sexta-feira, 18 de maio de 2018

A GRANDE VIAGEM

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A GRANDE VIAGEM
Iderval ReginaldoTenório






Tentei livremente dormir, pensei em ficar solto em interação com a natureza , desliguei  as lâmpadas, puxei as  cortinas para as laterais,  abri as  janelas  do apartamento ,  as portas do quarto , coloquei uma seleção de  músicas eruditas  dos séculos  dezoito e dezenove  só audíveis de olhos fechados, ouvidos atentos e com a respiração em extremo silêncio, com as suas incursões cadenciadas , compassadas e meticulosamente executadas.

Imobilizado pela concentração sobre um colchão de espuma  de alta densidade,  forrado   com uma  felpuda colcha branca,  aromatizada com patchouli do Pará  entrei em sono profundo , em meditação , em  hibernação, fechei os olhos e imaginei em flutuar, à proporção que imaginava e me concentrava aos poucos fui flutuando , flutuando e me desligando da matéria  até sair totalmente do corpo, projetado no cosmo fui  flutuando pelo tempo e mergulhado no espaço sideral levitei. Fui tangenciando os planetas do sistema solar um por um, vazei o sol  até alcançar as outras estrelas da via láctea ,  como uma sovela  quente a furar a manteiga fui atravessando os bilhões  de sistemas da nossa galáxia até mergulhar na escuridão intergaláctica e  passeando  por milhões ou bilhões de outras galáxias atravessei o nosso universo ,  cair noutros milhares de universos  e passei a conhecer a imensidão  do cosmo e a infinitude do multiverso .

Longa foi a viagem, foi uma viagem infinita, dei uma volta no tempo, fiz um verdadeiro regresso, cair em 1914, choro de uma criança, era 18 de setembro, uma sexta-feira chuvosa, cinco e trinta da manhã , vi que naquele dia nascia uma menina, uma criança linda, cabelos lisos, pele cor de jambo, chorava copiosamente, era uma criança chorona. 

O arrebol, a  casa, os aposentos e a cama eram simples, fiquei no canto da sala ao lado de uma planta decorativa enquanto entravam e saiam pessoas, umas novas e outras mais velhas, da cozinha saia um cheiro convidativo do verdadeiro café torrado no caco e pisado no grande pilão roliço,  feito de tora de jatobá, o dia clareou e ninguém me enxergava, ninguém me viu, ninguém me cumprimentou. Continuei no mesmo cantinho da  sala ao lado do grande jarro observando o chegar e o sair de pessoas, os sorrisos, os abraços, os cumprimentos e os choros, casa cheia, este foi mais um dia de fartura, de muita comida, de muita meladinha , de  muita alegria , tiros de bacamarte anunciando a chegada de mais um rebento    e eu lá no cantinho da sala a observar. 

O sol nasceu no seu total, o orvalho salpicava todas as folhas da densa e verde mata, os pássaros voavam e chilreavam alegres com a torrencial aguada da noite, os raios clarearam  o sertão, de repente saiu pela porta do quarto , afagada e protegida  nos braços da avó uma bela  menina, assim que chegou à sala olhou, olhou, arregalou os olhos castanhos e fixou os dois em cima de mim, mudei de lugar,  ela virava a cabecinha para onde eu me deslocava e  sempre a sorrir, veio um pequeno silencio e voltei ao  universo, ao cosmo e ao infinito  multiverso , naveguei por anos e mais anos  e só quarenta anos depois, no dia 18 de março de 1954, numa quinta feira chuvosa as  sete horas da manhã,  aquela criança de 1914 , já uma senhora de cabelos pretos,   assim falou :” seja bem-vindo ao reino dos humanos”.

Viajei por outras plagas a observar as estrelas,  a profundidade do desconhecido infinito e tive uma nova parada, a estação  era a 11 de setembro de 2013, quando lá cheguei a mesma menina de 1914, já uma senhora de coque branco, tez macia, olhos fixos e brilhosos, voz em veludo, angelical, serena e musical veio ao meu encontro,  fixou o seu olhar sobre mim, me abraçou , me afagou, me beijou e mansamente balbuciou  nos meus ouvidos  depois de me colocar no colo: “ fique calmo , pois o Senhor está me chamando, irei para o Reino de Deus, morarei na casa do Pai” e se esvaindo das minhas mãos , dos meus braços  e dos meus olhos foi se afastando , se distanciando , rindo, dançando,  cantando, cantarolando e sorrindo tomou o caminho da casa de Deus.

Solto no Multiverso fiz a viagem de volta, fui revendo tudo que foi visto na ida, entrei por uma das  abertas janelas descortinadas do meu quarto, olhei aquele corpo imóvel, inerte , descoberto e  vazio, me agasalhei nas suas entranhas  e mais uma vez nele fui alojado, o sol bateu no meu rosto, abri descansadamente os meus olhos e ao meu lado surgiu uma voz: ” seja bem-vindo, de volta ao seu mundo, estou lá ao lado do Senhor , estou  muito bem e olhando por todos vocês , aquele menino que  nasceu no ano de 1914 no dia 23 de julho  numa manhã chuvosa de uma  quinta-feira  manda lembranças para todos , aqui estamos juntos orando e rogando por todos, estamos cotidianamente com vocês, aqui onde estamos podemos continuar próximos de todos, somos onipresentes, uma vez que só Deus, o nosso Pai,  é onipotente, onipresente e onisciente”, serenamente  levantei-me  , mirei bem o seu rosto e disse : a benção mamãe  e ela piscando os belos olhos falou:

 “ DEUS TE ABENÇOE”
                                                
                                                Iderval Reginaldo Tenório  

VIVALDI ERA O AUTOR PREFERIDO DE MINHA MÃE.

Four Seasons ~ Vivaldi - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=GRxofEmo3HA
30 de jan de 2011 - Vídeo enviado por AnAmericanComposer
Antonio Vivaldi - Four Seasons Budapest Strings Bela Banfalvi, Conductor You can get the exact album I have ...

The Best of Vivaldi - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=O6NRLYUThrY
6 de fev de 2013 - Vídeo enviado por HALIDONMUSIC
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Vivaldi - Classical Music for Relaxation - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=aFATDqU4c78
21 de jun de 2017 - Vídeo enviado por HALIDONMUSIC
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As Quatro Estações (Primavera) - Antonio Vivaldi - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=91teT8R2ZSc
11 de nov de 2015 - Vídeo enviado por Adler Müller
Orquestra Sinfônica do Paraná – As Quatro Estações de Antonio Vivaldi, Primavera 1. Allegro Concerto No ...
 

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