdadas por suas famílias ou forçadas ao divórcio por seus maridos, caso falem em público sobre a mutilação.
Os 92 países listados pelo relatório da Equality Now incluem 31 países na Europa, América do Norte e outras regiões onde a mutilação acontece nas comunidades da diáspora.
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