Devemos respeitar cada cidadão, a sua preferência sexaul só a ele compete, homossexual é um cidadão normal, a homossexualidade é um fenômeno natural, cada cidadão já nasce com a sua preferência sexual, é só mquestão de tempo para assumir, muitos assumem já na adolescência.
Iderval Reginaldo Tenório
discriminação
Homofobia custa US$ 405 bilhões ao Brasil
Preconceito, despreparo e violência atinge um publico que movimenta mais de US$ 150 bilhões por ano
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“Respondi que
era óbvio que eu sabia, levando-se em conta que estava alugando,
justamente, um quarto com cama de casal. Mas percebi que ela não falou
por maldade. Foi despreparo mesmo”, relata Ederson, gerente de
tecnologia da informação e morador de Itapuã. “Infelizmente conheço
muitos amigos que passam pelo mesmo tipo de situação”, acrescenta.
Além
do constrangimento em si e dos impactos sociais, fatores como o
despreparo, a intolerância e a discriminação têm uma perspectiva
econômica negativa: a homofobia custa pelo menos US$ 405 bilhões à
economia brasileira segundo dados do Relatório Brasil LGBT 2030, da
empresa de consultoria OutNow Global. Esta cifra se refere a fatores
como perda de produtividade, processos judiciais e turnover
(rotatividade) em postos de trabalho.
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Abrangência
O
estudo da OutNow sobre o mercado brasileiro LGBT (lésbicas, gays,
bissexuais e transgêneros) é o primeiro de uma série chamada LGBT 2030,
considerada a maior pesquisa global do mundo sobre o tema e que
abrangerá 20 países. A amostragem foi realizada entre junho e julho de
2017.
De acordo com o levantamento, um em cada
três entrevistados (33%) considera eventos culturais LGBT um fator
importante ao escolher um destino para uma viagem de lazer. E é
ressaltado que as pessoas ouvidas no estudo exibem níveis de despesas
altos e intenções de compra em uma ampla gama de categorias de produtos e
serviços.
As despesas dos 5,7 milhões de
adultos LGBT no Brasil, segundo a pesquisa, incluem R$ 9,5 bilhões com
vestuário, R$ 5,5 bilhões com calçados e R$ 3,5 bilhões com entradas
para concertos, cinema e teatro. O estudo também revela que apenas um
pouco mais de um terço dos entrevistados (36%) assumem sua orientação
sexual para os todos os colegas no trabalho. Outro dado alarmante é que
quase três em cada quatro (73%) entrevistados testemunharam atos de
homofobia no ambiente profissional durante o último ano.
Morro gay-friendly
Uma
demonstração da força econômica deste público pôde ser sentida nesse
último final de semana (18 a 20/5) em Morro de São Paulo, onde foi
sediada a segunda edição da festa San Island Weekend, organizada pelo
Grupo San Sebastian. O evento, que no sábado (19) contou com
apresentação de Ivete Sangalo, contribuiu para que o balneário sulbaiano
tivesse 100% de ocupação hoteleira em pleno período de baixa estação.
Devido
à festa, os empresários apontaram um aumento em torno de 20% no número
de reservas em relação ao mesmo período do ano passado. É o caso de
Andréa Drechsler, da pousada Natureza. “Estamos preparando um esquema
especial para assegurar a permanência dos hóspedes por mais tempo na
ilha”, afirma.
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Diante
do custo do desrespeito à diversidade e do potencial de receita do
público LGBT, governo e iniciativa privada se movimentam cada vez mais
para combater a homofobia e promover destinos e eventos gay-friendly
(amigáveis a gays).
Hotelaria
A
rede mundial AccorHotels, que em Salvador administra empreendimentos
das marcas Mercure, Novotel e Ibis, desenvolve políticas de diversidade
com os objetivos de atrair o público LGBT. “Nós já tínhamos um
treinamento bem antigo, chamado Naturalmente Diferentes, que abordava a
questão das etnias, e então resolvemos criar uma cartilha específica
para o público LGBT”, destaca Antonieta Varlese, vice-presidente de
Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa do grupo.
Detalhes
que vão desde às boas-vindas, como substituir as expressões “senhor” e
“senhora” por “prezados” ou somente os nomes dos hóspedes, até como
atender devidamente as pessoas do mesmo sexo que solicitam uma cama de
casal são colocados em prática.
A rede, que
apresentou recentemente o guia “Como receber bem o hóspede LGBT+”,
integra o Fórum de Empresas LGBT e é signatária da Carta de Adesão aos
10 Compromissos da Empresa com os Direitos LGBT. “A diversidade faz
parte de nossos negócios. Continuaremos com ações para que todos se
sintam bem-vindos”, ressalta Varlese.
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Empreendedorismo
O
empreendedorismo pode ser um importante aliado no sentido de ampliar o
leque de entretenimento, lazer e viagens do público LGBT. Prova disso é
a plataforma de turismo Viajay, criada há dois anos pelo estudante
baiano Fernando Sandes. Ela chegou a ser selecionada como uma das 300
startups com maior potencial inovador do país. “A ideia surgiu a partir
da dificuldade em encontrar essas informações relacionadas ao turismo
LGBT no Brasil e no mundo”, conta.
Outra
iniciativa de hospedagem gay-friendly de bastante sucesso é o site Ahoy
Trip, que realiza a busca e hospedagem em hotéis com histórico de ações
na área da diversidade. “Vendo e ouvindo experiências e relatos das
pessoas, ao longo dos últimos anos, comecei a colocar em ação a ideia de
uma plataforma que reunisse tudo isso”, descreve Luiz de França,
fundador do projeto.
Também na internet, o site
do Grupo Gay da Bahia (GGB) possui uma seção com roteiros gay-friendly
em Salvador que inclui restaurantes, hospedagens e casas noturnas, entre
outras sugestões.
Empresas
Mas
não é só no setor de turismo que a diversidade gera lucros, e por essa
razão, precise ser respeitada e incentivada. Este tópico, inclusive, é
transversal a cinco dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da
ONU, que são metas de sustentabilidade que os países precisam cumprir
até 2030: erradicação da pobreza; igualdade de gênero; trabalho decente e
crescimento econômico; redução das desigualdades; paz, justiça; e
instituições eficazes.
A petroquímica Braskem,
por exemplo, é signatária dos compromissos Women Empowerment Principles,
da ONU Mulheres, e do Pacto Global, do Programa Pró-Equidade de Gênero e
Raça do Governo Federal Brasileiro. Foi, também, a primeira empresa
brasileira de grande porte a se tornar membro da iniciativa Empresas e
Direitos LGBT.
Outra petroquímica presente na
Bahia, a americana Dow, desenvolve o projeto “O Futuro Começa em Casa”,
mantido em parceria com a organização Habitat, que beneficia
prioritariamente famílias com crianças em idade escolar, chefiadas por
mulheres ou que possuam uma pessoa portadora de doença agravada pelo
ambiente, e que ganhem até três salários mínimos. A empresa também
patrocina o projeto Oguntech, capitaneado pela ONG Steve Biko, de
Salvador, que luta pela diminuição das diferenças sociais, econômicas e
culturais entre estudantes negros e de outras etnias nas carreiras de
ciência e tecnologia.
Preconceito
Recentemente,
a cervejaria Skol encomendou junto ao Ibope Inteligência uma pesquisa
que buscou traçar um retrato do comportamento brasileiro em relação a
tipos de preconceito. O resultado foi que o machismo é o mais praticado e
a homofobia tem o maior índice de discriminação declarada. “Percebemos
que poderíamos contribuir de forma mais profunda ao trazer dados
recentes sobre o preconceito, colocando luz neste debate e propondo uma
reflexão sobre como nossas atitudes podem afastar ou unir as pessoas”,
explica Maria Fernanda de Albuquerque, diretora de marketing da marca.
O
consultor em sustentabilidade empresarial Ricardo Voltolini defende que
a diversidade seja a ideia de que as diferenças entre as pessoas não
devem servir nunca para diminuí-las, e sim promovê-las. “( O Brasil) É
um país com maioria negra, mas é racista. É um país com movimento muito
forte de LGBT, mas ainda vemos muita homofobia, é um país que continua
achando que o idoso não é mais produtivo, então, à medida que
conseguimos promover a discussão da diversidade, contribuímos também
para desenvolver melhor a sociedade”.
Poder público
A
Prefeitura de Salvador, por meio do Centro Municipal de Referência
LGBT, promove atualmente o Mês da Diversidade. As atividades realizadas
trazem o debate sobre as relações de gênero e diversidade sexual na
cidade. A capital baiana conta com o Observatório da Discriminação e com
o Centro LGBT, que já realizou 2.363 atendimentos desde 2016,
oferecendo orientação e encaminhamento jurídico em casos que envolvam
violência contra lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.
No
final de abril, a Bahiatursa participou da 2ª Conferência Internacional
da Diversidade e Turismo LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e
transgêneros), realizada em São Paulo. O evento foi destinado às
empresas, entidades, poder público e pessoas de todos os continentes
interessados em debater a diversidade.
Segundo o
superintendente da Bahiatursa, Diogo Medrado, a ideia é que mais
localidades estejam preparadas para receber o público LGBT, no sentido
de fazer do estado um dos principais destinos gays do mundo. “Nos
últimos anos temos desenvolvido ações para o segmento, principalmente no
que se refere à qualificação do setor, por meio de capacitações
profissionais e apoio à parada LGBT da Bahia”, afirma.
Crime
Somente
no ano passado, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais
(LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. O número
representa uma vítima a cada 19 horas. O dado está em levantamento
realizado pelo GGB, que registrou o maior número de casos de morte
relacionados à homofobia desde que o monitoramento anual começou a ser
elaborado pela entidade, há 38 anos.
O estado
com maior registro de crimes de ódio contra a população LGBT em 2017 foi
São Paulo (59), seguido de Minas Gerais (43), Bahia (35), Ceará (30),
Rio de Janeiro (29), Pernambuco e Paraná (27) e Alagoas (23). Entre as
regiões, a maior média foi identificada no Norte (3,23 por milhão de
habitantes), seguido por Centro-Oeste (2,71) e Nordeste (2,58).
Mas como tornar uma empresa gay-friendly?
O
Fórum de Empresas e Direitos LGBT elaborou dez compromissos, destacados
abaixo, para orientar as práticas de cada organização no tema:
1.Comprometer-se, presidência e executivos, com o respeito e com a promoção dos direitos LGBT;
2.Promover igualdade de oportunidades e tratamento justo às pessoas LGBT;
3.Promover ambiente respeitoso, seguro e saudável para as pessoas LGBT;
4.Sensibilizar e educar para o respeito aos direitos LGBT;
5.Estimular e apoiar a criação de grupos de afinidade LGBT;
6.Promover o respeito aos direitos LGBT na comunicação e marketing;
7.Promover o respeito aos direitos LGBT no planejamento de produtos, serviços e atendimento aos clientes;
8.Promover ações de desenvolvimento profissional de pessoas do segmento LGBT;
9.Promover o desenvolvimento econômico e social das pessoas LGBT na cadeia de valor;
10.Promover e apoiar ações em prol dos direitos LGBT na comunidade.
O
Ministério do Turismo dispõe de uma cartilha intitulada “Dicas para
atender bem turistas LGBT”, que inclui pontos como tratar de acordo com o
gênero com o qual a pessoa se apresenta; chamar pelo nome social e
demonstrar respeito na mesma medida. A publicação também explica as
diferenças conceituais entre heterossexuais, gays, transexuais e outros
gêneros, além de abordar o tema LGBTfobia.
Murilo Gitel
Via Rede Nordeste
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