MAMÃE
Tentei livremente dormir,
pensei em ficar solto em interação com a natureza , desliguei as lâmpadas, puxei as cortinas para as laterais, abri as janelas
e as portas , coloquei músicas
eruditas dos séculos dezoito e dezenove só audíveis a olhos fechados, ouvidos atentos, respiração em extremo silêncio, incursões cadenciadas ,
compassadas e meticulosamente executadas.
Imobilizado pela concentração
sobre uma espuma de alta
densidade, forrado com uma felpuda colcha branca, aromatizada com patchouli, entrei em sono profundo , em meditação , em hibernação. Fechei os olhos e
imaginei em flutuar, à proporção que imaginava e me concentrava aos poucos fui
flutuando , flutuando e me desligando da matéria até sair totalmente do corpo. Projetado no
cosmo fui flutuando pelo tempo ,
mergulhando no espaço sideral. Fui tangenciando os planetas do sistema solar um
por um, vazei o sol até alcançar as
outras estrelas da via láctea , como um metal quente a furar a manteiga fui atravessando
os bilhões de sistemas da nossa galáxia
até mergulhar na escuridão intergaláctica. Passeando por milhões ou bilhões de outras galáxias
atravessei o nosso universo , cair
noutros milhares de universos e passei a
conhecer a imensidão do cosmo e a infinitude
do multiverso .
Longa foi a viagem, foi uma viagem infinita,
dei uma volta no tempo, fiz um verdadeiro regresso, cair em 1914, choro de uma criança,
era 18 de setembro, uma sexta-feira chuvosa, cinco e trinta da manhã , vi que
naquele dia nascia uma menina, uma criança linda, cabelos lisos, pele cor de
jambo, chorava copiosamente, era uma criança chorona.
O arrebol, a casa, os aposentos e a cama eram simples, fiquei
no canto da sala ao lado de uma planta decorativa. Entravam e saiam
pessoas, umas novas e outras mais velhas, da cozinha saia um cheiro convidativo
do verdadeiro café torrado no caco e pisado no grande pilão roliço, feito de tora de jatobá, o dia clareou e
ninguém me enxergava, ninguém me viu, ninguém me cumprimentou. Continuei no
mesmo cantinho ao lado do grande
jarro observando o chegar , o sair de pessoas, os sorrisos, os abraços, os
cumprimentos e os choros, casa cheia, este foi mais um dia de fartura, de muita
comida, bebidas e alegria , tiros de bacamarte anunciava a chegada de mais um rebento e eu lá no cantinho da sala a observar.
O sol nasceu e encheu o ambiente, o
orvalho salpicava todas as folhas da densa e verde mata, os pássaros voavam e
chilreavam alegres com a torrencial aguada da noite, os raios clarearam o sertão. De repente saiu pela porta do quarto
, afagada e protegida nos braços da avó
uma bela menina, assim que chegou à sala
olhou, olhou, arregalou os olhos castanhos e fixou os dois em cima de mim,
mudei de lugar, ela virava a cabecinha para
onde eu me deslocava e sempre a sorrir,
veio um pequeno silencio e voltei ao universo,
ao cosmo e ao infinito multiverso . Naveguei por anos e mais anos e só quarenta
anos depois, no dia 18 de março de 1954, numa quinta feira chuvosa as sete horas da manhã, aquela criança de 1914 , já uma senhora de cabelos
pretos, assim falou :” seja bem-vindo
ao reino dos humanos”.
Viajei por outras plagas a
observar as estrelas, a profundidade do
desconhecido infinito e tive uma nova parada, a estação era a 11 de setembro de 2013, quando lá cheguei
a mesma menina de 1914, já uma senhora de coque branco, tez macia, olhos fixos
e brilhosos, voz em veludo, angelical, serena e musical veio ao meu encontro, fixou o seu olhar sobre mim, me abraçou , me afagou,
me beijou e mansamente balbuciou nos
meus ouvidos depois de me colocar no
colo: “ fique calmo , pois o Senhor está me chamando, irei para o Reino de Deus,
morarei na casa do Pai” e se esvaindo das minhas mãos , dos meus braços e dos meus olhos foi se afastando , se distanciando
, rindo, dançando, cantando, cantarolando
e sorrindo tomou o caminho da casa de Deus.
Solto no Multiverso fiz a
viagem de volta, fui revendo tudo que foi visto na ida, entrei por uma das abertas janelas descortinadas do meu quarto,
olhei aquele corpo imóvel, inerte , descoberto e vazio, me agasalhei nas suas entranhas e mais uma vez nele fui alojado, o sol bateu
no meu rosto, abri descansadamente os meus olhos e ao meu lado surgiu uma voz: ”
seja bem-vindo, de volta ao seu mundo, estou lá ao lado do Senhor , estou muito bem e olhando por todos vocês , aquele
menino que nasceu no ano de 1914 no dia
23 de julho numa manhã chuvosa de uma quinta-feira
manda lembranças para todos , aqui estamos juntos orando e rogando por
todos, estamos cotidianamente com vocês, aqui onde estamos podemos continuar
próximos de todos, somos onipresentes, uma vez que só Deus, o nosso Pai, é onipotente, onipresente e onisciente”,
serenamente levante-me , mirei bem o seu rosto e disse : a benção
mamãe e ela piscando os belos olhos
falou:
“ DEUS TE ABENÇOE”
FELIZ DIA DAS MAMÃES
Iderval Reginaldo Tenório
VIVALDI ERA O AUTOR PREFERIDO DE MINHA MÃE.
VIVALDI ERA O AUTOR PREFERIDO DE MINHA MÃE.
Four Seasons ~ Vivaldi - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=GRxofEmo3HA
30 de jan de 2011 - Vídeo enviado por AnAmericanComposer
Antonio Vivaldi - Four Seasons Budapest Strings Bela Banfalvi, Conductor You can get the exact album I have ...The Best of Vivaldi - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=O6NRLYUThrY
6 de fev de 2013 - Vídeo enviado por HALIDONMUSIC
Subscribe for more classical music http://bit.ly/YouTubeHalidonMusic Listen to our Vivaldi playlist on Spotify ...Vivaldi - Classical Music for Relaxation - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=aFATDqU4c78
21 de jun de 2017 - Vídeo enviado por HALIDONMUSIC
Subscribe for more classical music: http://bit.ly/YouTubeHalidonMusic Listen to our Vivaldi playlist on Spotify ...As Quatro Estações (Primavera) - Antonio Vivaldi - YouTube
https://www.youtube.com/watch?v=91teT8R2ZSc
11 de nov de 2015 - Vídeo enviado por Adler Müller
Orquestra Sinfônica do Paraná – As Quatro Estações de Antonio Vivaldi, Primavera 1. Allegro Concerto No ...
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